12 de jan. de 2010

A BOLA É UMA BOLHA DE ILUDIR.


GEOMETRIA DAS GEOMETRIAS.
Geo, bola.
bolha,
rola,
qual rola voa
a bola nem lado tem,
é um ser absoluto,
em hemisférica é dividida
divertida quando inteira,
parteira de ilusórias realidades,
de todos os seus,
o círculo,
a circunferência,
a bolha de sabonete,
o furo da bala,
têm em comum a ausência,
a bola enche os vazios,
do gol,
do goleiro,
do artilheiro,

11 de jan. de 2010

BREVIDADES GENEROSAS.





Alberto e Matilde haviam passado toda a noite com três amigos dela, bebiam outra saideira. Matilde onde você mulher encontrou essa raridade, disse Roberto adjetivando o você. Eu sou uma mulher de sorte. Respondeu Matilde automaticamente ajuntando a cabeleira. Alberto, confiado em palavras, cresceu na cadeira e ficou imenso e seus braços abraçavam toda a mesa, querendo assim agradecer a todos a incerta cumplicidade. Contou uma piada de salão, o quê não era o seu forte. Teve sorte e todos explodiram em risos. Roberto, Gilberto tampouco é qualquer uma disse Marilda a fotógrafa ( quase como o a). Ufa! Eu é que não sei querida; disse Roberto, equivocando-se. Alberto que não tinha a conquista assegurada fez um brinde aos amigos quando percebeu que eles partiriam. Matilde delicadamente segurou o queixo de Alberto com a pinça da mão e disse-lhe felinamente, que sim que era sim um homem interessante. À saída do bar Alberto a carregava, poeticamente, nos seus braços. Nisso passava Marilda de carona com Roberto e Gilberto. O carro parou e Matilde foi ter com Marilda que a chamara. Matilde disse-lhe ao mesmo tempo em que batia a porta: me liga tá! Sentou no banco traseiro junto com Marilda. Com o carro já em movimento, pela abertura da janela Marilda perguntou a Alberto: que você fará amanhã à noite? Alberto, com a cara de cu dos desamparados, descuidadamente cruzava seu olhar com Gilberto.

10 de jan. de 2010

Rodin a Salvador. O pensador.


Eu estava em Salvador, passeava pelo mercado Modelo no que me deparei com uma equipe de filmagens. Salvador acolhia a Rodin. É tudo que sei. Então comecei a filmar a filmagem. Estas coisas. Quando temos à mão certos objetos cometemos a ação. Este é meu medo. Tinha à mão uma máquina, filmei. Não sei se infrinjo alguma lei, regra ou uma mera ética. Num país onde a lei tem uma banda larguíssima para uns quantos, sempre me acaba pegando para bode. Gostaria de haver filmado mais a filmagem do filme, mas fui impedido. Quando estou filmando me ocupa uma timidez notória. Creio que o quê de minha filmagem ganha áureas de divindade, de poético, e se faz tão grande que me intimida. Filmar se transforma assim num escarafunchar o que é belo e não devia, ou por ter medo de não ser capaz de registrar o sentimento estético, que diante de mim se plasma. Desculpei-me à moça, pelos seus direitos adquiridos sobre o quê que todos que por ali íamos víamos. Publico. Faço público.

9 de jan. de 2010

Nota para um homem.

- Perdoa se não me levanto.


                                                                    Epitáfio para João Meufriend.



Sempre admirei muito os Seixianos, em especial o João. Suas frases curtas. Uma vez escritas fariam um livro de aforismos inapelavelmente concisos sem conscienciosidades. “ Toda a literatura do Paulo Coelho, se é que podemos a tratar assim, vale menos que um aforismo do Groucho Marx. Então João morreu. Morreu o João que um dia me disse que tudo passa. João passou. Comigo quedará esta verdade. Disseram que pediu para que o deixassem só. João nunca esteve só, não sabia sequer o quê disso, dizemque. João não inventava palavras, diziaque já as há em demasia, faltam gestos.

-... E isso não é ruim. Disse João. Com seus cotovelos já calejados e cravados na tábua do balcão, enquanto seus olhos vítreos fartos do quê dele ainda não havia bebido dele (o copo) à sua frente.

- Mas, se escasseiam os gestos... Balbuciei.

- Claro, se fosse o contrário mancariam as palavras. Rebatia João. Mal podendo pronunciar as tais palavras, pois seu queixo suportava todo o peso da cabeça, pousado na concha das duas mãos, esse natural prolongamento do punho, seguida dos naturais dedos que batiam em seu ritmo lento, tais dedos na bochecha avermelhada.

Quando eu desocupei o tamborete outro interlocutor dele se apossou. João não ficara só. Mas João já estava cansado de representar João. Eu ao contrário nunca me cansei de João... Por isso seguirei inventando palavras, nem que seja somente para irritar a João. Pensava nesta homennota, enquanto perpetrava uma feijoada que era o prato do João, quando o João comia alguma coisa.


6 de jan. de 2010

LA TRAVIATA

Ontem fazia um calor de pelar tomates, de frigir ovos no paralelepípedo. Olhávamos para o termômetro do Itaú – estava mais fresquinho – por vezes o do Bradesco – estava mais acalorado – um “dava” ( são as únicas coisas que os bancos dão) a hora e a temperatura. Um mostrava 34ºC o outro 29ºC – às dez da noite - sentia a boca do forno a soma de ambos. Mad World.
 Derretia-me o toucinho que tenho ocupando o lugar da massa cinzenta. Seguimos fazendo pizza. Pizza é o resultado da transformação termodinâmica do trigo e seus recheios. Temperatura constante - mais ou menos controlada (300ºC), pressão constante e a conseqüente variação do volume. Segunda lei: tudo caminhando para o caos. A pizza crua é algo organizado, o calor faz um rearranjo mais ou menos caótico e nisso corrige imperfeições. Doura a massa, derrete a mussarela, assa a calabresa, sapeca o tomate, mistura os aromas e faz a partir deles um novo. Pizza é culinária. Meu amigo Oswaldo di Lorenzo dizia que: tudo pode ir sobre a massa, e pizza é lanche. Sim tudo, ouro, caviar, percebes, angulas... já vi pizza de estrogonofe, de picanha. Está bem, diria,  só que a soma dos produtos não engrandece a nenhum deles. Ao passo que algo tão singelo, qual mussarela e rodelas de tomate, tiquinho de alho frito e folhinhas de manjericão fazem algo maior que a simples somatória de quaisquer ingredientes nas  suas singelas existências.
 Nada impede, entretanto,  que se façam os descalabros e nada se diga de passagem, isto é assim. Penso sempre nos ingredientes. Não penso nunca no bom gosto, ou no mau gosto,  senso ou na falta dele, penso nos ingredientes. Imagino a picanha, que sonhou a vida inteira enfrentar as grades de uma grelha, ir ao forno repousando sobre uma grossa camada de mussarela! Pobre! Não, Pizza é coisa para elementos com caráter, como anchovas, alcachofras, berinjelas, calabresas, cebolas....

5 de jan. de 2010

Domingo é dia.

Domingo eu marquei com o Cido Galvão uma pelada, uma bába, como dizem os baianos de boa cepa, o que são todos ou nenhum. O que importa é que o Cido não chegou na hora, - quem chega à hora marcada? – chegou à hora da cerveja no Brutu’s. Na verdade o Brutu’s fica do outro lado da rua, isso é bom, pois não vemos a cara de enfado do Bruto. Vemos isso sim o Zé, uma espécie de garção, que trás a cerveja e a Velho Pompolo, afinal é por isso que vimos. O Zé nos aprecia muito e o apreço não tem preço. De repente aparece alguém com uma linguicinha, depois outro com umas finas fatias de carne-seca de próprio punho e gosto. Falamos da pelada e das ainda vestidas e das investidas que o Serginho levou de um sujeito dunguiano que o deixou com o tornozelo inchado. O Cidão dança com o copo de Velho Pompolo e oferece para o Liça, o Liça dizque: - depois que sai não pus uma gota na boca. Verdade ou mentira? Se uma ou outra nós não o saberemos jamais. Então: ver da de. O Baiano veio receber o cinqüentão que faltava receber da leitoa. O Cidão pagou e ambos dançaram outra Velho Pompolo.

é esse mesmo.

bruta sombra e breja fresca.

2 de jan. de 2010

mancada


Hoje fui com o Pedro dar uma caminhada pelos caminhos que há em Bonfim, iamos com nossos pesos naturais e alguns ganhados nos últimos dias, aos poucos a natureza foi nos aliviando tal fardo.






isso é uma jaqueira e seus frutos.


foi só ve-las para nos fazer recordar do visgo que faziamos para "pegar" passarinho.
ai vai Luis Melodia.


Eram milhões de passarinhos

Era um dia encantador

Há quem salve o meu corpo n'àgua

Há quem salve o salvador

O passarinho meu vizinho

Onde é que eu vou cantar

Nesta cidade que me encontro, help

De help mesmo não tem nada

Chô ... chô passarinho viu

Chô ... chô passarinho vai voltar!

Da mata o passarinho lança

De santo campo quanto for

Na terra encerra o berro de um homem

O ferro fere o passarinho