28 de abr. de 2015

A Caspa


A caspa.

A Caspa é um ser estranho da fauna brasileira, não há nenhuma exclusividade nisso. Não é, de modo algum, numerosa, tampouco se extingue para nossa desgraça. É o fruto do cruzamento entre a garrulice que sobrevive em certos âmbitos públicos e o retrogosto feudal que ainda lateja na alma de alguma gente que não aceitou sequer o renascimento, quanto mais o iluminismo, o humanismo (sequer entendem o sentido dessa palavra, que em geral confundem com bondosidade). Estão aqui e acolá a molestar, como nunca se propuseram a nada, a fazer nada, pensar menos ainda. Os entendo quando agem como se o sistema fosse a própria natureza das coisas, não pensam que tenha se naturalizado, não é isso, nasceram antes de ontem e o mundo era assim e pronto. No entanto, mesmo nessa selva há que se fazer picadas, para melhor caminhar, e se andam por essas trilhas, é que muito esforço se fez para tê-las, e se alguém cortou uma árvore ao abrir a picada, talvez seja por não ter encontrado outra solução, pode-se até questionar o fato feito quando feito, quando se fazia algo do qual herdamos, humanidade. Afinal, humanismo é o ser humano no centro da governança da própria existência. E humanidade é a qualidade desse ser que busca a emancipação.

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