6 de fev. de 2015

Um Pedaço de Nuvem, um Reflexo de Lua



A mãe gosta de sair para dar uma caminhada quando o sol se põe. Nesta hora; que é quando há um hálito do noroeste, esta brisa que entra depois do vento leste; pego minha espreguiçadeira e vou para a calçada tomar vento, cerveja e ver meu vizinho deitado na calçada, para descansar e refrescar-se. Depois de um demorado passeio, lá vem a mãe. Fui longe hoje, até aonde você foi? Fui até as barrancas do mundo! E como visse minha cara de espanto, me mostrou nas mãos que trazia escondidas atrás, um pedaço de nuvem e um reflexo de lua...  

Nem a Água não é Água Não.

"Cachaça não é água não..."

Deve ser muito complicado ser Historiador. Uma data – um dado – isolada, não diz nada. Se faz necessário interpretá-la. Conhecer seu imprescindível contexto. Minhas recordações de infância não têm nada a ver com a de um garoto de cidade grande. Os meus anos 60/70 são os anos da ditadura. Sem miséria, mas anos de chumbo. De vez em quando emerge uma cena felliniana que me põe em contradição com o calendário, bebendo vinho do padre, vestido de coroinha, sambando...
Penso na excitação pueril que me produziam os fevereiros de carnavais de há tantos anos. Longos anos e me parece impossível que esteja a falar da mesma época, em que Artur da Costa e Silva instituía o AI-5. Ou que se estivesse sendo fundado o Pasquim. Seria necessário se traçar com uma rotring uma linha para interceptar esta linha do tempo com a minha, anos em que surgiam The Who, Rolling Stones, Beach Boys, Bob Dylan, Jimi Hendrix, dos festivais da TV Record, de Vandré. E a minha, se olho para trás, tinha como trilha sonora Tonico e Tinoco, Meu limão meu limoeiro, Paulo Sérgio e Roberto e Erasmo Carlos, Wanderley Cardoso, as Escolas de Samba do Vila Virgínia que vinham nos visitar, as marchinhas, os Mamãe eu Quero, Cachaça não é água não, tudo me faziam enlouquecer. Hoje, eu espírito carnavalesco é só quarta-feira de cinzas, mas sem cruz de cinzas na testa, mas pudera, nem a água não é água não.

5 de fev. de 2015

Futebol. Corinthians e Tabelinha, um Resgate do Passado, Peladeiro!


Se o futebol brasileiro se ancorar no fundamentalismo do futebol europeu, estratégico tático, ficará a merce deles, pela já denotada capacidade deles em cumprir script, roteiros e tal e coisa. Na copa 2014 os alemães mostraram o futebol de ''espontaneidade'' ensaiada, como é sua maestria em tudo na vida tedesca. Como era a Espanha guardiolada, e tudo faz crer que influenciou alemães, bávaros e mesmo o Real Madrid segue uma devaricada dessa onda, etc. A objetividade do futebol europeu, e o que tentamos imitar, não nos serve, não sabemos ser objetivos, transparentes, não isso não é nosso, podemos até ser em outras esferas que nos melhora, mas no futebol, bater a carteira não é imoral. Enganar também não. Fazer de bobo é a ética do nosso futebol. Na objetividade, somos obrigados a apelar, porque eles são melhores de nascença nessa coisa, e então somos violentos, não somos duros como eles são, somos violentos.

O Corinthians dos últimos jogos apresenta algo novo, velha nossa conhecida, a tabelinha. A tabelinha em velocidade, com passes curtos e verticais. Essa é característica inata do futebolista, boleiro, peladeiro brasileiro. Pelé e Coutinho nadaram de braçadas nessa lagoa.
A vantagem do futebolista brasileiro é essa, mesmo os menos craques, coisa que é o Corinthians, São Paulo, Palmeiras, times com bons jogadores, mas craques não os têm. Mas mesmo o jogador mediano brasileiro faz tabelinhas de nascença, é o sarro da coisa. Note que o Santos, sempre apresenta-se bem quando consegue engrenar seus ''meninos'' neste aspecto: A Tabelinha, fora disso sofrem...
Pela entrevista que deu Elias, depois do jogo contra Once Caldas, me deixou a impressão de que os treinos têm enfoque prioritário neste tipo de ''jogadas''. E dá mesmo para perceber, são algumas tentativas, uma que resultou no gol de Fábio Santos na Arena, ainda no ano passado, e no jogo contra os colombianos, isso ficou mais insinuado, ainda não está ''patente'', vou torcer e esperar, pode ser a salvação da nossa lavoura.

Resgatar o passado, pode ser a vanguarda!     

4 de fev. de 2015

Magnanimidade.



Tirante uma agência de risco – Standard & Poor's no caso “Subprimes” - que “en passant” se pode dizer: fraudulenta, e foi multada nos EEUUAA em bilhões de dólares por essa superestimação mafio-criminosa na crise financeira de 2007\8, nenhum outro órgão internacional, como FMI, por exemplo, nada têm dito ou a dizer sobre o caminhar do Brasil. Vamos com as próprias pernas, mal podem, entretanto, dizer, mas com as próprias pernas, antes íamos mal e ouvindo e levando dedo nos olhos desses peregrinos.

No entanto, as vitórias se envenenam se não são administradas com magnanimidade. E pode ser a origem do fracasso do PT como um projeto coletivo. E na tentativa de borrar a personalidade, existência dos então derrotados antecessores. De tal forma que a consolidação do critério uniformizador, se plasma numa interpretação enviesada e reducionista, e de certa forma uma parte significativa dos petistas continuam a fazer da realidade. A reação é belicosa, e o governo Dilma é por dizer, quase que não salvável, pelo reflexo evidente de não ser capaz de ser compatível, ou ao menos complementário às aportações de outros grupos, apesar de nos últimos anos ter conduzido de forma formidável algumas questões distributivas.
Vejo o reflexo das mobilizações de faz dois anos, e das últimas, ao mesmo tempo do imobilismo da população frente ao estado de calamidade pública que conduziu, o PSDB frente ao governo, o Estado de São Paulo. É como se o PT não tivesse deixado outra opção, senão que fechar os olhos. Não sei... como diz Fernando, um amigo meu, na corda bamba...   

3 de fev. de 2015

O Gato do Bar do Toba.





O gato do bar do Toba é negro e lustroso, e o pelo do lombo, olhando de perto, tem a marca da forca. Dizem que matou o seu dono. Todo mundo sabe que o gato chega depois que a missa já começou, ou já vai pelo ofertório, e os canabravas já comeram alguma coisa. Com certeza passou toda a tarde a dormisquejar no canto do curral. O gato vai de mesa em mesa, ao mesmo tempo que um francano vende botas e cintos e sandálias trançadas e bolsas, essas vacas tiveram menos sorte que o felino. Parece que o gato aprecia o espaguete da mesa de dois, em contrapartida, come sem vontade o lambari do Lesmão, ou não aprecia os Jihadistas no jornal que lhe serve de prato, tanto que deixou umas espinhas do peixe. Na mesa dos fumantes ele nem passa... antes de ir-se ainda revira uma migalha de pão da mesa do fundo. Passa por mim e lhe acaricio a cabeça. Como fui generoso, sem demasias, me deu um conselho ao pé da orelha, que me quis passar como um texto de Cortazar – sempre me disseram que os gatos de rua são os mais cultos, ainda que frequentemente lacônicos e mentirosos – O Plagiário, porque não adianta nada roubar uma flauta e não saber tocar.

29 de jan. de 2015

Doravante Vou Usar Máscara.



Lia a legenda de uma fotografia: Quando Papua Nova Guiné se tornou independente, 1964, a tribo Lavongai foi informada que nas primeiras eleições democráticas, tinham a liberdade de votar em quem quisessem. Deram os seus votos a Lyndon Johnson, então presidente dos EUA.

Me parece fantástica a possibilidade da ausência de fronteiras. Uia! Pena que não sei o peso dos votos dos Lavongais naquela eleição, penso um pouco e sou incapaz de tornar concreto o meu voto universal, penso mais um pouco e descubro, que os Lavongais usam máscaras, e conseguem decifrar melhor os nossos políticos mascarados!  

28 de jan. de 2015

Crise Hídrica, Um Banho de Novos Conhecimentos.

obra planejada e executada pelo governo do PSDB, a tecnologia embarcada chega a assustar, fazendo gemer Ramsés II ou III quem sabe.

Começa assim, porque despretensiosa, negada desde quando era curável, mas todos sabemos que desde os gregos a palavra “Krisis” está ligada a oportunidades, mudanças, como um ritual de passagem. Há uns anos, por fatores alheios ao meu controle, acabei por ler Peter Drucker, um guru do mundo corporativo das últimas décadas do séc XX. Lá o fundamental é o Planejamento, Não é difícil, no todo, mas em alguns aspectos, me encruava, e ali estavam conceitos de gestão por objetivos, avaliação, descentralização, “cantados” por Marx “avant la corporation”. A Crise sempre presente no mobile do guru. Conceitos de Missão e Visão na gestão brasileira se transformaram em meros slogans, mesmo nas grandes “corporations”, imagine se um partido politico a abraçasse, pois foi o que os intelectuais do PSDB fizeram. E de lá para cá é gestão daqui, gestão dali, terceirização disso e daquilo, benchmark ou dantosu o melhor do melhor, o Six Sigmas, e lá vai Peter Drucker “O tomador de decisão eficaz compara o esforço e o risco de ação com o risco de inação”, vejo espelhado no espelho d'água do Cantareira esse filme passar. Eficácia, eficiência, gerenciamento, tempo... Ah! A propósito: “Eficácia significa fazer as coisas certas acontecerem.” Não posso reclamar, por este “do the right thing” tucano, pois me ensinou muito. A começar pelas palavras, um enriquecimento prazeroso, afinal, desde criança ouvindo falar em seca, seca do nordeste, uma década de seca... e tudo não passava de crise hídrica. E, por falar em nordeste, me recordo do professor de História a falar que a culpa da seca era quase toda do coronelismo, das grandes fortunas que iam para o Nordeste para sanear a crise Hídrica e eles – os coronéis – a fazer cisternas em terras próprias, ainda se fossem aeroportos, vá lá! Tudo é impactante, grande palavra, impactante, virou um meme nesta gestão por objetivos, planejamento e avaliação, como se fosse um : é nóis!
Creio que muito ainda nos ensinará esta κρίση του νερού, ou όσιμου ύδατος, crise hídrica, então guardei para o fim o ensinamento mais importante.
Tenho, quer dizer, tinha grande dificuldade para entender na prática o significado de Estratégia e Tática, sempre as confundia, quando pensava estrategicamente na verdade traçava táticas, e creio que no mundo do futebol a coisa ainda mais se embaralha, no entanto, a Krisis Hídrica clareou meu horizonte. Agora ficou tudo muito simples: Com a crise a Estratégia é chover, e a Tática é rezar.

E por falar em rezar, meu deus,  quanta injustiça cometo, esquecia-me do "Volume Morto"..