26 de fev. de 2016

Atropelou-a Sobre a Faixa.

+ ou - 10h da manhã. 26/2/16

Estavam de mão dadas, esperaram o verde da Florêncio de Abreu. Veio o Verde. Ele mais apressado largou primeiro, ela veio puxada pela mão. Vamos, bem! O Honda Civic silencioso na Olavo Bilac. Viraria à esquerda. O verde veio para o Honda Civic prata. O Honda saiu como se fosse besta. Sendo máquina. Como máquina, pensa como besta. Como besta atropelou-a sobre a faixa. Parou como máquina. De dentro do Honda Civic prata saiu um senhor de cabelos prateados, incivilmente, ....”Mas estava verde para mim!”, No entanto, estava verde para eles.

Ilustres Senhores Engenheiros da Transerp. Está cada dia mais evidente, nossa incapacidade de governar os Hondas civicamente e outros possantes. Já que não temos no Palácio Rio Branco, nada, nem ninguém com visão para os problemas urbanos, digo: O Semáforo com Três Tempos é para isso. Um tempo para o pedestre. Porque é completamente sem juízo e sem equivalência, um ser de carne e ossos, disputar a travessia de uma rua com um Civic incívico. Porque não dá para confiar na consciência. Aliás foi por isso que os Norte-americanos o inventaram, para deixar claro, a cota de cada um. Agora, essa cota é com os Senhores. Civilmente.  

O Processo.

O Processo.


Eu atravesso as coisas – e no meio da travessia não vejo! – só estava era entretido na idéia dos lugares de saída e de chegada.” GSV.


De repente, estamos a ler os jornais como se tivéssemos à mão: um Processo. Ouvindo, bovinamente, os telejornais, como se instruísse a Promotoria. E julgamos. Nada mais gostoso que ser juiz. Nos tiram dessa posição, quadrupede, nos vestem a toga. Batemos o martelo. Uma vez ao dia, mínimo. Há outros, os que nos arvoramos em ampliar o processo para outros dias, outros homens e outros mesmos crimes.

24 de fev. de 2016

O Pêndulo de Casmurro.

.



O pêndulo vive de oscilar. Quem conhece a ciência do pêndulo, é capaz de botar o nariz no ponto, o mais próximo de um ponto final de um dos seus balanços. Desta forma, verá o objeto se aproximar, crescer e parar por um instante, e por um não se sabe bem o quê, começar um lento recuar, recuar desenfreadamente passando pelos pontos mais baixos, e arrastando consigo toda a força que a gravidade tem. Casmurro era o sujeito carioca. Uma classe. Elegante. Resolvido financeiramente. Adulado desde a infância. Quando narra sua história, nos quer como cúmplice, como voto nesse julgamento. Vai plantando pistas a seu favor. Sua família é a típica família fluminense – e o Brasil era pouco mais que a capital – com seus agregados. Ser um indivíduo mulher era um impossibilidade. Para ser, ela haveria de tramar seu futuro, e esse futuro teria como trajeto, quase  obrigatório,  um casamento, ou a adoção por alguma baronesa. Essa era Capitu. A tramar sua existência, manobrar, um futuro...  Para o negro nem essa possibilidade existia. Quando fui chamado pela primeira vez a esse julgamento, a primeira leitura, ficou estampada a razão de Casmurro. Porque estava em mim introjetada, naturalizada aquela ideologia, e as ações históricas foram tantas, e no dia-a-dia, incessantemente, nem dá ou daria ou dará para perceber que de ideologia se trata. É a famosa frase: A vida como ela é. Não há nada mais ideológico que esta frase. Como se estivéssemos emparedados dentro dessa indumentária social. Não há escape. Ou se adapte ou será engolido. Aonde, adaptar-se é ceder densidade de pessoa. É boiar, como um nada... Seja, não há escolha. 
  No entanto, o pêndulo oscila. Noutra leitura, tenho outras notícias. Vejo as pistas deixadas por Bentinho, num julgamento em que ele é parte, não só parte, mas parte interessada. Interessado em manter seu status quo. Aonde tudo que sair da sua boca deve ser conjurado como verdade. E não é. Não é, primeiro de tudo, porque nada é sempre verdade. Ainda que esta autoridade – para anunciar, enunciar a verdade –  advenha da classe social, que tem, desde tempos imemoriais,  o poder de dizer a verdade, e se manteve até os nossos dias. Se houve um hiato temporal, aonde este poder pudesse estar em jogo, ele acabou.  Duas pessoas batendo panela em Higienópolis, valem por milhares de brasileiros.  Quem diz isso? O narrador nacional, o Casmurro nacional, seja, os meios de comunicação social. É neste momento pendular que nos encontramos. A verdade ganhando a enormidade do absoluto. Volta-se a ler a narrativa sob a ausência dos símbolos - sob força do significante -  que a naturalidade exige. A vida como ela é, é aquilo que diz que é o narrador.
 Olho para o pêndulo, e ele lá evem. Veloz. Furibundo. Azarando tudo. Talvez dê tempo de tirar a cara da reta.  

22 de fev. de 2016

olho por olho. cara de palhaço, nariz de palhaço e asas de ignorância



olho por olho. dente por dente. tempo de medos neste mundo de mecas. o caminho de saída? é abaixo: não te perca, nos dizem os sábios sabichões. salte e deixe-se levar pela gravidade. pela decadência. pelo sofisma disfarçado de petulância, nariz de palhaço e asas de ignorância. e baixe e baixe e baixe e aquilo que antes se dizia suficiência se tornou excelência. e baixe e baixe e seguimos baixando e a cota da mediocridade começa a ser difícil de recuperar. a normalidade de antes, agora é uma recordação borrosa, a genialidade, nem tão só uma utopia. tempos de soco. de lobo. de sangue por sangue. de quebrar mimos. de insuficiência premiada. de ovações e reverências ao nada.
tempo de gritar. de fechar os olhos para não chorar. de chorar morfina para não sofrer. bem, de sofrer, sofrer, não sofremos. mas viciamos em lágrimas. e isso nos faz cair ainda mais. Fazendo carpados. caímos, caímos, caímos.
caímos até que, desde a nossa miserável e estática perfeição, pensamos que o mundo é que sobe.
essa é nossa grande sorte.

e que permaneça.    

21 de fev. de 2016

NUTROLOGIA.

NUTROLOGIA.


Já faz algum tempo, que apareceu pela EPTV, ou  no Jornal A Cidade, não lembro bem. O Sr. Dutra, médico e professor, ex-Coordenador do Campus da USP de R.Preto, a lançar um nova especialidade, a Nutrologia. Afortunadamente, pensei, já que há gente insensata em demasia se arvorando nesta seara, a Alimentação. Alimentação como cura, e prevenção de doenças é mais sério ainda, Há uma torre de Babel neste sentido, e qualquer 'chef' , e a qualquer momento se lhe botam um microfone à boca, sai versando receitas de bem comer. 
 No entanto, de lá para cá nada vi, li ou ouvi a respeito da Nutrologia. Penso que é de fundamental importância, pareceres e critérios menos afeitos aos 'achismos' de nutricionistas e chefs de cozinha, que sabem muito pouco do metabolismo dos seres e menos ainda dos organolépticos ingeridos e suas propriedades. Merecia, dr Dutra, a NUTROLOGIA, uma relação mais estreita com a sociedade ribeirão-pretan, por que o conhecimento então desenvolvido nos acuda.  

Ainda, o Limpacus.

Ainda, o Limpacus. 


Um dos mais poderosos cortesões da corte de Henrique VIII era o Groom of the Close Stool.( lacaio, camareiro, garçom do armário de fezes) seja, Encarregado da Matéria Fecal. Origem escatológica. Numa resolução interna podia se ler: "Ninguém não pode entrar à câmara real, tirante o Groom of the Stool, que se ocupa das necessidades de Henrique e garante o seu conforto, descanso e saúde. Que também tem o dever de assistir o rei, sempre que este  for ao “escusado”. Não temos a palavra equivalente para esta lida, o limpador de cu, que não se tratava de uma atividade de pouca importância: zelar pela higiene geral e particularmente pelos movimentos intestinais, peristálticos, do rei. Naquele tempo não havia a privada, mas a “comum” a comuna, para todos, e deveria ter sempre a ponto o armário dos excrementos, que tinha forma de poltrona ou cadeira com os braços de descanso ( o ''stool'' propriamente de cujo já dito), que ia por toda parte com o rei.
Pode parecer um trabalho irrelevante, de pouca hierarqui, de nenhuma categoria. Porque o limpacu andava pra cima e pra baixo com as toalhinhas, esponjas, palanganas, alguidares, cuecas, sabonetes, todas as ferramentas e complementos do asseio real, depois limpar o trono onde o rei descarregava os buchos e tripas.
Era um cu como outro qualquer, mas, calma, era o cu do rei.
Deste modo o limpacu tinha acesso quase ilimitado ao monarca, qual lhe levantava a cabeça nas dores de barriga, o secava o suor da fronte das horas mais duras, o vestia a complexa indumentária real, tudo para que pudesse andar com o ventre o mais comodo possível, alem de tocar sempre o cu real, assim tinha muitas horas diante da pessoa real, que com frequência lhe fazia confidências, pessoais, anais e estaduais.
Por aqui Não demoraria para o PMDB querer esse cargo, se é que não o tem. La pelas Bretanhas do tempo do louco George III, John Stuart, grande Groom chegou a primeiro ministro. Era o ano de 1762.
Isso mostra a importância de se cuidar do cu alheio, tocá-los bem, e se preciso for lambê-los. Coloquemos, por acaso, o nome Conti. Claro, uma coisa é óbvia, tem um nariz ruim, e as mãos e língua sujas.


A Arte de Limpar o Cu.

A Arte de Limpar o Cu.


Não serão nunca suficientes - para nos conscientizarmos - as vezes que insistimos no ato temerário que supõe esfregar um troço de papel no cu. Mais que limpar, ele espalha a merda por todo o rego, toda a vereda das chapadas Bandas-da-Bunda. Incrustando em seus paredões mais recônditos daquela anatomia, criando depósitos minúsculos de detritos endurecidos que serão, como o passar do tempo, fontes inesgotáveis de infecções. Tumefactas.
Os equivocados defensores do papel, demais, pobres desgraçados, estão gravemente divididos, entre as diversas categorias, que se diferenciam pelo números de dobras e picotes que têm o ph antes que o passem pelo anus.
Afortunadamente, a história da filosofia, tão errática e abstrata em geral, faz cinco séculos alcançou o pico intelectual neste campo, nos legando a maneira mais nobre, excelência das excelências, mais expedida, que jamais havia sido vista, de limpar o cu.
Aquele momento de serenidade comovedora devemos o à sã ociosidade campestre do legendário Gargantua, que fez experimentos então jamais vistos, até chegar ao perfeito, limpacu.
Era ainda a idade média, quando provou-se de limpar-se com sálvia, erva-doce, com pétalas de rosa, com folhas de abóbora, com couve, com alface crespa, com espinafre e ortiga. Depois se limpou com lençol, fronha, colchas de retalhos, cortinas, o próprio travesseiro, com toalhas de mesa e de banho, com o leque da senhorita ou lencinho de veludo, que se considerou bom, por sua maciez, depois a seda, já que ela escorregadia trazia uma certa tesão. Enfim, se limpou com palha, de milho e de trigo, com estopa e mesmo com bosta de vaca. Sentenciava Gargantua:
Os seus colhões sempre emporca. Quem o cu sujo com papel toca” .
Foi depois de tudo isso que disse: “Digo e mantenho: Não há um limpacu como um coelhinho bem peludo, sempre que se suporte a sua cabeça entre as pernas. E creiam-me pela minha honra. Já que sentirá no rego do cu uma volúpia mirifica. Tanto pela suavidade deste espanador como o calorzinho de tíbia manhã do coelhinho, que se comunica rapidinho ao cu mesmo e às tripas do intestino, até chegar ao coração e cérebro. E não pensem que a beatitude dos nobres e semideuses que estão ali por Higienópolis e imediações usem orquídeas, abróteas, ambrosias, ou o néctar, como podem pensar.” Penso, eu, que limpam-se com um bom editor, mas só eles, a nós nos vai melhor um coelhinho.