''Até que não
sejam conscientes da sua força não se rebelarão, e até depois de
se rebelarem não serão conscientes. Este é o problema''. A frase
se encontra no Livro proibido que o protagonista de 1984 lê, É
ficção, mas se parece bastante a realidade. Em 1984 os submissos já
amam a sua servidão. Uma das fórmulas mais eficazes é o controle
da linguagem. Nos meios de comunicação muitos sintagmas já
desapareceram, a Folha de São Paulo em seu manual de redação,
proíbe o uso de determinadas palavras e locuções, e os manuais
estão em todos os meios de comunicação. Igualdade de direitos,
consciência de classe, divisão de classes, luta de classes há tempo
foram banidas. Liberdade e ditadura não são usadas por nada. Tudo
tem um motivo, que os indivíduos não os tenham a mão para quando
tiverem um pensamento correspondente. Sem a palavra correspondente
não se pode expressar o que se pensa, já pensou nisso?
26 de out. de 2014
23 de out. de 2014
Um Viva à Guerra!
Estamos de parabéns!
Sim todos nós. Que nos metemos nesses dias todos – meses – a
discutir a eleição, chegamos – alguns – a guerrear. Houve casos
de guerrilha, de um lado e outro, um amigo de um amigo, comentou meu
post, de pronto ofendendo, e sumiu na selva virtual nunca mais
apareceu aqui. Um que mudou de nome umas 7 vezes, e bloquei-o todas
as vezes, e ele jurava estar mais tranquilo. Kakakak
Aproveito para
parabenizar a todos os meus contrincantes, rivais, antagonistas,
adversários, tiradores de sarro, ofendedores e ofendidos ( porque a
via é de mão dupla).
Se a coisa
polarizou, é porque há diferenças brutais, beira ao antagonismo,
entre uma proposta e outra. Porque há sim propostas, ainda que
alguns não as veem.
Ontem vi
bacanérrimos nas esquinas militando, achei divino, claro, tomara que
percam! Mas gostei de vê-los defendendo o outro projeto, porque há
projeto, ainda que seja frontalmente contra meus interesses, pessoais
e ideológicos, porque em tudo está a ideologia, até no Mickey
mouse. Viva a democracia.
O vencedor, seja ele
qual for, não terá vida fácil. Tomara! Só assim melhoraremos
nossos políticos e nós mesmo.
Não sei quem disse, mas disse bem: ''um governo fraco é fruto de uma oposição também fraca"
Viva a guerra,
porque a paz só nos deu perdedores.
20 de out. de 2014
Política.
Política.
.
É mais que ter que
gostar. Nada é mais incompreensível que esta frase: “Não discuto
Política”. Qualquer discussão é política, discutir religião é
política, discutir futebol é política, toda discussão política
mesma a que acaba em facada, que além de política é visceral; e é
visceral por falta de argumentação; e falta argumentação porque
falta repertório para expressar o que pensa; e o pensamento exige
informação, sentimento, conhecimento e razão civilizatória (
noutras palavras, já ser um bom selvagem), para que as contendas não
acabem em facadas.
Se o ódio permeia
as redes sociais, só faz eloquente nosso despreparo, político. A
política já foi praticada com músculos, vide ditaduras; pelos
deuses, na Grécia antiga; pela democracia grega; religiosa vide
Moisés e sua constituição outorgada por Deus no Sinai, sem a qual
não cruzaria nem quinta avenida; pela crendice, vide pajés; e por
uma mistura de crendice e religião, vide os primeiros Papas, e
depois os Reis, até o absolutismo decepado.
Das cabeças
decepadas até agora, muita água rolou debaixo dessa ponte, e nunca
águas calmas, pasmaceiras. Não, sempre é renhido, no mínimo,
chegando à truculência muitas vezes. Dos últimos cem anos, este já
é o mais longevo entre nós, em termos democráticos, seja qual for
nossa democracia. Louvemos.
A democracia é o
poder na mão do humano, seja qual for o humano, a democracia é uma
regra entre humanos, mas o poder nem sempre esteve nas mãos humanas
como já disse acima. Tudo em função de acomodar as tensões de
milhões de interesses ímpares.
Há quem pense, que
poderíamos viver sem os políticos. Das utopias esta é a menos
possível, pois implicaria num grau de emancipação humana quase de
paraíso, sem cobras, ou alguém consegue ver uma situação aonde
todas as pessoas que abalroam – inclusive você e sempre – um
outro carro, parar ligar o pisca alerta, pedir desculpas, dizer :
''pago tudo'', porque estou completamente errado”. Só nesta topada
de dois carros , se não existisse o estado e por conseguinte: o
político, ou o pajé, ou o papa, ou o rei coroado, ou adolf, para
que todas as instituições políticas fossem ser criadas naquele
momento, a pena de ocorrer uma morte ou mais. Mas as instituições
estão presentes – ainda que ausentes segundo o ponto de vista –.
Tudo deve melhorar?
Pardelhas! Se devem. Se
discutirmos mais e melhor.
14 de out. de 2014
Jabberwocky. Lewis Carroll.
Tudo
isso é só para dizer, que foi daí que veio a ideia de praticar
etimologias, próprias.
Quando
Alice atravessa o espelho, um dos primeiros objetos que encontra é
um livro escrito num alfabeto incompreensível. Ao menos até o
encarar ao espelho e ai descobre um poema de título 'Jabberwocky'.
Carrol havia consultado o impressor sobre a possibilidade de
reproduzir textos em simetria especular; este disse que não havia
problema, só sairia mais caro. Alice então, descobre que o livro é
legível diante do espelho, quer dizer, mais compreensível, já que
o texto é cheio de palavras que se desconhece o significado. Porque
muitas delas foram inventadas por Carroll.
Fiquei
sabendo disso, pois uma vez de posse do poema, tentei lê-lo, tirante
meu inglês anêmico, encontrei palavras que não tinham significado.
Então fui em busca de informações e encontrei estas.
O
nome do monstro é Jabberwock, e não Jabberwocky, porque Carrol
declinou, como Eneias da Eneida, ou melhor a Eneida de Eneias. Como a
Odisseia de Odisseu. A Jabberwocky de Jabberwocky. Carrol -
formalmente – parodia uma balada épica medieval, mas suas
palavras que soam arcaicas não têm relação com as antigas línguas
anglo-saxônicas.
Pela
etmologia e significado de certas palavras do próprio Carroll, por
exemplo, Tove é um tipo de texugo (badger) com a pele lisa e branca,
com chifres como dos veados e que come basicamente: queijo.
Outro
tipo de invenção que Carrol usa é a junção de palavras como em
The frumious Bandersnatch!
Onde
'frumious' – para Carroll – é a maneira equilibrada de dizer ao
mesmo tempo 'furious' e 'fuming' este ruminando e aquele raivoso o
que dá para mim 'ruimivoso'.
Curiosamente,
alguns destes híbridos engendrados pela imaginação de Carroll,
foram incorporados à língua inglesa. Como o verbo Chortle, que é
'chuckle' risinho e 'snort' que é bufar. Seria o mesmo que botar um
risinho no Dunga, ou Felipão, eles bufam mas com enfado, sem
risinhos. Acho que só a Fernanda Montenegro poderia expressar tal
coisa.
Ou
uma criança, desavisada.
'Jabberwocky'
'Twas
brillig, and the slithy toves
Did
gyre and gimblein the wabe;
All
mimsy were the borogoves,
And
the mome raths outgrabe.
"Beware the Jabberwock, my son!
The jaws that bite, the claws that catch!
Beware the Jubjub bird, and shun
The frumious Bandersnatch!"
He took his vorpal sword in hand:
Long time the manxome foe he sought—
So rested he by the Tumtum tree,
And stood awhile in thought.
And as in uffish thought he stood,
The Jabberwock, with eyes of flame,
Came whiffling through the tulgey wood,
And burbled as it came!
One, two! One, two! and through and through
The vorpal blade went snicker-snack!
He left it dead, and with its head
He went galumphing back.
"And hast thou slain the Jabberwock?
Come to my arms, my beamish boy!
O frabjous day! Callooh! Callay!"
He chortled in his joy.
'Twas brillig, and the slithy toves
Did gyre and gimble in the wabe;
All mimsy were the borogoves,
And the mome raths outgrabe.
"Beware the Jabberwock, my son!
The jaws that bite, the claws that catch!
Beware the Jubjub bird, and shun
The frumious Bandersnatch!"
He took his vorpal sword in hand:
Long time the manxome foe he sought—
So rested he by the Tumtum tree,
And stood awhile in thought.
And as in uffish thought he stood,
The Jabberwock, with eyes of flame,
Came whiffling through the tulgey wood,
And burbled as it came!
One, two! One, two! and through and through
The vorpal blade went snicker-snack!
He left it dead, and with its head
He went galumphing back.
"And hast thou slain the Jabberwock?
Come to my arms, my beamish boy!
O frabjous day! Callooh! Callay!"
He chortled in his joy.
'Twas brillig, and the slithy toves
Did gyre and gimble in the wabe;
All mimsy were the borogoves,
And the mome raths outgrabe.
12 de out. de 2014
O Banquete.
O Banquete ou O
Churrasco.
''agradecimentos especiais à Fafá, Cláudio, Donato, Silvana e Gil Gil."
Quem nunca ouviu
falar do amor platônico? E
ainda mais, quem não teve um? Aquela professora de Geografia! Virgem
mãe santíssima, e a de português, então, de biquíni lá em
Miguelópolis? Tem gente que amou Thatcher
envolvida em papel celofane. Sempre acreditei que o amor platônico
se referia ao amor impossível, eterno desejo jamais satisfeito.
Sonho sonhado desperto de quem aspira e jamais obtém, e sabe que
isso é assim e assim será.
Mas,
no diálogo 'O Banquete' (tem até filme francês), Platão, que se
diga, não é o autor, desenvolve uma teoria do amor que nada mais
tangencia, e se ajusta ao que atribuímos, hoje,
à expressão. Ele fala
de amor desejo, que não tem nada a ver com a carne sexual. Fala de
uma aspiração ao saber que começa pelos corpos, e vai além deles.
Entre nós isso parece, em muitos círculos, sem sentido, mas para
ele, o desejo de saber, a aspiração à verdade e à beleza eram o
verdadeiro e último objetivo da paixão amorosa.
O
Banquete, eram reuniões entre comensais, para comer e beber, muito
comum entre os gregos e entre nós, poderíamos chamar de O
Churrasco. E pelos mesmos motivos pelos quais metemos fogo num monte
de carvão. Depois de comer, e durante, se metiam a conversar, era a
sobremesa, regadas com vinho, nós regamos com cerveja, com certeza.
Hoje,
pude experimentar um pouco disso no mundo virtual. Travamos um
Diálogo, aonde o banquete acontecia a léguas de distância. Foi um
começo. Trocamos fotos dos nossos pratos, sentimos o cheiro, deu
água na boca, etc...
10 de out. de 2014
Cidão na cidade das maravilhas. El Pulgatório
Ficaria
feliz de ser velho
numa
cidade com poucos policiais,
onde
a música boa soasse nos beirais,
onde
a pintura fosse admirada,
as
orquídeas, e os bonsais,
os
ipês amados como as cerejeiras,
no
japão.
Onde
ser criança ou operário,
nada
tivessem que ver com tristeza.
Uns
dentro de casa, outros na janela fumando
conversas,
hospitalidades, como se fossem flores a queimar,
nos
dias, poucos, de muita geada.
Uma
feirinha de velhos objetos de interesses
inúteis,
como restos de um naufrágio
bananas
de todos os tipos,
tudo
muito e para todos.
Por
ela vagaria, sem melancolia, ou melhor
por
amor a melancolia,
onde
uma velharia,
grande
novidade
ainda
outro dia encontrada,
como
um relógio de pulso,
não
fizesse sentido.
Sábios
muitos de muitas maneiras,
com
guarda-sóis coloridos,
ainda
que as casas aninhassem sombras.
8 de out. de 2014
Ão.
Tenho um rabo
travesso.
E o pelo ouro
mosqueado
o parapeito meu
lugar
por parente o
jaguar.
Dizem que sou
anacoreta.
Não é bem isso,
arte minha
é bastante, o
rebuliço.
Frita, sim frita a
sardinha.
Com a pata no
mosquito.
Desenrolo o novelo.
Finjo que não me
vês.
Salto ao teu joelho.
Já me agrada esta
vida,
preguiça, saltos,
preguiça
e queixar-se é de
mau gosto.
Mas as vezes querias
ter um gato sem
manias
que te desse algum
desgosto.
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