19 de jul. de 2015

Ada, ou o ardor. A crônica de uma família.

Nada de Ada ou o ardor, mas Cunha ou o condor, e o caracter rapinador do nobre flamante deputado. Com a palmada nasce o espírito de porco do tempo, Nabokov trata sempre de temas espinhosos, mais complica que soluciona. A tal palmada espanta funestos presságios. Um amigo o reivindica, pela Realpolitik, seja,  pelo mal que possa fazer ao PT.
Abordar a atualidade política não é fácil, e fazendo e dizer tudo que se pensa, ficaria muito mal com todo mundo, e estou sem vontade, ainda mais com um churrasco por vir.
A candura de Cunha mal suportou seus cem dias, reclamará no travesseiro não haver usufruído melhor da temporada, porque nem a direita da terra lhe dá suporte, feroz, não deixa passar uma, e se não a tem, a inventa.  Ao PT  crucificaram  sem dó nem piedade. E ainda o fazem, no caso de aparecer algum de boa fé, e se estabeleça comparações com o vivido e se conclua que não está tão mau assim como pintavam umas vozes mais interessadas, que objetivas. Agora quanto a candura de Ada, opa, o condor rapinador de Cunha, não se esqueça de Diógenes, que ia pelo mundo com sua túnica, e não havia que procurar mictório, não se lhe podia pedir polidez, santos inocentes. Como a santa ingenuidade dos que não gastam sinapses com política. 

17 de jul. de 2015

Impostura.

Impostura.
Quando vejo o céu escuro, carregado, não é que pense se ou não choverá imediatamente, mas temo que tudo aquilo caia de uma vez sobre minha cabeça, ainda que saiba que "isso não acontecerá amanhã". Devo explicar  o que está entre aspas? Explico. Era uma brincadeira de juventude. Lia, por vezes, um gibi. E algumas " tiradas " das personagens faziam a minha cabeça, a tal ponto que as decorava para usá-las aonde quer que fosse. "Isso não acontecerá amanhã" é de algum Astérix que em algum momento usei com frequência suspeitosa, aonde pudesse usar "isso é pra já ", antônina de " não se afobe não, que nada é pra já ".
Quando comecei a escrever este blogspot Mancada me ocorria a pergunta de Obelix a Astérix:" não tem medo que se lhe acabem as idéias?", que vinha sempre depois de "Tenho uma ideia!" dita por Astérix. Cada "artigo" se apresenta como o último que serei capaz de escrever. A angústia, se tanto, dura poucos segundos. Porque a culpa, o doentio  sentimento de culpa dura menos, que é o tempo de me sentir impostor.,como se os textos fossem fruto de uma feliz casualidade.
Entretanto, tirante esse tribunal interior tirano e desejoso de me desterrar  qual  Adão desse meu paraíso, vejo que o tempo acabará antes que as idéias. E quando me dou conta  sou  o náufrago, prestes a enviar mais uma mensagem, quem sabe se esta garrafa chegará a algum porto? Então, algum - ignoto ou conhecido -  escreve um comentário, que de pronto se transforma num navio, que vem  me resgatar.  Este é meu elogio ao leitor. 

16 de jul. de 2015

Plagiando um plágio.

Plágio.
Para plagiar, há que se ter lido e inda ler, ter muito boa memória. Saber onde estão as coisas. Porque tiveram, em seu tempo, toda  leitura ao seu alcance, os autores antigos, os medievais, os renascentistas, os de primeira modernidade, os modernistas,estiveram plagiando os contemporâneos  aos anteriores.  Hoje somos todos originais, porque não se sabe nada de neres, nem porque o gato dormitava no borralho. Já quis plagiar, mas não consegui,  porque desconhecia o plagiado anterior. Assim que, nem ser um plagiador alcanço, sigo original! 

Sísifo

Sísifo.

Andava a pensar qual seria o deus ou os deuses que conduziam os gregos a um destino fatal?  Quanto tardaria o desenlace?  Talvez, a fatalidade dessa tragédia seja justo não haver desenlace... A incerteza é o pior desfecho possível, reproduzir o castigo dado a Sísifo. 

15 de jul. de 2015

Sanfirmines. Pamplona. Toro Curioso!

Sanfirmines. Pamplona.

A primeira vez que fui a Pamplona foi no inverno de 88. Me lembro de um pub de nome Submarino. Uma entrada por uma face de um quarteirão e a saída pela outra, um túnel sob as casas,  que no passado o povo usava para esconder do Generalíssimo, durante a Guerra Civil, mantimentos como trigo, arroz e alfafa para a animalada.
Outra, quando passei por lá um Sanfirmines, não corri de touro, só vi com espanto aquela loucura. Não sou fanático contra o maltrato a animais, tampouco deverasmente favorável, curti, sem culpa.
Este ano, no quinto Encierro, um touro, Curioso, não quis sair correndo às cegas com a manada. Ficou solitário no curral. Não é coisa que aconteça a cada Encierro ou Sanfirmines, foi a primeira e inusitada vez, ao menos como deixam constância os jornais locais.  
Curioso saiu à rua, olhou a gentarada que esperava o rebanho, então decidiu que ele não participaria daquele espetáculo. Deu uns passos, girou sobre si mesmo, como quem quer ver o rabo, então retornou amparado pelo silêncio à tranquilidade do curral, aonde passara a noite com os seus. Pode ser que Curioso intuíra o sacrifício ao fim daquele percurso, ou que não simplesmente não estava disposto a participar daquela orgia, de vinho e sangue, e as vezes de sexo, em algum lugar entre o curral e a praça de touradas.
Vindico sua valentia, por não querer correr ensandecido sem saber para aonde. Seria fácil seguir o rebanho, de olhos fechados, e se deixar levar pelo barulho ensurdecedor da massa.
Vindico Curioso, que não corre atrás da bandeira, que o levaria a seu destino incerto, pelas consignas fáceis seguidas pela turba.

14 de jul. de 2015

À propos, Grécia.

À propos, Grécia.
Para Vicente Golfeto.

A crise grega me ensina coisas tão importantes, como que a ideologia e a economia são o único casamento realmente indissolúvel. Por mais que se tente tratá-los como mundos diferentes.
Quando os credores europeus exigem que a Grécia pague suas dívidas, sabedores de que não as podem pagar, não estão a exigir que se deposite uns bilhões numa data e  conta determinadas, estão exigindo reformas. Não umas reformas quaisquer, senão as que,  ideologicamente , crêem os credores as há de fazer.
Politicamente, Grécia não tem, absolutamente, outra opção, que seguir o que dita a "toika". Quer dizer, não tem qualquer margem política e ideológica para ser soberana na articulação de políticas econômicas, que venham gerar os euros para que efetive os pagamentos da dívida. Quando acusam o governo TsIpras e seu partido de irresponsáveis, por prometerem aquilo que não podem, querem dizer que, quando se é sócio do clube ( do Euro), sua democracia tem uns limites.
Sobretudo, insisto, se tem dívida com o FMI.
Curiosamente, antes de TsIpras, a Grécia, cumpria religiosamente sem dar um pio ao que dizia a tróica, não teria aparantemente nenhum problema,mas sua população se arruinava miseravelmente, e seus grandes capitais migravam tranquilamente para a Suíça et congêneres.
A crise helênica pode ensinar a quem possa não saber, ou ter esquecido, que a União Européia é acima de tudo uma união monetária. Uma soma impossível de países ricos e pobres, de sábios e de asnos de presépio, e que a moeda é a regra de ouro dessa união,que reina acima de tudo. Ainda mais, a União Européia não é uma união financeira e muito menos política. Portanto, se um país empobrecido, à propos, Grécia, tem a ilusão de votar qualquer opção política que entenda, e que a moeda possa ser usada de outra forma, diferente da  de quem comanda as brasas da churrasqueira, estará se movendo na esfera da ilusão, do mais puro sonho,
Todos sabemos que a Grécia não pode cumprir com seus deveres creditícios, que são enormes, nem direcionar o país se não tem crédito. Nem TsIpras, nem qualquer outro que venha a sair de eleições democráticas. A não ser que haja uma mudança de paradigma, que se adeque à burocracia européia, ou a troica a afunda ou ainda a deixa morrer, languidamente.   

12 de jul. de 2015

Volta atrás.

Volta atrás.

Fazia parte dum partido político, aonde estava em trânsito, qual não tinha muitas afinidades, fora, a princípio, uma decisão precipitada pelo Romanée Conti.
Agora, me via escrevendo ao presidente da formação, que não pagaria minhas cotas, e dava alguma explicação sobre minha dissidência. A secretaria,pelo inbox, me pergunta se não havia volta atrás. Pensei que podia ter dito: caminho de volta, ou marcha ré, mas isso de marcha ré não caia bem na boca de uma dirigente duma formação confessional.
Outro dia andava bolerando pelo YouTube, havia começado com o Bolero de Ravel, por uma reminiscência amorosa, alguém que "adorava" "transar" com esse fundo musical. De repente, me deparo com Lá media vuelta, um bolerão rancheiro mexicano, e eis que as coisas se parecem. O amante, um galinha, sem compromisso, diz a amada, que se não está contente com o romance que saia pelo mundo a conhecer gente,e que se encontra um outro que a compreende melhor, e que se a ama, então bom proveito ( tire pa lante), sem problemas, porque darei meia volta e irei como o sol quando morra a tarde.