Na democracia, a
transparência total de quem exerce o poder, é insuportável. É
paralisante, inda mais sendo o olhar o de furibundo fariseu, aleijão
da moralidade. É o mesmo que se dá ao saber a receita da salsicha,
nojo. Não se quer dizer com isso que não se deva aplacar a fúria
gananciosa dos corruptos. Para este inconveniente, deve-se ter
sistemas a impedi-los, e se infrutífero o impedimento, puni-los.
A democracia não
avança se vamos ao encalce dos corruptos, porque corrupção é
peça caracterizadora de nossa humanidade, senão que seriamos deuses
e deusas. E mesmo os deuses gregos eram praticantes desta arte
sedutora.
Dizem que por termos
sidos fundados por pais e país católicos, não nos permitimos o
direito ao enriquecimento, coisa bem contrária ao pensamento dos
puritanos fundadores dos EUA. Dizem-nos ainda que dinheiro é
pecaminoso, isso em meio ao capitalismo mais selvagem, ideologia
diferente da dos herdeiros do puritanismo. Mas o puritanismo não é
assim tão simples, pois incentivava certa solidariedade, porque
somente assim se alcançava a graça divina. A única certeza que
tinham era a de que sendo bem sucedidos na terra e ao mesmo tempo
contribuído para o bem da comunidade, seriam merecedores do reino de
Javé. Por estas bandas, pensamos que o sucesso está estreitamente
ligado a vícios. Não creio que seja cabal tal argumentação, mas é
sustentável dentro de estreitos limites.
O poder ainda é dos
poderosos, e o todo-poderoso é o Capital. Houve um tempo em que
dominava a força bruta, hoje ela foi – não completamente –
abandonada em nome da sedução, da compra descarada, da pressão de
todo tipo, mas principalmente o dinheiro.
Há muito que ao
parlamento norte-americano rondam os lobistas. Onde tem lobista tem
carniça. Lobista é defensor de interesses nem tão-só
particulares, mas também ligados a uma faixa estreita de
interessados. Assim, o lobby das tabaqueiras existe e trabalha e
tenta influenciar e influencia os deputados. Faz agrados, em suma aos
deputados e joga para a plateia com ciência de segunda linha, a
confrontar meias verdades. Isso lá não é considerado corrupção.
Aqui é? É em termos,
(não pensava em usar este sintagma, enfim também me corrompo às
imagens fáceis), em termos porque a corrupção pode estar a ser
cometida e não sabemos, ou sabe-se, mas não se quer publicar, por
interesse, (isto lá não é corrupção, aqui, também não, porque
quem determina o que é e o que não é um pecado, é quem o
investiga e o veicula, quem mostra, faz opinião, e faz isso, claro,
que sob pressão de interesses mui particulares e distintos dos meus,
por exemplo ).
Quando FHC aprovou uma
emenda constitucional para criar o Instituto da Reeleição, só pode
fazê-la exercendo um lobby, se comprou ou não deputados é de
somenos importância, porque o importante da questão é a
exorbitância de poder em favor próprio ou de alguns, no caso
próprio. A reeleição foi levada aos meios de comunicação de
massa para uma discussão de 'sou contra' e 'sou favorável', quando
a discussão deveria ter sido: é legitimo ou ilegitimo – comprado
ou não os votos necessários e suficientes – e é obvio e ululante
que é ilegitima a mudança da constituição para se perpetrar no
poder ainda que por meros outros quatro anos. A mesma direita gritou
e achincalhou Chávez por ter aprovado mudanças na constituição
venezuelana de mesmo timbre e teor. E por estas bandas Chávez é
execrado por um determinado pensamento, e FHCFHC não o é, não o
foi.
A mídia nacional,
mesmo no caso do Instituto da Reeleição, trata de FHC como um
estadista se tratasse, e a Hugo Chávez como sendo caudilho, a
priori.
Sei lá que interesses
a grande mídia tem em desqualificar Hugo Chávez, mas sei o que é
esquizofrenia, e para esta baboseira que escrevo é suficiente,
porque não pretendo defender posições partidárias paralisantes, e
como a transparência dos governos tem sido cobrada mundo afora, e
mundo afora poucos governos têm permanecidos imaculados, como é o
caso da Espanha (PP de Rajoy Barcenas), Portugal, Itália e
França\Sarkozy, faz-se necessário uma discussão mais profunda, a
pena de cairmos em mãos ditatoriais. E no meio de todo estes
discursos mediáticos está subliminarmente incrustado um quero mas
não quero, ou bem-me-quer malmequer a ditadura. Por quê?
Porque a 'direita', os super-hiper-neoliberais, não têm coragem de
dizer com todos os pingos nos is o que de fato pensam sobre a coisa,
seja sobre a homossexualidade e todas suas carências e lutas, o
negro, o índio e o pobre.
Por
isso quando aparece um Feliciano, todos pensam que ele caiu do céu,
não não caiu do céu, porque ele representa toda esta gente: não
só os religiosos embusteiros, mas a seculosa, toda a direita
reacionária – latifundiários, CBF, empreiteiras – que são a
maioria no congresso, porque isso também tem dentro da esquerda
rançosa, sendo no congresso uma minoria progressivista, gatos
pingados aqui e acolá.
Já
os grandes conglomerados, como a Rede Globo, pensam estas
''diferenças'' desde o ponto de vista do consumo, nichos de mercado,
como tendências de uma época, as quais tenta adaptar o layout para
tirar proveito financeiro.
Neste
ponto o capitalismo – O Capital – atropela os interesses
conservadores reacionários, porque o Capital não quer saber se a
mula é manca, quer rosetar.
Assim
enquanto recebo ofensas diárias, partindo muitas vezes de amigos,
porque muitos deles insistem em purificar o Subaé, toda a realidade
continua encoberta por esses epifonemas falso moralistas.