27 de jan. de 2011

Pedro II, o teatro


Teatro Pedro II.


foto de Leandro M. Lourenço.





Às portas do crack da bolsa de 1929 surgia o imponente teatro de ópera Pedro II em Ribeirão Preto. Hoje segundo entre os pares, em número de poltronas. É herança do ciclo do café.
Do ciclo da cana-de-açúcar: fuligem que evola das queimadas. Mais que isso; a arquitetura “fake” por miniaturização; de edifícios de renome – por gigantismo - novaiorquinos e não mantêm a proporção áurea; esta não garante o belo, só impede aquele aspecto de cópia empobrecida pela sua ignorância, na maioria dos edifícios sobra altura relativa à base, urge consistência, estética...
Umberto Eco algures disse do “more” na vida americana do norte, a ponto de “importarem” castelos, obras de arte italianas etc. Um exemplo era um "Última Ceia” repintado e aumentado e “more” “and more” Califórnia que o do Santa Maria delle Grazie da Milano.

21 de jan. de 2011

Deus

A J.L.Borges lhe atraiam os paradoxos, buscava-os. Um dos que mais citava em entrevistas e, chegou a escrevê-lo em algum livro que me esqueço, dizia da onipresença do demiurgo: “Deus está em todos os lugares e, se tanto, também em nenhum”. Note-se que nenhum lugar é parte do todo. Assim há dois gêneros de religião: da ubiquidade e a quântica, esta explica mesmo o “lugaralgum”. Aquela tem experimentado levar a diversidade a números, tantos, quantos humanos há; esta se reduz aos ateus. Tal fenômeno deve-se às liberdades constituídas e ao capitalismo. O capitalismo clama, facilita e favorece a inclusão no sistema de toda atividade humana, bota, chapéu, berrante , música sertaneja, hip-hop e inclusive as religiões, os amores, o aborto, a filantropia, a demagogia etc. Não há almoço ou religião gratuita. Não consumo religião, como não consumo bife parmegiana, mas sou completamente, absolutamente favorável ao pargmegiana e a todas as religiões e igrejas, e com a mesma força e completude defensor da devida tributação, cabendo o montante ao erário municipal. Assim, crentes e ateus num pais laico, têm tantos “direitos especiais” quantos têm os consumidores de parmegiana, talvez estes mais por recolherem impostos municipais, estaduais e federais além, claro, da pesada composição.

20 de jan. de 2011

gosto, fé e futebol - I


Gosto, fé e futebol não se discute. Em termos. Eu gosto de cogumelos. O meu preferido é o Boletus Edulis. Gostei tanto que fui a bosques de Soria, Pallars Juça e Baden-Baden buscá-los pelo gosto. Na Itália é conhecido como funghi Porcini. Na Espanha como Ceps. J. L. Borges gostava de metáforas, principalmente das escandinavas. Uma citada por ele, atribuída a um rei Sueco, parente de um príncipe inglês dizia da herança de um deles: um “lote inglês” - o tal “sete palmos” para nós - pois os ingleses sepultavam seus mortos no tal terreno, como nós, mas há e havia quem o fizesse de outras maneiras, em gavetas por exemplo como os Espanhóis. Outra coisa que gosto é de Percebes –






um fruto do mar em forma de pé de cabra, assim o chamam na Catalunha, “péus de cabra”.







A J.L.Borges, que lhe gostava os epitáfios escreveu em algum livro que esqueço: “Su Tumba son de Flandes las Campañas\ su Epitafio la sangrienta Luna”.
Não se discute “ em termos disse antes”, pois há um elemento cultural no gosto, na fé e no futebol. A cultura é composta de elementos sociais, geográfico e circunstanciais. É indiscutível meu gosto por cogumelos, desde que este não se transforme em um catecismo, a negar e impedir outros gostos alheios e querer ser fundamental.



RECEITAS DE CARNE DE PORCO DO CHEF CIDOGALVÃO

3 de jan. de 2011

ANO NOVO PLÁGIO VELHO

Faz cinquenta anos que busco ser criativo, mas tudo que tenho conseguido é pequena adaptação de algum plágio; como queria James Joyce: à noite sempre por óbvio, claro quando isto se fazia às escuras e por vezes às expensas dela, hoje holofotes e espelhos, mas a dor... inútil dormir... (Chico Buarque)
Por sorte inventaram o calendário que é a margem a balizar nossas angustias – há indivíduos que não padecem deste mal – que é o sentimento frente a incerteza do que virá. O ano não deixa de ser um labirinto que desaguará no seguinte aqueles que nele entraram exceto os que venham morrer.
Como diz meu amigo Florenci: acaba um ano começa outro a cada dia, pelo simples fato do desejo exigir o futuro, posto que o passado é a dor ou simplesmente um projeto desejado e falhado.
Há entretanto coisas e sentimentos que desconhecem o tempo, pois são na vida ( concretamente é tudo que queremos saber(com plenos sentidos), mas sequer tangencio tal entendimento: ser na vida!).
Em todo caso ser na vida é ser como ela, imutável, continua e essencial. Esta é uma maneira que encontrei para me acercar do objeto e não do objetivo.
Desta maneira o ano que começo é urgência dos meus desejos. Haverá sentimentos que sequer começarei, por não sabê-los, e que não cessarão por não começados. De resto continuo meu projeto de gozar o máximo possível ignorar o mesmo tanto.

19 de nov. de 2010

Sem tempo. Que fale Machado de Assis.

Hoje me tocou fazer bolinhos de feijoada. dezenas, centenas...





A MÃO E A LUVA.

O fim da carta.


- Mas que pretendes fazer agora!
- Morrer.
- Morrer? Que ideia! Deixa-te disso, Estevão. Não se morre por tão pouco...
- Morre-se. Quem não padece estas dores não as pode avaliar. O golpe foi profundo, e o meu coração é pusilânime, por mais aborrecível que pareça a ideia da morte, pior, muito pior do que ela, é a de viver. Ah! Tu não sabes o que isto é?
- Sei: um namoro gorado...
- Luís!
-... E se em cada caso de namoro gorado morresse um homem, tinha já diminuído muito o gênero humano, e o Malthus perderia o latim. Anda, sobe.

17 de nov. de 2010

Racismo não. Sentimento mazombo.

Gostaria de contestar a Gisela Haddad no seu artigo do Jornal A Cidade, de Ribeirão Preto: O que são os clássicos? Não divirjo da “classicidade” de Monteiro Lobato, suas engenhosidades etc. enfim clássico, entretanto vê-se ali o, também clássico, racismo à brasileira. Aturado e atento a isto: Em “Peter Pan”, por exemplo, lê-se: “ -  Só tomo leite -, explicou a linda princesa. - Tenho medo de que o café me deixe morena - . - Faz muito bem - , disse Emília. -Foi de tanto tomar café que tia Nastácia ficou preta assim - ”. A cozinheira negra era o alvo preferido dos insultos racistas de Emília. Em “Reinações”, a boneca falante destila-se em frases como: - Mentira de Narizinho! Essa negra não é fada nenhuma, nem nunca foi branca. Nasceu preta e ainda mais preta há de morrer! -. Diga-se:  talvez, porque à época, o eugenismo vivia o auge de seu prestígio, não só na Alemanha nazista, onde foi transformado em ideologia de Estado, fez-se o mesmo no fictício sitio.
Hoje resta esta estranha necessidade de nutrir alteridade em relação a negros e pobres:
  sentimento mazombo.
 Segundo Evaldo Cabral de Mello é:
 “a sensação de viver expatriado da civilização (Paris) , mergulhado na barbárie da sua própria terra, incapaz de reconhecer os autóctones como iguais”.

Não sou negro, poderia defendê-los? Não posso. Antes faço oposição ao ideal da cartilha branca, de olhos verdes. Certo é que não se trata dos mesmos interesses.
 A “Preta” na cozinha é a isonomia ficcional proposta e reinante no mundo ficcionista televisivo brasileiro, aonde há certos autores que só “ se dão bem ” ali, com a “preta-na-cozinha”. Em linguagem de sitio: é uma arapuca que teima em estar armada. Monteiro Lobato escreveu o: Presidente Negro, sonhando em abrir mercado nos EUA, em cujo desfiou toda a alcatifa de barão do Café, os americanos lhe deram uma banana, pois mesmo lá, nisso havia limites.
Lobato, como grande escritor que foi, pode tudo dentro da obra, tanto que fez o sabugo falar, (o que me encantava) a boneca de pano recheada de macela reinar, a amiga Narizinho num eterno abri-la e refazê-la.  Poderia ter feito de tição um "Principezinho Bundo", " O príncipe Senegalês", mas, enfim não os criou. Ingratidão vária de Monteiro Lobato, que se inspirou numa Anastácia real e pajem de seus filhos. Incorporou graciosamente o Saci desde o folclore, e hoje o trocamos por uma abóbora estadunidense, povo este que não permitia que os negros sentassem à frente nos ônibus, lá havia os assentos e os ônibus, aqui, a coisa não dá para todos.

Vão meter a boca sem ler o parecer do MEC, CLIQUAQUI

16 de nov. de 2010

Bovinamente rumino.

O caráter monolítico do paladar brasileiro leva toda gente a comer carne bovina. Avança-se sobre este rebanho nacional como se do mesmo se tratasse. É coisa viciosa desde tempos remotos. Assim comemos todo o palmito da Mata-Atlântica. Como se fossemos formigas de correição, que por onde passa não sobra arbusto com folha. Não choro pela diminuição do rebanho decrescente. Eu como de um tudo. Mas voltando ao hábito da unanimidade, esta é um vício que leva a outros. Um deles é o completo desaparecimento de pequenos produtores de hortifrúti e pequenos granjeiros nos arredores da cidade. Tudo há que ser em grande escala. De tal maneira que hoje temos quase que tão-só umas poucas marcas de calabresa, e ruins, umas piores. Não havendo diferença entre paio e estas.( Note isto: exceções não invalidam a regra ) Conseguem custar mais que o file mignon suíno, sendo que tais tripas ou tubos de plástico são recheadas com todo tipo de goma e uma lista infinita de “E-“ seguidos de números, e é o nome dado a acidulantes, aromatizantes, espessantes, conservantes, etc. Dessa maneira não criamos excelências culinárias. Não escapando deste defeito a nobre picanha, sendo a boa a excelente é Uruguaia, Argentina. Diferenças de qualidade e preço como o que acontece com o azeite ( sempre estrangeiro)poderiam ensejar uma vontade de níveis de excelência do nosso óleo de soja, girassol, milho, etc., mas não ensejam. Só há óleos com excessivos resíduos ácidos, devidos à sua extração, pouco diferindo do biocombustível. Assim vamos, um pais inteiro temperando tudo e mais alguma coisa com glutamato monossódico. Como queria Oswald de Andrade partimos do tomate pera seco ao sol italiano a qualquer tomate, nem tão-somente maduro, seco ao micro-ondas e, quando a coisa chegou ao populacho a se transformou numa massa, há tomates secos marrons! Há “Alice” sardinhas anchovadas que parecem um pente fino, para pentear-se ao passar brilhantina.Isso é antropofagia. O pior é que há comensais que não o diferenciam de uma acciuga, achoa, sardela, etc..
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