24 de out. de 2015

Cargo em Comissão.

Inda pouco lia uma coluna do Estadão, que a miúde expunha a quantidade de cargos em comissão do governo petista. Conclamava o jornalismo a tratar mais intensamente tal descalabro. Quando o PT assume o governo federal, tais cargos, seu número, rondava a casa de 30.000. Excessivos me parecia, me parece. Porém, aumentaram, um excesso do excessivo. Deveríamos discutir isso. Particularmente, não sei qual o número razoável, enfim necessário. Mas há o excesso. Há o excesso por toda  parte. Em Rincão, Guatapará, Bonfim, em Ribeirão, Campinas, São Paulo capital, São Paulo estado, Brasil.
Tive um colega que chamarei de Ulísses C., que formava parte do governo FHC, em Brasília, num tempo que ainda se podia dialogar. Me disse Ulisses, que muitos dos quase 30.000 cargos em comissão que como ele deixavam Brasília, não tinham para aonde ir. Como ele, muitos professores universitários, haveriam de voltar à
cátedra, depois de longos anos ausentes. Não durou dois meses essa inquietação do matreiro Ulisses, pois logo elaborou um projeto que foi encampado pela ALESP, e com a verba disponível, não teve que voltar aos sofrimentos de lecionar na Unicamp. Assim muitos foram se encaixando pelo estado paulista e mineiro afora, já que lá governava Aécio. E que com a derrota em MG, também tiveram que buscar o que fazer em governos da sigla. E de.fato isso acontece, são profissionais dos partidos, que perambulam pelos municípios, estados dando um pitaco aqui outro ali e se forrando. Quanto dessa gente prescinde um governo, não saberei dizer. Aqui em Bonfim conheço um engenheiro, amigo da infância, dizemque “trabalha” no DAERP, e que teria sido “colocado” lá pelo João G. Sampaio, e de lá nunca mais saiu. E nunca o viram na  na lida e logo se aposentará. Como um outro que, também, “trabalhou” na autarquia e já se aposentou, e a boca miúda tem a  vã glória de dizer jamais haver trabalhado. Diz que ia, sim, “ picar o ponto “ tomar um café e de lá ia para o café Única, vender uns lotes. 

20 de out. de 2015

Flores Baldias.

Flores baldias.
O mal da política é o mal do indivíduo, incertamente. A nossa consciência se situa e se crê, rapidamente, proprietária do seu eu, de tudo que rodeia, e um pouco mais além. Possuímos por natureza, instintivamente,  como com afã defende seu território, os animais, as vezes a custa da própria vida. Animais que somos, o sujeito tem o que tem e inerte tende ao imobilismo.
Não vou mostrar como, mas por esse caminho, chegamos à Direita e à Esquerda. À Política.
Uma arte de mudar fachadas, porque no fundo não muda nada.
Se nos lembrarmos dos discursos dos principais candidatos da última ( pode ser da próxima) eleição, estava e estará lá este imobilismo, este mal. Uns reclamam a reforma da constituição, que não se produziu, e nem se produzirá, outros querem a volta das boas maneiras, seus símbolos, se tanto, mas é isso, outros querem que as vaquinhas desgarradas voltem ao rebanho. Há claro, os que querem dinamitar o poder, a velha política, evidente, desde os parâmetros tradicionais. Pode se ver que desde a velha hierarquia partidária, e idéias liberais - econômicas - do século XIX em pleno XXI. Outros sempre terão a Marina, esse Paris tropical.
O discurso contra a corrupção é corrupto per si. Prevarica só em pensar. Mecanismo anquilosante de plagiar e se repetir até a insana insaciedade. Fazendo força vejo aparecer um  líder novo, que é clone de um velho, conclui pela ignorância que é a perna longa do silogismo. 

15 de out. de 2015

Desdicionário:

Patetismo: comportamento de quem vê pela primeira vez um belo par de seios.
Microchip, o resto de um saquinho de Elma chips
divulgar, expressar-se de forma grosseira.
Analógico, pensa de forma anal,
Analogia, confundir o cu com as calças.
Bons propósitos. Tem vida bem mais curta que os maus, a propósito
Ácaros, que por incrível que pareça, são de graça, deveriam se chamar Ádados.
Milagre, Em Aparecida do Norte não tem farmácias.
Arizona, Casa da luz vermelha do Ari.
Cuscus, isso mesmo, com eles, mas cada um com o seu
Funcionário. Ao contrário do que possa parecer não funciona.
Taquicardia, batimentos acelerados do coração diante de visões do paraíso.
Tutu. EuEu!
Diagnostico, agnóstico de pai e mãe.
Perder a vida, sem nunca perder a chave.
Arbitrariedade. Tática do Corinthians.
Livre arbítrio, apita ou não apita, se quiser.
Biodiversidade, quanto mais diminui na natureza, mais aumenta no supermercado.
Parênteses, interromper a tese de um parente.
Saudita, sal já comentada,.
Persiana, enrolação tipica dos iraquianos.
Reciprocidade. Duas pessoas insolentes a falar mal um da cidade do outro.
Trompa de Falópio. Diz-se do nariz do Aécinho.
Errata. Onde se lê cagada.
Euforia, estado de ânimo patológico caracterizado por uma sensação de potência, alegria exagerada, e tendência injustificada de certos brazucas de se sentirem norte-americanos por estarem na Disney.
Diversionismo. Ser favorável a versos sionistas.
Apoucalipse. Fim de tudo apoucado.
Mortificar: vexar um morto que está dentro do caixão
Aclimatar, matar com mudanças climáticas ou com golpes de climatizador
Chimpanzé, macaco se parece perigosamente ao zé
Antena parabólica. Decodificadora das parábolas da bíblia.
SOGRA, vem de sua Ogra, s'ogra = sogra. . Feminino de seu Ogro. S'ogro. Sogro
Curiosidade. Vulgo fase anal.
PIB, produto interno bruto, quando ainda está no intestino .
A posteriori, o mesmo que: vá tomar no cu
Poli-patetismo, assombrosamente patético, da cabeça aos pés..
Cornometro, medir o tempo que leva para crescer o corno a um cornudo.
Castração. Privação de órgãos de representação popular e oposição em Cuba.

14 de out. de 2015

Todas as cores: O Preto.





Incertamente sempre há sido assim, mas me concedo perceber que cada vez mais, tendemos a nos situarmos em determinada cor e ai se permanece imóvel. Uns são brancos, os outros negros, os outros vermelhos.... apesar de que, em todo caso, contemplemos as exceções, os há quem se atreve a mudar de tonalidade. Não tenho certeza se a escolha da cor se faz a partir de um processo de reflexão pessoal, ou por inercias variadas; tampouco é que tenha importância, pouca ou muita, é mais preocupante que uma vez situados em uma cor somos relativamente cegos à existência dos outros. Ainda que este caso, último, não pareça insólito. O verdadeiramente inexplicável é que exista gentes que sofram desta imobilidade toda a vida e que nem tão só tenham tentações de experimentar outras cores. Eu, por exemplo, sempre estou na zona cinza puxando para o preto, admiro o amarelo, e alguma vez mergulho no verde, no laranja e tropeço no azul e caio de boca no lilás, me levanto somente pelas cores que ainda me faltam experimentar. Assim não sofro.  

12 de out. de 2015

Do Amor e do Luto. O Fim Nasce Com o Começo.

Como em cada vez que me apaixonava, sentia naquele exato instante, o gosto do temor de perde-la, da angustia, o sabor do luto que nascia exuberante dentro do encantamento. Voltemos para a Canastra, disse, já afogado nas lágrimas e moco que escorreriam e já se formavam em suas fábricas em mim. Vá para o hotel que já venho, tenho que passar no bar e comprar um cigarro. Liguei a televisão e a estranhei, olhava pra mim e tentava me encorajar. Desliguei. Deitei olhando o teto com seu ventilador parado. Peguei um livro, já não sei a quanto tempo o tenho aberto diante dos olhos. O silencio do hotel expõe suas entranhas ruidosas, uma descarga, um salto perfurando o teto que olho, e o salto o vara e se crava no meu peito, a lâmpada idiota que ascende e apaga e não traz ninguém, noticia, nunca tinha pensado que os moveis pudessem ser solitários, mas estes são, um criado de cabeceira vazio, abro a janela e a avenida é uma foto, aonde não corre o tempo, nenhuma luz pisca, não pode haver movimento, nada mais passará por ela, e acordo sentindo o frio de um velório. O bar se fecha, saio pela avenida rumo ao hotel, posso ver minha janela aberta, para que entrasse a fresca da madrugada, sem ter que ligar o barulhento ventilador, pego um livro, adormeço e desperto com o gosto de uma coroa de flores de velório, é o fim da viagem. Fazer a barba, maquinalmente, juntar os cacos e comprar uma coroa de flores.    

Les vacances de monsieur Hulot.

Les vacances de monsieur Hulot.

O sol é de arrebentar mamonas, o corpo exige menos roupas, uma havaiana, uma camiseta cavada, um velho calção de banho, e seguindo, com mais poesia, os ipês já floriram em todas as cores, e latitudes, ouço um latejar, um pum-bum baticundum procurundum, em meio essa primavera verdamarelo sibipirunico, é verão. Os derrotados ainda não aceitaram a derrota, e nem vão. Não querem novas urnas, querem puxar o tapete, não querem concorrência, para o bem e o mal. Isso já me cansa, tento pensar uma filosofia das proximidades. Atento aos que vivem acerca. O ar que respiro, a casa donde vivo. O pedaço de céu que vejo de minha janela, o prato à mesa, o azeite, o pão e o café. O trabalho, ainda que não seja nada de outro mundo. O cotidiano repetitivo, não anódino, por certo, o recolhimento, o resguardo, e no entanto a identificação com tudo que está próximo, ainda que existam fatores dissolventes elementares, as doenças, e o ruído, e hostil  como a violência em todos os âmbitos, ambiental, social banalizados. A banalização é o império que nos governa. Um dia o candidato haverá de dançar: na boquinha da garrafa.
Atrás desta contabilidade ficam os dias de férias. A beira mar, ao pé da Canastra. Potentes e vitais. De todos os aromas e sinestesias. 

11 de out. de 2015

Sapato Velho, Chihara Shiota.


Sapato Velho, Chihara Shiota.

Umas botas com ponteiras metálicas. Um sapato de salto. Umas alpercatas. Andava convencido com cada um desses sapatos. Aquela fé indestrutível de adolescente nas canções que ouvia. Absurda bota com absurdo cinto afivelado. Necessidade patológica de expressão daquela rebeldia. Vestir uniforme para se sentir único. Não conservei nenhum desses sapatos que usava para arejar meu mundo interior. Me aferro a quase nada, senão que às memórias, e os recordo, não sem indulgência. Me aferrei mais a um brinco de argola em ouro que à maioria das bandeiras. E caminhei pelo mundo com a altivez de espantar medos paralisantes. Um dia, sem aviso, me dei conta do ridículo daqueles disfarces, que já não precisava e era eu apesar de tudo. Era visível sem eles. Mas houve sim um pequeno e portentoso ritual de passagem. Um dia num bar, disfarçado de sedutor, se acercou de minha companhia, um homem vestido de homem, careta. E todo mundo viu a minha insegurança, que brilhava mais que mil punhais de prata, eram as alpercatas, foi ali, em nenhuma outra parte do corpo, que senti fraquejar. A obra de Chihara Shiota, reclamou sapatos usados com história, não as tinha para enviar. A instalação de Shiota é uma teia de recordações, exibidos impudicamente, sapatos acompanhados de histórias como essa. Não fui ver, mas se fosse não leria as histórias, um tipo de pudor.  Talvez, pelos sapatos que não guardei, mas com certeza, por saber dessa minha história, aonde já era o homem que queria ser, descalço, inclusive, nem por isso deixarei de seguir caminhando a gastar solas de sapatos.