Aulas
do gato Ão.
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Caminante,
no hay camino
se
hace camino al andar...
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São
estes os versos mais
conhecidos de Antonio
Machado, poeta andaluz.
Trazem uma verdade geral. O caminho não existe, senão que se faz, e
se faz pela ação do caminhante.
Entretanto,
é notória a necessidade
de se saber para aonde ir. Ainda
que isso dê
no famigerado fim.
Os
fins tão questionados, a ponto de a bondade se tornar maldade, se o
fim for ser um
homem bom, e não praticar o bem sem ver a que! Se entrei no reino da
utopia, rodo a maçaneta e retorno ao mundo real, o mundo maravilhoso
de Alice. Alice perguntava ao gato de Cheshire: “Para aonde posso
ir desde aqui?”.
O gato lhe respondia: “Isso
depende, depende para onde quer ir!”. Alice retornava: “Ah, isso
tanto faz!”. E o gato repõe: “Bom, se é assim, dá na mesma,
tome qualquer caminho!”.
Quando
digo que aprendo com o Ão, você ri, mas se não se tem objetivo ou
destino, dá na mesma a direção que se empregue, não se vai a
lugar algum de todas as formas. Tem muito a ver com política e é
metáfora de fácil entender. E é um poema para não esquecer se é
um poema inteiro, então nada como terminar com ele:
Caminante,
son tus huellas
el
camino y nada más;
Caminante,
no hay camino,
se
hace camino al andar.
Al
andar se hace el camino,
y
al volver la vista atrás
se
ve la senda que nunca
se
ha de volver a pisar.
Caminante
no hay camino
sino
estelas en la mar.
E
sem querer ensinar mas mostrando o fim deste tecido saliento estes
versos:
y
al volver la vista atrás\
se
ve la senda que nunca\
se
ha de volver a pisar.