só vou te contar um segredo
não nada,nada de mal nos alcança
pois tendo você meu brinquedo nada machuca nem cansa. fulgaz, Marina.
não nada,nada de mal nos alcança
pois tendo você meu brinquedo nada machuca nem cansa. fulgaz, Marina.
Normalmente, contam-me
coisas que já sei, mas as vezes no meio da conversa aparece um
detalhe, novo, um perdigoto, um lapso de linguagem, um sem querer,
que recolho com cuidado, como se fosse um coração
pulsando fora do peito, carrego-o com carinho, até o novo
dono. Não se pode desperdiçar nenhum detalhe das
conversas, não desperdiço, porque não se sabe se
se converterá, lá à frente numa ponta de um
novelo que se pode ir puxando, puxando. As vezes, e isso é o
mais desesperador, me contam coisas com a condição de
que não as conte a ninguém. Sim, digo que sim. Ouço
em silêncio. Me emociono. E calo. Para sempre. Normalmente,
isso que tenho que guardar, é aquilo que daria verossimilhança
e intensidade a um relato, e tem que ver, claro, coma as coisas
humanas dos que compartilham com os demais humanos. Tenho o quintal
cheio de buracos, nos quais enterrei meus segredos. Está se
tornando um campo minado, mas a alguem tenho que dizer o que me calo,
para que não me expluda.