12 de set. de 2011

O voto dos que não sabem.

Sou fã quase irracional de Pelé. Mas Pelé disse: brasileiro não sabe votar. Os tortos e os direitos queriam trucidar o Rei. Sabe-se porém que isso é o inconsciente coletivo de um coletivo amorfo. É o mesmo coletivo que se exclui quando diz: o povo isso, o povo aquilo. Esse inconsciente em geral se manifesta capciosamente contra o voto obrigatório – neste pensamento está implícito que a não obrigatoriedade, excluiria “o povo”, gente preguiçosa, que não iria votar e nem sabe (voltaríamos à revolução francesa) - e obstinadamente contra os alienados eleitorais. Isso que vou dizer pode-se subtrair sem perdas para o bom entendimento da coisa: Um dos significados de alienar é justamente a venda, troca, dação etc. Noutro contexto é louco. E num terceiro: alhear-se. Neste a eleição é coisa alheia ao eleitor, porque a politica é coisa alheia. Ao louco é a própria inacessibilidade da coisa. E naquele é o uso corrente do voto: vendido, trocado, dado.
Estou impedido de ver, contudo, que grandes escolhas poderíamos haver feito e que não fizemos! Claro que o vereador borracho é um aleijão político, entra na conta dos eleitores alienados, no sentido de loucos. Os demais, sem prejuízo à regra da exceção, quase anulam-na. Os suplentes assustariam até os fantasmas do nobre recinto.
É notório que Ribeirão Preto, não tem partidos políticos, tem siglas sem base partidária, programa de partido. Há muitos programas de rádio, de televisão e programas de índio. Sem partidos de fato, com muita gente filiada, o que temos são aliens, o que é outra dica para entender os alienados.
Desde miúdo sei que os vereadores influenciavam no sorteio da casa de esquina, lotes maiores, em frente das pracinhas das COHAB-s. Antes suprimiam dívidas do contribuinte junto à autarquias, hoje fazem muita pressão. Isso tudo quer dizer que virou CULTURA, o vereador é despachante. O que não podemos é seguir elegendo pelos motivos mais bizarros e depois exigir comportamento diferente. A palavra de ordem é: temos de fortalecer as instituições. Filiemos, escolha o partido, crie partido, tome partido, filie-se. Discuta dentro do partido. O partido, qualquer partido, deve ser o centro do debate. É de lá que sai o vereador com a posição dos presentes. Onde você estava?
É notório que enquanto a câmara decide se o aleijão político estava mamado, trincado, cozido, bebum ou se vão ter que buscar uma palavra estrangeira: eu sugiro Blauer. Os tedescos diriam: cê tava azulado, chucrute. O outro, poder, o executador, poderia tapar os buracos, cuidar da saúde, transporte coletivo, fazer uma licitação decente para o lixo urbano, lixo fantasma incluso, sei lá! já que estás por ai, inventa algo. Por exemplo o ponto de ônibus móvel. Banheiros móveis. Toucador: o móvel. E até trocar os vidros do box por uma guilhotina! Zás.  

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