4 de mai. de 2015

Vindicação da Longa Caminhada.



A primeira esteira para correr foi instalada ( como castigo) em uma penitenciária de Brixton, perto de Londres, no ano de 1821, com a finalidade de manter os prisioneiros em movimento. Ao mesmo tempo que mantinham em funcionamento um moinho. Nos anos sessenta do séc passado, quando caminhar na vida real começava a se converter em uma atividade supérflua, apareceram as primeiras esteiras com motor para fazer exercícios dentro de casa. Com o novo séc surgiram maneiras de pensar que sublinham a relação entre caminhar e filosofar, Frédéric Gros, Filosofia do Caminhar, disse numa entrevista que “aprender a caminhar é aprender a desobedecer”. Este séc insinua uma “dialética” entre segredo e transparência, privado e público, poder e vida. E caminhar se encontra sempre com a transparência, público e a vida. Nietzsche “Não acredito em qualquer pensamento que não nasceu ao ar livre”.
Na simplicidade do caminhar sem pretensões, parece haver a possibilidade de encontrar o equilibrio entre otimismo e pessimismo, entre corpo e mente. Este equilíbrio não é alcançado corrigindo o que fazemos ou nos interrogando incansavelmente, senão que vivendo o presente, sem julgar o que é ou não correto. Caminhar como um ato cultural tem uma história de um par de séculos – já peregrinar é mais velho – mas temos a oportunidade de reinventar a cada dia e usar, por exemplo, para reivindicar o nosso direito, como cidadãos, explorar as ruas, os campos, para gozar do tempo intermediário entre uma coisa e a seguinte, e para recuperar o sentimento da nossa existência, imersos numa forma ativa de meditação que mantêm ocupados todos os nossos sentidos.


Texto baseado em artigos e entrevistas de Frédéric Gros ao www.telegraph.co.uk mobile.nytimes.com e e youtube. Já Nietzsche é um calo!  

Nenhum comentário: