14 de mar. de 2016

Uma Trupe de Trumps.

É frustrante não poder estereotipar, não poder criar uma metáfora do desfile de ontem, já que foi a marcha dos estereótipos,das metáforas convertidas em carne e osso, como se a avenida se enchesse de Brás Cubas, Odete Roitman, Maria de Fátima, Leôncio, Paulo Honório, Hermógenes, Bentinho. Qual a graça de dizer: Olha, o Leôncio! Onde? Ali, e é de verdade! Ou alguém sem ter tomado um porre de vinho doce chatô do papa, pode acreditar no visto e não sarar a dor de cabeça. 

Uma trupe de Trumps!


A proto-elite em desfile pelo paulistódromo, a estourar champã, arrastando babás, exibindo toda a arrogância de boutique, prepotência mesquinha de canais a cabo, cabeças feitas em academia com acabamento de haute coiffure do jardim nova conceição, com apoio da TV que todos vêem,  da CBF, Federação Paulista, Carioca de Futebol, da TV á cabo, dos jornalões e jornalecos, do Metro, da Policia, da justiça, do ladrão de merenda, da OAécio construtora de aeroporto, do bolsonaro, do feliciano. Incomodando mendigos. 
-  Orra meo! cê viu o mendigo da CUT!
-  Che voglio dire! Bisonho. Não sei como não encontraram um Prudêncio. Quer dizer, sei... só havia brancos, tirante babás, acorrentadas  ao seu papel. Metáforas em carne e osso, materializadas.
Se houvesse um louco para dizer: "seus olhos são dois oceanos", morria toda gente afogada. Era Brás Cubas sendo Brás Cubas, ao vivo e em verde amarelo. Denotativo. Realmente, um desfile de milhões de Brás Cubas, pior, Brás Cubas sabia que estava morto, não tentou reencarnar. 

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