5 de nov. de 2015

A cidade da verdade.

A city of truth. De James k Morrow.
A cidade da verdade, aonde os cidadãos só podem dizer a verdade, inteira, não importando o inconveniente que possa ser, nem mentiras piedosas dizem, nem usam eufemismos, e tampouco há considerações e esse respeito, ou seja, não faz nada mais que a obrigação, por exemplo, ''ainda não foi desta vez que cheguei ao orgasmo, seu ejaculador precoce!” “ ou Você se apressa, ou sempre chegarei primeiro!”, enfim, na porta do elevador está escrito: “ a manutenção deste elevador é feita por pessoas que odeiam o que fazem, Você sabe o que faz !”, no maço de cigarros está escrito que a foto horrorosa é para te distrair do fato de teu governo se esquecer de cuidar da tua saúde, nas escolas o lema é “ fique aqui moleque, até eu voltar!”, nos supermercados os produtos dizem de seus defeitos, os políticos falam tranqüilamente dos subornos recebidos....

Bom, Eu não li o livro, só umas resenhas, e parece que todo mundo enlouqueceu.  

Somos Feitos do Barro da História.

Somos Feitos do Barro da História.

Você e Eu existimos porque no passado se deu uma serie complexa e altamente improvável de azaradas circunstâncias que foi abrindo passo a nossa existência.
Nossos pais se conheceram e poderiam não ter se conhecido... Gostamos de falar dos acasos felizes que nos trouxeram até aqui. Mas sem as tragédias do passado, a citar, as guerras, fomes, pestes, crimes, roubos, violações, escravismo, invasões, extermínios... estaríamos aqui? Quantas calamidades tiveram lugar no transcurso do tempo para que nossos pais pudessem se conhecer? Pois, cada uma delas influenciou pouco ou muito a cadeia de acidentes e acontecimentos que nos permitiram.
Assim de certo modo, amar nossa própria existência significa também amar as tragédias que foram tramando a sucessão de fatos que nos trouxe à vida.


Levando em conta o anterior, O que somos não é independente do que nos fez, assim que queiramos tudo ou refugamos tudo, foi o que propôs o Saul Smilansky, em Morally, Should We Prefer Never to Have Existed? Se pudéssemos faze-lo, que preferiríamos: eliminar do passado as circunstancias calamitosas que , sem dúvida, provocaram enormes sofrimentos a outras pessoas, eliminando também a possibilidade de nossa existência, ou escolheríamos a nós e portanto, tudo o que nos fez possíveis, incluindo o sofrimento alheio?

1 de nov. de 2015

Rúcula, uma Vindicação



Vou te tratar por você, Rúcula, é mais íntimo e suave sopro, você, que este solavancado tu.
Está aí, no prato, como o ar. Nem se digna a me contemplar no meu residual ser-ai. No entanto, está aí, como uma bússola, uma testemunha, um marco, Rúcula.
Está aí para me recordar que é meu último regaço. Minha última esperança no mundo. Com sua humildade desbancou o Bacon, o chouriço, a calabresa, o hambúrguer, o Prosciuto di Parma, o Pata Negra de Bellota e seus 18 meses de cura.
Ridícula Rúcula, perdoa, chamá-la assim, pura epifania da dessubstanciação, a sagrada forma da comunhão laica, porque não é nenhum drama que tenhamos matado a deus, se nos resta você, Rúcula, ora pró nobis! 

Todos os Santos, A Morte.

Todos os Santos, A Morte.

Oliver Sacks, escritor e neurólogo, escreveu um artigo, no NYT, aonde falava que padecia de uma rara metástase de um melanoma ocular tratado havia nove anos, e que lhe sobravam poucos meses de vida. Efetivamente, morreu em 30 de Agosto. Na sua despedida, compartilhou frases que sugerem alguma reflexão: “ Vivi como uma criatura que sente, um animal que pensa, neste planeta precioso, uma aventura, um privilégio imenso [...] Ninguém pode ser substituído, depois da morte fica um vazio que não se pode preencher, porque é parte do destino - genético e nervoso - de cada um ser único, ter seu próprio caminho, viver a própria vida, morrer a própria morte.
Mais que uma pretensão, a relação entre vivos e.mortos é um desejo mágico. A crença de que o dia de Todos os Santos - uma das festas mais antigas da cristandade -  os vivos visitam os mortos e dia 2 dia dos Difuntos, são eles que nos visitam. Acho que foi Montaigne que falou da aprendizagem com a morte. Acho isso muito estranho, pois como aprender com uma coisa que só acontece um  vez na vida, além de que se.morre sem nenhum esforço.
Enfim, a morte é que faz a vida tão apaixonante, e lhe dá um sentido, quando finita.
A morte acaba com o ser vivo, mas não com o que ele fez e viveu. Sempre fica algo, que não saibamos o quê. Este “ haver estado “ , é como o fantasma de Vladimir Herzog, torturado e morto. 

Saci x Halloween.

Halloween x Saci.

As tradições começaram algum dia sendo novidades e de alguma forma se puseram de moda, criaram raízes nas pessoas e em algum momento se tornaram símbolo, signo de um Povo.
É possível que o Saci seja anterior ao descobrimento, com pé na África, nos autóctones e Portugal. É possível, inclusivamente, mas posso me retificar, pois minha antropologia é um ovo batido, e não um omelete, e esta velha tradição folclórica seja uma aportação,exclusiva, da nossa cultura,
O Halloween é uma aportação da cultura anglo saxônica, dominante hoje em dia pela força da indústria audiovisual dos EUA. Lá, tem a ver com a mudança de estação, a espera de longo inverno, pode ser, com a morte. E tudo isso com esse toque mexicano, de humor, e naturalidade diante de tudo que é fúnebre, diante dos espíritos e homenagem aos antepassados. Não há por onde a insistência e teimosia nesse essencialismo sacisista, sambista, feijoadista e churrasquista de uma cultura autêntica nacional.
Uma cultura é a soma de todas que se vão se sobrepondo ao longo dos tempos. 

27 de out. de 2015

Inteligência Emocional.

Inteligência Emocional.

Se tenho um problema, tendo a me calar, a respeito. Por ecologismo, seja não poluir ainda mais o ambiente, e o meio. Ao passo que o que vejo, em meio a tanto palavrório inteligente-emocionalista é uma incontinência emocional, uma inteligência emocionalmente infantil, os Fala-barato, tipo de fofoca com cara de indignação, como diz certo Inspetor ao ouvir  certo Sr K:  menos  Sr K, se tudo o que diz pode estragar a imagem que seu corpo, seu gestual já nos informou.
Há que se ter, isso sim, sentido de pudor, discrição, vergonha própria e alheia. 

26 de out. de 2015

Blair pede perdão!

Blair pede Perdão.

Tony Blair pede perdão, há destempo. Deixou passar muitos anos para reconhecer as mentiras que desembocaram na decisão de intervir no Iraque. Ele, que era o Primeiro Ministro Britânico, e um dos sócios daquela triste coalizão do Ocidente contra o Império do Mal, teve que reconhecer, muito tarde, talvez tarde demais, que tinha informações “errôneas” e com elas tomou-se a decisão, então equivocada. Faltam ainda a Bush e Aznar - seus outros sócios -  fazer o mesmo, aceitar o erro que se supõe tal intervenção no Iraque. Cujas consequências ainda vigem.
É possível, sem medo de ser leviano, que tais informações “ errôneas “, como a existência de armas de destruição massiva em mãos de Saddam Hussein não fossem mais que motivadas pelo interesse em dominar um dos países mais importantes na produção mundial de petróleo.
Nem tudo se pode atribuir a uma reação aos atentados do WTC, em NY, aonde nada ou quase nada se pode atribuir ao Iraque, melhor dito ao Regime Iraquiano de então. E cada vez mais, com o passar dos anos, parece que foram as razões geoestratégicas que impulsionaram aquela intervenção, e que tem muito a ver com a focalização na estabilidade, ou criar a sua ausência em todo o Oriente Médio. No mais um erro que se está a ponto de cometer na Síria, aonde a busca por aliados contra Bashar Al-Assad torna a provocar a instabilidade na região, ao tempo que gera uma força política e militar como o Estado Islâmico, a razão do qual já condiciona o equilíbrio mundial. Desgraçadamente, Blair falou tarde, o que já se supunha, o que só agrava sua culpa.