Outubro,
já caminhando por
ele,
vejo espalhados
pedaços de setembro,
arrastados pelo
vento,
vento de agosto.
Na carteira gorda de
papéis,
um bilhete de metro
que já não me levará a lugar algum.
Um telefone anotado,
conversa que acabou
em risadas,
ou promessas,
ali permaneceram
como areia no bolso do calção de banho,
que secou estendido
na areia de Picinguaba,
por um amor de verão
que ninguém mais quer,
a maré cheia encheu
de água as pegadas de dedos levantados.
Esse vento agostiano
arrastrando: não-me-esqueças, para-sempres,
emaranhados com os
ecos de: não-me-lembro,
uma montanha de
conchas de ostras chupadas.
Não chegarei a
tempo,
não adianta ter
pressa,
o barco já partiu,
já é outubro, um
rumor de ondas,
relembram tua voz,
teu rosto que já
não posso recordar.
Tua pele bronzeada
acariciada,
o fosso do castelo
de areia,
inundado,
em que habitávamos,
e lá presos
caducamos.