22 de jul. de 2015

Umas linhas.

Umas linhas.

Um amigo, Ricardo,  fez questão de publicitar e vindicar coisas que escrevi neste blog. Normalmente os elogios me catatonizam, então resolvi acabar com isso e não sem  esforço escrevo estas linhas, para que não vá este dia vão em vão. Almocei em casa dos Clementes em Cravinhos. Fizemos um passeio comprido, até a fazenda Buenópolis, a que meu avô galego passou uma uma vida. Solidão. Passo mentalmente revista parentes, outros, disponíveis. Não há nenhum que me apetece ver. Volto para fazer a sesta em casa. Leio, o que me muda o ânimo. Curto e compartilho tolices. Então saio com Luiz Mequetrefe, não há como me interessar na conversa, mudo de cerveja e o papo continuava acidificando meu humor, não tenho mais prazer em explicar meus gostos, confrontá-los? Muito menos. Espero que amanhã seja melhor que hoje, tão tedioso que nem merece despedidas, nem um até amanhã! 

21 de jul. de 2015

De gole em gole.

De gole em gole.

Íamos de Bonfim a Dumont, de quermesse em quermesse, de gole em gole, de Dumont a Pradópolis, atrás do chapéu mexicano, das quase músicas de altifalantes estridentes, de Pradópolis a Rincão, de Rincão a Cravinhos de cacharrel em cacharrel, e a proto música, parece que sabia...  de mocassim e anarruga, de Cajuru a Brodósqui de baile do Havaí a Debutes, entre a multidão, festa da Manga, de Brodósqui a Jardinópolis, o Tema de Lara, quando a juventude era um glorioso clamor do nada. Do nada ao nada, pelo caminho, pelos caminhos, celebrávamos a pura inconsciência ou a consciência de sermos  vivos. Na superfície vibrante de todas as coisas, da luz sem luz, da música quase sem música, um eu quase sem eu, e não obstante tão cheio de mim. A procura tão só do quê, afinal, já tem, e se o polir desaparece. Pelos caminhos, cantando aquelas quase músicas, que de tanto, eram antes hinos, tão músicas quanto aos hinos de agora, que já lá estavam prefigurados. Enteléquias que de tanto impostadas ardiam como ferro quente.  No meio do meu caminho, sempre haverá uma pedra. Memorável. Para ser memorável tem que ser assim. Ir além da inteligência, coroar a emoção tonta e absurda.  As vezes ouço uma canção, sim aquela  quase música virou canção, e a pele quase ressuscita àquela da juventude, os ideais, aquelas quimeras, que de tão estúpidas, só podem ser tuas. 

19 de jul. de 2015

Ada, ou o ardor. A crônica de uma família.

Nada de Ada ou o ardor, mas Cunha ou o condor, e o caracter rapinador do nobre flamante deputado. Com a palmada nasce o espírito de porco do tempo, Nabokov trata sempre de temas espinhosos, mais complica que soluciona. A tal palmada espanta funestos presságios. Um amigo o reivindica, pela Realpolitik, seja,  pelo mal que possa fazer ao PT.
Abordar a atualidade política não é fácil, e fazendo e dizer tudo que se pensa, ficaria muito mal com todo mundo, e estou sem vontade, ainda mais com um churrasco por vir.
A candura de Cunha mal suportou seus cem dias, reclamará no travesseiro não haver usufruído melhor da temporada, porque nem a direita da terra lhe dá suporte, feroz, não deixa passar uma, e se não a tem, a inventa.  Ao PT  crucificaram  sem dó nem piedade. E ainda o fazem, no caso de aparecer algum de boa fé, e se estabeleça comparações com o vivido e se conclua que não está tão mau assim como pintavam umas vozes mais interessadas, que objetivas. Agora quanto a candura de Ada, opa, o condor rapinador de Cunha, não se esqueça de Diógenes, que ia pelo mundo com sua túnica, e não havia que procurar mictório, não se lhe podia pedir polidez, santos inocentes. Como a santa ingenuidade dos que não gastam sinapses com política. 

17 de jul. de 2015

Impostura.

Impostura.
Quando vejo o céu escuro, carregado, não é que pense se ou não choverá imediatamente, mas temo que tudo aquilo caia de uma vez sobre minha cabeça, ainda que saiba que "isso não acontecerá amanhã". Devo explicar  o que está entre aspas? Explico. Era uma brincadeira de juventude. Lia, por vezes, um gibi. E algumas " tiradas " das personagens faziam a minha cabeça, a tal ponto que as decorava para usá-las aonde quer que fosse. "Isso não acontecerá amanhã" é de algum Astérix que em algum momento usei com frequência suspeitosa, aonde pudesse usar "isso é pra já ", antônina de " não se afobe não, que nada é pra já ".
Quando comecei a escrever este blogspot Mancada me ocorria a pergunta de Obelix a Astérix:" não tem medo que se lhe acabem as idéias?", que vinha sempre depois de "Tenho uma ideia!" dita por Astérix. Cada "artigo" se apresenta como o último que serei capaz de escrever. A angústia, se tanto, dura poucos segundos. Porque a culpa, o doentio  sentimento de culpa dura menos, que é o tempo de me sentir impostor.,como se os textos fossem fruto de uma feliz casualidade.
Entretanto, tirante esse tribunal interior tirano e desejoso de me desterrar  qual  Adão desse meu paraíso, vejo que o tempo acabará antes que as idéias. E quando me dou conta  sou  o náufrago, prestes a enviar mais uma mensagem, quem sabe se esta garrafa chegará a algum porto? Então, algum - ignoto ou conhecido -  escreve um comentário, que de pronto se transforma num navio, que vem  me resgatar.  Este é meu elogio ao leitor. 

16 de jul. de 2015

Plagiando um plágio.

Plágio.
Para plagiar, há que se ter lido e inda ler, ter muito boa memória. Saber onde estão as coisas. Porque tiveram, em seu tempo, toda  leitura ao seu alcance, os autores antigos, os medievais, os renascentistas, os de primeira modernidade, os modernistas,estiveram plagiando os contemporâneos  aos anteriores.  Hoje somos todos originais, porque não se sabe nada de neres, nem porque o gato dormitava no borralho. Já quis plagiar, mas não consegui,  porque desconhecia o plagiado anterior. Assim que, nem ser um plagiador alcanço, sigo original! 

Sísifo

Sísifo.

Andava a pensar qual seria o deus ou os deuses que conduziam os gregos a um destino fatal?  Quanto tardaria o desenlace?  Talvez, a fatalidade dessa tragédia seja justo não haver desenlace... A incerteza é o pior desfecho possível, reproduzir o castigo dado a Sísifo. 

15 de jul. de 2015

Sanfirmines. Pamplona. Toro Curioso!

Sanfirmines. Pamplona.

A primeira vez que fui a Pamplona foi no inverno de 88. Me lembro de um pub de nome Submarino. Uma entrada por uma face de um quarteirão e a saída pela outra, um túnel sob as casas,  que no passado o povo usava para esconder do Generalíssimo, durante a Guerra Civil, mantimentos como trigo, arroz e alfafa para a animalada.
Outra, quando passei por lá um Sanfirmines, não corri de touro, só vi com espanto aquela loucura. Não sou fanático contra o maltrato a animais, tampouco deverasmente favorável, curti, sem culpa.
Este ano, no quinto Encierro, um touro, Curioso, não quis sair correndo às cegas com a manada. Ficou solitário no curral. Não é coisa que aconteça a cada Encierro ou Sanfirmines, foi a primeira e inusitada vez, ao menos como deixam constância os jornais locais.  
Curioso saiu à rua, olhou a gentarada que esperava o rebanho, então decidiu que ele não participaria daquele espetáculo. Deu uns passos, girou sobre si mesmo, como quem quer ver o rabo, então retornou amparado pelo silêncio à tranquilidade do curral, aonde passara a noite com os seus. Pode ser que Curioso intuíra o sacrifício ao fim daquele percurso, ou que não simplesmente não estava disposto a participar daquela orgia, de vinho e sangue, e as vezes de sexo, em algum lugar entre o curral e a praça de touradas.
Vindico sua valentia, por não querer correr ensandecido sem saber para aonde. Seria fácil seguir o rebanho, de olhos fechados, e se deixar levar pelo barulho ensurdecedor da massa.
Vindico Curioso, que não corre atrás da bandeira, que o levaria a seu destino incerto, pelas consignas fáceis seguidas pela turba.