A primeira esteira
para correr foi instalada ( como castigo) em uma penitenciária de
Brixton, perto de Londres, no ano de 1821, com a finalidade de manter
os prisioneiros em movimento. Ao mesmo tempo que mantinham em
funcionamento um moinho. Nos anos sessenta do séc passado, quando
caminhar na vida real começava a se converter em uma atividade
supérflua, apareceram as primeiras esteiras com motor para fazer
exercícios dentro de casa. Com o novo séc surgiram maneiras de
pensar que sublinham a relação entre caminhar e filosofar,
Frédéric Gros, Filosofia do Caminhar, disse numa entrevista que
“aprender a caminhar é aprender a desobedecer”. Este séc
insinua uma “dialética” entre segredo e transparência, privado
e público, poder e vida. E caminhar se encontra sempre com a
transparência, público e a vida. Nietzsche “Não acredito em
qualquer pensamento que não nasceu ao ar livre”.
Na simplicidade do
caminhar sem pretensões, parece haver a possibilidade de encontrar o
equilibrio entre otimismo e pessimismo, entre corpo e mente. Este
equilíbrio não é alcançado corrigindo o que fazemos ou nos
interrogando incansavelmente, senão que vivendo o presente, sem
julgar o que é ou não correto. Caminhar como um ato cultural tem
uma história de um par de séculos – já peregrinar é mais velho
– mas temos a oportunidade de reinventar a cada dia e usar, por
exemplo, para reivindicar o nosso direito, como cidadãos, explorar
as ruas, os campos, para gozar do tempo intermediário entre uma
coisa e a seguinte, e para recuperar o sentimento da nossa
existência, imersos numa forma ativa de meditação que mantêm
ocupados todos os nossos sentidos.
Texto baseado em
artigos e entrevistas de Frédéric Gros ao www.telegraph.co.uk
mobile.nytimes.com e e youtube. Já Nietzsche é um calo!