Em latim amarelo e cariado o homem com um berrante a tiracolo troou: OoÕ chão preto, do palco do pedro segundo, introibo meu berrante ad altare dei, deixo os conservadores basbaques e o pseudo intelectual furibundo. Os prelados protetores das artes sacam suas espadas. Pequena farsa seu nome de imperador.
Ajoelhemos e perdoemos seus olhos cinzentos – (si bemol tenor) o prelado mor.
Não seja hiperbóreo. (lá maior) o homem do berrante.
Thalata! Thalata! Nossa doce mãe. (ré menor soprano) a cultura.
É o fim. (mi maior com sexta – baixo). O homem-evento com um sorriso ainda tolerante.
O homem do berrante apresentava os animais que chacoalhavam o sinete ao entrarem no palco, coberto de feno e estrumes das estrelas.
Boooi Zebu, vaaacamarela...
A plateia em delírio atirava seus chapéus aos camarotes, estes estouravam champanhe sobre tudo.
28 de jan. de 2011
27 de jan. de 2011
Pedro II, o teatro
Teatro Pedro II.
foto de Leandro M. Lourenço.
Às portas do crack da bolsa de 1929 surgia o imponente teatro de ópera Pedro II em Ribeirão Preto. Hoje segundo entre os pares, em número de poltronas. É herança do ciclo do café.
Do ciclo da cana-de-açúcar: fuligem que evola das queimadas. Mais que isso; a arquitetura “fake” por miniaturização; de edifícios de renome – por gigantismo - novaiorquinos e não mantêm a proporção áurea; esta não garante o belo, só impede aquele aspecto de cópia empobrecida pela sua ignorância, na maioria dos edifícios sobra altura relativa à base, urge consistência, estética...
Umberto Eco algures disse do “more” na vida americana do norte, a ponto de “importarem” castelos, obras de arte italianas etc. Um exemplo era um "Última Ceia” repintado e aumentado e “more” “and more” Califórnia que o do Santa Maria delle Grazie da Milano.
21 de jan. de 2011
Deus
A J.L.Borges lhe atraiam os paradoxos, buscava-os. Um dos que mais citava em entrevistas e, chegou a escrevê-lo em algum livro que me esqueço, dizia da onipresença do demiurgo: “Deus está em todos os lugares e, se tanto, também em nenhum”. Note-se que nenhum lugar é parte do todo. Assim há dois gêneros de religião: da ubiquidade e a quântica, esta explica mesmo o “lugaralgum”. Aquela tem experimentado levar a diversidade a números, tantos, quantos humanos há; esta se reduz aos ateus. Tal fenômeno deve-se às liberdades constituídas e ao capitalismo. O capitalismo clama, facilita e favorece a inclusão no sistema de toda atividade humana, bota, chapéu, berrante , música sertaneja, hip-hop e inclusive as religiões, os amores, o aborto, a filantropia, a demagogia etc. Não há almoço ou religião gratuita. Não consumo religião, como não consumo bife parmegiana, mas sou completamente, absolutamente favorável ao pargmegiana e a todas as religiões e igrejas, e com a mesma força e completude defensor da devida tributação, cabendo o montante ao erário municipal. Assim, crentes e ateus num pais laico, têm tantos “direitos especiais” quantos têm os consumidores de parmegiana, talvez estes mais por recolherem impostos municipais, estaduais e federais além, claro, da pesada composição.
20 de jan. de 2011
gosto, fé e futebol - I
Gosto, fé e futebol não se discute. Em termos. Eu gosto de cogumelos. O meu preferido é o Boletus Edulis. Gostei tanto que fui a bosques de Soria, Pallars Juça e Baden-Baden buscá-los pelo gosto. Na Itália é conhecido como funghi Porcini. Na Espanha como Ceps. J. L. Borges gostava de metáforas, principalmente das escandinavas. Uma citada por ele, atribuída a um rei Sueco, parente de um príncipe inglês dizia da herança de um deles: um “lote inglês” - o tal “sete palmos” para nós - pois os ingleses sepultavam seus mortos no tal terreno, como nós, mas há e havia quem o fizesse de outras maneiras, em gavetas por exemplo como os Espanhóis. Outra coisa que gosto é de Percebes –
um fruto do mar em forma de pé de cabra, assim o chamam na Catalunha, “péus de cabra”.
A J.L.Borges, que lhe gostava os epitáfios escreveu em algum livro que esqueço: “Su Tumba son de Flandes las Campañas\ su Epitafio la sangrienta Luna”.
Não se discute “ em termos disse antes”, pois há um elemento cultural no gosto, na fé e no futebol. A cultura é composta de elementos sociais, geográfico e circunstanciais. É indiscutível meu gosto por cogumelos, desde que este não se transforme em um catecismo, a negar e impedir outros gostos alheios e querer ser fundamental.
RECEITAS DE CARNE DE PORCO DO CHEF CIDOGALVÃO
3 de jan. de 2011
ANO NOVO PLÁGIO VELHO
Faz cinquenta anos que busco ser criativo, mas tudo que tenho conseguido é pequena adaptação de algum plágio; como queria James Joyce: à noite sempre por óbvio, claro quando isto se fazia às escuras e por vezes às expensas dela, hoje holofotes e espelhos, mas a dor... inútil dormir... (Chico Buarque)
Por sorte inventaram o calendário que é a margem a balizar nossas angustias – há indivíduos que não padecem deste mal – que é o sentimento frente a incerteza do que virá. O ano não deixa de ser um labirinto que desaguará no seguinte aqueles que nele entraram exceto os que venham morrer.
Como diz meu amigo Florenci: acaba um ano começa outro a cada dia, pelo simples fato do desejo exigir o futuro, posto que o passado é a dor ou simplesmente um projeto desejado e falhado.
Há entretanto coisas e sentimentos que desconhecem o tempo, pois são na vida ( concretamente é tudo que queremos saber(com plenos sentidos), mas sequer tangencio tal entendimento: ser na vida!).
Em todo caso ser na vida é ser como ela, imutável, continua e essencial. Esta é uma maneira que encontrei para me acercar do objeto e não do objetivo.
Desta maneira o ano que começo é urgência dos meus desejos. Haverá sentimentos que sequer começarei, por não sabê-los, e que não cessarão por não começados. De resto continuo meu projeto de gozar o máximo possível ignorar o mesmo tanto.
Por sorte inventaram o calendário que é a margem a balizar nossas angustias – há indivíduos que não padecem deste mal – que é o sentimento frente a incerteza do que virá. O ano não deixa de ser um labirinto que desaguará no seguinte aqueles que nele entraram exceto os que venham morrer.
Como diz meu amigo Florenci: acaba um ano começa outro a cada dia, pelo simples fato do desejo exigir o futuro, posto que o passado é a dor ou simplesmente um projeto desejado e falhado.
Há entretanto coisas e sentimentos que desconhecem o tempo, pois são na vida ( concretamente é tudo que queremos saber(com plenos sentidos), mas sequer tangencio tal entendimento: ser na vida!).
Em todo caso ser na vida é ser como ela, imutável, continua e essencial. Esta é uma maneira que encontrei para me acercar do objeto e não do objetivo.
Desta maneira o ano que começo é urgência dos meus desejos. Haverá sentimentos que sequer começarei, por não sabê-los, e que não cessarão por não começados. De resto continuo meu projeto de gozar o máximo possível ignorar o mesmo tanto.
19 de nov. de 2010
Sem tempo. Que fale Machado de Assis.
Hoje me tocou fazer bolinhos de feijoada. dezenas, centenas...
A MÃO E A LUVA.
O fim da carta.
- Mas que pretendes fazer agora!
- Morrer.
- Morrer? Que ideia! Deixa-te disso, Estevão. Não se morre por tão pouco...
- Morre-se. Quem não padece estas dores não as pode avaliar. O golpe foi profundo, e o meu coração é pusilânime, por mais aborrecível que pareça a ideia da morte, pior, muito pior do que ela, é a de viver. Ah! Tu não sabes o que isto é?
- Sei: um namoro gorado...
- Luís!
-... E se em cada caso de namoro gorado morresse um homem, tinha já diminuído muito o gênero humano, e o Malthus perderia o latim. Anda, sobe.
A MÃO E A LUVA.
O fim da carta.
- Mas que pretendes fazer agora!
- Morrer.
- Morrer? Que ideia! Deixa-te disso, Estevão. Não se morre por tão pouco...
- Morre-se. Quem não padece estas dores não as pode avaliar. O golpe foi profundo, e o meu coração é pusilânime, por mais aborrecível que pareça a ideia da morte, pior, muito pior do que ela, é a de viver. Ah! Tu não sabes o que isto é?
- Sei: um namoro gorado...
- Luís!
-... E se em cada caso de namoro gorado morresse um homem, tinha já diminuído muito o gênero humano, e o Malthus perderia o latim. Anda, sobe.
17 de nov. de 2010
Racismo não. Sentimento mazombo.
Gostaria de contestar a Gisela Haddad no seu artigo do Jornal A Cidade, de Ribeirão Preto: O que são os clássicos? Não divirjo da “classicidade” de Monteiro Lobato, suas engenhosidades etc. enfim clássico, entretanto vê-se ali o, também clássico, racismo à brasileira. Aturado e atento a isto: Em “Peter Pan”, por exemplo, lê-se: “ - Só tomo leite -, explicou a linda princesa. - Tenho medo de que o café me deixe morena - . - Faz muito bem - , disse Emília. -Foi de tanto tomar café que tia Nastácia ficou preta assim - ”. A cozinheira negra era o alvo preferido dos insultos racistas de Emília. Em “Reinações”, a boneca falante destila-se em frases como: - Mentira de Narizinho! Essa negra não é fada nenhuma, nem nunca foi branca. Nasceu preta e ainda mais preta há de morrer! -. Diga-se: talvez, porque à época, o eugenismo vivia o auge de seu prestígio, não só na Alemanha nazista, onde foi transformado em ideologia de Estado, fez-se o mesmo no fictício sitio.
Hoje resta esta estranha necessidade de nutrir alteridade em relação a negros e pobres:
sentimento mazombo.
Segundo Evaldo Cabral de Mello é:
“a sensação de viver expatriado da civilização (Paris) , mergulhado na barbárie da sua própria terra, incapaz de reconhecer os autóctones como iguais”.
Não sou negro, poderia defendê-los? Não posso. Antes faço oposição ao ideal da cartilha branca, de olhos verdes. Certo é que não se trata dos mesmos interesses.
A “Preta” na cozinha é a isonomia ficcional proposta e reinante no mundo ficcionista televisivo brasileiro, aonde há certos autores que só “ se dão bem ” ali, com a “preta-na-cozinha”. Em linguagem de sitio: é uma arapuca que teima em estar armada. Monteiro Lobato escreveu o: Presidente Negro, sonhando em abrir mercado nos EUA, em cujo desfiou toda a alcatifa de barão do Café, os americanos lhe deram uma banana, pois mesmo lá, nisso havia limites.
Lobato, como grande escritor que foi, pode tudo dentro da obra, tanto que fez o sabugo falar, (o que me encantava) a boneca de pano recheada de macela reinar, a amiga Narizinho num eterno abri-la e refazê-la. Poderia ter feito de tição um "Principezinho Bundo", " O príncipe Senegalês", mas, enfim não os criou. Ingratidão vária de Monteiro Lobato, que se inspirou numa Anastácia real e pajem de seus filhos. Incorporou graciosamente o Saci desde o folclore, e hoje o trocamos por uma abóbora estadunidense, povo este que não permitia que os negros sentassem à frente nos ônibus, lá havia os assentos e os ônibus, aqui, a coisa não dá para todos.
Vão meter a boca sem ler o parecer do MEC, CLIQUAQUI
Hoje resta esta estranha necessidade de nutrir alteridade em relação a negros e pobres:
sentimento mazombo.
Segundo Evaldo Cabral de Mello é:
“a sensação de viver expatriado da civilização (Paris) , mergulhado na barbárie da sua própria terra, incapaz de reconhecer os autóctones como iguais”.
Não sou negro, poderia defendê-los? Não posso. Antes faço oposição ao ideal da cartilha branca, de olhos verdes. Certo é que não se trata dos mesmos interesses.
A “Preta” na cozinha é a isonomia ficcional proposta e reinante no mundo ficcionista televisivo brasileiro, aonde há certos autores que só “ se dão bem ” ali, com a “preta-na-cozinha”. Em linguagem de sitio: é uma arapuca que teima em estar armada. Monteiro Lobato escreveu o: Presidente Negro, sonhando em abrir mercado nos EUA, em cujo desfiou toda a alcatifa de barão do Café, os americanos lhe deram uma banana, pois mesmo lá, nisso havia limites.
Lobato, como grande escritor que foi, pode tudo dentro da obra, tanto que fez o sabugo falar, (o que me encantava) a boneca de pano recheada de macela reinar, a amiga Narizinho num eterno abri-la e refazê-la. Poderia ter feito de tição um "Principezinho Bundo", " O príncipe Senegalês", mas, enfim não os criou. Ingratidão vária de Monteiro Lobato, que se inspirou numa Anastácia real e pajem de seus filhos. Incorporou graciosamente o Saci desde o folclore, e hoje o trocamos por uma abóbora estadunidense, povo este que não permitia que os negros sentassem à frente nos ônibus, lá havia os assentos e os ônibus, aqui, a coisa não dá para todos.
Vão meter a boca sem ler o parecer do MEC, CLIQUAQUI
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