9 de jun. de 2016

Cristofobia


Antes de mais nada, sou muito favorável a causa LBTG. Gosto de pensar livremente e me expressar da mesma forma, e tentar ir alem da aparência, que é o dogma deste meio, (FB), pode me chamar pseudo semiótico, e assim ( semiótica mente) pensando a cruz é o logotipo da igreja católico romana e seus dissidentes, que entre outras, queimou muita gente, porque tiravam do centro das questões humanas Deus, colocando o homem, botavam a terra para girar ao redor do sol, e este do centro do universo. Dito isto, digo que a cruz é o logotipo de uma empresa que pratica o contrário do que promete. Com seu calendário em looping, a Igreja faz nascer e crucificar seu messias, enquanto seus membros fazem i que não vem ao caso, mas que em suma, nada tem a ver com a mensagem principal do senhor Crucificado. Entre outras a cruz não vai deixar de ser uma melancia no pescoço enquanto alegoria publicitária, a mesma que usa o boticário und konsorten, os beijos de novela, um Maomé dando o rabo, uma modelo feminino insinuante ao lado de um carro a venda, uma hipérbole linguística, ou ainda o famoso "mais maior", ou no teatro( blackface) o ator branco pintado de preto. Todos os sintagmas citados acima têm por objetivo chamar a atenção, e todos não suportam um olhar mais de perto, seja o machismo das propagandas de veículos, o racismo do blackface, a questão errática gramatical, etc. Todos são enunciados que encontram enunciatários, estes com suas bagagens culturais e vida, o enunciado sempre será um conjunto de vozes ( quando dizemos: Jóia, entre outras pode se entender, legal, bacana) que falam pelo enunciador que antes de mais nada não é solitário criador do enunciado, s cruz tem história de 2000 anos, depois existem os ruídos físicos, sociais (culturais) e psicológicos, como já disse acima, de quem recebe a mensagem ( enunciatário), não creio que seja assim tão fácil atacar ou enobrecer quem se indigna ou louva a mensagem! A não ser por dois fundamentalismos, o dos que pregam uma verdade e o que despregam estas verdades

8 de jun. de 2016

Prefiro o Bosque Municipal no lugar dos vereadores.

Alguém consegue imaginar um debate na câmara municipal de sua cidade para pensar
Novos modelos comerciais?
Novas tecnologias e tudo que isso implica, educação, logísticas, materiais, tributos...???
Mobilidade Urbana além de licitações descaradamente de cartas marcadas?
Gestão da água, além da simples privatização, aonde se ganha propina?
Gestão de energia?
Gestão de esgotos?
Gestão de lixos sólidos, hospitalares?
Gestão de Parques e Jardins?
Pois eu não, a câmara de Ribeirão Preto estaria mais bem servida se fosse composta pelos animais que temos presos no Bosque Municipal.

6 de jun. de 2016

dedo de Galileu.

O dedo de Galileu.


Dos vinte, Anton Francesco escolheu o dedo pai-de-todos – dedo médio - da mão direita para expor como relíquia profana; relíquia orgulhosamente profana e provocativa e irônica. E não se pode ponderar a coisa, dizendo que Anton não conhecia o significado do gesto que estava imortalizando, porque é um gesto herdado dos romanos. E ai está.aqui está.  O pai-de-todos da mão direita de Galileu, a se rir do mundo, no Instituto e Museo di Stória della Scienza de Firenze. Ele, que cria que deus havia criado o mundo com a linguagem das matemáticas, que seria o autêntico verbo-divino, nos deixou esse impertinente legado. Depois de tanto botar em questão o geocentrismo, para acabar no gesto antropocêntrico e falocrata que se pode imaginar.  

Abû Bakr Muhammmad inb Zakarya Al-Râzî.

O persa Abû Bakr Muhammmad inb Zakarya Al-Râzî, pode dizer Zacarias, ou Rasis,  (morto em 930, se bem que na wiki ele morreu em 925, ), que não era exatamente amado pelo Islã, começa assim seu Medicina espiritual: “ Deus, louvado seja o seu nome, nos deu a razão para obter com ela, tanto do presente como do futuro, os melhores benefícios que possamos conseguir; é o melhor dom que Deus nos deu (...) Devemos aos apoiar nela para tudo e julgar com ela todas as coisas. Devemos atuar segundo o que ela nos manda fazer” . Mais tarde ele sustenta: “às vezes é preciso beber algo para dissipar as penas”.
Ergo minha taça num brinde a Zacarias.  

4 de jun. de 2016

Não faço liquidação dos meus sonhos.

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Há duas tragédias na vida. Um é a não realização de um sonho, um desejo. A outra é a realização.
Isso contradiz nosso velho ditado, “Mais vale um pássaro na mão que dois voando”. Que em resumo diz que mais vale ter que desejar. Ainda que essa contradição seja mais aparente que no contexto que a senti mais vezes, isto é, quando falamos de quilos a mais que se acumula  na barriga e na bunda. Quem procura consolo dos excessos que pratica diz que vale mais ser gordo que desejar ser magrela.
Em qualquer caso o que vale mais ter ou desejar? Na literatura há muita narrativa, e muita tragédia, sobre o tema. Em muitas se faz evidente que o desejado é mais prazeroso que o possuído.(Primo Basílio te recorda algo?). A pessoa amada, botemos o dedo nessa ferida, é sempre melhor antes do casamento, sobretudo antes da convivência, antes de decidir quem descerá o lixo, quem troca a fralda, quem limpa o banheiro, quem estende a roupa da máquina… Se poderia dizer , de alguma maneira, a realidade destrói o sonho.
Pra acabar com o pequi, digo que todos os noivados, namoros que acabam num altar de uma igreja, num cartório ou numa juntada de trapos, acabam bem. A reviravolta começa na Lua de mel, o primeiro a acabar, o Mel. 

3 de jun. de 2016

Me cai como uma luva. Nora, Joyce, Lacan, Kant, Eu, Matilde, Neruda, a Ex e Heineken em vez de Heidegger.

Me cai como uma luva. Nora, Joyce, Lacan, Kant, Eu e Heineken em vez de Heidegger.


Certa vez, minha mulher, digo ex, me flagrou olhando para uma moça que tirava cravos de seu namorado. Eu estava enfiado naquilo, perdido mesmo. Aquilo me fazia lembrar o poema de Neruda, aonde ele que tantas, no poema, mulheres tivera, não pode carregar nos braços, Matilde, quando ela desfalecia. Pois nunca ninguém me espremera cravos. Foi ai que ela me disse algo. Dei de ombros. Ela teve sorte, e eu tinha sorte, pois naquele momento ela ainda espremia meu berne peludo. Ela me caia como uma luva do avesso.
Tem uma coisa essa história das luvas do avesso. Você vira ela do avesso e a veste na mão trocada. Isso tá em Kant, mas quem lê Kant? Afinal para que serve essa história da luva? Bem, pode ser que alguém virado do avesso me caia como uma luva. Não inventei nada disso, estava lendo Lacan quando essa história da luva apareceu. Ele, Lacan, está interessado em saber se James Joyce é louco. Ou até que ponto ele não é louco. Lacan desconfia que Joyce pensa que é Cristo, o Redentor. Não é por nada, posto que um de suas personagens mais conhecida, Stephen Heroe, Dedalus é o próprio Deus. E se confundem com Joyce. Mas Lacan tem suas dúvidas. Numa confusão dos diabos ele tenta me explicar o real e o verdadeiro. Para mim, num determinado momento, me parecia que o real fossa a linha e o verdadeiro o novelo, mas logo passou a ser justo o contrário. Como prosseguir? Não sei. Digo que fiquei abestalhado. Li dois parágrafos mais, e foi como se estivesse lendo Hegel em alemão, língua que não domino. Foi daí que tirei que deveria lutar com o que tinha de conhecimento, seja, a ignorância. Então viajei na maionese. Depois voltei. E ele, Lacan, vasculhava as cartas amorosas que Joyce escreveu para Nora, sua mulher. Eu já li algumas dessas cartas. A maioria é pornográfica. Algumas são eróticas. Ele ficava puto da vida cada vez que Nora engravidava. Porque não dava para fornicar. Nora é quem é, a luva virada do avesso, do direito ela não tinha nada a ver com Joyce.

Ontem, por ocasião de um café na Única.


Ontem à tarde Cidão e eu fizemos uma boa caminhada por Ribeirão, que acabou na Única, uma velha casa de café de coador, o mais antigo da cidade, mas que nem na velhice aprendeu de fato a fazer um bom café. Falávamos, mais ele que eu, sobre os bares que ele gosta, quando entraram dois jovens advogados, soube depois, antes me pareciam corretores de habeas corpus. Se acotovelaram ao nosso lado e começaram a discutir sobre Olavo de Carvalho sem jamais chegarem a um acordo. Para um era um gênio, para outro mero provocador. Para minha surpresa se dirigiram a mim, para que fizesse de juiz. Que Você pensa de Olavo de Carvalho? Depois de identificar quem pensava que Olavo era um mero provocador, lhe perguntei se seu amigo era gente boa. “Uma pessoa magnifica” me respondeu. “A melhor que conheço”, somou com firmeza. Nisso está a chave de tudo. Eu disse. As boas pessoas muito frequentemente são péssimos leitores. E todos saímos a cagar de rir.