24 de ago. de 2015

Hegel, ou entre mordaça e a tagarelice.




Afinal, será mesmo preciso dar explicações o tempo todo ou haveria de me refugiar com mais frequência, para frequentar com atenção plena o silêncio?
Como compatibilizar o recolhimento e a paixão febril por comunicar, e com isso compartir a história do meu tempo?
Olha, como é surpreendente como me debato entre receitas contraditórias na hora de encarrilhar o comboio da existência!
Chego à conclusão de que não posso escolher entre uma e outra atitude, senão que viver imerso na relação dialética entre opções aparentemente contraditórias. Se por um lado sou interpelado por beliscadas,  me chamando à concentração e à experiência atenta do que acontece, sem espectativas prévias sobre mim, nem sobre os outros, nem como haveriam de ser as coisas. Da outra banda me excita a aventura da comunicação, a tendência de contar histórias oralmente, escrever nas redes sociais, divagar.
Então, melhor a eqüidistância instável.
Modestamente, me identifico com algumas coisas que li de Hegel, o Hegel que está em Marx, aonde não posso abraçar o todo e ao mesmo tempo, compreensivelmente, assim a contradição é a raiz - isso é Hegel em Marx - da vitalidade e do movimento.
Pensava nisso estirado na espreguiçadeira, debaixo da amoreira, tomando alternadas pinga e cerveja, quando passa voando baixo um bando de garças brancas, eis que fui tomado de dúvidas, correr a pegar o celular para fotografá-las, escrever sobre elas que começaram suas vidas entre búfalos de água africanos, em pântanos e albufeiras.e que nos últimos anos acompanham umas vaquinhas tucuras que roem os pastos especulativos
da vizinhança. Ou por fim, contemplá-las e deixar correr o tempo, mas deu nisso! 

23 de ago. de 2015

Ungüento de São Fiacre.



Tirado de velhos tópicos, tão velhos como não demonstrados - as dores do amor se guariba viajando e lendo. Hoje por hoje não tenho a menor vontade de sarar qualquer enfado, mas comedidamente faço ouvidos e gosto de passar quilômetros  mais que passar páginas. Ainda que seja mais acessível ler que rodar mundo, minha paixão é viajar, e fiz isso de tal modo que por vezes viajava dentro da viagem, e o remédio do remédio, a volta, se tornava outra unção, de uma moléstia incurável. Certa vez, lia a biografia de JJ e fui me cozinhando numa febre, quando me dei conta terminava a leitura num café do Quartier e havia deixado Bellpuig para tão só ver Tom Waits a L'Auditori. Curiosidade, ou o exercício de bisbilhotar, no bom sentido. Ler é olhar por um buraco a intimidade alheia a caminhar pela Rive Gauche ou folhear um Baudelaire numa livraria acerca de Notre Dame. Os egípcios diziam que uma biblioteca é um tesouro de remédios da alma. E de citação em citação se chega facilmente a que somos aquilo que lemos,  mais aquilo que vivemos. 

Mentira.

Mentira.
Não podemos reclamar, há mentiras para todos os gostos. Meias verdades, pequenas mentiras, mentiras piedosas, malvadas, por necessidade, por falta do que fazer, mas as mentiras reiteradas, premeditadas, estudadas, planejadas com maldade e persistente laboriosidade, são destinadas a crédulos que estão dispostos a tropeçar uma e mil vezes a mesma pedra.
A modalidade em voga é  ocultar fatos. Com as atenções focadas noutros pontos, o Sr. Alckmin mata. Mata de sede. Mata na calada. Mata na caruda. Mata oportunidades de gerações em idade escolar, para instaurar o caos na segurança pública, e como solução autoriza a execução como padrão de conduta policial. Os crédulos seguem torpes a "trupicar", na mesma pedra. 

22 de ago. de 2015

Mapa dos Cornudos.

Infiéis.

Uma notícia banal, deixa de cabelo em pé, homens e mulheres de meio mundo: um hacker divulga a lista de um site para infiéis. Não no sentido malafaico, não. É um sítio aonde homens e mulheres buscam escapadas extraconjugais, com quem anda por perto.
O site se chama Ashley Madison, e seus proprietários, responsáveis, estavam prestes a lançá-lo, cotizá-lo em Bolsa de Valores, tamanho o sucesso que faz, fazia, sabe se lá! Alguém processou os dados de usuários, via Big Data. E qual não é o espanto, senão que a infidelidade coincide com a riqueza, com o mapa do desenvolvimento tecnológico, com o acesso à Internet.
É certo, que o Big Data não pode saber se esse lugar feliz é feito de curiosos ou praticantes.
É notório, se tratar de inverdade, a infidelidade não depende de grana, ou Internet ou tecnologia! Vá me dizer que na periferia só existem fiéis, se o que mais existe a rés do chão  é corno 'brabo','manso' e desinformado. 

21 de ago. de 2015

Agosto, uma encruzilhada.

As vezes fico imaginando o criador enchendo suas rotring (anacronismos à parte) e traçando linhas sem fim por toda parte e em todas as direções. Cada vez que uma linha se cruza com outra, se opera um milagre, fazendo as coordenadas espaço x tempo perderem   seu poder, e uma recordação compartida  te aproxima de tempos remotos e no ermo. E esta casualidade se repete. E tropeça com tantas vidas, que viver o presente é alcançar a tartaruga que Zenão persegue sem sucesso.
Uma tarde de ventos de Agosto, com uma poeira vermelha, infernal, mas este agora, é as linhas cruzadas, e Getúlio se dava um tiro. Jânio renunciava, Juscelino morria na Dutra, Glauber nos deixava com a câmara na mão, Marilyn Monroe, Carmem Miranda,o Enola Gay soltava a solução sobre Hiroshima, Richard Nixon, a URSS invade Praga, pondo fim à Primavera, Hitler pulou Agosto, deixou para o dia seguinte, 1 de setembro, para invadir a Polônia, enfim o massacre de São. Bartolomeu  em Paris. Nasce Fidel.Castro, Morre Trotsky. Morre Nietzsche. Assim que chorar em Agosto é chorar sob a chuva, que em Agosto não cai.

Escarmentacão.

Escarmentação.

O economista, prêmio Nobel, Paul Krugman, crítico ferrenho das políticas de austeridade alemãs - Comunidade Européia - qualificou de 'golpe de estado' a imposição à Grécia das medidas de austeridade, posteriores ao referendum, e supõe que seja o maior castigo jamais infligido contra um governo soberano, por parte de entidades supranacionais. A decisão de Alexis Tsipras de se demitir e antecipar eleições para setembro, mostra os danos causados pela trinca à legitimidade do Governo Syriza, um formação de esquerda, à qual se devia condenar ao fracasso, para servir de escarmento aos demais países europeus.
É notório que a Grécia, desde antes à sua incorporação ao euro, já não era um país fiável, que mentiu com a ajuda de França e Alemanha, para não ir tão longe, durante governos de centro direita,campeões do desgoverno. Agora, quando um governo de esquerda, tenta reconduzir a economia helena - país mais pobre da zona Euro - o castigo veio sem misericórdia, em troca de uns bilhões de euros, que os helenos jamais pagarão aos seus credores. A pergunta é se alguém pagará, os EUA devem 29% de toda a dívida do planeta, seguido de Japão, Alemanha, China, Itália, e depois Brasil que deve 2,5% do montante global. A diferença é que qualquer desses países são soberanos, soberania que o Brasil conquistou mui recentemente, e que não podemos perder

19 de ago. de 2015

Estado Mínimo!

Estado Minimo.
Minha memória é minha pátria. Meu território é minha sombra com o sol no zênite, alguma expansão territorial na hora da sesta, em uma rede. Tenho língua, cultura e gastronomia própria. Sou um estado mínimo