1 de nov. de 2011

Representatividade II.


A massa não tem esse paladar tão refinado para se indignar com a corrupção. Nós teríamos problemas de mobilidade urbana, se fossemos refinados. Mas não somos, então nosso problema é de transporte coletivo. Mas transporte refere-se a cargas. Nem vaca é, só, carga. Vaca, é carga viva. Acho bacana se indignar, é um começo, mas que sem cuidados é manipulável. Senão que dizer de Goebels.
 Mas é notório que essa indignação tem grife – redes sociais e grandes mídias (junto a estas o interesse da elite, palavra que não gosto, por gasta, mas resume a coisa) - mas não tem liderança. Qual o problema? Muitos! Muitíssimos. Os movimentos reivindicativos acéfalos caem fácil, fácil no colo dos militares (quem os pede é a Elite capitalista), como sói acontecer com: Brasileiros, Argentinos, Chilenos em geral e nos casos mais graves ainda como Salazar, Franco, Hitler, Mussolini, Hugo Chaves, Fidel Castro, Mao Tsé-Tung, Stalin und Konsorten.
 Disse Mao: O urgente atenta contra o necessário. Uma bela assertiva.
 Mas também disse: Ler demasiados livros é perigoso. Uma péssima assertiva.
 Agora isso é meu: o que nos toca é fazer a síntese de Mao.
 Não foi, em absoluto, diferente em 1964, a menos que queiramos coisa do gênero ditatorial, o que não me espantaria. Pois a massa se desentende e o risco é grande.
Vejam que analogia, ou metáfora mais bonitinha que tenho:
O mundo fashion lança um padrão de tecido, leve, com motivos da fauna silvestre e miúda do Brasil, beija-flores, gaturamos, mico-leão dourado etc. Quando isso chega ao populacho é jacaré do papo amarelo, onça, jaguatirica e o menor dos pássaros uma arara vermelha alaranjada em tamanho natural. Dai que tenho ouvido com maior frequência que só os militares dariam um jeito nisso.
Se somos incapazes de eleger representantes, ou por não os ter, dignos, ou por não saber escolhê-los, é um problema para o qual devemos buscar solução. Agora, ora, vamos, diminuir nossa representatividade? Não. Se possível deveríamos estar todos, a cada momento, votando nossas leis. Em plebiscitos, referenduns permanentes. Isso sim.

31 de out. de 2011

A náusea, o absurdo e a existência!


A Náusea, o absurdo e a existência!
Reflexão:
Uma.
A árvore.
O que é o direito a existência?
O ser na sua contingencia seria uma resposta.
Ao ser é dado,
no mundo
e...                     sem razão,
existir.
Pergunta-se,
para existir há que se ter uma razão?
E seguidamente,
direito a vida é diferente de direito a existência?
Só existe
                                                                                        quem tem
                               causa e razão.
Seria uma resposta,
pergunta-se.

Outra.
                                                              Quadro.
Alguém que encarnou o direito,
                                                                                                      o direito puro.
Mas basta com mirar a encarnação do direito puro,
para se perceber na estampa do retratado,
a estrutura do direito puro                                                     de ombros caídos,
                                     de pálido olhar incerto,
desviado e covarde...                          ...A violência.

                                    A ti não vou agradecer!
Não fizeste mais que a sua obrigação.
                                              Disse ele a mulher no leito de morte.
Dai que o dever aliena.
                                                    Obrigação.

A náusea, o absurdo e a existência!

A nau sea.
Anal se há u.
A nausear.
Ana use-a.
Você sabia que sincera é sem cera.
Anal. Seja.
A cera tapava os erros dos escultores.
Ana use-a e tape os buraquinhos.

28 de out. de 2011

Um céu azul vulgar, o mais das vezes,


Um céu azul vulgar, o mais das vezes,
e por outras, solene, de rarefazer
a escrachada luminosidade de nossos dias.
Deram por decrepita nossa passagem.
Chamaram, farrapos, à púrpura gasta de nossos poentes,
ou desbotadas manhãs, de horizontes submersos.
Botaram tédio à flora,
onde era só poeira, que levantou a caravana,
não do tempo, que também passou.
Não de um qualquer camelô de pretéritos.
A massa desafortunada, reavivou,
esqueceu-se dessa imortalidade de vencidos,
levantou o pano do crepúsculo,
 fez iluminar as faces ocultas,
e mirrados pecados derreteram-se,
suplicando que se apagasse o sol.
Tudo é arengar, simples arenga.
A vida nunca semelhou tão exterior,
sem  encontrar pintor,
capaz de botar perspectiva,
senão sombra de tristeza
de espetáculos de interiores.
Trago viva juventude de outrora,
soberana,
preservada a anos, por ciência desconhecida.
Alguma loucura, original e ingênua, êxtase, não sei ainda de quê!
Há uma mulher,
se sou sua cabeleira, e prefiro a nudez do seu rosto
e o roxo de seus lábios iluminados.
Em lugar da frívola vestimenta,
seu corpo,
pois  corpo,
com olhos semelhantes à incomum esmeralda,
não por isso,
pela felicidade que sai  de seu mirar.
Seios erguidos, cheios de eternidade.
Olho-a, por curiosidade, 
não melancolia de vestígios de época nobre,
ou maldita,
a me fazer, ébrio, lacrimejar com olhos extintos,
nos confins daquela glória confusa,
 se obsediei-me do ritmo da sua beleza.

25 de out. de 2011

Tengo Miedo queria reinar. Divagações Mallarmaicas.



         Inadvertido da não vacância de qualquer trono, mesmo da Xauxa, Tengo Miedo, penso seriamente, queria reinar, com efeito. Talvez em virtude de suseranias ancestrais, tendo como mãe, a mãe que tinha, sinceramente, tudo era possível. Ainda que de lenda infundada, ele nunca a desmentiu. Assim que a divisa permaneceu.                               
                                                          Reinar. 
          Que paralelismo podia haver em suas caminhadas entre canaviais e o barulho do mar, se não fosse a concha de um caracol de mar, gigante, colada a orelha. A solidão serve de resposta. Outra. Tengo Miedo queria ser um “grande escritor”. Mas devo pontuar, que não enfeitava importâncias desta industria, conquanto que o portasse ao trono, ainda que não vacante. 
                                                    Rei de movimentos mínimos, e zás!
                                          Isto é, a calma nobre. 
         Tal imagem; daquele que tombado sobre o teclado; podendo, teria acrescentado ilustração a minha raça; não turvará, nem tampouco restará, tão somente, reminiscência.
                       Ninguém que me recorde, foi, como Tengo Miedo, engolfado pelas dobras invisíveis do: eis que estou aqui, tão veemente, a fulgurar o destino, não só dele, jovem, à juventude recém-chegado, mas a todo destino, se possível, 
                    do Homem. 
            Não sei, mas quando vejo, despertas. essas lembranças, creio que verdadeiramente:
                   Tengo Miedo era louco. 
      Tengo Miedo agitava suas bandeiras, como se estivesse sobre os escombros de uma batalha mui antiga, mas ainda fumegante,
 vencida, 
              sob os seus pés, a caminhar intrépido às batalhas futuras.
Um gênio, louco, assim o compreendo, que ao contrariá-lo me diga:
                      permaneça onde estás, eu saberei fazer, ainda que seja difícil, agora!
    Não duvidei que seu olho cinza azulado, emprestado, de um céu vulgar, visse o que sequer sonhara, incapaz, que sou, de afinar um acorde desejado, tampouco sou capaz de carregar esse simulacro.

24 de out. de 2011

Mortes anunciadas, a politica, a educação, a justiça, a saúde, o trabalho... … o ser?



Os Vicário já amolaram suas facas de espetar suínos. Dizem que matarão. Todos sabemos. Já vemos o sangue correr. Omissos. Alienados. Alien é o outro. Alienação é deixar ao outro a ação que deve ser minha. Todos somos os melhores. Os melhores médicos, juristas, cozinheiros, professores, políticos, jornalistas etc. Mas a somatória, a integralização desses melhores: é o que se vê. E o que se vê? A mãe Vicário espancar a filha Vicário, por não haver mentido ao excêntrico Bayardo San Roman. Devolvida as cartas e a filha. Olhamos pela gelosia, vida besta. Os Vicário; amolam as facas. Nós somos os melhores, mas o direito não produz direito, nós sabemos, a justiça não produz justiça, os juristas sabem, a medicina não produz saúde, o médico sabe, o doente sabe, o trabalho embrutece e não produz riqueza, minimamente equalizada, todos sabemos, a politica não produz cidade, polis, urbe, cidadão, todos de tudo sabemos, nada mais que a rústica corrupção, estamos dentro dos ônibus entupidos, nas ruas entupidas, comemos, e a comida só satisfaz a ansiedade de sabermos que sabemos e nada fazemos, não sacia, só faz veias entupidas, bocas entupidas, oramos, mas a religião não depura o espirito, espiritiza como o álcool, a droga, há muitos que trocam a droga e o álcool pela igreja, são da mesma matéria inútil, a dor não cessa, a música ensurdece, ceras nos ouvidos, ouvidos entupidos.   

20 de out. de 2011

Tengo Miedo não sabe em qual ardiloso Ulisses se espelhará!




O astuto e ardiloso Ulisses flagrado, em sua excitação, por Nausicaa e suas secretárias, a lavar roupa à beira do riacho, foi levado à cidade, onde, se tornou narrador, da história que narrava Homero.
Voltar para casa, queria, não sem antes, complicar-se em no negro mar, e descomplicar com um truque, um lampejo de sabedoria e contingência. Sua astúcia e seus ardis foram reverenciados.
Dante não via a coisa da mesma maneira que Homero. Ou melhor, os mil-e-trezentos “Trecento” florentino não o viram como em tempos de civilização grega. Dante era católico. Foi ordenado por Santo Tomás de Aquino, estudando Aristóteles que era a maior senão única referência com sua Ética. Isso dito, para me situar, prossigo, a dizer que o inferno de Dante não deve ser visto tão somente como uma doutrinação, antes uma visão, uma figura poética. Ulisses também visitara o Hades, na Odisseia.
Agora Dante o coloca no inferno. Certo é que não se trata do inferno dos traidores, que é a profundeza da coisa e por sinal gelada. Ulisses está no Malebolge, que é o oitavo círculo, onde se encontram os que abusaram da capacidade intelectual, e ai vivem em chama errante. Ulisses é o titã do saber, sempre a estimular, o desejo de sempre, novas aventuras, nos companheiros, já velhos, tardios, tão só com vontade de voltarem para Ítaca, mas veja como Ulisses é um vira-latas:

Ó frati – disse – che per cento milia
perigli siete giunti a occidente,
a questa tanto piccola vigilia.

Dei nostri sensi ch´è del rimanente,
non vogliate negar l´esperienza
diretro al sol, del mondo senza gente,

considerate la vostra semenza:
fatti non foste a viver come bruti,
ma per seguir virtute e conoscenza. (XXVI, 112-120)

( ó irmãos – disse – que por cem mil\ perigos estão juntos nesse ocidente\, nessa rápida vigília\\ dos sentidos que nos sobra\ vocês não vão impedir outra experiência\ no caminho do sol, mundo de ninguém\\ considerem que semente sois,\ não foram feitos para viver como brutos,\ mas para perseguir a virtude e o conhecimento. )

Ulisses precisa de companheiros, e com essa astúcia os consegue inflamar. E saem a cantar:

volta nostra poppa nel mattino
dei remi facemmo ala al folle volo.

(voltaram a popa para o oriente, e os remos foram asas do louco voo.)

O que vem a seguir no poema é maravilhoso, mas o terror é também magnificado assim:

che de la nova terra un turbo nacque
e percosse del legno il primo canto.
Tre volte il fe´girar com tutte l´acque,

a la quarta levar la poppa in suso
a prora irre in giù come altrui piacque,
in fin ch´il mar fu sopra noi rinchiuso

( O turbilhão nasceu na terra nova\ o barco(o lenho) soou o primeiro canto a quina\ e a água toda o fez girar três vezes\\ na quarta a popa levantou\ e a proa mergulhou com outro, outrem, alguém quis,\ e o mar fechou-se sobre nós)

Dante também dá a palavra a Ulisses, aliás a última palavra, a palavra que põe fim às fraudes e astúcias do grego. É assim que Dante, na sombra das doutrinas medievais, faz sumir do mapa os tais ardis, são as duras penas. Mas a culpa é do grego, que prestes a descansar nos braços de Penélope, se deixa enredar pelo risco de conhecer o escuro das profundezas do oceano.

Já em Joyce, Ulisses é um despistado judeu, um saco de enganos, talvez um chifrudo, talvez pois a única certeza que teve, foi de sentir algo como restos de sêmen entre as nádegas de sua Molly, que em vez dos braços de Afrodite, tem por alcova um prostíbulo fedorento de Dublin, onde toda a astucia e ardis são empregados para vender um retângulo publicitário de um canto de jornal para um chaveiro. E pela manhã ler um jornal antigo enquanto defeca, rapidamente, para não ter hemorroidas, esta é uma de suas sabedorias.

16 de out. de 2011

Tengo Miedo e a Pia Fraus.


A indignação não é uma consciência cultivada. Ao contrário a indignação nos pega de surpresa. Claro que veladamente, inconscientemente conluiamos com tudo. Afinal fazemos parte do mesmo mundo. Sabemos que se o vestidinho rosa tubinho de malha, coladinho nas curvas, sobe e desce, acabam por mostrar os glúteos, está todo mundo vendo, mas não é para todos, ele tem endereço certo. O que tem a ver o cu com as carças? Tudo! Se todos acabam com vontade de meter a mão, é um avanço de sinal, no mínimo, mas se todos repudiam, é para se indignar. Assim a indignação tem esse susto diante de inopinada surpresa, furtividade, de causar admiração, vir de improviso diante do combinado, te apanha descuidado diante das más artes que te causaram dolo. Está estreitamente ligada a pia fraude. Nietzsche ama a tal da pia fraus, que nada mais é que esse lençol branco que esconde o concreto que existe no fantasma. A bondade é um fantasma, que tem carne e osso, escondidos pela mortalha esvoaçante. O mundo mediático é a concretude das fraudes. Cria-se o fantasma e tudo de seguida se puxa o lençol. Uuuuuuuuuuuu!
Pia é o oposto de ímpio. Pio é o indivíduo compassivo, senhor de mortos e vivos, nosso pai e nosso deus e que disse que “havéra” de voltar quando essa terra pecadora, mergulhada em transgressão, tivesse cheia de violência, de mentira de rapina e de ladrão (Elomar).Cantiga do istradar Cantorias I Elomar. Clique e ouça.
Este é o pathos da indignação. Porque não há mais controle, o descontrole é a regra onde nunca houve controle razoável, nem Sarkozy de direita, ou Zapatero de esquerda, ou Obama de centro,
ou Berlusconi pornô, ou PT corrupto. Não há mais muro para se pousar de indeciso. Haverá um momento que teremos que dizer: NÃO!
Pois é indigno. Desprezível. Vil. Indecoroso. Torpe. Infame. Degradante. Obsceno. Sórdido. Nojento. Sujo. Asqueroso. Sabujo. Avaro. Abjeto.