A caspa.
A Caspa é um ser
estranho da fauna brasileira, não há nenhuma exclusividade nisso.
Não é, de modo algum, numerosa, tampouco se extingue para nossa
desgraça. É o fruto do cruzamento entre a garrulice que sobrevive
em certos âmbitos públicos e o retrogosto feudal que ainda lateja
na alma de alguma gente que não aceitou sequer o renascimento,
quanto mais o iluminismo, o humanismo (sequer entendem o sentido
dessa palavra, que em geral confundem com bondosidade). Estão aqui e
acolá a molestar, como nunca se propuseram a nada, a fazer nada,
pensar menos ainda. Os entendo quando agem como se o sistema fosse a
própria natureza das coisas, não pensam que tenha se naturalizado,
não é isso, nasceram antes de ontem e o mundo era assim e pronto.
No entanto, mesmo nessa selva há que se fazer picadas, para melhor
caminhar, e se andam por essas trilhas, é que muito esforço se fez
para tê-las, e se alguém cortou uma árvore ao abrir a picada,
talvez seja por não ter encontrado outra solução, pode-se até
questionar o fato feito quando feito, quando se fazia algo do qual
herdamos, humanidade. Afinal, humanismo é o ser humano no centro da
governança da própria existência. E humanidade é a qualidade
desse ser que busca a emancipação.
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