5 de nov. de 2015

Somos Feitos do Barro da História.

Somos Feitos do Barro da História.

Você e Eu existimos porque no passado se deu uma serie complexa e altamente improvável de azaradas circunstâncias que foi abrindo passo a nossa existência.
Nossos pais se conheceram e poderiam não ter se conhecido... Gostamos de falar dos acasos felizes que nos trouxeram até aqui. Mas sem as tragédias do passado, a citar, as guerras, fomes, pestes, crimes, roubos, violações, escravismo, invasões, extermínios... estaríamos aqui? Quantas calamidades tiveram lugar no transcurso do tempo para que nossos pais pudessem se conhecer? Pois, cada uma delas influenciou pouco ou muito a cadeia de acidentes e acontecimentos que nos permitiram.
Assim de certo modo, amar nossa própria existência significa também amar as tragédias que foram tramando a sucessão de fatos que nos trouxe à vida.


Levando em conta o anterior, O que somos não é independente do que nos fez, assim que queiramos tudo ou refugamos tudo, foi o que propôs o Saul Smilansky, em Morally, Should We Prefer Never to Have Existed? Se pudéssemos faze-lo, que preferiríamos: eliminar do passado as circunstancias calamitosas que , sem dúvida, provocaram enormes sofrimentos a outras pessoas, eliminando também a possibilidade de nossa existência, ou escolheríamos a nós e portanto, tudo o que nos fez possíveis, incluindo o sofrimento alheio?

1 de nov. de 2015

Rúcula, uma Vindicação



Vou te tratar por você, Rúcula, é mais íntimo e suave sopro, você, que este solavancado tu.
Está aí, no prato, como o ar. Nem se digna a me contemplar no meu residual ser-ai. No entanto, está aí, como uma bússola, uma testemunha, um marco, Rúcula.
Está aí para me recordar que é meu último regaço. Minha última esperança no mundo. Com sua humildade desbancou o Bacon, o chouriço, a calabresa, o hambúrguer, o Prosciuto di Parma, o Pata Negra de Bellota e seus 18 meses de cura.
Ridícula Rúcula, perdoa, chamá-la assim, pura epifania da dessubstanciação, a sagrada forma da comunhão laica, porque não é nenhum drama que tenhamos matado a deus, se nos resta você, Rúcula, ora pró nobis! 

Todos os Santos, A Morte.

Todos os Santos, A Morte.

Oliver Sacks, escritor e neurólogo, escreveu um artigo, no NYT, aonde falava que padecia de uma rara metástase de um melanoma ocular tratado havia nove anos, e que lhe sobravam poucos meses de vida. Efetivamente, morreu em 30 de Agosto. Na sua despedida, compartilhou frases que sugerem alguma reflexão: “ Vivi como uma criatura que sente, um animal que pensa, neste planeta precioso, uma aventura, um privilégio imenso [...] Ninguém pode ser substituído, depois da morte fica um vazio que não se pode preencher, porque é parte do destino - genético e nervoso - de cada um ser único, ter seu próprio caminho, viver a própria vida, morrer a própria morte.
Mais que uma pretensão, a relação entre vivos e.mortos é um desejo mágico. A crença de que o dia de Todos os Santos - uma das festas mais antigas da cristandade -  os vivos visitam os mortos e dia 2 dia dos Difuntos, são eles que nos visitam. Acho que foi Montaigne que falou da aprendizagem com a morte. Acho isso muito estranho, pois como aprender com uma coisa que só acontece um  vez na vida, além de que se.morre sem nenhum esforço.
Enfim, a morte é que faz a vida tão apaixonante, e lhe dá um sentido, quando finita.
A morte acaba com o ser vivo, mas não com o que ele fez e viveu. Sempre fica algo, que não saibamos o quê. Este “ haver estado “ , é como o fantasma de Vladimir Herzog, torturado e morto. 

Saci x Halloween.

Halloween x Saci.

As tradições começaram algum dia sendo novidades e de alguma forma se puseram de moda, criaram raízes nas pessoas e em algum momento se tornaram símbolo, signo de um Povo.
É possível que o Saci seja anterior ao descobrimento, com pé na África, nos autóctones e Portugal. É possível, inclusivamente, mas posso me retificar, pois minha antropologia é um ovo batido, e não um omelete, e esta velha tradição folclórica seja uma aportação,exclusiva, da nossa cultura,
O Halloween é uma aportação da cultura anglo saxônica, dominante hoje em dia pela força da indústria audiovisual dos EUA. Lá, tem a ver com a mudança de estação, a espera de longo inverno, pode ser, com a morte. E tudo isso com esse toque mexicano, de humor, e naturalidade diante de tudo que é fúnebre, diante dos espíritos e homenagem aos antepassados. Não há por onde a insistência e teimosia nesse essencialismo sacisista, sambista, feijoadista e churrasquista de uma cultura autêntica nacional.
Uma cultura é a soma de todas que se vão se sobrepondo ao longo dos tempos. 

27 de out. de 2015

Inteligência Emocional.

Inteligência Emocional.

Se tenho um problema, tendo a me calar, a respeito. Por ecologismo, seja não poluir ainda mais o ambiente, e o meio. Ao passo que o que vejo, em meio a tanto palavrório inteligente-emocionalista é uma incontinência emocional, uma inteligência emocionalmente infantil, os Fala-barato, tipo de fofoca com cara de indignação, como diz certo Inspetor ao ouvir  certo Sr K:  menos  Sr K, se tudo o que diz pode estragar a imagem que seu corpo, seu gestual já nos informou.
Há que se ter, isso sim, sentido de pudor, discrição, vergonha própria e alheia. 

26 de out. de 2015

Blair pede perdão!

Blair pede Perdão.

Tony Blair pede perdão, há destempo. Deixou passar muitos anos para reconhecer as mentiras que desembocaram na decisão de intervir no Iraque. Ele, que era o Primeiro Ministro Britânico, e um dos sócios daquela triste coalizão do Ocidente contra o Império do Mal, teve que reconhecer, muito tarde, talvez tarde demais, que tinha informações “errôneas” e com elas tomou-se a decisão, então equivocada. Faltam ainda a Bush e Aznar - seus outros sócios -  fazer o mesmo, aceitar o erro que se supõe tal intervenção no Iraque. Cujas consequências ainda vigem.
É possível, sem medo de ser leviano, que tais informações “ errôneas “, como a existência de armas de destruição massiva em mãos de Saddam Hussein não fossem mais que motivadas pelo interesse em dominar um dos países mais importantes na produção mundial de petróleo.
Nem tudo se pode atribuir a uma reação aos atentados do WTC, em NY, aonde nada ou quase nada se pode atribuir ao Iraque, melhor dito ao Regime Iraquiano de então. E cada vez mais, com o passar dos anos, parece que foram as razões geoestratégicas que impulsionaram aquela intervenção, e que tem muito a ver com a focalização na estabilidade, ou criar a sua ausência em todo o Oriente Médio. No mais um erro que se está a ponto de cometer na Síria, aonde a busca por aliados contra Bashar Al-Assad torna a provocar a instabilidade na região, ao tempo que gera uma força política e militar como o Estado Islâmico, a razão do qual já condiciona o equilíbrio mundial. Desgraçadamente, Blair falou tarde, o que já se supunha, o que só agrava sua culpa. 

24 de out. de 2015

Cargo em Comissão.

Inda pouco lia uma coluna do Estadão, que a miúde expunha a quantidade de cargos em comissão do governo petista. Conclamava o jornalismo a tratar mais intensamente tal descalabro. Quando o PT assume o governo federal, tais cargos, seu número, rondava a casa de 30.000. Excessivos me parecia, me parece. Porém, aumentaram, um excesso do excessivo. Deveríamos discutir isso. Particularmente, não sei qual o número razoável, enfim necessário. Mas há o excesso. Há o excesso por toda  parte. Em Rincão, Guatapará, Bonfim, em Ribeirão, Campinas, São Paulo capital, São Paulo estado, Brasil.
Tive um colega que chamarei de Ulísses C., que formava parte do governo FHC, em Brasília, num tempo que ainda se podia dialogar. Me disse Ulisses, que muitos dos quase 30.000 cargos em comissão que como ele deixavam Brasília, não tinham para aonde ir. Como ele, muitos professores universitários, haveriam de voltar à
cátedra, depois de longos anos ausentes. Não durou dois meses essa inquietação do matreiro Ulisses, pois logo elaborou um projeto que foi encampado pela ALESP, e com a verba disponível, não teve que voltar aos sofrimentos de lecionar na Unicamp. Assim muitos foram se encaixando pelo estado paulista e mineiro afora, já que lá governava Aécio. E que com a derrota em MG, também tiveram que buscar o que fazer em governos da sigla. E de.fato isso acontece, são profissionais dos partidos, que perambulam pelos municípios, estados dando um pitaco aqui outro ali e se forrando. Quanto dessa gente prescinde um governo, não saberei dizer. Aqui em Bonfim conheço um engenheiro, amigo da infância, dizemque “trabalha” no DAERP, e que teria sido “colocado” lá pelo João G. Sampaio, e de lá nunca mais saiu. E nunca o viram na  na lida e logo se aposentará. Como um outro que, também, “trabalhou” na autarquia e já se aposentou, e a boca miúda tem a  vã glória de dizer jamais haver trabalhado. Diz que ia, sim, “ picar o ponto “ tomar um café e de lá ia para o café Única, vender uns lotes.