23 de jun. de 2016

Diógenes, o da síndrome.

Diógenes, o da síndrome.
Como se sabe, Diógenes, depois de sair com o povo da sua cidade nos seus calcanhares, acusado de falsificação de moeda, viveu durantes anos em Atenas, sua casa era um barril de carvalho francês, uma das habitações prefabricadas  mais procuradas de sua época e ainda atualmente muito apreciada no setor vinícola.  Como também se sabe, Diógenes se caracterizava pela busca de prescindir de tudo aquilo que era supérfluo; não sei se por isso, mas se chamava o cachorro ou o cínico, que é o mesmo. Também é notório que frequentemente circulava pela cidade, a primeira hora do dia, com uma lanterna de óleo, procurando um homem honesto; nunca o encontrou, de modos que ao final, passou a catar tudo que lhe parecesse ter algum interesse e coubesse no barril – de carvalho francês -  até o ponto dele lá não caber e ficar à porta.

Fio d'algo!

Dilema de Chifres.
Escapar de um chifre, te leva ao outro.
Fidalgo, figura imortalizada por Cervantes, que representa um protótipo ainda vigente. Os fidalgos eram filhos de algo, neste contexto indica riqueza de alguma maneira. Era o mais baixo grau de nobreza – frequentemente durangos – adquirida como uma doação por serviços, ou por outros motivos. Um fidalgo famoso foi o Fidalgo da Butega – braguilha -  por haver engendrado sete filhos machos.

Impostura.

Impostura...

Os sons penetram desde o exterior, música longínqua, carros, motos estridentes, ar-condicionado, uma coruja chirriando, me despisto. Saio ao terraço, o calor minguou, olho pro céu, estrelas, lua, a moça na calçada, reflito sobre a moça na calçada, brevemente. Sensação de sede, mato a sede, me pergunto, mas e se não for sede?
 Desde o terraço, o ar invisível, estático, seco, a lua escondida pelas nuvens, apenas busca o horizonte. Numa cadeira de plástico branco, uma moça imóvel, iluminada pelo clarão da luz do poste, as mãos juntas, o olhar perdido, sonha ou espera.
Desejo de comer uma fruta fresca, mas e se não for fome?
Noite de janelas abertas, ar quieto. Gols longínquos, luz baça de lua, música incerta. Sons apagados do fluxo dos carros, de motos aceleradas. Ruído de ar-condicionado. De quando em quando um pio incerto de ave incerta. Coruja?  Claro é que os lençóis vão por baixo, mas tanto faz, nem faz calor nem faz frio.
Desejo de sexo, mas pode ser mais uma impostura!

22 de jun. de 2016

Dilema com chifres

Dilemas com chifres. A cloaca, invenção inglesa, muito têm  contribuído a que nos afastemos  de nossa humanidade, a merda. Obrigatoriamente feita, por todos. A cloaca nos impede de vê-la. A merda diz muito de nós, a coprologia vige, O mundo é uma bosta que vai à merda pela cloaca inglesa.

Dupla Confissão

Na inauguração do novo salão paroquial, erguido por toda a comunidade, o prefeito se atrasou. O pároco diante de uma audiência já impaciente pelos salgadinhos da sequência, tomou a palavra. “Como vocês sabem, faz vinte antos que cheguei a esta paróquia e estou entre vós, naqueles dias, tinha cá comigo, que era um castigo do Sr Bispo, no entanto a primeira confissão, recebi um jovem que me alentou... ele então se confessava um jovem problemático, que infernizava a vida de seus pais, que o carro que tinha era fruto de uma estafa, que traia seu melhor amigo – saindo com a mulher dele – …”  neste momento chega o prefeito, esbaforido, apertando mãos, batendo em ombros, sorrindo a torto e a direito, prometendo ajuda... subiu ao palco improvisado e fez seu improviso, “Concidadãos e Concidadãs. Desculpai o meu atraso, as obrigações são muitas e o tempo nem tanto, e para tentar chegar à hora marcada, inclusive, cruzei um sinal vermelho, por sorte não havia um marronzinho, esperou por e alguns sorriram em cumplicidade, outros nem tanto, mas continuou “ tudo para estar no meio de vós, e poder me congratular com todos vós pelo antigo anseio realizado, o salão paroquial, que muito por ele batalhou o Sr Padre, que diga-se de passagem, fui o primeiro  a se confessar  com ele... O

21 de jun. de 2016

O Estresse Só Faz Bem, ou Politeia.



Para mim, não é importante se estou de acordo ou não com outro, ou com um pensador, seja ele conservador, liberal, progressistas, marxista, etc. O importante, para mim, sublinho, é que o outro, o pensador outro, é que me estimule a pensar e a desenvolver argumentos, inclusive contra ele, e acimadamente contra mim. Não me dou ao luxo de ignorar nada da história, da minha história, da nossa história.
Enquanto povo, a nação, me parece, vai melhor se esta tensionada, diariamente um plebiscito contínuo, não esse de criar leis constitucionais, mas de se esfolar como um seixo no caudaloso estresse do embate. Um fluxo constante, intenso, de temas estressantes, ajudam a sincronizarmos nossas consciências, nos regenerando.
As redes sociais muito tem colaborado com isso. É um avanço tremendo sobre outros meios, como tv, jornais, aonde não ocorre o embate. Seja qual for o direcionamento dos meios de comunicação convencionais, eles emitem um sinal, e o receptor deste sinal quando muito abana as orelhas, ou rumina a mensagem, sem poder emitir uma resposta, não estressa a relação. Esse era o nosso quadro, nosso fotograma até outro dia, no entanto hoje, a tudo que se diz, haverá um receptor que se transforma em enunciador e truca sobre o argumento.
Assim, juntos formamos um corpo, um macro corpo nação, psico-político-ético-estético, ou comunidade, aonde as preocupações - mesmo que induzidas mediaticamente, que é um ótimo papel para os meios de comunicação - estressantes, vibrantes, criando uma espécie de neurose coletiva, uma alma coletiva neurotizada. E não se pode negar, pelo que temos visto nas redes sociais, que criamos força de coesão, partindo da sensibilidade coletiva ao agravo, à injuria, ao insulto, à injustiça....
A natureza, que deu aos indivíduos amor próprio, não negou este mesmo amor aos povos, à comunidade; e também a capacidade de celebrar, festejar a si mesmo.
Do estresse que temos vivido, talvez, iremos à festança, porque nos amamos como brasileiros, e temos muitos motivos para celebrar; assim como temos muitos motivos para nos estressarmos. Não é questão, acabar com a briga, é brigar até chegarmos à nossa praia. Pode parecer chovinismo, mas é mais interessante estar perto do chovinismo que perto do desinteresse pelo outro, seja ele qual for.
Por mais modernos que nos queiramos, por mais autônomos, por mais ousados, como sujeitos que cremos que somos, estamos sempre sujeitados à algo, cultura, hábitos, costumes, estética, ética, que nos precede, e como diz o ditado: bailamos conforme a música, ao mesmo tempo que criamos música.


Christopher Lee.

Ainda ontem morria Christopher Lee. Minha lembrança é de quando emprestava sua cara de pouca carne ao Drácula, e me fazia tremer no Cine São Roque. Dracula, o marcou e com fogo. Mas sua cara ossuda, queixo anguloso, cabelo para trás, têmpora funda, olhos a beira da ira, lábios finos, emprestou  a outros malvados do cine b que gostava e ainda gosto, Fu Manchu ou Cinema com "C" como A vida privada de Sherlock Holmes, O cão dos Baskervilles, sempre no lado fosco da alma humana e a gravando em bold negrito, até o fundo do poço, que é de onde se vê melhor o mundo. No entanto Lee dava a está alma um olhar nobre e firme, ao tempo que angustiante e desesperada. Emprestou essa cara de alma profunda a westerns que ainda me matam.
Eu o recordarei fazendo Drácula e alguns filmes aonde sua personagem nem falava e os roteiros também não eram grande coisa, muito parecidos com a vida, por sinal. O Drácula que desaparecia na casa escura e surgiam  aquelas mãos de dedos finos e infinitos como punhais, ensanguentados, sempre que a vítima de plantão abrisse um armário em um quarto gótico. Sempre surgirá uma cara dessas ao abrir armários, a me assustar.