Desde que a politica
foi posta às ordens das finanças e da economia, vivemos com medo. A
revolução conservadora, o esfarelamento do bloco soviético, a
globalização financeira e a desregulamentação provocou um
incremento tão ostensivo das desigualdades, que o grande capital
tem experimentado lucros como não se viam desde 1913. Vivemos com
medo da violência dos que ainda têm menos que nós, de perder o
emprego ou não encontrá-lo, de não conseguirmos nos emancipar, de
não ter recurso para enfrentar as dificuldades da velhice ou a
doença e a decrepitude.
Creio que a sensação
preponderante é que não controlamos a situação, nem como
indivíduos, nem como sociedade, e que politicamente não temos (ou
perdemos) a capacidade de regular os fatores que influenciam a nossa
condição de seres humanos e que determinam os limites da nossa
liberdade. Assim mesmo, esta não é uma situação espontânea,
senão que foi impulsionada e mantida por forças interessadas em nos
manter em tal situação. Estas forças não são unicamente
politicas, econômicas, militares, mas também simbólicas e mentais,
e em parte se pode dizer que trabalham desde o interior das nossas
consciências.
É possível que a
militância politica tradicional esteja em crise, mas não se pode
negar que tudo é politica e cada um de nós haveria de planejar se
está de acordo ou não com este sistema. Se quer tomar parte do
problema ou da solução. A dimensão politica continua sendo
transcendental, mas isso não implica, automaticamente, que os
esforços para produzir mudanças politicas e econômicas
substantivas, no país, sejam mais importante que as que devemos nos
fazer, simultaneamente, para transformar nossa mentalidade e nossa
consciência.
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