25 de jul. de 2016

Hoje, olhando sua foto, me achei frágil,


Hoje, olhando sua foto, me achei frágil,
como um barco de folha de jornal n'água.
Enfeitiçado pelo ouro de seu cabelo vágil.
queria te violar como uma margem mágoa.

Com carvão assinava cadáveres no muro
imprimia palavras mesozoicas, extintas.
Palavras que regressam vivas, juro
asfixiando meu passado, sombras sucintas.

Ontem dormia na minha a tua mão
eramos cavalos impossíveis de atar
trotávamos por cima de nossa razão
beijava teus lábios salgados de mar.

Amanhã, perdido, pensarei teu braço pálido
relincho e esfrego no moerão até sangrar
navegarei no papel machê do jornal lido.
Haverá, quiçá braço desconhecido por singrar.

Não me resta mais presente, dó
parede pintada de umidade
desígnio do destino, voltar ao pó.


23 de jul. de 2016

Emagreça com Kant.

Emagrecer com Kant, pode parecer uma ideia de jerico, mas não é, além disso a sua prática nos torna mais éticos e livres. Em todo caso, e na verdade,  não se pode levar os fundamentos, os imperativos kantianos às últimas consequências, que senão o consumismo diminui e muito, e não sei o que aconteceria, caso isso acontecesse, e não sei se quero isso.
 Basicamente, Kant nos diferencia dos animais pela razão ( que é uma lei autoimposta)  e pela dignidade humana. Introduz para isso  o conceito de  Autonomia versus o de Heteronomia. Onde autonomia é fazer segundo a lei autoimposta que é a razão, e heteronomia é fazer pelo outro, pelos fins, ou uma inclinação – incluso você –  assim exige, indica, sugere. O problema, que na verdade é a solução da obesidade, entra aqui: ser autônomo é fazer o que você quer e é moralmente um dever   e não o que quer os desejos as inclinações e impulsos e instintos e os fins sugerem, exigem, indicam. É o ser racional e moral, em pleno gozo e uso da razão e da moralidade que diz “não” aos impulsos, instintos, aos fins animalescos que o habita.  Roberto Carlos está parcialmente correto ao dizer que … o que mais gostamos ou é imoral ou engorda. Na verdade engorda por imoral, assim todo gordo é imoral. A obesidade é uma imoralidade do ser. Atente para o fato de que exceções, neste caso patológicas, sempre estão contempladas em toda generalização.  Assim não há porque comer, se não se tem fome. Pode-se dizer e diz-se que estava agoniado, ansioso, mas isto já não é você, um ser racional e livre, diz sim, de um animal que foi abandonado – no ocidente, que não sei onde começa e acaba  realmente, há vários ocidentes – antes e com a tragédia grega, muito antes da Liga de Delos. Há uma ligação entre moralidade e liberdade. Há o dever que se refere à dignidade humana, assim devemos agir segundo este dever, e quando se fala em dignidade humana, é bom se lembrar do humano que cada um é. Assim devo respeitar a minha dignidade. E como humano e respeitador da minha dignidade e a dos outros humanos, me torno livre, e como ser livre não posso me sujeitar, por respeito a minha dignidade, aos apelos externos e internos do consumo imoral. Porque se uma barra de chocolate me sujeita, se uma cerveja me sujeita, um bibelô me sujeita já não sou livre. O importante é adiantar que ser moral pra emagrecer, diria Kant, se tratar de uma moralidade com fundamento hipotético. Não de todo boa. A Faço X para obter Y. kakakakk

22 de jul. de 2016

Viver

A morte é um final...  nada mais... por que então viver uma existência plana, rasa, serena, útil e funcional, seguindo como um animal a cenoura, cada vez maior, perfeita e suculenta que se nos põem à frente, para – que não seja tarde –  em dado momento perceber, que o mais importante da vida é justamente, com o nascimento, a poesia que se esperava ser, nada é mais prosaico, se o que se quer é viajar nas fronteiras dos próprios sentimentos, aonde se odeia e se ama desmedida e sem razão, e não ficar encravado nesta geografia construída, nesta bolha de ar sem ar...

18 de jul. de 2016

Wang-Fo

Wang-Fo

Naquele conto, o velho pintor Wang-Fo acabava de ser capturado pelo Imperador, que havia passado toda a infância e parte da adolescência trancado num quarto lotado de quadros do velho pintor; onde o então garoto havia descoberto um esboço do que para ele seria a maior obra do velho; Wang estava ali retido porque o garoto quando libertado, para se tornar Imperador, descobrira um mundo extremamente inferior ao mundo das pinturas de Wang-fo; agora exigia o termino do esboço, antes do cumprimento da sentença, a morte.


Wang-fo pinta um barco, e pinta Wang-fo dentro do barco com seu ajudante, pinta remos nas mãos de seu ajudante, pinta um mar, e pinta o barco indo, indo, indo e indo e lá longe pinta rochedos, e o barco se esgueirando por eles; o Imperador já não consegue ver o barco de Wang-fo já sumido por detrás dos rochedos e se libertando...

17 de jul. de 2016

O Homem que Queria Voar.

                                                                     
Um homem queria voar. Sem quaisquer tipo de geringonça. Uma agência ofereceu a ele esse serviço: Moraria com um casal, que tinha a sabedoria para voar. O casal oferecia esta sabedoria em troca de 20 anos de trabalho, na casa do casal. Ele tanto queria que aceitou. Cortou lenha, lavou a casa, as roupas, fez comida, cortou a grama, cuidou da horta, acendeu o fogo, apagou o fogo, limpou a lareira, a chaminé por vinte anos sem salários. No dia do vencimento, o marido procurou a mulher e disse: que faremos? Não sabemos como voar, não sabemos como ensinar a voar? Calma disse ela, deixe comigo. Pouco depois apareceu o rapaz. Pronto para receber o ensinamento. A mulher lhe perguntou: você quer mesmo voar? Sim, espero por isso a vinte anos. Então te ensinarei. Ele ficou feliz. Ela disse: mas Você tem que fazer tudo que eu mandar. Ele disse que faria como ela mandasse. Então suba nesse pinheiro, até lá no cimo. Ele foi subindo, ela dizia, mais para cima, ele subiu, subiu, subiu.. quando estava no galho mais fino do topo do pinheiro, ela disse: solte uma das mãos, ele tremia mas soltou. O marido disse, mas se ele cair ele morrerá. E quê? Solte a outra mão, ele meditou um pouco, e soltou. O marido fechou os olhos e quando os abriu viu que ele flutuava, agradeceu ao casal e saiu voando, voando...

                 Livre adaptação do conto Sennin. De Ryunosuke Akutagawa


Corrupção como Q.S.P - Quantidade Suficiente Para - para afastar a esquerda do poder.

          Desde o Mensalão, que blasfemo: “Na política, a corrupção não tem importância. A corrupção deve ser um caso de polícia e não de política”. Segui leviano, toda a vida a dizer que: “Sempre que a corrupção vira questão política no país: é, foi e permanece um método para afastar, alijar, desapear a esquerda”. ( seja ela qual for) – os parenteses têm destino consagrado, jajajaj - .
         
          Não preciso provar nada, as provas estão no ar,  basta ler os jornais e revistas, ver o telejornais e  a recente declaração do presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia.
          
          Se buscava um ponto que permitisse  alguma sustentação (um cinto de segurança)  para uma brusca  freada na questão (corrupção), coisa que Cunha não tem e não tinha. 
          
           Maia, por pior que seja ( e já se perdeu qualquer tipo de vergonha), pode dizer que a corrupção não é o foco da reforma política. Aliás, a tendência da corrupção é sumir dos meios de comunicação de massa ( nome horroroso, para comunicação social, mas tem a ver, ainda que me provoque ânsias.).      
         
          Moro já soltou as bolhinhas de sabão para o ar suas bolinhas de sabão, Lava-Jato deve acabar, o quanto antes.

          O processo está finalizado. A esquerda está afastada do poder. Se arrebentou por dentro. Se for o baço, a morte é certa, ou muito embaçada. As velhas práticas estão de volta.


           Muita gente boa embarcou no “honestismo”, barca furada, não podem responder, desgraçadamente, pelo golpe, por miseráveis idiotas. Neste exato momento estão a pedir as demais cabeças; as da oposição. No entanto, será apenas a busca de um álibi para sua inocência, deus queira, ou má-fé, no que mais eu acredito.  

O Asno de Buridan. Ou o homem apolítico, ou Neutro.


O asno de Buridan.


O pobre burro foi deixado em jejum uns tantos dias, para logo então ser colocado à frente de dois montes idênticos de capim. A besta foi incapaz de encontrar razões para se mover, quer seja para a direita ou para a esquerda. Esse vacilo insensato o levou à morte.
A simples consideração lógica das coisas, em si mesmas, não seria capaz de nos conduzir a uma prática. Falta a vontade.
O que se conclui é que o asno morre de fome porque é um animal exclusivamente racional.


dizem que em toda obra de Buridan, não há uma referência ao asno.