31 de jan. de 2011

O GOSTO DO SENHOR BLOOM

moleja
...Lo que más le gustaba eran los riñones de cordero a la plancha que
le proporcionaban al paladar un delicado gustillo a orina tenuemente aromatizada.



Experimentei uma moleja. Sabe a noz. Saber é o verbo do paladar. Assim a moleja sabe a noz. O vinho sabe a frutas silvestres vermelhas com uma pitada de pimenta do reino e de fundo, quiças, tomilho. A moleja é uma glândula carnuda situada na parte inferior do pescoço de bovinos e suínos. A que eu comi era bovina. Sabia a noz. Não sei se sabia a noz. Receio que o garção tenha me sugestionado, ou outra pessoa qualquer. Temo pois não terei certeza que saiba a noz. Tenho procurado a moleja, mas os açougueiros não têm vaga ideia do que falo. A moleja é a tireoide. Ando tão estrangeiro que algumas manhãs tardo quarto de hora a saber onde estou. Confesso: há dias que só são possíveis depois de algumas lágrimas, pois jurava na vigília que dormia debaixo de um banco na praça Castro Alves, e como desjejum e banho havia um mergulho no Farol da Barra. Vendia umas pulseirinhas, por ali. Comia uns camarões secos com uma cerveja, e cruzava a baia direção à ilha de Itaparica. A sede de cerveja nascia no trajeto e morria no primeiro buteco da Boa Vista, junto com mexilhões-catados com tomate e coentro. Eu pedia para juntarem uma mica de leite de coco e uma gota de azeite de dendê.
Mexilhão sabe a mar. O mar é uma placenta estourada.

Nenhum comentário: