25 de jan. de 2016

“As reconciliações, tirante as exceções, só são possíveis quando não são necessárias”

Reconciliação.


Olha que maluco isso: “As reconciliações, tirante as exceções, só são possíveis quando não são necessárias”. Há união que se sustenta por teias secretas, por ligações de van der Waals, pontes de Hidrogênios, por metáforas, por dúvidas, por omissões e que quando se rompem todos as diferenças aparecem, e ai é absolutamente necessária a reconciliação, e isso é impossível, porque havia um equilíbrio meta estável, que é a cadeira equilibrada em duas pernas. Assim vale a premissa, só há reconciliação quando nada há de diferença.   

25 de janeiro. Blue Monday

25 de janeiro. Blue Monday


Dizem que é o dia mais triste do ano. Última segunda de janeiro. O natal já ficou para trás, longe, mas permanece o sentimento de se ter feito extravagâncias. Os dias são longos e quentes e úmidos, o ventilador refresca um lado enquanto o outro sua. As promessas de mudança feitas na passagem do ano. engolindo doze sementes de romã, parecem impossíveis, e os quilos a queimar aumentaram. Janeiro é uma subida. Antes da última curva, pude sentir na alma, que deixava  a praia ensolarada, na próxima curva o Carnaval,  que anima a continuar subindo a serra Janeira. Depois é o planalto, sempre o mesmo, canaviais, canaviais,canaviais, longe ainda estão as próximas férias, ainda assim passarei por eles, mas será no sentido oposto.  

24 de jan. de 2016

Pseudônimo.

Pseudônimo.

Dizem que Bloy dizia que quando queria saber das “news”, novas, notícias mais fresquinhas corria a ler o Apocalipse.
Creio que viemos ao mundo para forçar a porta da realidade, sem juízo crítico há quem se contenta com um buraco de fechadura. Não sei aonde começou nossa loucura. Mas é a missão. Em algum momento delegamos à Dona Morte a necessidade de arrumar a cama e outras tarefas não entrópicas. Hoje, depois de um sábado destinado ao sacramento do churrasco, decidi por comprar um frango assado, na hora que passava pela praça Bonfim. Paguei e fui recolher o assado. Estava já no fim um quid pró quod, de quem chegara primeiro, em vista de uma penosa mais avolumada. O assador de frango, quando os briguentos mal viravam as costas sacramentou: A vida é um pseudônimo. Não sei e não quero saber o que ele quis dizer, nem se ele sabe o significado do que disse. Sei que estou agradecido, não pelo frango, por seu excesso de sal… 

18 de jan. de 2016

Barcelona i Fiducia i Llull.

Barcelona i Fiducia i Llull.

Incerta feita, Alejo, para Alejandro, propunha: que palavras encontrávamos mais bonitas nas línguas com as quais nos deparávamos naquela Tubinga multi-étnica. Ele gostava de Madrugada, eu de Augenblick e Fiducia, mas Fiducia com a pronuncia de um italiano de Genova em Rimini, algo como fidúgia com gia num sussurro. Não se me lembram as outras, senão que, Barcelona. É muito equilibrada a palavra, e nada trivial sua fonética, mas há um ponto exato de sua acentuação, que é aonde se mistura a pimenta e a luz que caracteriza a atmosfera da cidade, e lá se diz: Barcelona es bona bona, quan la bossa sona! Muito catalão, o dito. Bossa é dinheiro, ou mesmo bolsa de dinheiro. Claro que é boa, se o bolso soa! Custa muito. E gastar dinheiro não é com eles. Mas se de quando em vez : 'es tira la casa per la finestra', joga-se a casa pela janela, ou para ir a Barcelona há que tenir la bossa foradada, seja furada, gasta-se, faz de Barcelona bona bona.
Assim aprendi muitas coisas, saboreando nomes, palavras, até que um dia me deparo com este nome de rua: Ramon Llull. Estes duplos 'l' em catalão tem som de 'lh' assim o nome soa: lhulh. E qual não é o pecado? Ramon llull foi também astrólogo, além do mais importante escritor, filósofo, poeta, missionário e teólogo da língua catalã. Mais que isso, ele conceituou um sexto sentido, o Afat, “ é aquela potência com a qual o animal manifesta com a voz a outro animal a sua concepção”. E alem disso é um certo gozo por falar determinadas palavras, ou todas.


11 de jan. de 2016

Pescando larvas de Aedes com anzol de lambari e Puré de Mandioquinha.

Pescando larvas de Aedes com anzol de lambari.


Imaginem um conjunto. Pois boto nome neste conjunto de B. Neste conjunto estão todas as coisas que têm nome. Espere! Espere! Tudo que ficou de fora acaba de ganhar um nome? Os inominados agora são não-B? Faz um tempo que ando com esse paradoxo. Pensei pela primeira vez nele, ontem, enquanto fazia um puré, ou musseline de mandioquinha salsa ( manteiga, batata, mandioquinha, leite, creme de leite, alho-poro, noz moscada, sal ...). Tomando cerveja e logo almoçando, esqueci do paradoxo. Agora fui jantar e me lembrei do puré, e olhando ali para o prato, o vi como o conjunto B. E aqui estou a pescar Aedes Aegypti com anzol de lambari.

9 de jan. de 2016

Not Disturb. Deus está descansando em mim

Not Disturb. Deus está descansando em mim.
Depois de 6 dias de trabalho duro de cosmogênese, criando o mundo, Deus estava cansado, e para descansar criou mais um dia, na conta da crianção, e nesse dia ocioso criou o homem, como arte, hobby, para descansar do antes feito.
Viu que o Homem seria sua guarida, seu repouso. Então disse que estava contente, pois, Fiz uma casa para Mim, onde posso repousar, no Homem estará meu descanso doravante.
O Cristianismo tem essas coisas sublimes. Desmedidas. Exageradas, beirando a blasfêmia.
Mas é justo este ponto, à beira do absurdo que se encontra o lugar poético da meditação. 

6 de jan. de 2016

Carnaval vs Ambulância.

Carnaval vs Ambulância.

Qualquer dia é dia da ilusão, hoje. Mas nenhuns são tão característicos quanto os dias de Carnaval. Que é a Ilusão? Deixando de lado o conceito psicológico da interpretação errônea da percepção de estímulos externos, do engano dos sentidos, da projeção da imaginação, e o desejo de valores e virtudes sobre objetos, fatos, situações, pessoas, que não as dispõe ou têm em realidade, obviando, claro, as definições negativas, a Ilusão não deixa de ser uma busca pelo ideal, uma utopia.

“De ilusão também se Vive”.

Então, sim, ainda que soe a estupidez. Acontece que a fugacidade das coisas, dos afetos, a fragilidade da vida, a contingência das paixões e emoções, o peso específico de nossas limitações, nos levam a criar ficções, a acreditar em miragens, dando poder aos amuletos, às sete ondas, aos ícones, à cachaça. Tudo nos leva a idealizar, e sem idealização, provavelmente, não haveria nenhum tipo de sensibilidade pela arte. Nem o sentido do Belo. Nem sentimentos sobre a Serra da Canastra, a Música, uma Flor, um Lirio, uma Aurora, um Poema, uma Fragrância, um Ritmo e seu Movimento, um Samba.
Sem ilusões a angústia seguiria sem freios, desembestada, ou a ansiedade que provoca nossa cultura, a morte, o abandono, a desolação e a ruína.
Genial, lembro Piaget, tive que ir por ele, pra não ser tão leviano como de costume, afinal, o jogo não é uma forma de Ilusão? Segundo Piaget, o jogo na formação infantil, se caracteriza por ser um mecanismo de assimilação dos elementos da realidade, sem ter que aceitar as limitações da sua adaptação. Genial! Então, joguemos, imaginemos, inventemos, porque são formas expressivas da Ilusão, que nos facilitam a convivência, a expressar nossos afetos, da inteligência ou da capacidade de formular padrões de comportamentos, expressão verbal, corporal. Não me lembra quem disse que o jogo ajuda a os homens a livrarem-se dos conflitos e a resolvê-los.
Somos uma indústria de fabrico de Ilusões. E desilusões! Não é? O Teatro, o Cinema, as Séries, as Telenovelas…
Como nos agrada o espelho ficcional de um alter ego possível, ainda que alter et idem!
O Carnaval é a ambulância das Ilusões. Cuidar das Ilusões é tão fundamental quanto cuidar do corpo que se ilusiona.