As
vezes – sempre, mais vezes, recorrentes nesses tempos bicudos –
penso como é, e tem sido lastimosa a fragmentação em tantos campos
do conhecimento – poderia se dizer cultura, mas me parece que há
sempre que se definir ou redefinir tal sintagma – ou da informação
e o fato de que muitos se salvaguardem em multiplicidades de
interesses e perspectivas com as quais nos vemos e vemos o mundo; a
miúde, nada mais que inevitáveis modos de sobreviver à
hostilidade externa e por que não à própria, interna, coisa que
nos têm conduzido a uma atomização pessoal e social, com a qual
nos tornamos incapazes de ter prioridades, em quaisquer dos campos da
nossa curta história individual e coletiva.
Releio
o parágrafo anterior. Convicto, comigo, sei que nem os mais
ferrenhos seguidores da crônica humanista se perdoariam do uso de
tanta subordinação sem conclusão. Faço uma pausa. Me despenalizo
sem fazer juízo de mim, para dizer pouco. No mais como acontece –
e como se justificam políticos, a “alta” elite, responsáveis de
todas as cores, sejam nacionais, internacionais ou dos arredores -
àqueles que se têm permitido cantar este império do absurdo e que
feliz ou infelizmente nem existente...
Pergunto:
por que não eu?
Me
suspendo na suspensão do parágrafo anterior, porque sei da
inutilidade de continuar e ainda mais diversificá-lo. Ao mesmo
tempo, começo a me envergonhar por compartilhar com outras pessoas
esta inutilidade, que tem sido apontar caminhos diferentes às rotas
inevitáveis das reações coletivas e talvez definitivas, porque
amanhã continuarei incapaz de qualquer ação também não inercial.
Falarei da ditadura encoberta da mídia, da falácia própria da
democracia, da arte ditatorial da arte, da música tornada verme, das
palavras obrigatórias ou da dualidade partícula-onda, dos orbitais
sp, dos entrelaçamentos de nuvens eletrônicas, irei mais fundo no
spin como momento angular intrínseco, mas não terei definitivamente
o artefato explosivo.