9 de dez. de 2015

Parede Meia.

Parede Meia.

“Puta que pariu, de novo, não!” - gritou Renato Anfrade, o gourmet, enquanto se servia uma dose de Armagnac (que sua sobrinha trouxe de Paris) com a segurança de quem houvera bebido Armagnac toda a vida, ou  como dizem os franceses 'avant la lettre', quer dizer, antes mesmo de sua existência, dele Armagnac. “É o Tide  e Odila... sempre cochichando, sussurrando, gemendo... até os ouço fazendo amor apaixonadamente toda a noite, com que energia, meu deus?” Renato se serviu outra dose e murmurou?

- Por que esta parede não está entre eles?

Conchas do Mar.

Conchas do Mar.


Da última vez que fui a praia trouxe uma concha enorme. Boto-a ao ouvido  sempre que estou com saudade da música das ondas sobre os recifes de corais, dos coqueiros bailando sob o sol, o ar quente, o sol, vou andando em direção das ondas, as ondas já me batem na cintura, um barco de pescadores, faz proa na minha direção. Estão todos armados? São piratas e me sequestram querem saber aonde escondi o tesouro, eu lhes aponto rumo norte. Parati.

O Povo Unido, Jamais será...

Um grupo de manifestantes percorre as redondezas do grande museu. Entram em formação de leque, mas não se demoram a formar um bolo compacto.
Depressa grita o líder. Os manifestantes agora estão em rigorosa fila indiana, alguns olham para as pessoas paradas nas calçadas, e gritam “Alienados”. Não ofendam os transeuntes, temos que chamá-los para o nosso lado. Agora gritam aos policiais.  Agora o grupo avança atropeladamente, como se estivessem sob o efeito de doses de Veronal ou barbiturato de dietilo. Uma massa em roupas coloridas, camisetas em cores biliosas, tantas as cores concordantes que há ali no meio. Um cachorro late furioso.
Vamos! Vamos! Não se percam em bobagens, grita o líder apressando a todos.
Um dos manifestantes explode:
'NOS TRATAM COMO REBANHO!'
nesse momento, já cai o sol e um garoto da calçada faz seu raio laser percorrer sua camisa biliosa.


8 de dez. de 2015

Beber o Morto.


Beber o Morto.

O atento gourmet Renato Anfrade, também sabe reconhecer uma língua estrangeira, aprendeu a imitar sueco com o cozinheiro sueco do Muppet, capta o ruído de folhas e galhos cortados, um golpe seco de picareta golpeando a terra e vozes. Renato reconhece o idioma. São caipiras, sem dúvida. Da janela vê a dois homens escavando em frente sua casa. Um é Tide, o sr. Aristide Spatafiori o outro Totonho, Antonio Menesguto. Sai ao jardim, ainda em seu roupão azul, e os saúda. “Dia!” E os homens agitam os ombros como se despertassem de um sonho, estão contentes ao ouvir o tratamento correto, mesmo de um gourmet. Renato prossegue em caipira “ Qui co cês tão cavucano? Uma piscina?”. Os cavucadores sorriem, procuram uma resposta. “Num se aperrei não, sô, é uma surpresa”, disse Tide separando com a enxada um terrão. “Ô, bitelo” e dá uma piscadela cúmplice ao gourmet Anfrade e este pensa: “São simpáticos”. Renato entra em casa. Faz um calor desgraçado, o sol inclemente. Renato se compadece, o suor e a terra se misturaram e estão enlameados. Abre a geladeira e comprova que tem umas cervejas geladas.
Uma hora mais tarde, Renato supõe que os caipiras terminaram o trabalho, já não ouve a picareta. Sai a janela e vê que a pá e a picareta estão deitadas e eles alçam os braços para trás para os desentumecer, enquanto contemplam o buraco. Renato vem até a porta e os convida a tomar umas cervejas. Aceitam encantados, quando entram o cheiro a suor e terra removida se tornam sólidos. Tide e Renato já se conhecem de outra jornada, aquele apresenta Totonho. Conversam animadamente, com as garrafas na mão, Totonho saca uma garrafinha de pinga da mochila, oferece aos parceiros, Renato declina, então Totonho a toma a moda caipira, sem botar o beiço na boca da garrafa e a passa a Tide. Agora Renato está de costas para Tide, que lhe toma a medida com uma trena. “Intão vamu gente!” disse Tide, apressando o gole de cachaça.
Saem ao jardim e se dirigem ao buraco. Totonho olha com curiosidade quase infantil para o gourmet.
“ Di verdadi que o sinhô não sabia qui tava morto?”
Renato medita um momento e sorri com suavidade. “ Na minha idade já se começa a se esquecer de algumas coisas”.... responde com um pouco de ironia, e se acomoda no buraco.
Tide enche a pá e faz um movimento pendular, um balanço, e de cima faz a terra cair: plaft! Totonho e Tide terminam de dar sepultura ao gourmet. Se despedem à moda caipira, tomam um trago de cachaça a sua saúde, e derramam um gole sobre a tumba e fazem uma breve pregaria. Foi assim e nesta ordem.



Ernesto Cabeza de Vaca. III. O Primata.

A moça teve o desplante de sumir e plantar Ernesto numa tremenda depressão. A tarde mal começava, ou começava justo com o rumiar seus obscuros pensamentos misturados com saliva, coisa que se tornou alucinógena..Cabeza de Vaca se dá conta que não está numa depressão, como pensou, e sim entre duas ondas. Já havia mergulhado duas vezes sem êxito na busca à sereia, uma vez regressado do mergulho, mais saliva fazia a mastigação do fracasso. À suas costas, na crista de uma onda, o macaco o escutava escorrer e discorrer ignorâncias sobre seu amor pela moça, meia banana descascada com as cascas caídas, um psicanalista. “ Por que empenhei minha palavra?” era o lamento de Cabeza, em voz alta. A palavra – como parecia saber o primata, a julgar pelo sorriso de deleite que se desenhou em seu rosto – era toda a possessão material que restava a Ernesto, depois de haver vendido a palheta da viola de doze cordas. “ Como farei para conjurar o frio neste trópico e que a sereia me queira? - Porra meo, este é um problema seu, deixe... acreditou ouvir Ernesto uma voz clara e paulistana vinda... adonde? Ajeitou a postura, procurou o dono da voz lacânica.de frase inumana. No entanto, ali, de humanos, capazes de tanta crueldade, só havia um.. Eu? O animal, observava o gif do Travolta desde cima com um sorriso, consciente, e a Ernesto pareceu, mesmo, feliz, de ser ele, o macaco, quem se sentia menos macaco.  

4 de dez. de 2015

Aécio e a Oposição.

Aécio e a Oposição.
Franqueou a fila o lugar tenente Carlos Sampaio, um sujeito rejeitado por Campinas e que teve que sair comprando votos em outras freguesias. Apoiados por todos os grande meios de comunicação. Contemple-se  as raras e fantásticas exceções. Cunha o esteio. Sua maestria? A chantagem.  Deram voz a Bolsonaro. A Malafaia.  Um liquidificador, que propunha o suco da libertação das garras Bolivarianas, o sono dos puros, o canapé para os meritórios, santos, impolutos e Justiceiros. Queimaram autóctones. Violaram jovens. Linchavam negros, por marginais, tudo narrado ao vivo por uma nigromante, num espetáculo de fazer medo a Goebbels. Até o craque Neto, a ignorância esculpida em carrara bandeirante, bradou. Um prato colosso dos colossos, uma vitela dentro de uma vaca, que carregava um porco, recheado com um cordeiro, que por sua vez levava dentro o próprio filho ofertado de Abraão, na grelha dos médias. Cartunistas sem imaginação e traço, polemistas a gritarem: vai pra Cuba!
E tanto gritaram que a violência que o tal Estado locomotiva pratica, não encontra paralelo em sequer um Estado do mundo atual, que não seja o Islâmico e a Venezuela.
E eles se calam. Não se tornaram uns bostas, pelas bostas petistas, já eram bostas antes, perfumadas, bostas em frascos de Channel 5!
Houve um tempo que se temiam os lobos em pele de cordeiro, mas o fedor é pior do que as garras e os dentes do lobo, espalha!

Falando de Privatizações e debelar inflação.

Falando de Privatizações e debelar inflação. Talvez para se poder discutir toda essa questão, devêssemos primeiro de tudo entender o que é um banco privado  no mundo e um banco no Brasil ( desde o Brasil Império). Pois todos eles serviram ao enriquecimento, particular, dependentes do Estado, isso no Brasil, enquanto lá fora, foram instrumento de financiamento de iniciativas privadas, vide railways estadunidenses. Só pra lembrar que barão de Mauá foi à Inglaterra buscar dinheiro, ainda que sabotado pela “intelligentsia” tupiniquins. Daí que se funda a necessidade de bancos estatais fortes. Seja, o Estado ( bancos) são fortes porque é fraca a iniciativa privada, dependente, tanto quanto os mamelucos desempregados.
 Foram Fundamentais os BB, Caixas, BNDE’s etc. Sem eles os bancos privados mal conseguem financiar a safra de grãos do país. Mamam no estado, apoiados mediaticamente pela grande mídia ( via boletins econômicos e o superficialismo das análises borsateis, vide Miriam Leitão e muitos outros) e sujeitos ( aparentemente livres) que abdicaram de qualquer crítica ao sistema Financeiro nacional e ao sistema de distribuição de rendas no país. Em geral por terem uma renda proporcionalmente grande caseiramente, mais pelo ridículo das mais baixas que pela grandeza em si das próprias ( Usamericano explicam isso em vários artiguetes despretensiosos) são os ricos do bairro pobre. Voltemos ao Tema.
O país flanava numa inflação ícara, no momento que o mundo ( primeiro mundo) queria levar a cabo (carry out) o processo de globalização. Não dava para fazer isso com as inflações disseminadas pelo mundo ( vide na época Israel, Colômbia etc. A inflação foi banida desses países num passe de mágica, derretendo a cera de suas asas, pela famosa URV e toda a pressão externa ( via  Thatcher). Novamente quem paga o ajuste? BNDE’s. PROER.
Depois todo o setor de telecomunicações e informações baseadas em bits começava a experimentar uma nova tecnologia, fundada em muito poucas infraestruturas, e em muita tecnologia ( dinheiraço). Mesmo a TELESP, CETERP, etc podiam carry out este processo, bastava injetar money. Aonde estava o money? No BNDE’s. O que fez o governo neoliberal de Fernando, optou por vender. Vender a quem? A telecom Portugal. A Telefónica de Espanha e a italiana! Todas estatais. E com que dinheiro? Com o dinheiro do BNDE’s.  O mesmo se deu nas siderúrgicas. Aonde estou errado? tecnicamente, of course! Veja que não falo em corrupção, a não ser da inteligência.

P.S. As estatais extrangeiras acima citadas, estavam no mesmo patamar tecnológico que a TELESP, quiçá inferior. O diferente é que na Itália a ficha se chamava Jeton!