26 de set. de 2014

Bollywood. A pergunta do milhão!

A pergunta do milhão!


Quando um coletivo tem que decidir sobre uma questão, sempre haverá diversas opções. Se não estão presentes tais questões, não faz falta decidir, já que haveria uma unanimidade e esta ou a aclamação substituem o debate e o voto. Entre pessoas civilizadas não há de haver confrontação.
No que temos que decidir se confrontam interesses diversos, com consequências diretas sobre os sentimentos, as crenças, e especialmente o bem-estar dos que ganhem ou percam.
Sempre que reflexiono, sobre o fato: de entre milhões de pessoas, 51 % votem uma coisa e 49 % votem outra.
Se fosse para viver em um condomínio com todas as comodidades para os ganhadores e tábula rasa e preconceitos para o resto dos evidentes perdedores, a votação acabaria em desastre. Um instante depois de conhecer o resultado, uma batalha campal decidiria qual das duas partes seria perdedora. Por certo, ambas as partes perderiam.
Por isso é que se fala em projetos de governo, corrupção... para não dizer a verdade, esta, sim, conflituosa.


Você votaria para que tua condição material voltasse atrás?

O sal evita que o mar se apodreça.

O sal evita que o mar se apodreça.
A serpente é a maestra dos vivos.
Desde Eva, 
seguimos seu rastro.

SE o mundo, produto de artifícios, 
é porque
as conclusões são pactadas,
pois a força da rocha, não pensa.

O corpo é o habitat da linguagem,
então,
jogo os dados, abro o livro
e alço os braços,
 para golpear,
com as mãos.

Ninguém dança convencido.
não para traçar signos
 com as mãos,  
ao alto,  com a dança,

A cor  é a do caos.
Letras e signos.
Pele de porco.
Areia sobre espelho.
Sulcar a terra com as unhas.
Cortar a sombra que já me sobe pelo joelho...







25 de set. de 2014

Laura.


Não tenho certeza, mas penso que disse alguma vez que faz dois ou três anos que me relaciono com diversas mulheres ao mesmo tempo, coisa que nem a elas ou a mim criam conflitos, mais provavelmente, ao contrário.
A Laura, ela o sabe, é uma das minhas preferidas. Bem, não é bem assim, Laura, cada uma tem o seu atrativo, e sou um galinha. Outro dia, creio que os mostrei uma, recordam? Não sei se fiz bem, ainda me sinto inseguro. Falo aos leitores, não com você, Laura, que bem sei, que não se importa. Me enrolo todo com as primeiras e as terceiras pessoas.
Laura tem um sorriso charmoso e é graciosa. E seu olhar? Já disse. Sim já disse, mas de vez em quando me dá uma olhada de rabo de olho... acho que já os havia dito, e depois, com a voz cada vez mais suave, mais baixa, que me esforço para ouvir, e até quase encosto a orelha a sua boca, me diz: o amor não tem idade.
Frequentemente, quando nos despedimos e lhe faço um carinho, uma carícia ao rosto, me olha com seu sorriso que já disse acima, charmoso irresistível, a cabeça meio virada, olho no olho, para perguntar: e a amanha?

Bem que queria, Laura, não sei se faço bem contar estas coisas aqui, onde toda a gente pode ler, mas você já não estarás, que diferença faz, que saibam, já que amanhã não nos veremos...

24 de set. de 2014

Rainha de Copas.


Isso de não querer deixar o cargo livre, vem de longe. Suponha-se Herodes, e se dê conta que o novo rei dos judeus nasceu. Alguma coisa haverá de fazer, se quer conservar o trono, assim que tira da cartola um plano drástico, mas efetivo: degolar todos os meninos com menos de dois anos. Sim, concordo que os danos colaterais sejam excessivos, mas tudo para conservar o cargo. Pouco contava Herodes com que José tivesse um sonho, 2014 anos antes dos nossos, e se refugiaria no Egito com Maria e seu filho ameaçado. Os historiadores não encontram indícios de veracidade neste relato de São Mateus. Mas vale a pena dizer que o evangelista tampouco inventou muito, porque Herodes era bastante partidário de acabar com os seus rivais políticos seguindo o lema da rainha de copas no País das Maravilhas: “que lhe cortem a cabeça!” Esta se impunha, assim, a quem se interpunha no seu caminho, inclusivamente, seus filhos...

23 de set. de 2014

C'est le moment où les arbres fleurissent, seja, é Primavera.



É a estação mais volúvel. E deve ter chegado antes em Brasília, ao que sei, ela vem do oeste. Sempre penso na Flor do Cerrado. Mas dá próxima vez que for a Brasília, trago uma flor do cerrado pra você... bela canção de Caetano e foi então que respondeu: Alguns trazem de ti flor do cerrado\eu sempre que te vejo planto roçados, com esta bela canção Ednardo e se chama Serenata para Brazilha. Rusgas. É lá que nos botecos se come pescoço de peru. Lá que vi Vestido de Noiva.
Como dizia é volúvel, porque deus não criou as estações, a primavera se sente livre para apear em qualquer estação, afinal quantos momentos primaveris vivi nestes invernos, outonos e verões.
Mas de uns dias para cá, os ipês florescem, os pastos verdejam, os passarinhos gastam seu latim, e todas as criaturas se embelezam, e muitos filhotes deixam as cascas.



Gosto?

Gosto?


Dizem que gosto não se discute. Tomemos a arte, qualquer de suas manifestações, é sempre o resultado de um processo cultural e que para apreciá-la, compreendê-la, plenamente – sentidos e mentalmente – eis-nos treinando, aprendendo.

A pergunta é: e a contemplação – inocente – pode ser satisfatória? Pergunto: Livre de influência externa? E acrescento: É possível algo ou alguém livre de influência externa? Penso que mesmo a contemplação ''inocente'' se faz com a cumplicidade do conhecimento, sem o qual não se pode discriminar, matizar em plenitude. Não importa que seja pintura, fotografia, literatura ou gastronomia, não temos bastante com a nossa percepção, estamos a perseguir, quase sempre, o olhar o ponto de vista do outro, uma explicação, uma confirmação, uma ampliação, uma melhor compreensão do que vimos ou sentimos diretamente. O outro, ou seu ''olhar'', sua cumplicidade, pode inclusivamente, piorar o que havíamos sentido, pensado... Para Kant o gosto é uma lapidação.

Heróis?

Heróis?



Heróis? Não temos heróis. Não porque não existiram pessoas excepcionais ao longo destes séculos. Tiradentes dirão, sim, se nos permitirmos chamar brasileiro, quando de fato era português e o era na Portugal estendida, além mar. Não temos heróis, porque ''a nossa'' é desconstruir, ou melhor destruir, e não construir, e um herói é uma construção. A longevidade de Pelé o tirará do pedestal, bem fez Garrincha, que não ficou por aqui a cometer seus deslizes, como todos os mortais. Outro exemplo é Machado de Assis, que vem sendo construído pouco a pouco, Drummond. Mas tirante alguns poetas, e homem de letras, restam os esportistas como Ayrton Senna, e Garrincha, mais como uma aberração, que herói, não os há. Ah, me lembro do Barão de Mauá, mas também não o foi. Lembro de César Lattes, mas quantos mais se recordam?