4 de dez. de 2015

Falando de Privatizações e debelar inflação.

Falando de Privatizações e debelar inflação. Talvez para se poder discutir toda essa questão, devêssemos primeiro de tudo entender o que é um banco privado  no mundo e um banco no Brasil ( desde o Brasil Império). Pois todos eles serviram ao enriquecimento, particular, dependentes do Estado, isso no Brasil, enquanto lá fora, foram instrumento de financiamento de iniciativas privadas, vide railways estadunidenses. Só pra lembrar que barão de Mauá foi à Inglaterra buscar dinheiro, ainda que sabotado pela “intelligentsia” tupiniquins. Daí que se funda a necessidade de bancos estatais fortes. Seja, o Estado ( bancos) são fortes porque é fraca a iniciativa privada, dependente, tanto quanto os mamelucos desempregados.
 Foram Fundamentais os BB, Caixas, BNDE’s etc. Sem eles os bancos privados mal conseguem financiar a safra de grãos do país. Mamam no estado, apoiados mediaticamente pela grande mídia ( via boletins econômicos e o superficialismo das análises borsateis, vide Miriam Leitão e muitos outros) e sujeitos ( aparentemente livres) que abdicaram de qualquer crítica ao sistema Financeiro nacional e ao sistema de distribuição de rendas no país. Em geral por terem uma renda proporcionalmente grande caseiramente, mais pelo ridículo das mais baixas que pela grandeza em si das próprias ( Usamericano explicam isso em vários artiguetes despretensiosos) são os ricos do bairro pobre. Voltemos ao Tema.
O país flanava numa inflação ícara, no momento que o mundo ( primeiro mundo) queria levar a cabo (carry out) o processo de globalização. Não dava para fazer isso com as inflações disseminadas pelo mundo ( vide na época Israel, Colômbia etc. A inflação foi banida desses países num passe de mágica, derretendo a cera de suas asas, pela famosa URV e toda a pressão externa ( via  Thatcher). Novamente quem paga o ajuste? BNDE’s. PROER.
Depois todo o setor de telecomunicações e informações baseadas em bits começava a experimentar uma nova tecnologia, fundada em muito poucas infraestruturas, e em muita tecnologia ( dinheiraço). Mesmo a TELESP, CETERP, etc podiam carry out este processo, bastava injetar money. Aonde estava o money? No BNDE’s. O que fez o governo neoliberal de Fernando, optou por vender. Vender a quem? A telecom Portugal. A Telefónica de Espanha e a italiana! Todas estatais. E com que dinheiro? Com o dinheiro do BNDE’s.  O mesmo se deu nas siderúrgicas. Aonde estou errado? tecnicamente, of course! Veja que não falo em corrupção, a não ser da inteligência.

P.S. As estatais extrangeiras acima citadas, estavam no mesmo patamar tecnológico que a TELESP, quiçá inferior. O diferente é que na Itália a ficha se chamava Jeton!

3 de dez. de 2015

Escola Contra o Mundo de Alckmin.

F me envia  uma fábula, via email,   e esse seu generoso gesto me anima a ser indiscreto. E contar uma piada. “ A Escola contra o Mundo” ou será “ O Estudantado contra o Educador”? F comenta ou recorda de forma ímpia o que se pode chamar de “Pedagogia do governador Alckmin ”. Paradoxo, grita alguém desde o fundo do anfiteatro, isso é um oximoro. Com todo respeito que devo consagrar ao governador, ele é muito cabeção, que testa! Imagino o Secretário da Educação preparando a visita do governador a alguma cidade do interior, aonde passará a noite,   fora do seu palácio, deva dormir em algum hotel simples, despreparado para recebê-lo, deve, o secretário, pedir para que se encham as paredes de cabeças empalhadas de professores e alunos, para  quando chegue o governador, o secretário dirá: Tudo o que vês, apontado os ornamentos, saiu, Excelência, de nossas cabeças.    

Anacársis era um Cínico.

Anacársis.


Gosto de Diógenes, por punheteiro. Mas houveram outros bárbaros, como Anacársis. Filosofo cita. Como Diógenes, franco, sincero e provavelmente o precursor dos cínicos. Incerta feita, disse a Solon, não foi a Plutarco: estou admirado com a Grécia, aqui os filósofos falam e os tolos são quem decidem. Dizem que Anacársis disse que as

Leis São Semelhantes as Teias de Aranha, nas Quais os Animais Pequenos e Fracos Ficam Presos, e os Grandes as Rompem e Escapam. .


Ernesto Cabeza de Vaca. II. Do Ataque a Nhanderequei.Cabeza de Vaca Chama Nhanderequei de NabiAbiChedi.

Ernesto Cabeza de Vaca.

Nem deus nem rei, nem preguiça nem raposa. Cabeza cometeu essa mesma tarde a ruminada diatribe contra Nhanderequei. Começou propalando aos ventos que Nhanderequei era estéril e fora feito de fungos, o culpou de os cocos seguirem a lei gravitacional newtoniana e mesmo assim não racharem depois de sua queda livre até a areia, depois chamou de Nhandiroba. Nhambiquara, Nhambu, Nhambi e de Nabiabichedi. Então, por fim, atirou em seu penacho um grão de areia, aonde estava de férias um virus de Zica. Aqui estão as afrontas em versos,
Oh, Nhambiquara, o que anda se arrastando pela terra
a quem todo mundo pisa e a mandioca enterra
se queres que te respeite como um deus
faça me o favor,
acabe com esse seu mal humor
e não vista este pretinho básico
e tenha seus quinze minutos nesta vida vã,
bote neve neste céu
acabe com esse calor
do Leme a Piatã.
Cabeza de Vaca, olhava seu anchietismo arenoso e se orgulhava da obra acabada e lembrava que o por fazer é só com deus. Assim falava Cabeza de Vaca.
Caia a noite sem fazer barulho como a pena de Galileu em Pisa, Ernesto só queria algo pra comer e dormir, mas seus planos fracassavam, aparecia um macaco e lhe roubava a banana, e o calor aumentava como a pica nas manhãs por urina e Cabeza de Vaca voltava a mergulhar. Exatamente num desses mergulhos e voltando à areia fazendo jacaré, pelado para provar que os mexilhões eram ou não afrodisíacos, Cabeza viu surgir de entre as ondas a garota do escafandro, ficou nervoso e derrubou um castelo de areia. 
 - Calor ainda muito faz – disse a sereia. Ernesto não soube quê. Pareciam uma acusação, mas para um meteorologista, egresso do Instituto de Meteorologia y Hidrologia de la U.N.Asunción de Paraguay, falar do tempo de modo superficial era difícil, como quem sabe que chove, sem saber porquê. Alem de que, estava preocupado, e todos os seus esforços se consagravam a rarefazer com as mãos a visão do membro atacado em honras a Abraão. No entanto a sereia moça se acalorava só de pensar em usar aquilo que ele escondia como fio dental, não entendia o significado da palavra pudor.- - Mãos sem nada bater as?
- É que estou na barreira, e se bater na mão é pênalti, mentiu Cabeza de Vaca, e seus olhos varavam o corpo dela, de tanto fingir não ver sua silhueta. E apesar de todas estas precauções, a coisa ameaçava escorregar entre os dedos. Houve um silêncio de mais ou menos umas três horas, como se fosse feito por deus. Cara a cara permaneceram sem se falarem palavra. Faltava mesmo era um baralho, fazer uma canastra real para matar o tempo. Por sorte a natureza não perde a hora e os raios de sol irromperam no levante baiano. Assim, Ernesto tinha um novo tema para a conversa. E como já aprendia o idioma assinalou: 
- Amanhece que pouco a viu pouco? E apontava para o levante sem mexer as mãos. A garota recuou espevitada e desandou uns passos buscando profundidade. Da parte de Cabeza de Vaca, sabemos que andava submergido num oceano de dúvidas, cavilações e desconcerto, mas a julgar pela aparência, estava com as bolas do jogo nas mãos.   

2 de dez. de 2015

Ernesto Cabeza de Vaca.

Ernesto Cabeza de Vaca.

Nascido na paraguaia Presidente Franco em meio a última era medieval brasileira, no último dia do governo Geisel, 14 de maro de 1979, no seio de uma família Caingangue, Ernesto Cabeza de Vaca ouvia desde a infância o chamado a se destribalizar e se misturar com outras tribos do continente, ainda que sua vocação de meteorologista criasse inimizades desde pequeno com muitos paraguaios da região. Caçula de sete irmãos, Ernesto foi o único a abrir caminho para o Instituto de Meteorologia y Hidrologia de la U.N.Asunción de Paraguay a base de machado e facão. Sua companheira de banco escolar, Mercedez Sosa de Alpaca, imortalizou Ernesto ao descrevê-lo como um “sutil gatuno”. Ernesto voltou para casa com o diploma de Bacharel em Meteorologia e uma confiança cega no céu que se abria a seus olhos, mas sua mãe, que sempre teve os pés na terra, o aconselhou que pegasse o canudo e o desse um uso mais produtivo. Com vinte anos completados na véspera, e sem mais bens materiais que uma palheta para viola de doze cordas, nosso herói se lança aos caminhos, na esperança de construir um honrado porvir, mas muito antes foi obrigado a se abraçar à vida bandida, para levar algo mais que vento à boca. Para se justificar, evocava as palavras de sua mãe: “Vou apoiar Ernesto sempre, ainda que em seu caminho delinqüa”. Menos condescendente foi a policia do Mato Grosso, que a grosso modo o capturou, e mais a grosso modo ainda o sentenciou a quatro anos de assaltos forçados a uma cadeia de supermercados, sob pena de morte. Uma vez restituído o céu de brigadeiro de sua existência, Ernesto alçou velas e apontou proa e velas ao vento para o nordeste. Ao mesmo tempo que mal se aclimatava ao calor da Bahia, se dava conta que a partir de algum ponto de sua viagem havia sido privado do outono, do inverno e da primavera. Mas mais que o sol, o deslumbravam as meninas em flor que passeavam pela praia, todas jovens e exuberantes, afinal, se não completaram qualquer primavera, nem em abril ou outubro, meteorologisava. Uma tarde de sol como qualquer outra, dormia seu anjo da guarda, e Ernesto viu sair do mar, estridente como uma sereia, uma mulher escultural com ar de Juliana Paes. Foi até aonde chegavam as últimas espumas da onda quebrada e balbuciou aproximadamente estas palavras ao ouvido da moça: “Desculpe, não faz muito calor para escafandro?” no que ela respondia “faz mal não, e prosseguia abaixo lá frio muito faz. Estivesse acima aqui assim oxalá. Como não era poliglota, Ernesto entendeu lhufas, mas logo em seguida, compreendeu que a moça, em versos antigos queria dizer que menos lhe incomodava o frio da água do mar que o calor ali da areia. Cabeza de Vaca anotou o suplicio da moça e jurou não economizar esforços meteorológicos para a aliviar daquele calvário, te prometo, que antes do término dos doze meses desse verão, Você vai conhecer o que é tiritar de frio numa noite de inverno, mentalmente a espetava.
Naquela noite, atordoado pelo calor da lua cheia e afetado por um inexplicável tersol. Cabeza de Vaca não conseguia descolar as pálpebras de um olho, enquanto sonhava que esquiava com aquela mulher por dunas nevadas, ela vestia um anoraque, e a profusão de roupas o exitavam, a ponto de ser atacado por um caranguejo, que com sua pinça, por muito pouco não o circuncidava, pela glória de Abraão, despertou aos berros “ um caranguejo rabínico” “ um caranguejo rabínico”! Como já ia o sol alto, começou a urdir os planos meteorológicos para fazer tremer de frio o coração da sereia vieirense.
Porque o calor dissuade o pensamento, Cabeza se passou todo o dia elucubrando saches para um aromatizador de limão sicilianos, já que cravo e canela eram o cheiro da Bahia. Ali pelo meio da tarde do dia seguinte lhe ocorria a idéia, acreditou ter encontrado a mosca branca. Ofenderia o Nhanderequei e este descarregaria sua fúria sobre a Bahia na forma de tormentas de neve.


1 de dez. de 2015

O Diabo, Entediado, Balança o Rabo, pra Cima e pra Baixo Fazendo Anotações, sobre Nietzsche.


O gato quando se sente bem com a presença humana, abana o rabo lentamente, para um lado e para o outro; o cachorro é opostamente rápido, é lá e cá, lá e cá. Já o Diabo... ah! o Diabo, no seu tédio, faz anotações sobre os animais, em particular as vacas, em Nietzsche.
... para praticar deste modo a leitura, como arte, se necessita antes de mais nada uma coisa que precisamente hoje em dia a mais esquecida... uma coisa para a se há de ser quase vaca, e em todo caso, no homem moderno: ruminar...”
F. Nietzsche, A genealogia da moral.



Plebe arriba, plebe abaixo! Que significam hoje ''os pobres'' e '' os ricos''? Esqueci essa diferença , e por isso fugi para longe, cada vez mais longe, até que cheguei perto destas vacas.

Cobiça, lascívia, inveja, soberba, rancor amargo, orgulho plebeu: tudo isso me foi atirado na cara. Não é verdade, já que os pobres são bem-aventurados. O reino dos céus está hoje entre as vacas.



    Colocamos nossa cadeira bem no meio – isso diz seu sorriso satisfeito – e a igual distância dos gladiadores agonizantes e dos porcos divertidos (...) Mas isso é... mediocridade, ainda que se diga moderação” ( essa é do caralho, que é um animal com o corpo preso a um bosta).


Assim falou Zaratustra.

Ão e sua Arcana Sabedoria..

Se minha geração foi um animal, foi o burro, e fui um burro empacador, assim que soube o que é apanhar como burro empacador, apanhei mais que um burro empacador. Recordo muito bem uma bordoada que levei no lombo do Humberto T., que quase me deixou socrático como uma vaca, Humberto, em si um sujeito asnal, tinha o sobrenome de ilustre radialista ribeirão-pretano chamado Wilson, que passou a vida, a zurrar, a dar porretada a torto e a direito, nos políticos da cidade, sendo um deles, não me lembro que tenha se auto-flagelado. Sendo isso uma outra história, digo que todos sabem que tenho um gato, se não sabem, que saibam agora, e se chama Ão. Que domina imperativamente em minha afetividade felina. Custaria muito viver com dois. Uma olhada gatuna carrega suficiente enigma para mim. Com frequência Ão vem se sentar a meu lado, sobre esta secretária, donde escrevo. As vezes, decide se tombar diretamente sobre o teclado do computador e se irrita de verdade se o aparto, com o quê, se o que tenho a dizer é urgente, como tudo que que tenho a dizer é urgente, fico invocado, como diziam os bonfinenses que foram burros de carga como eu, dou uma bronca, da qual não saio sempre ileso. Mais de uma vez, me perco em seus olhos, com a suspeita de que insinuam alguma sabedoria arcana, que me é completamente indecifrável, mas creio que tem a ver com o passar do tempo.
Suspeito que quem escreveu o prólogo de um Sêneca, que suspeito não ter lido, senão que houvesse ao menos uma vez decifrado a mirada de Ão, mas vejam o que escreve quem escreve: “Indubitavelmente, o descobrimento do tempo não pode ser verificado mais que em um momento negativo dentro da própria vida, no qual estávamos enchendo alguma coisa e a perdemos: o tempo é a substância da nossa vida e por isso está a ela subjugado, como fundo permanente de tudo o que vivemos; descobrir esse fundo tem algo de queda, que só acontece em estado de angustia, desengano e vazio. Descobrir o tempo é descobrir o engano da vida “ .

Leio o texto em voz alta para Ão, que se lambe parcimoniosamente, e deixando de vez em quando que me atinja um olhar sesgo.