Um disparate. Quase dois anos impedida de governar, um estupro, mas foi ela que provocou, dizem que. Impedida de nomear ministro, numa clara interferência do Judiciário, aonde não lhe convém, na Política. Alguém pagará os pratos quebrados, trincados e sujos desta festa insana. Há dois anos, muito mais, concentrados em buscar um culpado pelo próprio fracasso empreendedor. De vaza em vaza vão amealhando milho para compor a foto final.
Para essa foto, que a Nobre imprensa redundará, muitos se ajoelharão ecumenicamente. E Hosana das alturas bendirá cada centavo a menos do teu soldo. Mamem!12 de abr. de 2016
10 de abr. de 2016
Deiscência.
Deiscência.
A deiscência é a ironia do limite. Aquele momento, em que um acontecimento se veste de domingo, de ver deus, é a primavera.
É coisa botânica. É a maturação natural de uma planta que liberta seu pólen, semente. Abertura espontânea para aquilo que estava trancado.
A deiscência é a alegria do que amadurece, para transbordar.
Eckhardt (1260-1327) dizia:” a natureza é um todo deiscente, aonde o imanente é o transcendente, e ao se escutar o fundo rumor germinal da terra se depreende a equivalência da Sexta da Paixão com a Ressurreição.” Foi declarado herético.
Neste momento deiscente digo que está com meus propósitos, está como sou. Amadurece algo em mim fechado, e que se cair ao solo, bendirei a árvore humana que me produziu, porque sempre escapo do que quer me prender.
Como em Êxodo (3,14): Serei o que serei.
8 de abr. de 2016
Muitos Gemidos para um Rato ser Parido. .
Escrevia
Horácio há 2000 anos : “parturiente montes, nascetur
ridículus mus” ( as montanhas parem um rato ridículo).
Fazia referência a outra fábula, escrita 7 séculos
antes dele, por Esopo, (livre tradução)
“
Com
vários gestos horrorosos,/
os
montes ao parir deram sinais./
Consentiram
os homens temerosos
ver
nascer os abortos mais fatais./
Depois
que com uivos espantosos/
infundiram
pavor aos mortais,/
estes
montes que ao mundo estremeceram/
um
rato foi o que pariram”
Como
se o tempo não passasse, a fábula, que fala do fato de
que aqueles que mais ostentam, são os que menos fazem, volta a
massacrar, com muita atualidade.
Pequeno
recuo no tempo.. No portal do g1.globo.com de 27/10/2014, uma
pequena manchete “Dilma nega divisão do país....”
junto ao resultado das eleições.
Já
em 27 de outubro de 2014 começava a se parir este rato, que
vinha sendo engendrado há tempos, mas ali começa o
grande barulho, o grande ruído, a manutenção das
mentiras que já vinham sendo espalhadas, desde os campanários,
nos últimos anos, sem pudor, doravante, sem pudor; se obviava
a gestão de um nefasto golpe, impedindo o governo de governar.
Tenho
claro cá comigo, que os níveis de corrupção
generalizada e institucionalizada me são incompreensíveis
para uma república democrática. Os políticos
formaram bandos delitivos. Todos juntos, com seus roubos
sistemáticos, uns uivam que são os outros, apoiados por
instituições públicas e privadas, como se nada
tivessem, ou têm feito. Mas que no meio desse barulho, o que
está em jogo é o Estado de Bem Estar Social, que nunca
tínhamos tangenciado, e como meteoro anunciado, passaremos ao
largo do nosso planeta distributivo e social imaginário.
Com
suas vozes portentosas, com seu alto-falante global de campanário
de igreja matriz, anunciam os crimes alheios, primeiro escondendo os
próprios, mas escondendo acima de tudo o retrocesso, sem
juízo, dos direitos das classes trabalhadoras. Na fábula,
tanto barulho dá em vento, mas aqui, o que se vê são
perdas inestimáveis. A começar pela própria
democracia.
7 de abr. de 2016
Espelho no teto.
Dito,
digo, Benedito manejava teoria estética que contrariava a
ideia
dos estoicos. Para os estoicos a beleza era
impactante por sua simetria. Seu discípulo, Manezinho
Pernambuco, conta que Ditão, depois de provar com muitos
sabichões, mais bichões que sábios, ficou
fascinado com Antônio Saco, um homem que levava a vida levando
sacas de café, na estação da Gironda e aprendeu
com ele a amar, como busca eclética, a tal ponto, que
abandonou Stoa para acompanhar Cido III, o Grande, na sua viagem á
Pérsia, que tinha como finalidade, se familiarizar com os
vedras. Não consegue, porque Cido III foi morto, e ele teve
que se virar. O que acabou, por fim, por vingar, foi sua ideia
da arte como espelho; o que pode perfeitamente servir de metáfora
para traçar um paralelo com o re-design de nossas fantasias
sexuais com espelho no teto.O Sorriso dos Lábios de Cabra.
Renan
teme chegar atrasado ao trabalho, faz cara de náufrago míope
logo que vê terra firme, seu ônibus parado no ponto, B/J
315, famoso Lapa. Sai correndo até o ponto, quando de repente
lhe corta o caminho, a miserável Berta, que empurra seu
carrinho de supermercado lotado de latinhas e garrafas pets vazias.
Renan bate a canela contra o metal, rasga a calça, e o sangue
mancha de vermelho sua calça azul. A porta do B/J 315 se
fecham com seu barulhinho de
despressurização e o ônibus se vai, deixando na sarjeta Renan, o furioso.
-
Maldita Berta! Sua bruxa fedorenta, me fodi por tua culpa – grita
Renan. A mulher do carrinho de supermercado o olha ameaçadoramente,
com olhos carregados de exóticos segredos. Mostra o
pai-de-todos da sua mão direita, com os demais encolhidos. E
murmura algo incompreensível, dá uma escarrada, limpa
na manga da blusa, e se vai empurrando seu carrinho. Renan se esquece
dela imediatamente e fica ali no ponto, esperando o próximo
B/J 315. À suas costas há um imponente anúncio
de protetor solar, a colossal figura feminina se ajusta no biquíni
com assombrosa despreocupação.
O
tempo passou devagar. Por fim, com passo de tartaruga, um ônibus
se anuncia longinquo. B/J 315. Parece ser. Sim, é um B/J315,
segue sendo até uns metros antes dali; mas o B/J315 se
converte em B/J351 ao se aproximar. O motorista ri ao passar e os que
vão às janelas o olham comiserados. Nenhum olhar tem
mais despeito que os lançados pelos que estão em
ônibus, que não é o que o sujeito que está
no ponto espera. - Juro pordeus que era B/J315 – juro, o motorista
mudou, de última hora! Exclama Renan.
Outros
números, outras combinações de números e
letras, outros dizeres passam diante de seu nariz, fugindo dele, como
se houvessem todos combinados numa pegadinha. Os nomes duvidosos,
alguns sem letreiros, apagados, e logo mudam... sim, sim, sim é
o Lapa, grita Renan e alça a mão. E quando passa é
“puta que pariu”. E até a o próprio ônibus dá
uma gargalhada. Então ouve uma voz suave às suas
costas. “Lenan, tenho a lesposta”. Renan se vira, bem ali ao lado
tem uma pastelaria e na porta um homem vestido de guerreiro de Xian
do Imperador Qin, por motivos provavelmente publicitários, mas
a armadura não é de terracota, sim de plástico.
O falso guerreiro, olha disfarçadamente para o interior da
pastelaria e diz a Renan em tom confidencial: “Agora que o dono
não me olha, falarei normal. Essa mulher que empurra esse
carrinho com latinhas é uma bruxa, indígena, e te
jogou uma praga, eu já vi ela fazer isso outras vezes. Por
isso os ônibus parecem mudar o letreiro, mudar o número.
Pura magia, urbana. Não mata, mas fode, enche o saco.” e
acrescentou, no fundo da pastelaria o chinês vende amuletos
contra essas magias”. - Ah! Vá pro caralho, você
também! Eu não acredito nessas merdas! Responde Renan
meio transtornado... Acho que vou de Metrô, pensou... Ainda
sentindo sua perna latejar pela ferida, Renan desce as escadas da
estação Catedral da linha-1 verde. Quando chega,
desconcertado, está na Estação Pinguim/D.Pedro
linha 2 lápis-lazúli. Então bate o desespero,
Ribeirão não tem Metrô nenhum.... o trem
despressuriza, e Renan vê o sorriso dos lábios de
cabra da condutora...
6 de abr. de 2016
O Mundo tá Lotado.
O mundo tá lotado.
Tá lotado de bandido.
Também de promotor.
Tá lotado de doente.
Lotado tá é de dotô.
Tá lotado de te Ódio.
Tá lotado de meu amô.
Lotado de vagal e trabalhador.
Lotado de banho de bica
E rosas no Ofurô.
De quem quer se libertá
De quem quer ser sinhô.
Tá lotado de cadê mamãe
E de papá chegou.
Tá lotado de triplex.
De mocó e mocozou.
Ta lotado é de nada
De quem muito se achou.
5 de abr. de 2016
Globocracia. Minha Novela, Minha Vida.
Globocracia.
De
alguma forma a TV sempre esteve no centro da vida política.
Mas de uns tempos para cá, o país vive sob o regime –
e ao ritmo - dos estúdios televisivos. Mais concretamente,
vive-se sob o que transmite a Globo und konsorten. A qual encontrou
um filão de audiência na espetacularização
da política, e de sua banalização, é
disso que se trata na realidade; a banalização. A
plenária do STF é um exemplo do que chamam, no jargão,
de externas. Não serei quem os critique, cada um ganha a
vida como pode, mas não me encontrarão no bando dos
seus entusiastas. De fato, como espectador ou telespectador carrego
muito pouca paciência no meu embornal. Consigo ver um jogo de
futebol, um programa de geografia, um turismo feito de
avião...desligar a tv, totalmente, ainda não pude.
Talvez não devesse dizer, digo, me são fastidiosos os
debates circulares em que estamos mergulhados, nunca fui muito
chegado a novelas, a maioria são de tamanha pobreza, que nem
Lula as pode mandar para a classe média, com uns roteiristas cubanos, ou minha novela minha vida. Acontece que
esta não está baseada em fatos reais, mas parte de
muitos fatos irreais e os torna reais e verdadeiros. Com o amparo
dessa tv, determinadas figuras adquiriram proporções
gigantescas, como Sérgio Moro, Eduardo Cunha, Luiz Inácio,
Zé Dirceu, seus próprios âncoras, a corrupção,
o Lava-jato objeto que virou personagem, o impeachment sim porque
sim. Por quê? Simplesmente, porque a corrupção,
principalmente, como vem sendo tratada, não terá fim.
Assim botam o impeachment como clímax. Experimentada em
novelas, a Globo, entende de roteiro, as outras acompanham com
facilidade. O telespectador idem. O próprio Sérgio
Moro, criado nessa lide, como todos nós, tem se mostrado um
grande roteirista, para “meio de novela”, mas tem mostrado
dificuldades jurídicas para botar fim ao enredo, devido ao
entrelaçamento, que se deixa, sem querer, transparecer, como
se fosse uma metalinguagem, aonde a barafunda é tanta, que
mesmo o veículo está envolvido no conteúdo da
trama. O espectador de novela é desta consumidor há
muito tempo, a ponto de fazer harmonização de
ingredientes, como muitos enólogos de ultima safra, mas só
aprendeu uma forma de final, o de sempre, o esperado, aquele que lhe
arranque lágrimas dos olhos, de cumplicidade, felicidade, ou
mesmo de prazer. Como o Lava-jato não tem fim, o vilão,
odiado por uns, que gritam: Golpe, amado por outros, pode fazer
acontecer um gran finale, mesmo que tenha que sair algemado do seu
set de filmagens.
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