17 de nov. de 2011

A árvore da vida. The Tree of Life.



Sabemos de Gênesis: ...Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente...

Sabemos que no judaísmo a “árvore da vida” é um dos mais importantes símbolos cabalísticos.

Sabemos que houve um filme com os jovens Montgomery Cliff e Liz Taylor com o mesmo nome em português, mas Raintree County, originalmente. Por hora.

No filme The Tree of Life de Terence Mallick , a cinética do claro escuro, remonta Glauber Rocha, a câmara intrometida buscando a "ânima" das "personas", mas um Glauber palatável. A interpretação tem muito de José Celso Martinez, seu teatro degustador de pequenos prazeres cotidianos ao alcance dos cinco sentidos, com uma vontade louca que transcenda, isto é, exceder em importância: deixar-se molhar pelo chuveirinho de regar grama. As mãos que se palmeiam tendo por superfície de contato o cristal da guilhotina de uma janela. Mas o final é puro José Celso Martinez. De alguma maneira, maneirismo, ou afetação, mas isso é muito forte e não vem ao caso.
Há instantes de MMV movie maker video, e talvez por isso suportei tais trechos, afinal todos fizemos algo no mmv, com imagens grandiloquentes com óperas, músicas clássicas como trilha sonora. Havendo um senão, que é uma escolha intensamente sacra, religiosa. Levo em conta que a maioria das músicas o são, religiosas, mas o paganismo é também uma religião, no filme sua música referencial está esclusa. Resta o ruido, um ruido que também é auto referencia cinematográfica, posto que jamais ouvimos o ruido do cosmo, o ruido (trilha sonora em Arvore da vida) quer nos dizer que é um pulsar cósmico e assustador.



Do país da Auto Ajuda, é natural que estejam presentes  essas técnicas  e inoculadas na família retratada, sem exageros. Assim podemos ver o pai levar serenamente seu filho “bem pegado pelo braço, sente-se a pressão da mão de O´Brien (Brad Pitt) no braço do filho – como dizemos: (Hunter McCracken) o Jack garoto trabalha para caráleo - “ a questão aqui não é apertar o braço do filho, pois a serenidade é que é eloquente, ainda que bruta, mas serena, e esta só é alcançada com a posse da certeza, não uma certeza qualquer, mas a certeza absoluta de que a razão está com ele, certeza que por sinal soe ruir, quase que sem exceção, na vida real.
O núcleo familiar é tão real que incomoda, espelha, emociona até o oitavo círculo dos infernos familiares. Mallick não comete nem um pecado. já que tão religioso, poderia. Não há defeitos em mostrar, encenar uma “realidade” de maneira tão real e apavorante, mas faz promessas, missionariamente, se intencional ou fruto do inconsciente, não importa: Terence Mallick não informa dela, mas como toda apologia, ou toda indicação de melhor caminho, beira o charlatanismo. Mas pela ingenuidade das soluções, tomo-as como referências de uma obra fechada dentro dela mesma, que se auto remete, ainda que em possíveis e determinados círculos possa ser tomada como apodítica.
Em determinado instante a câmara abandona o celeste, e se mundaniza, para dar uma visão de mundo do autor “Weltanschauung”, então ela sai\vai  em\de cima, de dentro da (Jessica Chastain) Senhora O´Brien a tomada oprime, a música sacraliza a opressão divina, em troca de algo, que não sabemos pois  é só o começo e vamos até o fim, ainda que seja para "tomar pé" (raso) do filme, que é auto referente, se diz de si,  é mais uma gota nesse oceano de misticismos e obscurantismos de nossos dias.


E Brad Pitt diz ao filho em instantes de autoajuda.

- Controle teu próprio destino e acrescenta:

- Não podes dizer: Não posso, e prossegue: Me está custando, mas ainda não acabei, e soma: Não diga não posso.

Sean Penn é Jack adulto arquiteto, recorda de Jack (menino) com raiva de deus, do próprio pai, diz: Porque nosso pai nos faz mal.

Terence chega a descobrir da irracionalidade da vida, sem tangenciar sequer a natureza humana. Talvez queira nos dizer, via problemas de O´Brien, mais que amemo-nos como vos amei, e insinuar o “fim”do capitalismo? Talvez nos diga que o abandonemos, mas não creio nessa superficialidade com cara de lobo ingenuo que de seguida deposita nas mãos da esperança a própria esperança. Deus. O retorno a teologia do medievo, como esperança.

Superficialmente em linguajar esquerda leninista: um filme ideologizante e feito sob encomenda, por quem não sei, ou  uma bula autoajudista, para a tomada de consciência da catástrofe que se avizinha, e nada melhor que amemo-nos uns aos outros, mas não tão irracionalmente como naturalmente nos temos amado, ou seja extirpando o ódio, a competição, o amor (propriedade, posse) não tem nada a ver com os problemas de desamor do homem!
Um grande filme, oferece resistência e tem a matéria plástica da arte que é a intuitividade do artista.
Muita coisa não se explica no filme, porque nem em tomos e tomos de pensadores e defensores reais de tal pensamento ou ideologia, ao longo de séculos, tampouco conseguiram se sustentar, mas enfim, dado que o materialismo-histórico-dialéctico parece banido do planeta, é o que se tem.

15 de nov. de 2011

Rio, Rocinha é mistura azeotrópica.



Um dia de Bar Bye conheci uma garota carioca. Na época vivia a famosa, “hoje”, politica do “possível”. Explico. Eram duas garotas. Uma ruiva, ribeirão pretana e sua amiga carioca. A carioca era visita, ulula. A ribeirão pretana era o must. A carioca era gordinha. Ninguém era feio, éramos jovens, para que ninguém se ofenda. Mas havia os bonitos. Me candidatei à ruiva, encantei a carioca, com quem fui ao Rio pela primeira vez. Havia um problema qualquer na família dela que não vem ao caso, mas, ela, muito jovem tinha, só para ela, um Apê na Visconde de Pirajá, duas quadras do Posto 9. Ela tinha com a mãe lojas num Shopping, que não me dei à faina de ir conhecer, pois ela me disse que era chato, o local, e que tinha coisas para resolver, e que eu me “virasse” até nove da noite, quando então chegaria. Era semana anterior ao carnaval de 1982. Semana que saem os blocos: Simpatia quase amor, Banda de Ipanema, Suvaco do Cristo etc. De manhã, sem ser madrugada dava praia, meio da tarde e tarde: blocos, bar Bofetada ( antes que toda a Farme de Amoedo, e particularmente o Bofetada, fosse invadido pelo “mundo sarado mundial”). Posto o clima, o tempo histórico a geografia, conto que:
Num dia vadio, qual havia saído do Apto depois de voierizar pela janela do apartamento do edifício ao lado uma “transa sexual”, fui ao Posto Nove dar um mergulho, com minhas pernas brancas, meus braços e pescoço negros do sol da então capital do café, um calção preto, justo, como os dos jogadores da Seleção de Tele Santana, lembram como eram “curtinhos” os shorts, fiz amizade: primeiro com um cara que vendia camarãozinho no espeto e gritava: é da maínha! ( em 2005 soube de sua morte), depois fiz amizade com três “coroas” eu tinha 23 Elza 30, Ana 35 e Adalgisa 45 tudo mais ou menos, mulher só com C 14, eram funcionárias públicas em Brasília, usufruindo do recesso parlamentar e cariocas da gema. Saímos do posto Nove para o Bofetada.
- Oh paulista! Temos que ir antes que o Bofetada não tenha mais lugar. Diziam. No bofetada ocupamos uma mesa de calçada. A calçada ali na Farme é larga, a mesa se estendeu, na maioria novos conhecidos, até a sarjeta, e cantávamos... “ Bum Bum Paticumbum prugurundum....”
Quando a Cris chegou, primeiro sentou na minha perna, mas logo encontrou-se uma cadeira e a festa continuava, eu adiei alguma conquista, pode ser, um utensilio qualquer, mas a praia era toda minha, pensava.
Um garoto. Filho de Bidin. Filho do Bidin. Du Bidin. Dez anos! Pode ser! Se aconchegou à Cris. Ela o acarinhou. Deu inclusive ordens e me apresentou. Ele definitivamente não gostou de mim. Depois veio seu pai e outros habitantes de algum morro que não me recorda. Tudo foi tratado, algo me inteirei, não por inteiro, por suposto, fomos quase toda a mesa para o apartamento da Cris. Eu queria voltar para o Bofetada, pois já não era centro de nada, e via minha praia, gordinha, a dar narizadas. Era muito neura, e o mais importante era a racionalidade, ainda que neurótica, e com o pó perdia esses pressupostos, ou melhor dito, todos os pressupostos que eram: Cris, o posto Nove de manhã, o Bofetada a tarde e o carnaval. Mas descobri que era bacana também quando esnifava, tinha conteúdo e um humor cítrico. Passado o medo de perder minha praia e descemos novamente ao Bofetada, Du Bidin me recebeu com pedras na mão. Pagou-se chopes ao povo do pó e mais alguma coisa devida... No dia seguinte no posto Nove, nos pusemos todos ao lado de onde havia hasteada uma bandeira do PT, comprei uma estrelinha para o meu calção curto, bebemos e tomamos sol, minhas pernas estavam vermelhas e conheci Bidin o pai. Du Bidin e eu construímos um castelo de areia, que ele chutou para acompanhar seu pai que ia de mãos dadas com Cris. Mais tarde aceitei o convite de Elza de me mudar até quarta-feira de cinzas para Copacabana. Elza e eu compramos na manhã seguinte, no mesmo Posto 9 uma fantasia, amarelo canário, da São Clemente, então escola da segunda divisão, que usei na madrugada na Marquês de Sapucaí e Bidin apareceu para municiar o pessoal e a Cris me perguntou para que eu havia deixado Ipanema. É o Rio onde o bem e o mal se resolvem e se complicam nas areias da zona Sul, no mesmo ponto de ebulição.

14 de nov. de 2011

Do nada, o medo do escuro.



Alguns de nós tememos a escuridão. À noite, necessitamos nem que seja o brilho de um stand by, para quando abramos os olhos não tenhamos de ver o escuro, ou o que é o mesmo que dizer, necessitamos de uma fronteira a delimitar o caos dos sonhos, sono da vigília, basta o encarnado das pálpebras fechadas, contra a luz, como se fosse uma tela ou o mundo que adquire forma sob qualquer luz. O medo do escuro, ou dentro dele, é atávico em nós. A maioria das tradições consideram as sombras o estado primitivo da vida, lá onde reinava o caos, antes que aparecesse a luz, e por consequência as sombras, e por obvio o dualismo elementar, e a matreira identificação com o bem e o mal.
Porém nem sempre a dor reside na escuridão, segundo crenças, pode para uns ser o caminho místico rumo as origens, para uma forma de pureza.
Mas não queremos purezas, queremos somente o sentimento de segurança, longe da escuridão, porque no caos há a desordem, e na sombra é onde bate o coração daquilo que não podemos controlar, subjugar, com nosso implacável raciocínio, que pode justificar qualquer coisa.
Nos filmes de terror as casas estão sempre na penumbra, os malvados vestem cores escuras, os planos são fechados, metade da personagem fora do alcance dos nossos olhos de espectadores, que nas camadas obscuras da nossa mente havemos de imaginá-la, no que falta.
Nos livros uma voz soturna, nos apresenta as características tipicas de uma mente sinistra e perturbada, mas sempre muito atraente, seguimos em frente, porque há poucas coisas piores que a previsibilidade e o escuro.
Como num quadro, o escurecer, o céu nublado, a lua que advínhamos embotada, o firmamento em profunda escuridão que nos assalta por um momento, a chuva insistente a golpear o telhado ou a nossa cabeça se opondo a nossa vontade de silêncio e de nossas janelas, o agourento relâmpago e seus augúrios, a falta de luz, a água do céu... Procuramos a cegas o conforto no lar, fugimos do ruido do mundo, alguma melodia que nos nine, uma vela que nos ilumine, mas cada fim de dia nasce uma nova escuridão, aterradora, e da escuridão explode o dia pronto a fazer-se ver, ao fim e ao cabo, na noite dos tempos sem nos darmos por isso, estaremos de olhos abertos às portas do nada.


13 de nov. de 2011

Evasão.


Até parece que foi ontem, sentia uma força, diria gravitacional por não ser capaz de criar ou nominar a atração, da ligação de atração, ou origem, salvaguarda, casamata em direção e sentido Brasil. A ver se me explico. Estava fora. Tempos. Algum ponto em mim se ligava ao Brasil. Não todo o Brasil. Nem todo São Paulo. Nem toda Bonfim Paulista. Sim porque Vila Bonfim. Nem toda casa de minha mãe. Nem todo o coração de minha mãe. Mas ao mesmo tempo, todo o Brasil. E lá onde estava, estava em viajem. Ainda que estático por meses a fio, numa pousada nos Pirineus a 2300m de altitude, numa vila de quinhentos moradores autóctones, trabalhando num hotel que hospedava outros quinhentos, que na terça-feira quando se iam, deixavam um bar com visão para um vale nevado, uma noite que chegava à tarde e um dia que teimava em dormir. No bar, café, brandi e cigarros ou puros. E se alguma melancolia, lá estava a casamata, longe, lá nos confins da alma, a ensolarada promessa de uma praia, duas palmeiras balançando frente ao mar. Não me dava conta que o ônibus que fazia parada na porta do bar ia, sim ia, pois nos habituamos a ver os ônibus todos os dias a passar por nós, os aviões indo, como se fossem para onde estamos, como se São Paulo fosse aqui, por Brasil, por América do Sul, por Hemisfério Sul, por Terra, mas um dia me enchi, de ver e deixar que aquele ônibus se fosse para Barcelona, sem minha solidão a povoá-lo, dali para avião que ia para o sul, demorei menos que uma vaza de truco.
Tudo isso para tentar entender, que motivo tenho para tomar circulares no ponto da rodoviária, se há outros tão mais próximos? Talvez pela segurança transmitida de que ainda há como ir. Fugir. Esta é a ideia mais tosca. Fugir de si mesmo. Não vou procurar ideia melhor. Fugir de mim mesmo. Não quero dizer com isso que de um golpe de vento me revire a cachola e entre num ônibus e tchau! Não creio. Até o momento não tem sido assim. Mas me pergunto se um ser não tem o direito de de quando em quando dar um sumiço: vou comprar um jornal e zás! Abraços à mãe e o pai. Temo que porte no sangue o instinto fugidio, do chá de sumiço. Meu avô saiu de casa com quinze anos, para fazer fortuna no Brasil, perambulou por Santos, subiu a serra com tudo que tinha ganhado em Santos, uma concha do mar, vazia, que ele botava no ouvido, já na fazenda de café em Cravinhos para ouvir o Atlântico Sul.     

11 de nov. de 2011

USP em tudo. Releituras de um fato em si inútil.




Um amigo escreveu: A maioria parecem... não, amigo, a maioria não parecem, parece. Que diferença isso faz? Nenhuma. A menos que eu queira me armar em professor melindroso de português e “espezinhar”, “cutucar” e mesmo “menosprezar” um companheiro de discussão. Porém, não sou mesquinho,  quero dar a coisa  ares de “pressuposto” em barganhas argumentativas. Vejamos que mormente aquele que desobedece a gramática exige do outro concordâncias sociais, e ainda pode chamar aquele a que quer se execrar de: apedeuta, claro! Dando à frase onde emprega o palavroso todo cinismo e ironia possíveis. É certo que, o fato daquele, que em nome da erudição , escolaridade, cometer tal gafe, não diploma o apedeuta, mas mostra que o licenciado ou bacharel acaba por ser um prisioneiro do canudo, e tristemente, menor que ele.

Um outro também escreveu: A maioria... da USP. Ora, ora vamos devagar com esse andor. Primeiro que a USP inteira (rsrsrsr caco) é uma minoria, e dentro desta minoria há minorias setorizadas, assim que os uspianos da FFCL se assemelham mais com o pessoal do IFCH da Unicamp, que com seus colegas de campus da Matemática, assim que pouco podemos concluir quando comparamos laranjas com abacates, senão que são frutas. Alem do quê: o pensamento, a retórica, a dialética, não compreendem essa estatística: maioria, minoria, em geral quantidades que na verdade são alguns interlocutores daquele que argumenta, que por um motivo desconhecido é multiplicado por um qualitativo, fazendo que dois primos consanguíneos façam uma maioria qualquer.

Um outro escreveu que deu no Estadão algo como: os estudantes durante a pugna ofendiam os policiais, enfim queriam dizer que dos policiais quando a cavalo, não se pode saber quem é quem.
E a partir disso faz uma “análise” do “movimento estudantil” em questão. É o mesmo que analisar o jogo entre Santos e Corinthians desde a chulice da galera. O policial estava no lugar certo na hora combinada, dentro da estratégia do seu estado maior. Assim como o estudante “guerreiro” também cumpria seu papel “heroico”, e claro que a coisa ai é medir forças, e poderia ter acontecido qualquer coisa. E é lógico que se houvessem feito uma cagada monumental, que soe ocorrer onde há concentração de pessoas nervosas versus policiais militares, por isso, armados, os média diriam: despreparo do agente da lei. Quando devíamos discutir os quês e porquês do acontecimento, se é que há algum interesse em se saber o quê do que realmente se passa em nossa, triste sociedade, como um todo, e talvez muito menos o que se passa na USP, se é que lá na USP passa alguma coisa, e mesmo se há que passar alguma coisa.

8 de nov. de 2011

Receita de Mirepoix contra a caretice fossilizada de nossos dias. Incidentes na USP.




Numa canção longínqua Caetano Veloso cantava de Torquato Neto: Mamãe Coragem, e uma parte dizia assim:
… pegue uns panos pra lavar leia um romance\
leia Elzira Morta Virgem , O Grande Industrial...


este de George Ohnet, sem mais aquele romance de Pedro R. Viana de 1928.
Informações dadas, clima estabelecido: começo.


Não creio que um indivíduo por nada que seja, possa ser nominado e ou adjetivado com um mero único adjetivo ou substantivo por belo que seja. Por tanto, eu, antes de sair bradando um adjetivo que englobe muita gente e os reduz a ele, eu penso duas vezes. Acontece que a coisa anda feia. Resolvi fazer um Mirepoix, pois já começava a chamar de fariseus aqueles que dizem: bando disso, bando daquilo, bando de maconheiro à molecada da USP.
O que entendo por fariseu?
Suponho que todos fomos criados a partir do barro – não se alegre é mera suposição – com o passar do tempo tudo vai enrijecendo, mas resta em nós uma parte ainda branda, que poderá nos salvar, é o barro primevo, cerebral, que dada suas blandicias se deixa, permite, enfim é possível moldá-lo, dar-lhe novas formas, profundidades, sonidos, cores e conteúdos. No fariseu, ora, no fariseu o barro secou, completamente, virou tijolo, arredondado, e com tijolo arredondado não se constrói nem iglu.
Para tanto eu brado: Um Viva aos meninos e meninas da USP.
Porque?
Pois para mim qualquer um que brigue, lute, imite atos heroicos em favor de qualquer liberdade, de fumar, de beber, de ir e vir, de não ir e não vir, de fumar maconha, qualquer liberdadezinha, miúda que seja, uma joaninha de liberdade, cheia de pintinhas pretas; que seja, é melhor que a proibição de qualquer coisa, miúda também, como a minissaia, que outros universitários boicotaram e quase lincharam aquela que a portava, uma triste garota de torneadas pernas. Haja caretice. Haja burrice. Haja frutarianismo.
É cruel a diferença entre o acontecimento na USP e o da UNIBAN. É constrangedor o que tenho presenciado. É assustador que pessoas menos velhas, que eu, uns “grandes maconheiros das antigas que fumavam para dormir e para acordar, abrir o apetite, excitar, brochar” hoje que alcançaram o falanstério, passam a respaldar a aparatosa, disparatada e policialesca desocupação da Reitoria na madrugada desse triste 8 de novembro de 2011, tudo começado por três maconheiros.
Por isso fiz um Mirepoix, como terapia ocupacional, como a que Torquato receita a sua mamãe.
O mirepoix exige concentração aturada, cuidado e pouco a pouco vou me acalmando, mas neura, sigo pensando, que plano estratégico, digno de Bush, esse da policia paulista, hein! Que capacidade de diálogo! Hein, que Reitor, Governador, Prefeito hein! Rapaz! E vou cortando cebola que o choro me disfarça, o alho que me exige todo presente, cenoura, bacon e vejo que de fato a cozinha é o meu valhacouto, minha fuga alla inglese num: allegro, ma non troppo! Mas...

Eu tenho um beijo preso na garganta\
eu tenho um jeito de quem não se espanta\
braço de ouro vale dez milhões\
eu tenho corações fora do peito...
seja feliz\ seja feliz\ seja feliz...
há varias interpretações de Mamãe Coragem, triste canção sem esperança, uma delas é com Caetano Veloso, não sei se a mais bonita, mas a que mais gosto. Não botei para tocar, eu a canto em si bemol. O que lhe dá mais tristeza e desesperança. Como eu gosto do si bemol.

É uma reação sentimental, imediata, contemporânea dos fatos, ainda que de passagem dê pitadas politicas, pouca. Fico feliz de sentir meu coração batendo e ainda poder me espantar com alguma coisa.
P.S. Eu não fumo maconha, mas não me importo que você fume, nem lhe impeço ou peço, rien!

6 de nov. de 2011

A diferença entre pobres e ricos é, dinheiro! SUS x SÍRIO



Grosso modo até Vargas, os trabalhadores brasileiros eram, basicamente: escravos. É necessário dizer que negros ou brancos. Até a Constituição Federal de 1988 não eramos cidadãos, plenos. É necessário dizer que até hoje não o somos, e algo, por negligência própria da sociedade civil inclui-se o quinto poder, mas ai: bem mais por interesses de classe.
A CF 88 universalizou direitos, e em face do anteriormente, não mais que: deveres, achamos por bem os esquecer definitivamente. E o que temos, se não que; o ser recém cruza o umbral, empurrado pela última contração e por vezes antes mesmo, se ilumina com o plenilúnio dos direitos universais do homem, e os deveres se mantêm, se tanto, minguantes.
Insisto, grosso modo, comecei assim, exagero, sei: Todos queremos dar ordens. Isso nem será, problema, se houver, os que queiram, obedecer! Mas, não os há!
Não bastou, ou não foi bastante as universais da CF 88. Nossa democracia republicana, padecia, pela falta de hábito, ou pela vacuidade da vida democrática. E pelo simples motivo de que no mundo do capital; o que importa é o bem material, o resto é flagelo de teleologia medieval. Portanto foi necessário que houvesse uma, ou o princípio de uma distribuição de renda ( e não cavilações conscientizadoras), para que alguns preceitos dos constituintes originais, começassem a se mover e fazer mover a nossa sociedade. Fazê-la desacomodar-se. E que se saiba: é o mais difícil que se pede ao homem. Acomodados os conservadores, por motivos óbvios e a massa, porque humanos, e nos habituamos a tudo. Mas o dinheiro, imprime o pedal, indiferente ao condutor, exigindo-lhe mais e mais, atitudes. Quaisquer!

--- Faço uma citação minimalista, mas com a profundidade do nosso tempo: A diferença entre o rico e o pobre é o dinheiro. Rockfeller. Queiram ou não os pensadores elitistas, ou não, de plantão, no eterno revezar, no livre pensar e vigiar a nossa raça.---

Saltando para antes da citação de Rockfeller e com ela em mente, foi necessário que: o-sem-nenhum-dinheiro passasse a ter-algum-dinheiro para poder definitivamente, e pasmem, este, se sentir doente. Antes, enxaqueca era coisa de gente rica, hoje o SUS está abarrotado de enxaquecas ( sinédoque) e do mesmo modo depressão, fazendo a reboque uma distribuição freudiana, nos fazendo conhecedores de parapraxias. Lembro de pessoa mui querida, no meio dos anos setenta, passar pelo fenômeno das primeiras menstruações, acudir ao médico do então “Posto de Saúde” e daquele médico ouvir que: isso é falta de homem, o que hoje daria cadeia e deixaria até Diogo Mainard nervoso. Época mesma em que minha saudosa “Vó Vicentina”, benzedeira entre outras coisas, expurgava dores e quebrantos, Vó Vicentina era embrião de médicos do SUS. Passava o raminho de poejo em cruz pelo corpo do carregado, se murchasse, chá de alecrim, se não mal-olhado, uma vela para o santo da preferência, e sem mais delongas: o próximo!

A universalidade de direitos; particularmente do SUS, constitucionalmente, o sistema é solidário, coisa que poucos sabem e pouco ou menos o entendem; há que se dizer, gerou além de crescimento vertiginoso do acesso ao serviço, e também um certo “nariz empinado” do usuário que penso ser sim o mais bacana de tudo: ninguém aqui é cão vira-latas.
Quem leu algo de minimamente sério sobre “Gestão de Pessoas” sabe que depois da Higiene ( necessidades básicas), as novas necessidade serão mais sofisticadas e por conseguinte mais difíceis de serem atendidas, de forma massiva.
Em contra partida, ao empinamento de nariz da classe recém libertada, opõe-se: o sentimento mazombo, se quiser saber mais,  leia MAZOMBO  onde há referências intrínsecas, que se manifesta de muitas maneiras, uma delas além das “posturais, gestais”, é a maneira categórica de negar ao trabalhador os seus direitos constitucionalmente adquiridos.
Vejamos: Sou cozinheiro, trabalhei como tal em bares e restaurantes neste rincão (Ribeirão Preto, não Bolívia) e em um que outro estabelecimento, ostentei a insignia de Chef, mas no registro em carteira, quando houve, de maneira espontânea, onde espontâneo devia ser o cumprimento cego à CLT, fui registrado como Auxiliar de cozinha. É para baixar a crista.

“ Se se olha um jornal de anúncios de empregos, nesta cidade, procura-se desesperadamente ´por: auxiliares, auxiliar para um tudo, destes aquele que mais me espanta é o auxiliar de limpeza. Não é preciso dissertar a respeito, creio. Trata-se de uma anedota dentro da comédia. Mas pasmem, não basta o rebaixamento que mais das vezes não é só ( materialmente ), sonegação fiscal, – diretamente diminuindo a arrecadação do SUS - , carrega subjacente, implícito o sentimento mazombo, qual seja: não basta trabalhar, há que se humilhar. Dou como exemplo o fato de um dono de restaurante querer que “carregasse” sua camionete – numa hora de escassos comensais - com objetos em desuso no restaurante, a citar: cadeiras, coifas etc. Não fiz, fui demitido. Não é por acaso que vê-se muito empregado a lavar o carro de patrão, sem que isso faça parte de sua função, funcionário, mas acaba por ser incluível, sem dúvida, quando o cargo do infeliz é: auxiliar de algo ou simplesmente de serviços gerais. E então que fazer? Roubar? Como dizem!
Tive experiencia significativa no exterior, dentro da mesma profissão, e quando não havia o que fazer, não havia o que fazer, mais ainda: não se fazia nada, pela implícita regra do risco, quando houve muito, fez-se muito. O mesmo quanto a renda. Contrato.”

Concluo, salta aos olhos a incapacidade ( o que é assustador ) “das elites brasileiras” de, não aceitar a ainda incipiente libertação material ($) da massa brasileira, custosamente guindada a um simples e mero degrau acima na piramide de valoração humana, se não há outros métodos de medir valores humanos, senão pelo dinheiro, se a nobreza, a aristocracia, os tradicionais e os quatrocentões já não existem. Há muita gente se arvorando em corretor de gramática, mas não conhecem o verbo soer, e a diferença entre ter e haver, o que por si seria bastante para não nos acharmos tão superiores. Há uma fábrica de bacharéis, como, duas fornadas diárias, coisa que acho bacana. E com esse canudo não dá para rir dos Honoris Causa. Mas toda a coisa não é para tanto, se a língua é para mero entendimento entre nós, e a falamos todos, pobremente; se não nos entendemos, fosse melhor mudar de assunto. Isso posto quando o assunto não piora, e chega-se a esbarrar com certa eugenia sulista, de indivíduos com peito de pomba e ombros caídos, onde escorrega a alça do lap-top.
Exagero eu sei, mas há um cheiro f... no ar!
Se o SUS tem problemas e graves, e os têm, estes advêm da sociedade, como todo, e a base desta é a sociedade civil. Há todavia muito que fazer e pensar, mas devemos notar que há entre os que dominam o SUS, o funcionalismo patrimonialista, as classes médicas e a dos bacharéis de direito, metidos nesse meio: magistrados e tribunais, o falso doente, e claro, a dos políticos, mas ai a coisa fica circular, por político, entendo nossa única diferença com os irracionais. Somos seres políticos. Não devemos delegar poder total a nenhum eleito, não podemos! Devemos e podemos: Participar!