Por aí, extremando, se chegava até no
Jalapão – quem conhece aquilo? – tabuleiro chapadoso,
proporema. Pois lá um geralista me pediu para ser padrinho de
filho. O menino recebeu nome de Diadorim, também. joaoguimaraesrosa.
Se se tem alguns amigos que têm como nome José, em algum momento terei que discriminar. Quando falo a um amigo não-José, de um amigo em comum no caso um dos Josés fatalmente terei de discriminar.
José!
É o Zé Mazagão, ou Zé de Jurucê, ou o Zé irmão da Ana. Direi.
Quando em 1975 ingressei no Colégio Otoniel Mota, onde ninguém me conhecia e vice-versa.
A Bonagamba disse: de Bonfim! De que Família!
Eu disse dos Galvão.
Pensava então que ela conhecia Bonfim e suas famílias. Que nada! Era um hábito da classe média ribeirão-pretana, o de perguntar de qual família...
Assim o sobrenome ou nome de família e outros nomes adjetivam-te, discriminam-te.
Há pessoas que têm nomes próprios em si discriminadores. Aparecido, Juviniclaudete, Ivanhoilso, Etc etc. O que vem a poupar o interlocutor da necessidade de mais informações a respeito dos Sans-Culottes.
18 de out. de 2010
17 de out. de 2010
DISCRIMINAR. A propriedade.
Belo um dia, ele tora. É assim. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. Eu, isto é – Deus, por baixos permeios...
joaoguimaraesrosa.
O direito a propriedade no estado de direito, e o direito desta no estado de não-direito.
Pensar a apropriação de uma gleba é tão absurdo quanto do planeta Vênus. E não devendo adjetivar ou quantificar o absurdo, talmente é a hereditariedade quaisquer de gleba terrena ou planetária.
Economicamente a propriedade existe como objeto essencial à produção, como o é o lucro, o trabalho, a matéria prima, o consumo, o capital e o juro. Todos estes elementos só podem ser afirmados como frutos da atividade social. Os bilhões de trilhões de cruzados novos incinerados pela casa da moeda não faziam sentido nenhum diante da nova moeda. Assim como as vastidões dos cerrados, pastos, habitados por meia dúzia de vacuns, nada podem e delas nada diremos senão que da miserabilidade do indivíduo à elas atado. É o mesmo que alguém possuidor, no ano de 2010, de metros cúbicos do cruzado novo.
De outro modo, a propriedade faz muito que existe. Tal não quer dizer que seja natural. Quer que se pareça natural, e isto é outra historia. Ideologia pode ser. Na realidade onde o couro curte, não range a rede, e a base real da propriedade foi a seu tempo a força, hoje o estado de direito.
Tópicos para melhor discriminar.
A produção de qualquer objeto envolve todo o capital acumulado por uma determinada sociedade ao longo de sua existência. O Capital humano cientifico, de habilidades, língua e costumes, educativo e sua ausência etc.
Ao produzir um poema, tomamos da língua sua sintaxe, semântica, denotações e conotações, estas fazendo sentido somente dentro um contexto social especifico. Veja que os portugueses denotam mais que conotam o contrário de nós. Portanto ser proprietário de uma conotação típica do brasileiro em Portugal é o mesmo que ser proprietário de Orion.
A sociedade não é, ainda que erroneamente se queira afirmar, a soma de individualidades. Na verdade ao indivíduo é tão-só permitido constituir-se partindo de uma sociedade. Se este indivíduo despojar-se de tudo que nele é social, outro não será que nada. É a síntese de O Estrangeiro de Camus.
Os hectares não são diferentes dos poemas. Assim como os poemas são apropriáveis. E isto é tão-só possível hoje pela lei (estado de direito) antes à força.
14 de out. de 2010
DISCRIMINAR. hora do recreio.
“Zé-Zim, por que é que você não cria
galinhas-d’angola, como todo o mundo faz?” – “Quero criar
nada não...” – me deu resposta: – “Eu gosto muito de mudar...”
joão guimaraes rosa grande sertão,v...
Alguém pode pensar que eu sou favorável à discriminação. Não é bem isso. Eu quero aprender, ou estabelecer critérios discriminadores, enfim puerilmente ensinar a discriminar.
Por exemplo: Henry Ford apregoou incerta feita que: Você pode escolher o Ford T da cor que quiser desde que seja preta. Essa piada mercadológica pode parecer singela, mas é coisa séria. Não duvide que todos que compraram Ford T tenham discriminado a cor preta dos seus sonhos ou da preferência familiar.
Agorinha deve estar toda uma família às voltas com a cor preta do seu novo carro preto. Note que as cores que circulam são: preta, cinza (no fundo é preta), prata (cinza disfarçada=preta).
A cor da maioria dos botecos de Ribeirão Preto é amarela. A cor da maioria dos revestimentos de fachada na Avenida 9 de julho é amarela.
A maioria dos bares de Ribeirão Preto tem o mesmo desenho, deve ser o modelo comum do auto Cad.
Lembro-me de uma época que algumas pessoas temiam o comunismo pelo simples fato de que fossemos vestir roupas iguais (não a mesma). Observando bem podemos dizer que somos comunistas. Pior ainda somos Maoístas, pois, as roupas, ademais de serem iguais são de igual cor.
Neste recreio poderia inserir uma série infinita de escolhas idênticas desejosas de diferenças. E outra de diferenças querentes de igualdades.
Por quanto tange estas ociosidades da vontade, nada a temer. A questão tem sizo no que é assaz pertinente às questões vitais humanas. Liberdade de pensar, criar, expressar DIFERENÇAS.
O jeans único, o carro único, as cores únicas geram economias de trabalho, FACILIDADES.
O que pode acontecer em níveis menos quiméricos, que o mesmo perfume ( o verdadeiro, o falso, o de grife e o chinês), nos âmbitos da coisa intangível que é a liberdade de escolha.
Um programa de arquitetura substituiria todos os arquitetos menos um, o que cria o programa. E assim por diante um programa cronista, historiador, tocador de piano, enfim essa coisa binária (sonho de Leibniz) substituindo este quase apêndice que é a capacidade de discriminar, eleger entre coisas diferentes quando há diferenças, pois quando diferenças não há, não há diferenças a discriminar.
galinhas-d’angola, como todo o mundo faz?” – “Quero criar
nada não...” – me deu resposta: – “Eu gosto muito de mudar...”
joão guimaraes rosa grande sertão,v...
Alguém pode pensar que eu sou favorável à discriminação. Não é bem isso. Eu quero aprender, ou estabelecer critérios discriminadores, enfim puerilmente ensinar a discriminar.
Por exemplo: Henry Ford apregoou incerta feita que: Você pode escolher o Ford T da cor que quiser desde que seja preta. Essa piada mercadológica pode parecer singela, mas é coisa séria. Não duvide que todos que compraram Ford T tenham discriminado a cor preta dos seus sonhos ou da preferência familiar.
Agorinha deve estar toda uma família às voltas com a cor preta do seu novo carro preto. Note que as cores que circulam são: preta, cinza (no fundo é preta), prata (cinza disfarçada=preta).
A cor da maioria dos botecos de Ribeirão Preto é amarela. A cor da maioria dos revestimentos de fachada na Avenida 9 de julho é amarela.
A maioria dos bares de Ribeirão Preto tem o mesmo desenho, deve ser o modelo comum do auto Cad.
Lembro-me de uma época que algumas pessoas temiam o comunismo pelo simples fato de que fossemos vestir roupas iguais (não a mesma). Observando bem podemos dizer que somos comunistas. Pior ainda somos Maoístas, pois, as roupas, ademais de serem iguais são de igual cor.
Neste recreio poderia inserir uma série infinita de escolhas idênticas desejosas de diferenças. E outra de diferenças querentes de igualdades.
Por quanto tange estas ociosidades da vontade, nada a temer. A questão tem sizo no que é assaz pertinente às questões vitais humanas. Liberdade de pensar, criar, expressar DIFERENÇAS.
O jeans único, o carro único, as cores únicas geram economias de trabalho, FACILIDADES.
O que pode acontecer em níveis menos quiméricos, que o mesmo perfume ( o verdadeiro, o falso, o de grife e o chinês), nos âmbitos da coisa intangível que é a liberdade de escolha.
Um programa de arquitetura substituiria todos os arquitetos menos um, o que cria o programa. E assim por diante um programa cronista, historiador, tocador de piano, enfim essa coisa binária (sonho de Leibniz) substituindo este quase apêndice que é a capacidade de discriminar, eleger entre coisas diferentes quando há diferenças, pois quando diferenças não há, não há diferenças a discriminar.
DISCRIMINAR. parte II
Esses homens! Todos puxavam o mundo para si,
para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as
coisas dum seu modo.
J.G.Rosa. Grande Sertões, Veredas.
Numa palavra a cultura de massa – em si uma figura de linguagem – é o fenômeno distributivo do produto da alienação da autotutela. A ausência da autonomia necessária fez surgirem novos poderes tutelares. O Estado, a moral, a religião, a lei, o direito, o modismo, a televisão, as técnicas psicológicas, as técnicas medicinais, o que deve ser lido e comido e bebido, a informação desvairada que não forma saber, etc. De passagem: a tutela do confessionário da idade média – quando Descartes, por antecipação de cento e cinquenta anos, fez rolar a cabeça de Luiz XVI - foi ao longo destes séculos substituída por infinidade de categorias já citadas, sem prejuízo de outras contidas no querido etc.
Parece gracioso tal processo distributivo, esse passar da tutela absoluta do estado religioso a um espalhamento de poderes tutelares, mas é triste. Triste por se tratar de mera distribuição de misérias. Não há seara – a exceção não deve prejudicar a regra - neste mundo que exercite a distribuição de riquezas. Riquezas concretas como dignidade, matéria, conhecimento e cultura. Pelo contrário o que se vê indica uma expropriação lenta e incessante de setores da sociedade – a citar a classe média – até então tidos como cláusulas pétreas dos países sociais democratas. É irrelevante dizer aqui do antagonismo visível entre classe operária ascendente e classe média descendente, exceto a acusação intestinal e bilateral de preconceito. No centro de tudo está a indignidade, não a indignação, já que a indignação se dá pelo autoconhecimento do indigno que se encontra o indivíduo. Antecipando, pode-se inferir que, ao indivíduo que não se assoma à indignidade que vige sua vida, não se lhe pode pedir a consciência que o outro é tão-só diferente, sendo o mesmo, por se tratar de intangibilidade hermenêutica. A absoluta falta de ferramentas.
Deus como tutor único tinha todas as respostas do nascimento à morte e depois desta. Mas a cabeça de Deus era a cabeça de Luiz XVI rolando ao cesto, e de seu corpo estrebuchando se pôde sentir o respingos dos estilhaços da autoridade até o dia de hoje. Sem, contudo bentos estilhaços deificar cada homem e mulher. Não houve desde logo uma divisão equânime como se supunha. Mesmo na França de 1789 o operário e a mulher não foram considerados cidadão e cidadã. Olhando para o vazio constitucional discriminatório, discriminou e então Napoleão falou: não importam os direitos importam os interesses dos homens. Seria gracioso se cada homem fosse autônomo, soberano; e Napoleão como outros propunha justamente o oposto, não uma moral positiva e universal, mas a mesma de sempre o que vale para mim, só vale quando vale exatamente para mim.
Assim as proposições são sempre obscuras, para que dentro desse obscurantismo alguém se lhe fará de guia.
para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as
coisas dum seu modo.
J.G.Rosa. Grande Sertões, Veredas.
Numa palavra a cultura de massa – em si uma figura de linguagem – é o fenômeno distributivo do produto da alienação da autotutela. A ausência da autonomia necessária fez surgirem novos poderes tutelares. O Estado, a moral, a religião, a lei, o direito, o modismo, a televisão, as técnicas psicológicas, as técnicas medicinais, o que deve ser lido e comido e bebido, a informação desvairada que não forma saber, etc. De passagem: a tutela do confessionário da idade média – quando Descartes, por antecipação de cento e cinquenta anos, fez rolar a cabeça de Luiz XVI - foi ao longo destes séculos substituída por infinidade de categorias já citadas, sem prejuízo de outras contidas no querido etc.
Parece gracioso tal processo distributivo, esse passar da tutela absoluta do estado religioso a um espalhamento de poderes tutelares, mas é triste. Triste por se tratar de mera distribuição de misérias. Não há seara – a exceção não deve prejudicar a regra - neste mundo que exercite a distribuição de riquezas. Riquezas concretas como dignidade, matéria, conhecimento e cultura. Pelo contrário o que se vê indica uma expropriação lenta e incessante de setores da sociedade – a citar a classe média – até então tidos como cláusulas pétreas dos países sociais democratas. É irrelevante dizer aqui do antagonismo visível entre classe operária ascendente e classe média descendente, exceto a acusação intestinal e bilateral de preconceito. No centro de tudo está a indignidade, não a indignação, já que a indignação se dá pelo autoconhecimento do indigno que se encontra o indivíduo. Antecipando, pode-se inferir que, ao indivíduo que não se assoma à indignidade que vige sua vida, não se lhe pode pedir a consciência que o outro é tão-só diferente, sendo o mesmo, por se tratar de intangibilidade hermenêutica. A absoluta falta de ferramentas.
Deus como tutor único tinha todas as respostas do nascimento à morte e depois desta. Mas a cabeça de Deus era a cabeça de Luiz XVI rolando ao cesto, e de seu corpo estrebuchando se pôde sentir o respingos dos estilhaços da autoridade até o dia de hoje. Sem, contudo bentos estilhaços deificar cada homem e mulher. Não houve desde logo uma divisão equânime como se supunha. Mesmo na França de 1789 o operário e a mulher não foram considerados cidadão e cidadã. Olhando para o vazio constitucional discriminatório, discriminou e então Napoleão falou: não importam os direitos importam os interesses dos homens. Seria gracioso se cada homem fosse autônomo, soberano; e Napoleão como outros propunha justamente o oposto, não uma moral positiva e universal, mas a mesma de sempre o que vale para mim, só vale quando vale exatamente para mim.
Assim as proposições são sempre obscuras, para que dentro desse obscurantismo alguém se lhe fará de guia.
13 de out. de 2010
DISCRIMINAR. parte I
E o Fafafa
– este deu lances altos, todo lado comigo, no combate velho do
Tamanduá-tão: limpamos o vento de quem não tinha ordem de
respirar,
joão guimarães rosa. GSVeredas.
Grande faculdade humana ao longo da história ( humana) – pode que exista outra - é a discriminação, com o subjacente juízo de valor. O se deparar com um indivíduo de outra tribo, concorrente direto por alimentos, por exemplo, não implicou obrigatoriamente na solução, é dizer, extermínio do outro, ou de toda a tribo. Pode que se fez cara feia, ou lançaram-se uns contra outros com berros e caretas, ou ainda pintou-se e por qual motivo não se insinuarem em processos sedutores, afinal a cooptação também é um modo de submeter o outro. Que se dava que se deu? Uma resposta fácil: aquilo deu nisso.
Discriminar com a suficiente adequação do juízo de valor foi e é um instrumento necessário – nem sempre suficiente – à sobrevivência. Seu primeiro uso e de uma necessidade absoluta é nos permitir saber: o outro não sou eu – ainda que o outro seja uma representação da minha vontade – o que significa dizer que este sempre será outro até a minha morte. Na adolescência, na esquizofrenia e em outras psicopatologias, certos indivíduos dessas classes se confundem com o outro, por mera ociosidade da vontade tendem a querer – querer este a constar: de uma “fervorosa” morbidez – ser o outro.
Salvo tais psiques em seu pathos – dificilmente curáveis - o que concerne à idade passará com o tempo, sem prejuízo das exceções para que se tenha a regra, os incuráveis adolescentes tardios.
Em rigor a discriminação evoluiu tal qual a circunstância em que se produz a vida, seja seu modelo de produção e a natureza e as atividades naturais do planeta. De outra maneira, a discriminação é intuitiva. A intuição por sua vez é o salto que se dá desde o conhecimento inconsciente. Trata-se de um salto qualitativo, longe de ser um salto no escuro, inconsciente, mas sim fruto que é de uma sabedoria primeira, anterior. Um analfabeto diante de uma oração sintática e gramaticalmente correta nada intui. A intuição implica uma sabedoria, um conhecimento prévio e posteriormente a conceptualização.
Se a discriminação é intuitiva, e a intuição é baseada em um conceito e este conceito é pré-estabelecido por uma sabedoria, dizer da discriminação: preconceito, é dizer o próprio conceito da coisa em si. Tal redundância é mais que um problema de semântica. Tal redundância está no centro de grande parte das questões atuais, tanto quando dizem respeito ao questionamento em si, quanto às suas soluções. Posto é que se o problema é mal formulado, quaisquer respostas são possíveis e desnecessárias a uma só vez
– este deu lances altos, todo lado comigo, no combate velho do
Tamanduá-tão: limpamos o vento de quem não tinha ordem de
respirar,
joão guimarães rosa. GSVeredas.
Grande faculdade humana ao longo da história ( humana) – pode que exista outra - é a discriminação, com o subjacente juízo de valor. O se deparar com um indivíduo de outra tribo, concorrente direto por alimentos, por exemplo, não implicou obrigatoriamente na solução, é dizer, extermínio do outro, ou de toda a tribo. Pode que se fez cara feia, ou lançaram-se uns contra outros com berros e caretas, ou ainda pintou-se e por qual motivo não se insinuarem em processos sedutores, afinal a cooptação também é um modo de submeter o outro. Que se dava que se deu? Uma resposta fácil: aquilo deu nisso.
Discriminar com a suficiente adequação do juízo de valor foi e é um instrumento necessário – nem sempre suficiente – à sobrevivência. Seu primeiro uso e de uma necessidade absoluta é nos permitir saber: o outro não sou eu – ainda que o outro seja uma representação da minha vontade – o que significa dizer que este sempre será outro até a minha morte. Na adolescência, na esquizofrenia e em outras psicopatologias, certos indivíduos dessas classes se confundem com o outro, por mera ociosidade da vontade tendem a querer – querer este a constar: de uma “fervorosa” morbidez – ser o outro.
Salvo tais psiques em seu pathos – dificilmente curáveis - o que concerne à idade passará com o tempo, sem prejuízo das exceções para que se tenha a regra, os incuráveis adolescentes tardios.
Em rigor a discriminação evoluiu tal qual a circunstância em que se produz a vida, seja seu modelo de produção e a natureza e as atividades naturais do planeta. De outra maneira, a discriminação é intuitiva. A intuição por sua vez é o salto que se dá desde o conhecimento inconsciente. Trata-se de um salto qualitativo, longe de ser um salto no escuro, inconsciente, mas sim fruto que é de uma sabedoria primeira, anterior. Um analfabeto diante de uma oração sintática e gramaticalmente correta nada intui. A intuição implica uma sabedoria, um conhecimento prévio e posteriormente a conceptualização.
Se a discriminação é intuitiva, e a intuição é baseada em um conceito e este conceito é pré-estabelecido por uma sabedoria, dizer da discriminação: preconceito, é dizer o próprio conceito da coisa em si. Tal redundância é mais que um problema de semântica. Tal redundância está no centro de grande parte das questões atuais, tanto quando dizem respeito ao questionamento em si, quanto às suas soluções. Posto é que se o problema é mal formulado, quaisquer respostas são possíveis e desnecessárias a uma só vez
12 de out. de 2010
UMA MICA DE GUIMARÃES ROSA.
De primeiro, eu fazia e mexia, e pensar não pensava. Não
possuía os prazos. Vivi puxando difícil de dificel, peixe vivo no
moquém: quem mói no asp’ro, não fantaseia. Mas, agora, feita a
folga que me vem, e sem pequenos dessossegos, estou de range
rede. E me inventei neste gosto, de especular idéia.
Observou o porco gordo, cada
dia mais feliz bruto, capaz de, pudesse, roncar e engolir por sua
suja comodidade o mundo todo?
Como é de são efeito, ajudo
com meu querer acreditar. Mas nem sempre posso. O senhor
saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido
diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo....]
Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força,
de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por
principiar.
Esses homens! Todos puxavam o mundo para si,
para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as
coisas dum seu modo.
Senhor pensa que Antônio Dó ou Olivino
Oliviano iam ficar bonzinhos por pura soletração de si, ou por
rogo dos infelizes, ou por sempre ouvir sermão de padre? Te
acho! Nos visos...
Compadre meu Quelemém
nunca fala vazio, não subtrata. Só que isto a ele não vou expor. A
gente nunca deve de declarar que aceita inteiro o alheio – essa é
que é a regra do rei!
possuía os prazos. Vivi puxando difícil de dificel, peixe vivo no
moquém: quem mói no asp’ro, não fantaseia. Mas, agora, feita a
folga que me vem, e sem pequenos dessossegos, estou de range
rede. E me inventei neste gosto, de especular idéia.
Observou o porco gordo, cada
dia mais feliz bruto, capaz de, pudesse, roncar e engolir por sua
suja comodidade o mundo todo?
Como é de são efeito, ajudo
com meu querer acreditar. Mas nem sempre posso. O senhor
saiba: eu toda a minha vida pensei por mim, forro, sou nascido
diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo....]
Viver é muito perigoso... Querer o bem com demais força,
de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por
principiar.
Esses homens! Todos puxavam o mundo para si,
para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as
coisas dum seu modo.
Senhor pensa que Antônio Dó ou Olivino
Oliviano iam ficar bonzinhos por pura soletração de si, ou por
rogo dos infelizes, ou por sempre ouvir sermão de padre? Te
acho! Nos visos...
Compadre meu Quelemém
nunca fala vazio, não subtrata. Só que isto a ele não vou expor. A
gente nunca deve de declarar que aceita inteiro o alheio – essa é
que é a regra do rei!
11 de out. de 2010
LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Liberdade de expressão.
A liberdade de pensar, criar e escrever é constitucionalmente restringida, no artigo quinto inciso X. A sintaxe coage o ato, condicionando o texto, condicionará a noticia. E o texto receberá dos olhos do leitor uma derradeira mirada critica. A lei, a gramática e o outro. Antes destes a ideologia já aplicara seu código.
Os manuais de redação “proíbem” o uso de determinadas palavras, algumas construções, coisa que quer parecer tão-só uma cura do estilo. Normalmente não fazemos mossa. Mas vai longe e faz juízo de valores. Não é meramente cuidado estético. É também um impedimento ao livre exercício da escrita em nome da clareza.
Que dizer do tempo conselheiro da urgência e sincronicidade. Falo da urgência do texto e da nossa. E acabamos por sapecar qualquer coisa no papel,
Mal começamos a escrever e estamos rodeados de empecilhos roendo nossos melhores substantivos.
Quando venço estes obstáculos irei de encontro ao poder de policia da hierarquia funcional. Um jornal tem sua missão muito bem estabelecida, sua cultura empresarial, suas metas e objetivos a serem auferidos e suas estratégias de suporte às táticas de negócio. Ao contrário que desejamos o jornal tem uma unidade ligada a um centro de massa. A pluralidade está suspensa por canalhices várias dentre tantas a democracia. Fatos anedóticos só confirmam.
Tudo o que antecede o ato criador e enquanto perdura o fazer e seus suores, posso chamar de censura: intrínseca, interna e externa.
A gramática. A empresa. O consumidor.
O normal o corriqueiro é que o produto seja controlado em todas as suas fases. O controle de qualidade é a normalidade. O fato de não haver mais demissões revela o justo casamento do texto produzido com as necessidades da empresa e seu produto. Não sendo a demissão que aponta para a censura. Mas sim a conformidade.
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Liberdade de expressão.
A liberdade de pensar, criar e escrever é constitucionalmente restringida, no artigo quinto inciso X. A sintaxe coage o ato, condicionando o texto, condicionará a noticia. E o texto receberá dos olhos do leitor uma derradeira mirada critica. A lei, a gramática e o outro. Antes destes a ideologia já aplicara seu código.
Os manuais de redação “proíbem” o uso de determinadas palavras, algumas construções, coisa que quer parecer tão-só uma cura do estilo. Normalmente não fazemos mossa. Mas vai longe e faz juízo de valores. Não é meramente cuidado estético. É também um impedimento ao livre exercício da escrita em nome da clareza.
Que dizer do tempo conselheiro da urgência e sincronicidade. Falo da urgência do texto e da nossa. E acabamos por sapecar qualquer coisa no papel,
Mal começamos a escrever e estamos rodeados de empecilhos roendo nossos melhores substantivos.
Quando venço estes obstáculos irei de encontro ao poder de policia da hierarquia funcional. Um jornal tem sua missão muito bem estabelecida, sua cultura empresarial, suas metas e objetivos a serem auferidos e suas estratégias de suporte às táticas de negócio. Ao contrário que desejamos o jornal tem uma unidade ligada a um centro de massa. A pluralidade está suspensa por canalhices várias dentre tantas a democracia. Fatos anedóticos só confirmam.
Tudo o que antecede o ato criador e enquanto perdura o fazer e seus suores, posso chamar de censura: intrínseca, interna e externa.
A gramática. A empresa. O consumidor.
O normal o corriqueiro é que o produto seja controlado em todas as suas fases. O controle de qualidade é a normalidade. O fato de não haver mais demissões revela o justo casamento do texto produzido com as necessidades da empresa e seu produto. Não sendo a demissão que aponta para a censura. Mas sim a conformidade.
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