É certo, que o
governo Dilma dizia, de boca própria, tudo que existe deve
perecer. Não houve surpresa, só um descuido, de
duzentos milhões de pessoas, entregues sem resistência a
três sujeitos, Cunha, Temer, Gilmar e a grande Mídia.. E
nisso tudo foi de embrulho e de roldão: A Constituição,
os partidos de esquerda, os cristãos, os verdes, os heróis
de monte Castelo, os políticos de renome, os intelectuais de
prestígio, o código civil, o código penal, seus
códigos processuais; tudo num exercício de mágicos
atabalhoados, que ao esconderem a carta na cartola deixam escapar a
lebre. E assim nos encontramos, nenhum setor porca e parcamente
progressista, tem representação nessa interinidade.
Nenhum.
2 de jun. de 2016
Voltamos para antes do ponto de partida.
Temer não supera
Castelo Branco, e já vejo este espectro caminhar entre nós.
E nós teremos que trabalhar para pagar as dívidas da
família Marinho e Civita e Frias e Saads.... Definitivamente
não sabemos viver em democracia, nossa classe dominante tem
medo a qualquer baile com som mais alto, logo vê nisso uma
bagunça. Só conseguem dormir tranquilos enquanto a
massa dorme faminta, sofrida e auto inculpada.
A caricatura do assalto
a Canudos sempre vem à tona. Qualquer maltrapilho os mete
medo. Assim o MST os faz recordar de Conselheiro.
Não vamos a
lugar algum enquanto não nos livrarmos dessa superstição
de ilustração. Não somos ilustrados. Somos
escravagistas, só sabemos comandar sob chibata. Aqui a
liberdade é antidemocrática, e cada negro diplomado é
visto como Zumbi possível fundador de novos quilombos., cada
mendigo com a boca de fel, como o Velho do Restelo, uma nova
Canudos, que portanto, deve ser arrasada. É frequente o uso da
frase, ninguém tem memória. Diria que ninguém
tem memória letrada, mas todos sabem desde o inconsciente o
que é a classe dominante no país. E quem tem memória
letrada sabe que o conteúdo desta frase vai alem dela. Senão
o que se vê não é a derrubada de uma Presidenta
eleita, mas como o trapaceiro derruba as concessões tiradas da
classe dominante durante o último século. O estado
voltando a uma forma mais antiga, do domínio desavergonhado
das forças policiais. Voltamos para antes do ponto de
partida.
achtzehnte Brumaire.
Cuidado! Cachorro Ignorante!
Cuidado! Cachorro
ignorante.
César Aléxis,
considerado o melhor adestrador de cães da região. Tem
seu canal no youtube ensinando técnicas básicas para
cuidar e educar o melhor amigo. Autor de um belo livro sobre
psicologia canina, que lançará na Feira do Livro de
Ribeirão Preto.
Um dia recebeu uma
chamada urgente pelo telefone: - Senhor Aléxis? Sou o Juiz Bruno
Gotgut, Temos um problema com nosso cachorro – uma voz que soava
aterrorizada, como se aquele homem esperasse que do animal surgisse
milhões de carrapatos infectados pela espiroqueta da
enfermidade de Lyme, loucas para picar-lhe. É um pitbull e
muito agressivo. Pago o que for necessário. - Fique tranquilo,
senhor Bruno, cães agressivos são minha especialidade.
Qual seu endereço?
Um caminho de
paralelepípedos entre maciços de primaveras de todas as
cores conduzia à casa dos donos do pitbull. Logo à
entrada, uma placa com os dizeres: “Atenção! Cachorro
Ignorante”. César tocou o interfone, sem obter resposta.
Depois de uma segunda tentativa falhada, percebeu que a porta
principal estava aberta.
Entrou e dado uns
passos estava num amplo salão fez ecoar: “Senhor Bruno!”,
e não obteve resposta. Então gritou: “Olá! Oi
de casa!” tampouco funcionou. Assim, subiu uma escadaria em mármore
com um caminho ao meio feito de um tapete vermelho com os fixadores
em dourado em cada dobra do degrau, até o segundo andar. Um
templo de luxo e gosto duvidoso. No corredor estavam dois cadáveres,
horripilantes mutilações, nadando em seu sangue como
filés de picanha antes da brasa. As paredes da casa pareciam
feitas de carne. Carne crua e carne na chapa, uma cena tarantínica
. Indistintamente. Algo na parede se movia e completava a cena.
“Oooooo,
deusdocéu...!” Gritou com voz que parecia um mugido, em
rotações mais baixas. César Aléxis correu para a
saída, saltou degraus da escadaria. Tudo em vão. O
cachorro saltou direto á sua garganta. O sangue esguichou.
1 de jun. de 2016
Adeus.
Adeus.
Quem sabe a grave despedida
hoje ou amanhã,
ou quem diria ainda
uma palavra?
Nada mais, sorrio e penso
destruir o mundo
com meu silêncio.
19 de mai. de 2016
O Dia que Matei a Mariana. .
Fui tomado de imensa
alegria ao me deparar com uma nota de cem reais dentro da biografia
de Joyce. O que não esperava é que Mariana -a República
- com seu barrete frígio e seus olhos baços e ela toda
verde-azulada-cinzenta parcimoniosa girasse a cabeça e me
olhasse fixamente, mostrando um sorriso cruel, com dentes afiados,
que parecem gritar impacientes. De repente a nota salta para meu
pescoço. Arregalo os olhos desmedidamente, enquanto meu
cérebro tenta processar o ataque. Agarro a nota de cem, e a arranco de meu pescoço, e meu sangue jorra na parede. Saio
para a rua, entro no bar do Toba, peço uma porção,
e com o palito de dentes espeto a República bem no coração,
transpassando-a. A nota faz um ruído como um furo de pneu e
desaparece. Tomo uma cerveja, e logo outra e outra. A mesa parece um
tabuleiro de xadrez aonde as peças são o meu consumo. Num copo vejo o reflexo de meus olhos vermelhos e as veias prestes a
explodir. O Tobias e os clientes estão aterrorizados, então
eu digo: Um Campari, por favor.
Explorador de Lugares Abandonados.
O explorador de lugares
abandonados, força a porta do último pavilhão em
busca da Cultura, ao entrar no recinto, seu cabelo e suas roupas se
emaranham com as teias de aranha. Acende uma lanterna. Por toda parte
há um palmo de água estancada, aonde flutuam insetos e
pardais mortos. De uns canos rente ao telhado uma goteira insiste em
sua percussão. Auto falantes com sua eletricidade estática
fazem seu ruido. Então o explorador de lugares abandonados,
que forçou a entrada no pavilhão nacional da Cultura,
ouve passos, parecem vir de um corredor escuro. Os passos estão
mais perto, retumbam ritmicamente, desprendendo pó do teto. Das
sombras sai Macunaíma, ou parece Macunaíma, no seu
rosto um grande sorriso, como se fosse uma fatia de melancia sobre
uma caixa de pizza num lixo. Macunaíma tem dois metros de
altura, e do interior de seu disfarce mofado infestado de ácaros
e pulgas saem essas palavras: “Quer ver como me arranco a cabeça?”
E arranca. O explorador de lugares abandonados vê sangue por
toda parte, antes de desfalecer.
Tentativa de
Creppypasta.
Crime e Castigo.
Crime e Castigo.
“Não me sinto
culpado de nada. Afinal, não era um líder responsável,
senão que um soldado que obedecia ordens”.
A frase resume a linha
de defesa que usou, durante quatro meses de seu juízo, o
oficial nazista Adolf Eichmann, responsável pela logística
do transporte e distribuição dos judeus europeus aos
campos de extermínio para a serem executados. Eichmann, no fim
da Segunda Guerra Mundial, fugiu para a Argentina com a sua família,
até ser sequestrado pelo serviço secreto de Israel no
ano de 1960. Foi trasladado a Israel, julgado, condenado a morte e
executado por crimes contra a Humanidade.
Em janeiro de 2016 vem
a luz uma carta escrita a mão por Eichmann, aonde ele pede
clemência e reitera que não passava de um soldado raso,
funcionário do baixo clero, que não merecia ser
castigado pelos crimes de seus superiores, que lhe davam ordens. Na
mesma ocasião, foi tornada pública um telegrama de sua
mulher, Vera Eichmann, que dizia: “ Mãe de quatro filhos,
peço que perdoem a vida de meu marido”. O telegrama não
obteve resposta, mas o presidente Tsevi, ao recebê-lo em 31 de
maio de 1962, antou em hebreu uma citação do Torá:
“ Mas Samuel disse: ' Tal como a sua espada deixou mulheres sem
seus filhos, assim a tua mãe se ficar sem filhos entre as
outas mulheres'”. Samuel 1,15:3;
São tão
inquietantes as afirmações do criminoso Eichmann como
as do antigo presidente de Israel Ytshaq ben Tsevi. Eichmann quer
fugir da responsabilidade no extermínio sistemático de
milhões de judeus dizendo que unicamente cumpriu ordens, como
se fosse uma peça inconsciente de um relógio, e não
um homem com critério moral e capacidade de decisão.
Eichmann é infame. Mas Yitshaq tampouco não é
modelo: mostra o rosto mais fosco daqueles que reclamando por justiça
e castigo para os culpados, nada mais fazem que vingança. Há
muita gente, pelo globo, que não passou jamais do antigo “
Olho por olho, dente por dente”. Assim vai a Palestina, e assim vai
o Mundo.
Assinar:
Postagens (Atom)