Como dizia Stephen
Dedalus, se não nos entendemos nesse assunto, melhor mudar
A linguagem é
arbitrariedade pura. Depois que o canibalismo sucumbiu, a discussão
começou a ficar mais tranquila, nem tanto, podiam te matar,
mas não te comiam. É neste momento que começa a
arbitrariedade da linguagem e todas as demais, que por vezes as
lustramos como hipocrisia, que é coisa de cínicos,
estes sim hipócritas. Sempre fomos assim, teimosos, e nos
primórdios ainda mais, posto que sequer tínhamos
argumentos, conceitos, profetas, estes vieram depois, quando a
linguagem se padronizou em grupos, fugindo à arbitrariedade,
havia quem chamasse mesa de tisch e tisch de table e table de taula
e taula de tavolo e tavolo que era table e table era também
table, mas o a desse table não era a era ei, seja teibou! Sem
argumentos, a coisa se resumia a berros: MESA! TABLE! TISCH! E foram
se formando os grupos que chamavam as coisas pelo mesmo nome e usavam
os mesmos verbos, enfim... Hoje a coisa vai mais ou menos pelo mesmo
caminho, só que no plano dos conceitos. Há grupos que
pensam que ser humanista é uma grande merda, e outros que isso
venha a ser o supras sumo de humanidade. Num dado momento haveremos
de nos apartar, como fizeram as linguagens. Como dizia Stephen
Dedalus, se não nos entendemos nesse assunto, melhor mudar de
assunto.
O cultural, e o
politico por extensão, consiste em habitar arbitrariamente a
natureza e isto deve ser feito porque não há maneira de
ser natural e ser ao mesmo tempo humano.
Sente-se num banco,
destes de corredor de shopping center, aonde há um transito
infernal de pessoas, e contemple como cada um carrega sua
personalidade. Cada um tem o estilo artístico de carregar com
criatividade e verosimilitude a arbitrariedade que lhe é
própria.