29 de out. de 2012

Baixa per caducitat de la inscripció padronal!

No havent-se pogut notificar als interessats que es relacionen a continuació, dacord amb el que disposa lapartat 4 de larticle 59 de la Llei 30/1992, de 26 de novembre, es notifica amb aquest anunci la baixa per caducitat de la inscripció padronal del municipi de Tornabous, acordada per Decret dAlcaldia 01/10, de 15 de gener de 2010, dacord amb el que es preveu la Resolució, de 28 dabril de 2005, de la Presidència de lInstitut Nacional dEstadística i del director de Cooperació Local, per la que es dicten instruccions tècniques als ajuntaments sobre el procediment per acordar la caducitat de les inscripcions padronals dels estrangers, no comunitaris, sense autorització de residència permanent que no siguin renovades cada dos anys.

Baixa per caducitat de la inscripció padronal del municipi de Tornabous:

- Aparecido Donizeti Galvao, Abdelkrim Alaoui, Jose Fernando Abad, Marya Pyzhyk, Sara Filip, Mariana Grigore, Ladislau Stefan Pap, Cristian Ciucas, Floarea Grazilea Pop, Uladzimir Pyzhyk i Larysa Savanovich.

Tornabous, 18 de gener de 2010 Lalcalde, Amadeu Ros i Farré

Um Tico, um teco.


Trecho de um livro escrito em 2006, diariamente neste blog   luises. o livro

TERÇA-FEIRA, OUTUBRO 31, 2006


10. Um Tico, um teco.

Outros no entanto não tiveram tal sorte......Era uma vez Tico. Que fora pititico. Ainda menor que Luis. Hoje é grande. E dizem que já é demaior. Ninguém sabe. Certidão nem tem. Corre risco de morrer sem mesmo registro de nascido ter. Tem da vida todos tais anos que não podem ser medidos, senão que via um carbono raro. Mas quantos? Todos? Sim muitos! Queiloses todas pelo corpo, mais que anos? Ou mais que raros carbonos. Quem pode saber! “A mãe disse que me teve com treze, ou foi o Lico que morreu? A mãe não sabe, lembra de uma novela, qual seja, Vale-tudo, não foi em antes? Mas a mãe dizem que o pai matou! E matador fugiu para São Paulo, ah! Se achasse o pai! Juro que matava”. Ficam as marcas. Uma aqui é vacina, ali perto do fígado só pegou por fora, no bucho mesmo, nenhuma. Essa ai na perna é tiro? É. Policia? Tico não sabe se fogo amigo. Menino. Um montão de fugas pelo brejo, descampado, saltando muro, caindo e rasgando a pele em quiçaças. Hoje! Agora mesmo, entra na boca com quinze mangos enrolados apertados na palma da mão fechada e sai dela com papel no lugar do quinlão e uma luz diferente pisca na entrada do beco, “não moço dá um tempo, dá volta, sujou”, mas não era nem e assim de rápido se pá! Limpou. Mais quinze para Tico dar para Lilica, depois Lilica distribui. Agora o papel é para o moço conhecido. “Caprichado” diz esse sendo ele muitos, Caco, Caico, Caíque Kiko, Tatá, até mesmo doutor advogado João Alberto, candidato ao erário, do tanto que ainda não foi abiscoitado, músicos sem e com música, os que acham e os que são, os que não são e os que não acham, só por folia, só aos sábados, de domingo, de segunda, de terça, papel papéu, papér, excelente e tar. Se quisesse era só armar uma rede e ir pescando. E Tico cantava.

... Vida me levar
Vida leva eu,
Deixa vida me levar
Vida leva eu.
Frio que faz olha que frio fazia e Tico descalço num calção e numa camiseta “Rezaistes para senador”. Muita suja a camisa, mas não de hoje, já lavada e ainda suja, encardida, mas isso não é ruim, ruim mesmo é estar rasgada e torta por causa do pano ruim do corte ruim e tanto ruim que quase que saia pelo ombro esquerdo a gola alargada e torta. Está mesmo frio e Tico põe os braços por dentro, ficam as mangas tortas balançando sem os braços que se cruzam sobre a boca do estomago dentro da camisa, rasgada encardida e torta. Frio. O cão na barriga e o cano no púbis. Frio. Tico esfregando a sola de um pé no peito do outro, esquentando, distraído, olhando o olho do gato ou ratazana rebrilhando farol de mais um carro. Sujou diz, dá uma volta, limpou, quinze, papel, papéu, papér, excelente e tar. Moço atenção! Todo cuidado é pouco, Tuim morreu ontem, “os home?” “‘m se sabe” “fogo amigo?” “Pode se”. Então agora do topo falta Lilica para Tico ser patrão. Isso põe caraminholas na cabeça do menino. A mão no cano dentro do calção, Tico sorri, vai ser patrão do Branda, desce mais as mãos dentro do calção, pega segura, passa no cano do três oito, fica um pouco excitado, tem uma vontade de fazer uma zoeira, fazer uma barca no Cambuí e descer com a Samanta para Ubatuba e depois faz outra barca lá e subir. Mas Samanta ainda é de Lilica. Pode ser amanhã. Medita Tico e conclui: “Não essas coisas não se deixam para depois, tem que ser hoje, mas hoje ainda vai longe, quase até amanhã e dizque Lilica lê intenções nos olhos”. E pensativo pensa. “Advinha tudo tem parte...”. Pondera em si, e pergunta: “Já pensou ele desconfiar de mim?”. Só para responder: “Não eu não seria siso de fazer sem nenhuma de boa de chance”. Conclui: “Melhor sossegar os pensamentos”. Farol no olho do gato, “não moço”, “apaga a luz de dentro”. Todo sussurros diz e rediz: “Sujou, olha os home lá éivem, agora não”. Agora Tico tem umas contas desacertadas comendo miolos de dentro da cabeça dele. Dizem que numas assim tem que ter o dedo leve e coração frio qual barata! Ou os nervos nervosos de aço? Tico não sabe e fica nervoso, de não saber. Dá um rolê brou: Kiko, Nico, Caco, Caico, Caíque tanto faz. Nervoso orienta com sinais. Rolê, Rolê mano, soletra sussurra, com cara de ódio medo. A policia chega e pára, desce na toca, Tico entra na toca e pá pá pá pá pá pá. Dois na cara, dois no peito bem no meio para não estragar a peita de botões abertos e dois nos pés descalços dele também para se acaso morto ande. Lilica de deitado na cama com Samanta, deitado ficou meio para sempre. Samanta não chora, é mulher do patrão da hora, do outro, desse e do próximo é só se manter assim gostosuda apertada dentro do short vaginal. Samanta sabe o que ninguém sabe e que não dirá a ninguém e mesmo que quisesse, não poderia. No mais as pessoas daqui ninguém mesmo liga ou dá ouvido pensa ela. Então é prática e revira os bolsos de Lilica. “Isso é meu pertence”. Samanta diz a Tico. Ele nem discorda, mas tira o da mão dela, nem palavra falada dita foi ouvida nem da outra parte nem da uma.
Tico rei canta:

“Vida leva eu,
Deixa vida me levar,
Vida leva eu”

Tico vestido tudo de marca, não o patinho voando, mas sim bumerangue parado no ar no tênis, camisa de Lilica, calça de Lilica, e o tênis. Lilica tem pé muito grande, mas vestiu o naique pegou Samanta pela mão e saiu da toca e Boca disse “vai fazer uma zoeira patrãozinho, vai hoje é o seu dia, aproveita” Boca é mais velho tem quarenta, e nunca foi patrão, diz que não quer, mas Tico quer e Tico fez o que queria fazer. Foi para Ubatuba. Tudo isso antes de saber que ia matar o prefeito, depois não matar, e depois nem sabe se matou, nem acha que foi ele, podia matar, mas não lembra se pediram, se pediram! “Fui eu”, porque não conhecia o prefeito, mas se pedissem, mas foi e não foi e Tico anda confuso. Pra uns diz que sim e que não pra outros. Mas antes de estar confuso está em Ubatuba com Samanta e passa peróxido cremoso no corpo inteiro grande de Samanta, Samanta jamanta podia ser artista e riscando na areia úmida faz um coração e uma flecha que o atravessa, deixa Tico ver não, Samanta apaga tudo de sua arte nuvem mudou quimera o que foi não era e o que era não foi, não bailarina não poderia ser, ela é muito grande, Tico fica menor ainda perto de Samanta, ela borcada com a cara socada na areia, sem canga, sem toalha, rola e é um croquete, com o buço, muito buço, mas muito brancos, os pelos das pernas, dos antebraços também peroxidados, correm para água gelada e Tico nem Samanta sabem nadar. Tico mergulha no raso, rala a barriga na areia preta do fundo que também entra no calção, no cabelo. Enquanto Tico se livra da água que lhe entra pelo nariz, balançando a cabeça atirando a água retida nos cabelos. Samanta olha pra um coroa branquelo sentado numa cadeira plástica do quiosque e ele tomando caipirinha. Tico pergunta sem consciência negra: “ você vai preferir a coca laiti?” Samanta diz que não. Ela gostou do ciúme. Ele quase se arrependeu do zelo. E mesmo dentro do mar gelado o dele ficou grande, ficou duro, beijou, passou a não por dentro da asa delta verde limão dela, foram mais pro fundo ele afastou para o lado a asa delta e amou melhor que Lilica escolheram um outro carro que não o que os trouxe a praia.ela disse: “ era brabo, mas na hora do vamos ver...” Ele não disse que era a primeira vez dele. Ela sabia. E calou.
Eles voltaram?
Não.
Foram enterrados e desenterrados, para que a perícia lesse em seus corpos os escritos deixados pelas balas, e o capsógrifo desse pergaminho nunca foi traduzido...

Guarani Kaiowá..



É impossível, desumano e reputo de estupidez abissal se colocar contra os autóctones. Todavia devemos sair dessa coisiquinha bonitinha de palavras ao vento. Tais como as de que: Eles são os brasileiros verdadeiros. Eles são ou foram as civilizações guaranis, tupinambás, tapuias, aimorés, tupis etc que perderam a guerra para a civilização do homem branco. E guerra no sentido lato e civilização no sentido estrito.
Hoje, para eles o que está em jogo é a propriedade – o que restou dela – e o modo de vida deles – o que restou dele –. Em ambos os casos tudo anda muito rarefeito,  e a nossa civilização - lato senso - quer o que resta.
Sendo, a posse da terra – aqui do lado de fora das aldeias, no mundo capitalista, esse que circunda todas as terras indígenas e não indígenas - nada mais que apossar-se de terra ou de qualquer propriedade alheia, e é  o modo mais simples existente para se passar do capital zero a sujeito de posses – é nada mais nem menos que roubo. Como já disse um monte de vezes, que o Vicente Golfeto disse outro tanto de vezes: – todos somos repetitivos – no ladrão está a gênesis  o catalizador do capitalista e do acúmulo de capital e ambas as coisas querem dizer o mesmo ( capitalismo), isso não acontece com os comunistas, que pensam de outra forma, dizem que pensam, mas os comunistas não existem, tampouco o comunismo, somente dentro das aldeias, quiçá. O tal do cogito ergo sum, não serve para a relação de posse e de produção material de vida, nisso a coisa tem que ser material, não basta sonhar ou pensar em ter, tem que ter.
Ocorre, porém, ser o silvícola, individual ou tribal, ser tutelado pelo estado. Como autóctone não têm o certificado, carteirinha de cidadão. Quer-se dizer com isso, entre tantas outras, que não têm capacidade de posse da terra, não no sentido capitalista da coisa, com direito a vender, trocar etc. Têm-na para usufruir, um quinhão isolado, mas esse isolamento é imperfeito. As fronteiras são abertas. Exige-se cuidados excessivos ao Estado, falta Estado, sobra deveres ao Estado e sobra direitos ao cidadão...
Muitas vezes, os caramurus, são seduzidos por colares de contas, falsos brilhantes  ( o primeiro me chegou, como quem chega do … trouxe um...) inclusivamente vindos do exterior, lembrem do espinho. 
A igreja católica apostólica romana de Ribeirão Preto, naquele antão, se apossou das terras do quadrilátero das avenidas e cobra laudemio até hoje, essas terras eram, também, daqueles ou de outros índios –.
 O posseiro quer a terra, quer tomar posse, capitalizar. Existem muitas técnicas,  dizem que umas humanas outras desumanas. Para mim ou são todas humanas, se cometidas por humanos?
A pergunta séria nesse âmbito é: 
Os índios devem permanecer isolados, ou deve-se levar a cabo o processo de desnaturalização, aculturamento que lhes temos impostos de 1500? 
Ou ainda, 
seremos quem decidirá essas e outras por eles?
 Poderíamos devolver-lhes um tanto de terra, e que nessa terra criem seu estado livre. Pode que em pouco tempo estejam nas mãos do primeiro vendedor de espelho, cachaça e gelo?

23 de out. de 2012

Bola de Sebo. Maupassant.



Os prussianos haviam chegado a Ruão. Conquistado é a palavra. Os normandos são bons negociantes. E meia duzia deles negociou com oficiais invasores, uma fuga consentida. Três casais nobres, duas religiosas um republicano e uma garota de programa. A puta, gorda, por tanto levou comida, os outros, iriam comprá-la pela estrada. Nevou. Perderam tempo e a fome veio antes da pousada. Comeram a comida de Bola de Sebo, era assim seu nome. Chegados ao albergue onde passaram a noite, foram impedidos de partir, por outros oficiais prussianos, invasores da Normandia. O oficial queria, porque queria Bola de Sebo. Ela ensebou duas noites. O estalageiro chegava à mesa do jantar e perguntava: Madame L mudou de ideia? E reiteradas vezes disse não. A nobreza reuniu-se e botou em prática um plano de persuasão, com participação das freiras, que salientaram que Abraão mataria toda família se deus assim quisesse, e faria isso e era o bem, porque o fim justificava os meios. Mme. Elisabeth Rousset, assim ela se chamava, por intermédio do anfitrião mandou avisar de uma indisposição. No outro dia partiram para Havres. Na carruagem não lhe falaram mais, na hora de comer, como ela havia saído direto da cama do Oficial, não trazia provisões, e eles não lhas deram. Ela chorou até chegar em Havres. De vergonha e de fome.
Conto de Maupassant, que me faltava, me falta muita coisa, mas de momento creio que terei para longo tempo, entretenimento. Me espantou a literatura de Guy, pudera, o cara é o mestre do gênero, junto a Poe e posteriormente Cortazar. Seguirei lendo. … e os três trocavam olhadelas rápidas e amistosas. Embora de condições diferentes, sentiam-se irmãos, pelo dinheiro, da grande maçonaria dos que possuem, daqueles que fazem tilintar o ouro ao mergulhar a mão no bolso...  

22 de out. de 2012

Brainstorm. A tempestade do Poupa-Tempo da Saúde.


Brainstorm é uma ferramenta, o must na criação publicitária; já a Sturmabteilung tem origem na mesma tempestade: Sturm. Sendo a última, SA, quem levou Adolf aonde todos sabemos. Nada disso tem importância aqui agora, ou sim, dado que o Poupa-Tempo da Saúde deve ter sido fruto de uma dessas tempestades festejadas, que ocorrem nas oficinas de propaganda. E o cara sai gritanto Eureka! Eureka! Não teria importância,  nenhuma, se não tivesse se transformado na principal plataforma - programa de governo - do candidato a prefeito da cidade de Ribeirão Preto. Assim apresentada, a proposta,  me remete aos tempos de candidaturas ao Grêmio do colégio, em que uns vindicávamos, coxinha pela metade do preço e outros  cortinas para as classes de cara ao sol, bom lembrar que o sol era o mesmo, um pouco mais moço que esse de hoje, mas brilhava com a mesma intensidade. Poupe o tempo e deixe o barco afundar.

Feche os olhos da TV.

Tire o cu do sofá e feche os olhos da TV.


Estou em campanha. Desde menino já dava meus palpites no assunto político. Certa vez, seu Osvaldo Sampaio, antigo tabelião de Bonfim, onde eu trabalhava, me convidou para ir comer um lanche no Bar do Cipó, que ficava na outra quina da esquina. Tomava minha tubaína mordiscando o pão com mortadela, com a orelha comprida na discussão de seu Osvaldo com seu Humberto Toni, eu fazia o segundo colegial, tive boas aulas de revolução industrial, revolução francesa e modo de produção, assim que já tinha a centelha 'rebelde'; eles estavam entre Ademar de Barros e sei lá do outro, eu disse que sem liberdade não se podia escolher nenhum, creio, de pronto veio um gancho de direita, seguido de cruzado de esquerda do seu Humberto “ você não nasceu, você veio a furo”, dei um gole de tubaína àquela massa de pão que de pronto fechara minha glote. Não parei mais, apesar da ofensa seu Humberto sempre que aparecia lá pelo bar, vinha ter comigo e nunca mais lhe neguei fogo, nem ele me negou, nunca mais, importância.
Fizeram cagadas homéricas com o patrimônio cultural e arquitetônico bonfinense, por exemplo, a praça no lugar da Estação 'Inglesa' da Fepasa, o viaduto, a pintura interior da igreja entre outras tantas. Hoje rui o prédio da CPFL sem dó e sem pena.
Hoje passei a manhã panfletando pelo Gustavo, rapaz vigoroso, potente e cheio de ideias e ganas de realizar tanto as ideias como a ele próprio, é assim, quem tem sonho, quem não tem sonho, não sei o que tem, nem o que é.
Já mudei de partidos, minha primeira filiação foi em 1981, e sigo filiado até hoje e penso que é de suma importância a participação política, é das últimas heroicidades que restaram aos homens e mulheres, fora a criminalidade. Com política ainda se pode mudar o mundo, para o bem ou o mal, os outros heróis só mesmo no gibi.
É um trabalho hercúleo ser candidato diante de uma massa amorfa, que diz simplesmente, “Eu? Eu não! Eu não gosto de políticos nem de política!”
Bestagens meus amigos, vá para a rua, encontre o candidato que 'ainda que aparentemente' tenha as 'ideias' próximas das suas, vá com ele e os outros, encontre outros e defenda as ideias coincidentes, debata, enfrente elegantemente quem se opor, é uma atividade que oxigena. Você verá quanta gente pensa diferente de você, quanta gente quer coisas diferentes daquelas que você encontrava como perfeitas, as melhores. Você verá que nem todos, ou nenhuns querem o quê você oferece, defende.
Depois de passar a manhã nesse exercício físico, primeiro, pela caminhada, mental pelos debates, é hora de um bom churrasco, para contar o que se passou, como fazíamos depois do jogo de futebol.
Tire o cu da cadeira, e descadeire-se de tanto caminhar, sua noite será melhor, você entenderá um pouco das dificuldades políticas a que estamos metidos até o nariz. E todas as decisões até agora se deixou a cargo dos outros, sim o político é o outro, e tomará decisões com ou sem a sua participação, mas participando você poderá influenciar, se ao menos tiver como contrastá-lo, encontrá-lo, cobrá-lo.

15 de out. de 2012

Futebol brasileiro inventa “a roda” a cada partida.



Tenho visto algumas partidas do campeonato brasileiro, mas não consigo assisti-las até o fim, me cansam. Me cansam os passes errados, me cansam os analistas, me cansam os ufanistas, me cansam as triangulações que quase, sempre quase, a todo momento, quase, e quase dão certo.
Quase também não há ladrão de bola, porque as bolas são retomadas via passes errados, fintas impossíveis, em que o cara pensa que é o Bip Bip. Me cansam os mergulhos. O novelismo, quer dizer, a péssima arte cênica praticada e em demasia, são tapas na cara que não existem, e acabam me acertando, o tapa na cara da encenação exagerada, à moda cine trash, caras e bocas de novelas ralés.
Quando era menino e me aventurava com a camisa 8, dizia o seu Justo nosso treinador: Olha a segunda bola. A segunda bola tradicional é aquela que o goleirão dá o balão para o meio de campo, e salve-se quem puder, normalmente o becão dá uma cabeçada para onde o nariz aponta. É essa a segunda bola, anda meio desaparecida, porque os goleiros já não dão tanto chutão, se bem que na última rodada eles abundaram. Pois bem, essa segunda bola deve ser marcada, porque é a retomada da posse que interessa. Outra segunda bola muito comum é o rebote da gorducha alçada na entrada da grande área, e o aproveitamento desse esférico é importantíssimo, porque recoloca o time que o alçou ao ataque novamente e muito próximo do objetivo e com a zaga bagunçada. O Corinthians tem praticado de alguma maneira essa retomada. Mas, o Palmeiras, ontem, por exemplo, nada fez para reconquistar a pelota. Entretanto há uma infinidade de segundas bolas, de rebotes que a equipe não está preparada para eles, como se não soubessem de tal possibilidade. De tal forma que nestas zonas intermediárias se dá o linchamento da esfera. A bola é mastigada, pisada, maltratada até que alguém “não” acerta um tapa na cara do outro, mesmo assim o outro se atira como nenhuns dos adversários de Cassius Clay ousaram.
Assim me parece uma verdadeira farsa: o treinador; o professor; o engambelador. Era o caso do Palmeira de Luiz Felipe Scolari. Uma, sozinha, jogada, e quando o Marcos Assunção acusou a idade, a jogada foi para o beleléu. Digo farsa pelo fato que o fundamento de recuperar a posse é fundamental no futebol, sem a posse, salvo em inexistente caso, não há gol. Então, o treinador que vai, pouco, além de psicologismo motivador, deveria motivar e treinar posicionamentos que viabilizassem a retomada da criança. Mas não existe este treinador, salvemos as exceções, sempre, é regra.
Outra jogada endeusada, pelos cronistas esportivos e consortes, é o aparecimento do 'homem-que-vem-de-trás, o elemento-surpresa. Sempre tivemos esses elementos surpresas, mas surpreso me coloco quando tal elemento produz, que seja pífia surpresa, porque na maioria dos casos é um canudo sem rumo e sem direção. Vide Dunga, Mauro Silva, e outros, já que há infinidade desses elementos sem surpresas e não caberia num mega.
No futebol brasileiro, hoje, quem tem se destacado com essa jogada é Paulinho, no Corinthians. E parece obvio, posto que a jogada que favorece seu aparecimento é justamente a retomada da posse de bola no momento em que o adversário pensa tê-la, e se relaxa, e se desarranja, se desarruma, abre espaços etc. O São Paulo dos últimos jogos, explorando a velocidade de Lucas e o posicionamento avançado de Luiz Fabiano, tem se aproveitado dessa retomada, mas esta jogada são-paulina se assemelha mais ao contra-ataque.
O Grêmio de Luxemburgo, que tem aproveitado das características gauchas, tem imposto pressão. Seus jogadores, sem a bola, ocupam sim o campo adversário, mas é atabalhoadamente, sem organização, é no folego; na raça; no arrocho, tanto que quando a reavêm, a perdem com a mesma intensidade e frequência, como já disse não há planejamento estratégico, da Arte da Guerra só aprenderam os berros e o acosso e das simulações: os mergulhos, as caras de dores e um troiano e pouco mais.
Tal desorganização tática e a falta de treinar fundamentos, como roubar a bola, retomar a segunda bola tem nivelado os times no campeonato, excetuando o Fluminense que tem um esquema de jogo alem de Deco e Fred, o São Paulo se destaca mais pela diferença patrimonial de Lucas e Luiz Fabiano. E o Santos é o que mais caracteriza esta ausência estratégico-tática, se valendo alguns momentos da inspiração de Neymar.
As partidas ocorrem dentro de um clima de absoluta casualidade, logo após o toque curto do centro-avante, depois do apito inicial, esta é a única certeza. Pois dai em frente não há uma triangulação que termine em jogada clara de gol, sempre há um capote forçado, a busca incessante para receber uma falta na entrada da área, ou mesmo à beira da linha-de-fundo. Os pontas não cruzam na cabeça, mesmo na direção de alguém, planejadamente, simplesmente alçam-na à área, quando não, chutam-na no adversário, em busca do esquinado, que se posta na linha lateral da área grande, e lá dentro da pequena quando ela passa é onde se dá verdadeira rinha de galos, com mais cristas que esporas.
A qualidade de nossos jogadores é indiscutível. Porque são capazes de criar a partir do nada, partindo da não referência. O Barcelona com pouco mais que Messi, consegue ser hegemônico internacionalmente nos últimos anos. E quê o Barça faz? Segue à risca os fundamentos do futebol. Segundo meu amigo José Gabriel a jogada perfeita é aquela perpetrada e eternizada por Clodoaldo na copa de 1970 no México, o 'roubo' da bola, o drible, o passe, o chute a gol, claro o gol.
O Barça se movimenta em busca da segunda bola, mais que pressionar individualmente cada jogador adversário que tem a posse de bola, marcam exatamente a bola, querem a bola e a retomam geralmente interceptando passes, muitas vezes, curtos devido ao avanço de suas linhas. O Barça se apodera da maioria das segundas bolas, seja na entrada da área, na intermediaria e no meio campo. Depois triangula, à beira de um ataque de nervos, mesmo porque seu jogador mais insinuante é o Quixote Iniesta, seguido pelo Sancho Messi que é quem faz a síntese, Messi não tem devaneios. O futebol brasileiro anda discutindo a posse de bola, faltosamente, o futebol moderno não discute, dá botes certeiros, planejados, rarefazendo as faltas, pois não se chega atrasado na disputa, ou se chega em condições de equilíbrio e retomada ou então se cerca sem agredir. Esse modo de praticar o futebol em que estamos encalacrados, inclusivamente, tem dificultado a ação da arbitragem, excetuando sempre os árbitros fracos, e os sem caráter por vezes. Flamengo e Cruzeiro fizeram um tipico jogo disputado, um perde e ganha sem fim e cansativo, onde os gols saem por birra e espirros e embustes malogrados. E quando houve uma jogada planejada, Wagner Love de espantado perdeu a chance, dado que mesmo a jogada concatenada e planejada lhe estava fora do escript, a verdadeira surpresa é a jogada arquitetada.
Assim a cada jogada o jogador brasileiro tem de reinventar a roda do futebol, procurar um companheiro em posição, decidir se sai pela direita para receber, se avança, e quando avança a bola lhe vem ao calcanhar – houve uma infinidade de bolas passadas no dito contrapé, ou atrás, aos calcanhares do próprio companheiro, como se tivessem se conhecido naquele dia, e dissessem: hei vamos bater uma baba, uma pelada. E assim vamos criando mitos.