22 de set. de 2014
21 de set. de 2014
Fungível
Fungível.
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19 de set. de 2014
Como é difícil uma onomatopeia para gotas bossa-novistas!
hoje me reencontrei
com a chuva.
mas antes que
dissesse, choveu-me,
sem protocolos.
Amigos de longa
data.
Foi ficando
uma cerveja
foi ficando
para o jantar
foi ficando
para o café
foi ficando
para o cigarro
creio que vai me
ninar.
Ploc! Como é
difícil uma onomatopeia para gotas bossa-novistas!
Caçando Borboleta.
Faz calor. Mas
parece que vai chover.
Acabo de ver as primeiras gotas vindo de um
céu avermelhado. No entanto, a primavera-verão se imporá. Chuva e
calor, precisos e precisos como um relógio. O tempo avança
implacável. A segunda-feira está ali na frente. Inexoravelmente. As
vezes conseguimos parar o tempo. Reter um instante para sempre. Como
caçadores de borboleta e o prendemos na rede. Uma recordação. Um
pedaço de eternidade. Uma eternidade com data de vencimento. É uma
vitória pírrica sobre o calendário. Isso sim, uma contrassenha.
Uma chave para entrar nestes cofres do tempo, que andamos, com a
idade, guardando como tesouro, Há uma semana, sábado, senti a
fragrância de um desses tesouros, dessas cápsulas de tempo. Fazia
anos, dezenas de anos que não os via. Nos juntamos junto ao lago.
Era um recorte, um pedaço de eternidade, um tesouro, onde as joias
éramos todos. As moças bonitas e sofisticadas, estampados
impossíveis, cores sem medo, vibrantes, azulejos, disse Flávio. Os
rapazes, cabelos de trinta anos, rasta, platinas, calvas. Tudo muda
afinal, não somos bonecos. Bailarinos e bailarinos. E não havia
solidão, saltava de uma roda a outra, e o escritor onisciente me
tinha uma frase, uma fala reservada, e ouvidos que a ouvissem,
profundamente. Tudo, que antes de chegar, havia sentido um calafrio,
pois sabia, que levava um pedacinho de cada um deles, para juntar aos
pedacinhos de mim que eles guardavam. E foi assim. 18 de set. de 2014
Redação. O homo sapiens.
Redação. O homo
sapiens.
Uruk |
Ut- napishti |
Há 200 mil anos
surgia o homo sapiens, como a espécie mais sanguinolenta, o homo
sapiens, que triunfou e aniquilou outras espécies de homos, e também
de animais, e em algumas destas aniquilações, o homo sapiens
contribuiu efetivamente como o maior serial killer da história, tudo
isso enquanto produzia a revolução cognitiva, com a criação da
linguagem e da linguagem ficcional. Foi então que o homo sapiens se
tornou independente da biologia. É isso que diferencia o homo
sapiens dos outros animais, sua independência das ordens biológicas.
No neolítico,
passou de uma sociedade de caçadores e coletores nômades, àquela
de agricultores e pastores sedentários, isso há uns dez mil anos.
Este momento do
progresso humano foi complementado pela aparição de organizações
complexas, com um ordenamento da produção e da distribuição dos
bens então acrescentados, o que levou a uma inevitável
hierarquização dos grupos, de modo que as classes superiores (reis,
sacerdotes, administradores, grandes proprietários) tenderam à
discriminação e opressão das massas de trabalhadores e o
predomínio do homem sobre a mulher, que sucessivas ideologias têm
tratado de legitimar como '' a ordem natural das coisas'', que nem é
ordem e tampouco natural, mas sim só mais uma forma de domínio
histórico dos grupos mais poderosos sobre os mais frágeis.
Neste ponto chegamos
à primeira globalização, os grandes impérios mundiais. O
português, o espanhol e o britânico. Sua base é a ambição, o
dinheiro, dissimulada sob “ O fardo do homem branco” ( Poema de
Rudyard Kipling) de evangelizar, civilizar e contemporaneamente o de
democratizar outros povos. A religião tem papel, ou as religiões
exercem um grande papel, sejam monoteístas ou politeístas.
Matar, parece-me,
ser a grande maestria da espécie.
Com um ou muitos
deuses, ou nenhuns.
Gilgamesh segura um leão |
Roma, em três
séculos, mandou muitos cristãos aos leões, mas menos dos que os
próprios cristãos que os milhares huguenotes enviados à morte no
dia de São Bartolomeu, em 24 horas, que é celebrado por magnatas
católicos e se inclui o Papa de Roma, por serem supostamente
caritativos.
O Homo sapiens
desenvolveu-se cientificamente em busca da imortalidade. A
imortalidade noticiada é buscada desde Gilgamesh, rei de Uruk, que
havia visto tudo até os confins do mundo. Leia com atenção, pois é
aqui que começa a busca pela imortalidade...
noite de são Bartolomeu- Paris |
Um touro
desenfreado, que nunca deixava em paz as moças, as filhas dos
soldados, as mulheres dos homens. A paz das mulheres de Uruk só foi
possível, graças a criação pela sua mãe Aruru de um monstro, a
que chamou Enkidu, e que depois de bater muito em Gilgamesh, o
acalmou. Gilgamesh e Enkidu foram grandes e inseparáveis amigos,
até o dia em que Enkidu morre, e incrédulo Gilgamesh permanece em
vigília, esperando que despertasse, mas tudo que vê é um verme a
sair pelo nariz. “Sete dias e sete noites, como um verme jazia de
cara para o chão e não recobrou sua saúde, então corri pela
planície como um caçador” cantou em seu poema, Gilgamesh,
Gilgamesh que havia junto com Enkidu, a tudo vencido, estava então
decidido a vencer a morte. Foi então que se lembrou, ele que em toda
parte havia estado, havia estado além das “águas da morte”,
onde vive Ut-napishti, o imortal. Depois de várias portarias, com
guardiãs de olhares mortais, encontrou num vale de beleza
indescritível o barqueiro de Ut-napishti. Vale lembrar que uma
gota daquelas águas significava a destruição.
Gilgamesh por fim
encontra-se a Ut-napishti, e lhe pergunta pelo segredo da vida
eterna, fica decepcionado pelo que ouve: numa época remota, os
deuses decidiram destruir a humanidade, com uma inundação, e ele e
sua esposa foram os únicos a quem permitiu-se sobreviver. Advertido
pelos deuses, o casal construiu uma gigantesca barca e nela reunirão
um casal de animais de cada espécie. Depois do dilúvio de seis
dias, Ut-napishti abriu a janela do barco e descobriu que estava
encalhado numa ilha. O trabalho era imenso, repovoar a terra, por
isso foi recompensado pelos deuses com a imortalidade, mas que jamais
tal ação se repetiria. Gilgamesh fica desolado. No entanto
Ut-napishti, querendo recompensar Gilgamesh por sua busca, diz ao
gigante que no fundo do oceano, do oceano mais profundo da terra,
cresce uma planta que devolve a juventude. Gilgamesh não perde mais
tempo. A procura. Encontra. E no caminho de volta a Uruk um serpente
lhe rouba a planta. Desolado, volta para casa para esperar pelo tempo
que os deuses ainda lhe permitiam.
17 de set. de 2014
Recreação antonímica.
Recreação
antonímica.
Penso que gosto dos
matizes, talvez prefira os antônimos que admitam gradações: Frio e
quente, espera ai, mas também morno quando convém, e ainda mais se
ampliemos aos extremos: Gelados e ferventes... sempre que o passar do
tempo nos permita outras eleições. Entre o preto e o branco, se
prescindo de outras cores, vejo inumeráveis tons, não 50, mas
cinzas para dar e vender, ainda que estejam disfarçados no
Arco-Íris.
Vivo ou morto?
Não sei, mas deve haver um meio termo. Há mortos que atuam mais
objetivamente que os vivos mortos. Ou será mortos vivos ?
E
ganhar e perder? A Marina inventou uma que gostei: prefiro perder
ganhando que ganhar perdendo! Não vai longe o tempo das amargas
vitórias e das doces derrotas. No entanto creio que nisso de vitória
e derrota, há um estado líquido, ou volátil: o empate. Tablas,
diz-se no xadrez e se apertam as mãos.
15 de set. de 2014
Triplo Filtro socrático. Bom. Útil. Verdadeiro.
Triplo filtro
socrático´
Bom, útil e
verdadeiro.
Muita coisa dos
filósofos gregos permaneceu graças ao famoso: boca a boca, que para
mim deveria ser boca orelha. Outras foram transcritas.
Uma destas
histórias, relata que um conhecido de Sócrates vai se aproximar
para dizer: “sabe que escutei sobre aquele teu amigo?
Pergunta a qual Sócrates responde com outra: “ Vc está
completamente certo que o que vai me dizer é absolutamente certo?”
. - Não, só ouvi a respeito...” E Sócrates o interrompe: “
Então, não sabes ao certo, se é ou não verdade?”.
E continua: “é uma coisa boa e construtiva a que quer me contar,
sobre meu amigo?”. - Não, bem pelo contrário, realmente é
negativa...”. O ateniense replica: “Então deseja me dizer uma
maldade sobre ele e não está, entretanto, certo que seja verdade?”
. “Bom te farei mais uma pergunta, se o que quer comentar sobre o
meu amigo é de alguma utilidade?”. -”Não, pensando bem, creio
que não”, responde o fofoqueiro. E Sócrates conclui: “ Se o que
quer me dizer não é certo, nem positivo, e tampouco útil para mim,
por quê me há de contar? Por qual motivo haveria de ter algum
interesse de saber dessa sua história?”
Este
é o famoso filtro triplo socrático.
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