3 de jul. de 2015

... O mundo passou na janela e só Zeca Camargo não viu

... O mundo passou na janela e só Zeca Camargo não viu.

É indiscutível a patente da feijoada, só queria que algum me passasse a receita. Zeca até cita os brasis, de interior, mas não os reconhece. Não os reconhece como fenômenos mediáticos, posto que não "passou" na Globo, não deu na Veja. Brasis profundos, plenos de Califórnias, torrentes quanto. A dureza do lá dó ré. A remota moda de viola, mas neste âmbito, melhor falar de music: New Orleans, sofistication de pé de porco que é este Cristiano Araújo, hein?. CA morreu.  Catarse é catarse, até Corinthians e Boca servem, mas embotamento intelectual, são outras dissonantes, Araújo não serve, nasceu e morreu e o grande cronista musical não ouviu falar, assim não serve para catarse, talvez como ele disse, essa gente que pinta livros, sem terem mais o que fazer, melhor se catarem, que eu Dostoiévski. Da feijoada à bossa tudo vem do sertão, mas Zeca não sabe, não sabe que desde que o samba é samba, o samba também é assim, e o morro da favela, também era e é grotão.
É notório, que O Brasil e a mídia GG não conhece o brasil, e não tem mais controle absoluto, porque não conhece o brasil, nem do sucesso, nem do insucesso, se é que um dia teve. Faz tempo que o brasil-grotão passa pela janela do refinado mundo da MPB, e só Zeca Amargo e a mídia GG, não viu.

1 de jul. de 2015

feixista

Feixista.
Esse feixe amarradinho,carregado em procissão com musiqueta ipsa conteret, rança e penosa. Concreto mental cavernícola que sustenta numa concha perversa e maligna, a semear conceitos de  pulcritude  moral, sem sequer saber que a água passa pela torneira. Velhos fantasmas que já assustaram outros mortos, seguem desenterrados, borrões do espectro errático do velho Plínio marchando pelo viaduto do Chá. 

30 de jun. de 2015

Domingo.

Sentado ali na minha poltrona, com Ão ronronando conivente, explode no que em mim pensa, a frase do livro; "Se procura a verdade,prepare-se para o inesperado, porque é difícil de se encontrar, e quando se a encontra, sói ser desconcertante". Mais uma vez Heráclito me surpreende, memorizei algumas frases, num tempo que as lia com afinco; sempre tentando encontrar o que nelas se ocultava. Bem acomodado naquela poltrona domingueira, deixo andar as folhas suavemente sem as ler,  diante da lógica que nenhum homem pode nadar no mesmo rio, porque nem rio nem homem serão os mesmo na segunda vez que coincidam. Creio sempre no mesmo rio? Sou ou não sou sempre o mesmo? Onde reside a verdade? Quero, de fato, encontrar a verdade. Que é a verdade e quem a possui?  Os domingos podem residir nisso. Abandono o relógio que me controla noutros dias e me entrego à virtude de vagabundear, não fazer outra coisa que coçar placidamente sem me fixar em nada,  enquanto o urubu voa lento, sem destino, como uma gota de suor escorre desde o sovaco. Bem sentado nessa poltrona, bebendo uns goles de heineken, sem TV, ou qualquer outra voz a me informar que o mundo está prestes a explodir e ninguém sabe remediar. O domingo é meu espaço para a ignorância, alienado do mundo, longe do populismo barato, dos rançosos, dos oxidados, dos vomitivos, fechar os olhos e o silêncio... Que vida sem interesse é essa? Não sei. Sei que a vida que vivo ali sentado na minha poltrona é o universo que quero me perder.

23 de jun. de 2015

Fidalgo de Braguilha.

Dilema de Chifres.
Escapar de um chifre, te leva ao outro.

Fidalgo, figura imortalizada por Cervantes, que representa um protótipo ainda vigente. Os fidalgos eram filhos de algo, neste contexto indica riqueza de alguma maneira. Era o mais baixo grau de nobreza – frequentemente durangos – adquirida como uma doação por serviços, ou por outros motivos. Um fidalgo famoso foi o Fidalgo da Butega – braguilha - por haver engendrado sete filhos machos.  

Diógenes.

Diógenes, o da síndrome.
Como se sabe, Diógenes, depois de sair com o povo da sua cidade nos seus calcanhares, acusado de falsificação de moeda, viveu durantes anos em Atenas, sua casa era um barril de carvalho francês, uma das habitações prefabricadas mais procuradas de sua época e ainda atualmente muito apreciada no setor vinícola. Como também se sabe, Diógenes se caracterizava pela busca de prescindir de tudo aquilo que era supérfluo; não sei se por isso, mas se chamava o cachorro ou o cínico, que é o mesmo. Também é notório que frequentemente circulava pela cidade, a primeira hora do dia, com uma lanterna de óleo, procurando um homem honesto; nunca o encontrou, de modos que ao final, passou a catar tudo que lhe parecesse ter algum interesse e coubesse no barril – de carvalho francês - até o ponto dele lá não caber e ficar à porta.   

22 de jun. de 2015

Casamento e governabilidade.

- Quer casar comigo, Marisa?
- Tadeu, esta não é a pergunta que deve fazer.
- Ah! Não? Então quer dizer que não quer?
- Não cara, não é isso. Não é esta a minha resposta, mas tampouco a sua é a pergunta adequada. O que há de me perguntar – de momento – é se pode continuar me pedindo para sair, me acompanhar ao cinema, se pode me levar para jantar no fim de semana… tudo isso com o bem entendido que você continue usando o seu carro, pagando as entradas e a conta do restaurante, é claro. Isso é o que deveria me perguntar, entendeu?
- Sim minha cara, sim, mas isso, tenho feito até agora, continuarei fazendo uma vez que responda a minha pergunta e sermos casados.
- Não, Tadeu, acho que não me expliquei bem. Veja, se te digo que sim, é o fim do nosso namoro, não vê isso?
- Claro, porque então, com certeza, estará disponível para sair. Afinal os casados vivem juntos, ou não?

- Não, Tadeu, já vejo que não me entende, ou não quer entender, muita pressa ou pensa que tudo é automático. Em qualquer caso, o que quero dizer, na hora certa, a sua pergunta seja mais elaborada, que me permita um tempo para ruminar, e não esse vapt vupt. Não sei, mas sem pensar muito pode ser uma coisa assim: “- Quer casar comigo, com as seguintes condições: primeira: nunca te farei perguntas que tenha que responder com um sim ou um não. Segunda: sempre te chamarei de Minha Querida, ou algo mais doce. Terceira: todas as decisões, até mesmo a cor de minhas meias e gravatas que compro, serão tomadas entre nós dois e você terá o direito de veto. Quarta: a tua mãe terá as chaves da casa e poderá se instalar no quarto de hóspede, sempre que ela queira. Quinta: todo os anos passaremos o natal e ano novo (nossas férias) em Catanduva, você já sabe que meus pais são dali… Até aqui recordo esta novela por capítulos, que lia, num bar do litoral, numa página de politica de um jornal litorâneo, creio que se equivocaram de secção. Tive que sair para, enfim, sai sem acabar a leitura. E agora gostaria de saber se a Marisa disse sim, ou disse não, ao pobre Tadeu. Chorará se ouvir um não? Ficará bravo? Ou com os recursos que gasta…. com certeza deve ter outra ‘apalavrada’. Não se preocupem: vou procurar saber.

28 de mai. de 2015

Vindicando Beirute.

Le Corniche

O Líbano, pais onde o árabe é a língua oficial e o domingo, cristão, não é dia de feira. Geograficamente tão grande como a região de Ribeirão Preto. Leio estas coisas no blog de Tomás Alcoverro, jornalista e escritor que tem esse blog no La Vanguardia da Catalunha: .

Gosto de ler, porque os libaneses participaram de minha infância, porque estiveram na Macondo literária, e com certeza na real, assim,  sempre que me lembro, leio suas blogadas, porque um sábio, intérprete de um mundo, no qual é fácil cair nas armadilhas dos tópicos e esquematismos 
.Viajando com ele aprendi que, em Beirute convivem diversas cidades. A muçulmana e a cristã, separadas por trincheiras durante uma longa guerra ( 1975-1990), que produziu uma destruição tremenda. Há uma Beirute caótica, com  arranha-céus desmedidos que desafiam o mar, e aquela das casas de estilo otomano e colonial que testemunham  arquitetura de galerias, que se entrelaçam, de maneira amável no espaço íntimo sob a plena expressão da luz. 
Há Beirute das boutiques de luxo e a dos refugiados sírios mendicando pelas ruas. Beirute alegre de la Corniche, passeio marítimo dos pescadores pacientes, dos que se banham, ou por ali caminham matando a saudade do horizonte.
 Beirute arqueológica onde a história emerge para contar sonhos antigos da alma humana.
Desde Beirute se pode seguir a silhueta das altas montanhas, atrás das quais se quebra a serenidade do mar, que lambe as rochas estendidas como lâminas, recobertas de algas, onde se formam represas. Em Beirute, por toda parte há cabines de vigilância e veículos militares, dissuasivamente diante dos edifícios institucionais. São muitas as fachadas que mostram as cicatrizes dos combates violentos.


As Cidades Estados alçavam sua própria voz entre os impérios poderosos da Mesopotâmia e Egito, levaram a Europa desde a Grécia, o alfabeto ( a escrita), a vocação para a navegação e o comércio.