17 de ago. de 2015

Memórias.

As primeiras recordações se confundem na memória, tão densas, que não sei se minhas ou se de mim por outros. De qualquer forma verídicas, por as ter ouvido nas datas festivas, lembra o dia que sumiu, você aprendera a andar muito cedo, e com um ano saracotiava pelo quintal, eu e teu pai te chamávamos, fomos ao galinheiro, aonde você sempre ao ouvir a galinha cantar ia lá chupar o ovo, teu pai lhe ensinara, um buraquinho e sucção. Fomos à horta,  voce adorava comer os quiabinhos tenros colhidos do pé, e não estava lá, foi aí que saiu o grito que assustou até compadre Cassito, desembestei a correr rumo ao ribeirão, e lá estava você brincando na água rasa, quando nos viu em pranto, também se atrapalhou e caiu na água mais forte, teu pai entrou no ribeirão, mas não te alcançou, por sorte, o Armênio estava na beira do córrego e esticou o braço e te pescou.  A partir daí, tinha uma bacia grande cheia d'água só para me refrescar. Mantive aquele medo do rio, para mim era sempre o mesmo e queria me levar a jusante. Bem mais tarde aprendi que nem eu e rio eramos os mesmos, mas isso foi muito mais tarde, convém por agora não embaralhar as memórias. Mais tarde Armênio reaparece na história, me ensinaria  brigar.

14 de ago. de 2015

Caixinha de Pandora.

Levava anos procurando minha caixinha. Sim, uma caixinha que estava dentro daquele baú que ficava lá no quartinho, aonde aquela gata angorá deu cria? Não sei que fim levou! Pode estar dentro do baú que foi pra casa da tia Carmelita. E nesses pode isso pode aquilo, foram se os dias os anos. Hoje ela chegou até mim. Foi emocionante a abrir, alegres e satisfeitas recordações, feridas ainda não cicatrizadas, com aquela casca grossa, frases que as havia colhido em pleno vôo e silêncio, um patrimônio emocional. Heráclito diria que não se trata da.mesma caixa, seguirei a procurar...

Será arte?

Será arte?

Já faz tempo que a arte não é etiquetada, em particular a pintura. Anda sem brotar ramos na árvore abstrata das escolas artisticas, tão abstratos e generalistas como informalismo, sintetismo, construtivismo, suprematismo, neoplasticismo,vorticismo expressionismo abstrato, minimalismo, cinetismo, e outros que não me recordo ou não sei nem os nomes. Os artistas da pós modernidade, me parece, são ecléticos. Entre passionais e racionais, em maior ou menor grau artesãos e tecnológicos. Aquele que já tem nome na praça, faz experimentos, em busca de estilo, se cansa e já está noutra. Fuça no baú da razão instrumental, da razão técnica, da razão intuitiva ( será possível? ),  da paixão, mas não têm escola, ou corrente, para pagar cotas, ou  se esqueceu ( ou nunca soube) que havia escolas, tendências, movimentos ou seitas.
De passagem, quando observo alguma obra catalogada como obra de arte, isso não é bastante para me impressionar e como muitos penso que a arte está em franca decadência. Chego a pensar que a arte morreu.
Se o que vivemos é pós modernidade, não sei, certamente é desencanto, relativismo absoluto, impostura e simulação, virtualidade, hiperrealidade, salve-se quem puder, utopias cariadas e cáries utópicas, aberração moral, desigualdades pornográficas, entropia, ruídos como informações, cenas que se desdobram ao infinito onde ficção e realidade se confundem.
Os movimentos, vide 2013, surgidos dos acçotes embrutecidos  do capitalismo, chegaram nessa encruzilhada, e embrutecidos na rua e na rede social denunciam a violência,  chutam o pau da barraca  em nome de recuperar valores, ética, civilidade, justiça, eqüidade, sustentabilidade, transparência, entretanto não se ouve falar de cultura, ou fala-se pouco ( em áreas para fumantes) das formas artísticas, de filosofia ou seus sistemas, de equipamentos culturais, e de artes plásticas e literatura, muito menos.
É um espelho trincado, hipertextos, metarrelatos, uma arte plástica da tatooagem, ou a estética da cirurgia. 

13 de ago. de 2015

Procura-se.

Procura-se.

Pessoa inteligente, que se deixe gostar, fineza no trato. Que seja pau para toda obra. Que estimule o intelecto, com sua mente absolutamente aberta, inteligência, transparente, clara, fineza de análise, que seja mais que um professor, com elegância trasladada ao pensamento.  Que nos ensine que o uso da língua correta e rica, nos fará melhor, que nos abrirá portas. Que retorne os professores ao posto de modelo e os boleiros não passem de heróis, porque o pensamento anda catastrófico, espetacularmente, catastrófico. 

11 de ago. de 2015

Onanismo, 300 anos, comemoramos.

Judá toma para seu primogênito Er, uma mulher que se chamava Tamar. Mas Javé não curtia Er, desgostava, na verdade, então, Javé o fez morrer, porque Javé não mata. Então Judá disse a Onã, aproveita e fique você com Tamar, cumpra com seu dever  e faça perdurar o seu irmão. Onã sabia que não se imortalizaria naquela relação, e toda vez que se encostava com Tamar, tirava na hora h negando posteridade a Er. Javé se desgostou dessa história e o fez morrer. Gênesis 38, 6-10.
Algumas coisas me remetem a Bíblia, como o que me fez buscar Gênesis, apareceu por aqui um cachorro de nome Onã. Não sei o porquê do nome, já que me parece tão fiel, entusiasta das angolas que encontra pelo caminho, nas caminhadas que faz com seu dono, parece que gostaria que fossem mas longas. Explicada a citação, devo confessar, que não pensava em Onã, o cão.
Creio que os padres que fizeram parte da minha catequização, nunca deram muita importância às personagens secundárias, inda mais uma que praticava  coitos interruptos, diante de criaturas que já andavam pelas masturbações corriqueiras. Se bem que, ainda, longes do coito. Mas uma coisa fica patente, além de crescer pelos nas mãos, você pode ser fulminado por Javé, ou qualquer um de seus laranjas.
Uma coisa é certa a palavra onanismo é recente, e o catecismo era, em pleno maio de 68, baseado na Idade Média.
Onania; or, The Heinous Sin of Self-Pollution, and all its Frightful Consequences in Both Sexes. Ao que parece surgiu entre 1710-16. Pode muito bem estar completando 300 anos, merece uma depenada no sabiá ou uma siririca em comemoração. 

10 de ago. de 2015

Um Nietzsche não lido!

Nietzsche é bem bacana de se ler. Uma possibilidade é não entender lhufas, no entanto cria umas sinapses poéticas fabulosas, como se houvesse tomado uma estrelinha. Outra é, não entender, em absoluto, seja tomá-lo por libertino. Outra é entendê-lo. E imediatamente sair por aí querendo identificar Platão e outras moralidades que impedem a felicidade. Outra, ainda, é compreender a mensagem de liberdade para as punções humanas, a vontade de poder, entre tantas. Acontece que essa é difícil de redução, como a dobra do tempo em Einstein, que ao se reduzir é outra coisa. Ser Dionísio é um sonho humano, acontece que,  sua redução se aproxima rápida e perigosamente do nazismo, o famoso Espaço Vital. E pode parecer uma má leitura del Bigodão, mas é só uma primeira identidade encontrada naquela inteligência, que aplicada dá no que deu!

Pacto da Vergonha

Pacto da Vergonha.
Custo a entender esse pacto. Um baile a fantasia entre poderosos, não apesar da crise, mas apesar dos cidadãos e de um país., aonde o malvado troca sua máscara de ódio, pela da compreensão. Antes se falava num 16 agosto, uma manifestação, como se fosse a tomada da Bastilha, festa grande, com buzinaço do Corpo de Bombeiros, e fogos de artifício. Cívica e democrática.
No meio desses fatos, no baile de mascarados, as máscaras são trocadas. Leio justificações frustradas e frustrantes. É sem duvida um péssimo acordo político. Se fosse um filme, seria B, cujo nome não me escapa: o Ódio sem disfarces.
Mas se fosse um livro, se chamaria " O Barulho dos Bossanovas Envelhecidos".
O enredo seria de uma comédia Shakespeariana, plana e franca, ( coisa que agradeço,), mas não é um afago. Resumo da comédia, minimiza-se o pacto, em contrapartida dos efeitos secundários do mito de Fausto. Pensa que é fácil pactuar com o diabo?
Cinema, livro, façamos um zoom. Traem meus sentimentos. Cada palavra, frase os delata.