Trata
da condução dos hebreus, por Moisés, rumo à terra prometida desde
a escravidão no Egito.
O
ponto culminante é a subida de Moisés ao Sinai, onde recebe de Deus
os Dez Mandamentos estabelecendo a relação desse povo com Ele.
O
que significa a produção dos Mandamentos para os hebreus?
A
primeira vista é a produção autoritária da lei e a imposição
dessa lei. Por outro lado, é importante sinalizar, há simbologias;
a saída de um período de opressão, a passagem pelo mar, a criação
de uma nova ordem, o aspecto dialógico da criação da unidade.
Levando-se
em conta que o livro do Êxodo é um dos cinco livros do Pentateuco,
e sabendo que o primeiro é o Gênesis, e de toda a reiteração que
existe em todos, de todas as penalizações a todo comportamento fora
da reta, até culminar nos Dez Mandamentos; é importante notar como
comportamentos não aceitos ao longo dos cinco livros, são mostrados
sob vários aspectos, são matizados, por vezes sob voz autoritária,
outras dialogadas. Desde o Gênesis se diz que o povo não é capaz
de se constituir em si, incapaz do autogoverno, da autogestão, mas
isso vai sendo discutido, perdoado, sendo apagado do 'livro', aliás
como pede Moisés. Mas esse mesmo povo conhece o poder piramidal, o
faraó, conquanto opressor, que escraviza, ao mesmo tempo sabe da
escravidão do bezerro de ouro, e tal conhecimento experimentado ao
longo do tempo é sintetizado por Moisés, me permito pensar em
Moisés como o intermediário de Deus capaz da síntese, da
unificação das subjetividades, dos deuses, e se posso pensar em
deuses como um espectro de razões. Razões regidas por deuses quase
particulares. Moisés consegue unificá-los e simbolicamente
estabelecer os critérios de relação entre Deus unificado e os
homens; ao mesmo tempo estabelecendo os parâmetros relacionais entre
os sujeitos unos. Não se deve esquecer da experiência vivida pelos
hebreus frente ao Deus encarnado em Faraó.
Do
ponto de vista literário, Deus como personagem ausente, é tratado
em terceira pessoa, e suas falas se apresentam na forma de discurso
indireto.
Fiat
Lux, Fiat Logus, Fiat Lex.
Nesse
caso entendo Fiat Lex, como a lei constituída como a própria
constituição do povo hebreu. Mesmo havendo uma superioridade de
Deus frente ao povo, esse poder simbólico institui o vínculo, sendo
a lei o limite. Subliminarmente amalgamando autoridade, povo e
identidade numa aliança.
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