8 de jul. de 2012

A Escola dá a vida!



A Escola é um órgão do corpo social, com suas interações e ligames necessários e contingentes. Não é, por absoluto, dever do 'mestre' ser modelo, mas o é também. Diga-se de passagem, péssimo modelo, no que tange todo o 'sentido' que a vida tem no modelo social vigente, seja 'ter', e o mestre tem pouco, para não dizer nada. Tampouco o é, ninguém é, todos têm, muito ou pouco, e muitos nada! O educador é só mais um fracassado social, e como tal um exemplo a não ser copiado. Deve-se considerar contemplado aqui e acolá 'os fora da curva', por ocasião da regra. Há todo o tipo de estoicismo na educação, seria leviano não dizer, e mesmo em condições normais ( bons salários, equipamentos e condições mínimas de trabalho), o mestre, mesmo o mais 'preguiçoso' é um estoico.
Não creio em soluções alucinantes. O volume de educandos é assustador, implica centenas de milhares de professores. Por esses dias, ainda que para ser um ignorante, e saiba ler e escrever, há que se passar pela escola. Desde tempos imemoriais a escola educa, produz e se reproduz segundo o contexto a que está inserida, e não é, em absoluto, diferente hoje. Se é para ser cruel, como pede a realidade, digo: num tempo em que poucos liam dos poucos que sabiam ler, e ler, tirante as possibilidades fisiológicas, era um dos poucos entretenimentos, hoje lemos mais. Aqui, em se querendo pode-se inserir todo um capitulo a matizar a produção e qualidade do que se lê.
Salvo nas classes abastadas de antanho e famílias enclausuradas de hoje, para o bem e o mal, destas, as crianças brasileiras conhecem a vida na rua. Nos custa em demasia a rotina da organização (educar é botar em ordem, claro que há credulidades e fantasias nesse quesito) mas a organização particular, familiar e social é função educacional precípua e não dissimulada. Mesmo as classes mais médias, se isso for possível, há sempre alguém que lhes organize o apê. Ao se ler os anúncios de emprego no A Cidade, agora também às segundas, notará a suprema incidência da procura por auxiliares de faxina ao supremo auxiliar de auxiliares. Desconheço outros locais de hierarquização, tamanha, dentro da ala dos serviçais.
É aí que a porca torce o rabo, deve-se estudar para ser auxiliar de faxina ou se é auxiliar de faxina porque não se estudou? Para quem não dá bola a 'emblemas' a faxineira ganha mais que docentes do quadro funcional de Estado de São Paulo, e muito por causa disso, produzirá faxineiros, se tanto. Estudar é difícil e perigoso, exige atenção aturada, ordem e um tanto de submissão aos saberes. A boa abstração exige fundamentos, conceitos etc. Pode parecer paradoxal, mas esta dita submissão ao conhecimento nos leva à liberdade posterior, de tal modo que a liberdade excessiva na escola, a destempo, produz sensivelmente um sujeito escravizável, manipulável e, para fins menos nobres, execrável.
É aqui que estamos.


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