15 de jan. de 2015

Dados.

Dados!


Não se deve esquecer que por trás da violência de signo islâmico, subjaz a longa e histórica luta entre sunitas e xiitas, para conseguir a supremacia religiosa, e portanto o poder político naqueles territórios onde se rende culto ao profeta Maomé, e se puderem estendê-lo a novos domínios, amariam. Por estes dias os estados que disputam esta hegemonia são a Arábia Saudita e o Irã dos aiatolás. Por trás do denominado califado islâmico (sunitas) que controla territórios da Síria e Iraque e recruta mercenários nos bairros de imigrantes muçulmanos das periferias de capitais europeias, se suspeita do suporte de alguns dos emirados do Golfo. Por outro lado é conhecida a proximidade do regime teocrático de Teerã com o Hezbollah no Líbano e com o Hamas em Gaza. Pode-se dizer que Boko Haram, o grupo terrorista que sequestra e mata na Nigéria, tem como objetivo proclamado: impor a Charia ou Sharia, a lei Islâmica, naquele imenso país.   

14 de jan. de 2015

O Abuso.


 Diz o dicionário: 
"1. Mau uso.  2. Uso excessivo. = EXCESSO 3. Desmando, desregramento
4. Agir de forma a servir apenas os próprios interesses,mesmo se 
prejudicando a outrem. dicionário online Priberam"


O abuso tem a ver com os limites.
Sempre ultrapassando os limites que dita uma moral comum. Geralmente para arrebentar com  a bolha de liberdade do outro em benefício da liberdade própria. Uma imposição. Uma vergonha.
O abuso está enraizado nos rincões mais profundos da alma de todos nós. O instinto nos impele, caladamente ou aos gritos, que façamos uso do poder que temos às mãos. Assim podemos ver nas crianças, que descobrem aos poucos meses de nascer, o poder das mãos e dos golpes e dos gritos, uma tendência que jamais a abandonaremos por completo e que a razão somente a mitiga com o passar do tempo. O abuso.

O abuso está em todos e em todos os lugares do mundo, por não faltar ali abusados e abusadores. O abusador explora a desrazão para impor-se. Abusar nos escapa ao juízo e portanto inunda todos os campos do cérebro do que sofre o abuso massivamente e ali demora-se. O abuso é lento para esvair-se e jamais desparece de todo, e ali cava e cava até a morte. O abuso. As suas ações, são tão absurdas, tão injustificadas, e procuram  e encontram com facilidade espantosa argumentos, escusas, para ser, para manifestar-se e perpetuar-se. O encontramos no trabalho. Nas grandes empresas. Nas pequenas. No governo. Na oposição. O abuso. O abuso é parte natural do exercício da responsabilidade, da hierarquia,  onde frequentemente as fronteiras são definidas pelo código de ética de cada um. A ética. A ética, essa massa sem forma que se amolda a cada circunstância, seja por lixo ou crianças. Depois de uma vida recebendo, igualmente se acaba por encontrar um modo de devolver. Por muito que busque, não encontro pior expressão de sujeira e brutalidade na natureza humana que aquele que abusa do fraco. O abuso. 

Liberdade de Non Expressão.


Conhecido principalmente pela sua teoria da sociedade do risco, que considera a atual distribuição dos riscos incapaz de corresponder às diferenças sociais, econômicas e geográficas, próprias da primeira modernidade, e em condições de impor novos perigos disseminados em escala global e de mais difícil controle, o sociólogo alemão Ulrich Beck, disse em algum lugar que se quisessem saber como seria a Europa do futuro, bastaria olhar para o Brasil. Garante que a crise 2007\8 e que dura, botou um peso na balança, desequilibrando o poder no mapa político.
De outra, prospectivamente diz que os novos objetivos – europeus – são conseguir um novo contrato social, de modo a afastar a catástrofe anunciada, e fugir do atual “monstro político” - a Europa alemã – Alemanha, que também caminha para a decadência, pela inviabilidade das suas fronteiras abertas, as suas normas relativas à qualidade dos alimentos e do ambiente, a liberdade de expressão e de imprensa, as suas universidades ligadas em rede e cooperando entre si, a relativa fluidez do mercado de emprego...
Assinaladamente há uma diferença fundamental entre liberdade de expressão e de imprensa. Gerada pela separação entre Sociedade Mediática e Sociedade Civil, esta também enunciadora. Aquela representando interesses próprios, ocasionalmente e aparentemente representando a sociedade civil, mas sempre com interesses próprios. A expressão mais simples da Liberdade de Imprensa é propagandística, se antes ficava claro o que era propaganda e notícia, hoje está claro que tudo é propaganda – há que se dizer, por força de ilusões, que nem tudo é pago em moeda corrente, havendo um intercâmbio “natural” com as várias formas de poder - . Pois é notório, que Sociedade Mediática é sem sombra a dúvidas um conjunto de empresas e corporações cuja mercadoria única é a opinião disfarçada de informação. Longe vai o tempo em que a informação era a mercadoria principal, nos dias que correm as únicas informações ''puras'' – no sentido de isenção de auto interesse – estão no âmbito policial e da fofoca, e fatos corriqueiros do cotidiano mais mundano. Por isso não sabemos a realidade, por exemplo, da questão energética ligada ao petróleo – no âmbito meramente informativo -. Sabemos que a Petrobras perde valor nas bolsas de valores, no entanto esta informação é passada com o vínculo – quase único – da corrupção, e é claro, que não pode ser afastado; no entanto, a crise “energética” é global e o excesso produtivo proposital – crise esta a propósito dos riscos perpetrados pelo próprio sistema, na visão de U. Beck –, sendo que pouco sabemos dos seus reais motivos e propósitos geopolíticos. Por outro lado à Sociedade Civil enunciadora, não legitimada pelos poderes mediáticos “legítimos”, cabe o papel de caçadora de conspirações.


Assim a Liberdade de Imprensa, diria, funda-se na liberdade de não-expressão, negando à sociedade civil as informações reais.

Conto de Carinho

Faz muito tempo, na encruzilhada de um verde vale, ao sopé de uma montanha, havia uma vila feliz. Todas as pessoas eram felizes. As crianças e os jovens nas escolas. Os adultos no trabalho. Os idosos com seus entes queridos. Os animais de estimação eram estimados. Entretanto, não sabiam que eram vigiados, desde o cimo da montanha, por uma megera. Uma bruxa má. Ela descia à vila  disfarçada. Queria saber o porquê de tanta felicidade. Se esgueirava pelos quintais. Ia se perguntando: Por quê? Foi então que viu, todos se faziam carinho. Astuta, percebeu que havia inclusive um modo de fazer carinho. A avó com sua mão quente massageava os ombros de seu neto, percorrendo lentamente de omoplata a omoplata, escorregava um tiquinho abaixo pela coluna, subia até a nuca. Se esgueirava e via no banco da praça as pessoas se acariciando. Ela queria dominar a vila, mas não via possibilidade para suas maldades, porque ali não havia pessoas carentes. Um estranho procurava outro estranho e se acarinhavam. Desabotoavam a camisa, e deixavam os ombros nus. O outro com a mão quente, começava a massagear. Logo um jovem, que passava, oferecia carícias a uma jovem, a mulher dizia ao marido, da sua labuta, e ele dizia da sua labuta e se acariciavam com suas mãos quentes, e assim iam vivendo, felizes.
A bruxa voltou ao topo do monte, e pôs-se a traçar um plano para acabar com aquela felicidade. No outro dia voltou à vila e fez correr a notícia de que as carícias poderiam acabar, se eles continuassem a fazê-la com as mãos. Ela dizia que gastava e com o tempo já não funcionaria. Todos ficaram com medo. Muitos exitavam em acariciar. E começaram a poupar carícias. Guardavam para algum momento especial. Para pessoas especiais. E a vila foi entristecendo. Eles queriam se acariciar uns aos outros, mas tinham medo que acabasse. Houve, no entanto, os que perderam o medo e pouco a pouco voltavam aos carinhos. Quando a bruxa voltou, viu que já não eram tão felizes, mas viu também que a tristeza ainda não era suficiente. Conversou com as pessoas, e ouviu deles que sentiam falta de acariciar. Subiu a montanha ruminando planos. No dia seguinte desceu à vila e foi ao mercado expor a solução para aquele problema, era um carinho de silicone, muito parecido com a palma da mão, e que se as pessoas se acariciassem com aquele carinho de silicone, não haveria problema de o carinho acabar, todos correram as suas casas e voltaram com o dinheiro para comprar o carinho de silicone, e felizes se puseram a acariciar com ele. Logo eles perceberam que o carinho de silicone não funcionava como antes, com o carinho feito com as mãos. Mas não poderiam fazer carinho com as mãos porque acabaria. Sempre atenta, um dia, a bruxa desceu a montanha com uma solução ao carinho de silicone, era o carinho de plástico. Era mais frio que o carinho de silicone, mas era mais liso, dizia ela, escorregava mais, e não precisava lavar tantas vezes, para retirar óleos... todos compraram o carinho de plástico, e cada dia mais se acariciavam, lavavam-no e guardavam sobre alguma estante. Cada dia estavam mais tristes. Então logo aparecia carinhos de plástico de variadas formas e cores. Se animavam bastante e voltavam a comprar carinhos, andavam pelas ruas e exibir seus carinhos de plástico multiformes e multicoloridos. Davam nome aos carinhos e iam se entristecendo. Logo se cansavam das cores e das formas dos carinhos de plástico... atenta desde seu posto elevado da montanha, a bruxa via seu intento funcionando bem, astuta se dava conta da necessidade de inovação do seu produto, misturava suas mandingas, desenhava sobre cinza seus projetos, e com duas palavras mágicas tinha um novo carinho para o mercado, o carinho de inox. Brilhante. Sem um risco miúdo que fosse. Era tanto polido que se podia nele se mirar. O mercado entrou em alvoroço. Nem com todo seu poder de produção dava conta á demanda. Houve quem furtasse o carinho de inox a outro. Os carinhos de plástico e de silicone emporcalhavam as ruas e as praças. Quando todos haviam adquirido o carinho de inox, ela descansou. Todos se olhavam no carinho de inox, se acariciavam, levavam um trapo para poli-lo, e o dependuravam no pescoço. As pequenas indústria da vila, inventavam capinhas para o carinho de inox, polidores. As pessoas seguiam o manual de uso, e cada vez menos, passavam o carinho de inox nos ombros uma das outras, para não gastar, porque custava muito dinheiro ter um carinho de inox. Era frio. Mas quase já não se lembravam da mão acariciadora. E as relações cada vez mais perturbadas. A tristeza logo se instalava. As crianças choravam. Os idosos abandonados. Os namorados ensimesmados. A tristeza, o desamor, o ódio, tomavam conta da vila. A bruxa desde o cimo da montanha, ria em derrisão. No outro dia quando a viram descer a montanha com muitas caixas sobre o ombro, todos a foram esperar no mercado, faziam fila. Muitos reclamavam do carinho de inox. Eu tenho a solução disse ela. E todos aguardavam com ansiedade, ela falou que já não funcionava mais o carinho que passa pelos ombros, agora os apresento um carinho definitivo que todos vão amar... e então diante dos olhos arregalados de toda a gente da vila ela exibiu um prego cintilante, com a ponta mais aguda que uma agulha, e disse espetem nas costas uns dos outros e todos avançaram sobre o novo carinho, o carinho prego.



Não me lembro quem me contou esse conto, nem era assim, era parecido com isso. Foi na época da Filô. Década de 80.

12 de jan. de 2015

Cinismo!



Ontem postei esta  charge ao lado, primeira página do Charlie Hebdo. 


Dizia no cabeçalho, que era “Ótema”. “De banheiro de rodoviária”.




 Foi só o que disse. Alguém tomou o mau gosto - que enunciei - como defesa de Jijadistas. Não era, absolutamente, a minha intenção, minha crítica era tão só estética, se tanto, mais não era, que um sarro aos mortos desenhistas.

Sou definitivamente contra a pena de morte. E o acontecido foi uma execução penal. Cujo crime foi o de fazer críticas a um sistema pela via satírica.











A charge que postei tem sabor a banheiro de rodoviária, ou qualquer banheiro público, onde se escreve, desenha e se deixa o número do telefone dizendo que tem o pinto grande. Entretanto o cinismo e o mau gosto ou não, não está exatamente na charge, o mau gosto e o cinismo estão na vida real, a charge só os condensa.


Se alguém faz mal aos árabes não é o humor, é a realidade. Esta é passível de discussão. Mas demora um ano para se fazer bem feita.

11 de jan. de 2015

Não Existe Álibi.


Não existe amor verdadeiro, religião verdadeira, humano verdadeiro, humor verdadeiro... existe amor, religião e humor real. Tudo obra de humanos reais. Os europeus em geral e os franceses em particular menosprezam o que não é Europa, e no confronto, o que não é o seu país, o seu umbigo. Diferença conosco não europeus? Eles tiveram muito poder, continuam a cagar regras civilizatórias. Nós... já se vê. O comportamento do sátiro reflete esta civilização. Os Jihadistas estão a matar muito dos seus vizinhos, religiosamente. Quem armou essa gente foi o ocidente (civilização); armou para que usassem essas armas entre si, de modo que o ocidente tem culpa do desequilíbrio, escasso, no oriente; seja qual for o mote, petróleo, geopolítica, o escambau. Os árabes migram como muitos povos pelo mundo, como já faz tempo. Uma das maiores cidades portuguesa em número de habitantes, seria Paris, da mesma forma que há mais árabes na França que uruguaios no Uruguai. De tal forma que nem país verdadeiro existe. Existe a França real, com portugueses, árabes, russos e todos são menosprezados, ademais como menosprezam, em Paris, qualquer sujeito francês de outras províncias, e em nenhum outro lugar o provinciano é levado tão em sério, um nada. Se o provinciano francês é assim tratado, imagine os imigrantes. É uma característica francesa, europeia. O problema é que isso não se restringe intramuros, desde sempre querem exportar, de qualquer modo, sua civilização. Nós, sul-americanos não damos muita bola, particularmente os brasileiros que de bom grado, inclusivamente os queremos imitar, noutros tempos inclusive a língua que todos queriam aprender era o francês. Os norte-americanos vão a seu modo, ficaram tão poderosos que se lixam pela Europa (civilização), e fazem o mesmo, ainda que europeus e norte-americanos difiram enormemente entre si. Entretanto, os árabes têm uma história poderosa, a civilização árabe foi muito poderosa, talvez tenham sido o berço da civilização grega. Grandes guerreiros. Grandes matemáticos. Grandes arquitetos. Alhambra em Espanha é uma amostra grandiosa, do que fizeram na península, um dos seus últimos feitos, foi permanecer oito séculos na península ibérica, tanto é o nosso português tem uma infinidade de palavras com origem no árabe, Cervantes do cavaleiro da triste figura, viveu muito tempo entre os árabes. Têm orgulho para ser ferido. Somo que a religião os perverteu.
O mundo nunca viveu em paz. Assim que devemos sempre pensar, que estamos sempre em guerra, grosso modo, de vizinho contra vizinho, assim, a guerra entre países jamais terminou. Os chamados períodos de paz, são exatamente o de preparação para a guerra. Os Estados Unidos da América fazem hoje o que fazia Atenas a Cidade Estado, antes da guerra do Peloponeso, administrar diferenças, criar diferenças, inculcar agressões. As ligas, como a de Delos, são repetidas hoje como Otan, Nafta, Mercosul e por ai vai. Atenas era tão poderosa capitaneando a liga de Delos frente aos Persas, como é o mundo ocidental, capitaneado pelos EUA frente aos árabes herdeiros da Pérsia.

Culpar a religião pelos ataques terroristas é o mesmo que culpar Zeus pela guerra de Troia, afinal foi nas bodas que ele arranjou que Paris levou Helena. 

10 de jan. de 2015

Religiões.



Deus é nada mais nada menos que o reflexo especular dos humanos que nele creem e ou o inventam. Analisando, ainda que superficialmente, é fácil reconhecer as religiões da antiguidade. A um observador rarefeito de preconceitos, é evidente que os antigos, adorando seus deuses, se adoravam a si mesmos. Vejam Zeus, deus dos raios e trovões, luxurioso e vingativo. Afrodite, pra se ter uma ideia é dai que vem afrodisíaco, era a deusa da cópula, se concebia uma ninfômana que se deitava com todos. Ares, deus da guerra, o seu mundo se resumia a guerra e a violência.
Dionísio, sempre dado a carraspana. Desta mínima mostra podemos deduzir, sem dificuldades, que os gregos amavam o sexo, a farra, a cachaçada e adoravam um quebra-quebra. E nisso não eram em nada diferentes de outros povos da antiguidade, nem de nós mesmos, talvez a diferença é que os deuses se manifestavam de modo transparente, nada parecido aos do momento.
Coisa curiosa, isso das religiões, e o que direi vale para todas. Com independência da sua verdade, isso é, da existência ou não de Deus, as religiões têm uma grande utilidade social. Desconheço alguma que não proíba o assassinato, que não proscreva o roubo e não obste a mentira, e que não recomende moderação quanto ao sexo, comer e a avareza. Neste aspecto, a moral das religiões não faz outra coisa senão reforçar, com a força da fé dos crentes, aquilo que os costumes e as leis recomendam, e vetam aquilo que as leis proíbem. Assim mesmo, as religiões, ou se preferir determinadas interpretações históricas, favoreceram ações literalmente contrárias aos seus princípios declarados. Em seu nome proíbem outras maneiras de culto, perseguiram discrepantes, executaram seus críticos e burladores. Simplificando, podia dizer que em nome do amor, da salvação e da felicidade eterna se provocado muita dor.

A religião, em si, tem culpa? Estou tentado a dizer que se lhe atribuímos determinados benefícios, temos que lhe imputar malefícios. No entanto, não esqueço, que são os humanos que as inventam. Não é a fé em si, senão o fanatismo – e fanatismo em geral é criminoso – que tem a culpa.