A Escola é um órgão
do corpo social, com suas interações e ligames necessários e
contingentes. Não é, por absoluto, dever do 'mestre' ser modelo,
mas o é também. Diga-se de passagem, péssimo modelo, no que tange
todo o 'sentido' que a vida tem no modelo social vigente, seja 'ter',
e o mestre tem pouco, para não dizer nada. Tampouco o é, ninguém
é, todos têm, muito ou pouco, e muitos nada! O educador é só mais
um fracassado social, e como tal um exemplo a não ser copiado.
Deve-se considerar contemplado aqui e acolá 'os fora da curva', por
ocasião da regra. Há todo o tipo de estoicismo na educação, seria
leviano não dizer, e mesmo em condições normais ( bons salários,
equipamentos e condições mínimas de trabalho), o mestre, mesmo o
mais 'preguiçoso' é um estoico.
Não creio em soluções
alucinantes. O volume de educandos é assustador, implica centenas de
milhares de professores. Por esses dias, ainda que para ser um
ignorante, e saiba ler e escrever, há que se passar pela escola.
Desde tempos imemoriais a escola educa, produz e se reproduz segundo
o contexto a que está inserida, e não é, em absoluto, diferente
hoje. Se é para ser cruel, como pede a realidade, digo: num tempo em
que poucos liam dos poucos que sabiam ler, e ler, tirante as
possibilidades fisiológicas, era um dos poucos entretenimentos, hoje
lemos mais. Aqui, em se querendo pode-se inserir todo um capitulo a
matizar a produção e qualidade do que se lê.
Salvo nas classes
abastadas de antanho e famílias enclausuradas de hoje, para o bem e
o mal, destas, as crianças brasileiras conhecem a vida na rua. Nos
custa em demasia a rotina da organização (educar é botar em ordem,
claro que há credulidades e fantasias nesse quesito) mas a
organização particular, familiar e social é função educacional
precípua e não dissimulada. Mesmo as classes mais médias, se isso
for possível, há sempre alguém que lhes organize o apê. Ao se ler
os anúncios de emprego no A Cidade, agora também às segundas,
notará a suprema incidência da procura por auxiliares de faxina ao
supremo auxiliar de auxiliares. Desconheço outros locais de
hierarquização, tamanha, dentro da ala dos serviçais.
É aí que a porca
torce o rabo, deve-se estudar para ser auxiliar de faxina ou se é
auxiliar de faxina porque não se estudou?
Para quem não dá bola a 'emblemas' a faxineira ganha mais que
docentes do quadro funcional de Estado de São Paulo, e muito por
causa disso, produzirá faxineiros, se tanto. Estudar é difícil e
perigoso, exige atenção aturada, ordem e um tanto de submissão aos
saberes. A boa abstração exige fundamentos, conceitos etc. Pode
parecer paradoxal, mas esta dita submissão ao conhecimento nos leva
à liberdade posterior, de tal modo que a liberdade excessiva na
escola, a destempo, produz sensivelmente um sujeito escravizável,
manipulável e, para fins menos nobres, execrável.
É aqui que estamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário