8 de jul. de 2012

Para ser Prefeito.



Ser prefeito\a é uma possibilidade extraordinária na vida de qualquer pessoa. Envolve pensar a natureza, a arte, a cultura, os recursos naturais, tecnológicos e o uso dos equipamentos urbanos e humanos de toda a cidade. O passado, presente e o futuro. Porque ao se valorizar o passado, seus expoentes e suas obras, faz-se outro presente, donde olhar para o futuro será menos triste, ao mesmo tempo gera o presente que será o passado menos leviano aos nossos filhos. Nossa busca como cidadãos é encontrar esse Ser com todas as aspas “Prefeitável”, que não seja de todo potente, mas que seja capaz de aglutinar capacidades para a construção, ainda que seja, da mera possibilidade de começar algo realmente novo, mas não só discursivo. Os candidatos se apresentam sempre com envergadura, tacanha, de obter vitória ou derrota para ou sobre o outro; e nos têm transformado em torcedores e numa hipótese mais cruel, a meros postulantes de favores mesquinhos.
Muitos dos problemas de nossa cidade, ao se lhes dar a volta como se fosse um omelete, é cultural, educacional, politico e citadino. Mas no fundo ao se buscar a solução para qualquer problema especifico, sua solução envolve globalidade de atitudes. Do lixo à alta cultura, há implicação de conhecimentos tecnológicos, contemporâneos. A 'governança' deve ir além dos entendimentos da 'ignorança' dos governados, porque mesmo meu nariz de fumante sente o cheiro que exala dos 'ribeirões'.   

A Escola dá a vida!



A Escola é um órgão do corpo social, com suas interações e ligames necessários e contingentes. Não é, por absoluto, dever do 'mestre' ser modelo, mas o é também. Diga-se de passagem, péssimo modelo, no que tange todo o 'sentido' que a vida tem no modelo social vigente, seja 'ter', e o mestre tem pouco, para não dizer nada. Tampouco o é, ninguém é, todos têm, muito ou pouco, e muitos nada! O educador é só mais um fracassado social, e como tal um exemplo a não ser copiado. Deve-se considerar contemplado aqui e acolá 'os fora da curva', por ocasião da regra. Há todo o tipo de estoicismo na educação, seria leviano não dizer, e mesmo em condições normais ( bons salários, equipamentos e condições mínimas de trabalho), o mestre, mesmo o mais 'preguiçoso' é um estoico.
Não creio em soluções alucinantes. O volume de educandos é assustador, implica centenas de milhares de professores. Por esses dias, ainda que para ser um ignorante, e saiba ler e escrever, há que se passar pela escola. Desde tempos imemoriais a escola educa, produz e se reproduz segundo o contexto a que está inserida, e não é, em absoluto, diferente hoje. Se é para ser cruel, como pede a realidade, digo: num tempo em que poucos liam dos poucos que sabiam ler, e ler, tirante as possibilidades fisiológicas, era um dos poucos entretenimentos, hoje lemos mais. Aqui, em se querendo pode-se inserir todo um capitulo a matizar a produção e qualidade do que se lê.
Salvo nas classes abastadas de antanho e famílias enclausuradas de hoje, para o bem e o mal, destas, as crianças brasileiras conhecem a vida na rua. Nos custa em demasia a rotina da organização (educar é botar em ordem, claro que há credulidades e fantasias nesse quesito) mas a organização particular, familiar e social é função educacional precípua e não dissimulada. Mesmo as classes mais médias, se isso for possível, há sempre alguém que lhes organize o apê. Ao se ler os anúncios de emprego no A Cidade, agora também às segundas, notará a suprema incidência da procura por auxiliares de faxina ao supremo auxiliar de auxiliares. Desconheço outros locais de hierarquização, tamanha, dentro da ala dos serviçais.
É aí que a porca torce o rabo, deve-se estudar para ser auxiliar de faxina ou se é auxiliar de faxina porque não se estudou? Para quem não dá bola a 'emblemas' a faxineira ganha mais que docentes do quadro funcional de Estado de São Paulo, e muito por causa disso, produzirá faxineiros, se tanto. Estudar é difícil e perigoso, exige atenção aturada, ordem e um tanto de submissão aos saberes. A boa abstração exige fundamentos, conceitos etc. Pode parecer paradoxal, mas esta dita submissão ao conhecimento nos leva à liberdade posterior, de tal modo que a liberdade excessiva na escola, a destempo, produz sensivelmente um sujeito escravizável, manipulável e, para fins menos nobres, execrável.
É aqui que estamos.


26 de jun. de 2012

Mateus 22.21 a César e a Deus! Igreja x Poder!


Frase fundamental ao que se julga Cristão: ao Caeser o que lhe é devido e a Deus o que é de Deus.
Hoje muitos são os que se indignam quando veem resplandecer além da cruz a simbiótica relação da Igreja ( seja ela qual for) com o Estado. Espirito x Matéria. Muitos são os que apontam para um passado ainda mais denso de corvos, bruxas e por conseguintes: Torquemadas, aonde o Estado era a Igreja, se quiser a Igreja o Estado. Dizem isso fazendo cara de quem viu o técnico da Alemanha comendo ranho de colheita própria. Me lembra o poema drummondiano: enquanto os adversários querem provar alguma coisa, o treinador tedesco tira ouro do nariz, mas o que não disse Drummond é que o comia.
Muitos teólogos dirão: o humano ao ser expulso do paraíso teve separada a carne do espirito, e com isso a humanidade deve peregrinar – uns mais que os outros – pela terra, afim de purificar-se do pecado 'original'. Segundo Kant tal purificação é mais impossível que improvável, dado que o processo de purificação deve se dar na eternidade, e se dividirmos a eternidade ao meio ela não é metade eterna, mas sim eternidade inteira. O que se deduz é que a eternidade não tem fim, nem o processo de purificação, nem juízo final, pois não há final possível. De tal forma que ficamos sem saída, da mesma forma que encontramos a prisão perpétua, perpétua de menos para quem matou um dos nossos. Daí que Deus, que tinha grande apreço pela tal maçã, nos envia à Terra, povoada de cobradores de pedágios de vida e de impostos: os Zaqueus. Mas como criador de problemas, também cria suas devidas soluções, nos apresenta seu filho. Ele nos dirá: deixem o homem descer do telhado, ele faz o seu trabalho, deem o que lhe é devido. Neste momento nasce, mas particularmente creio que já vigia, o Estado Igreja. Jesus poderia ter dito: Somos filhos de Deus – todos – Zaqueu inclusive, nem mais nem menos que um de nós – e quem fez a Terra e tudo que nela habita. Foi nosso Pai quem tudo fez, assim que não devemos nada a este tal de César! E continuaria: Você Zaqueu deveria passar para o nosso lado! Pois você estará em companhia dos filhos de Deus! E os filhos de Deus, que é nosso Pai, criou de tudo, mas não criou impostos. Ou será que criou?

21 de jun. de 2012

O Artista e o Poder.



A atividade artística é igual a todas as outras, com os mesmos raros momentos de verdadeira genialidade. Não se pode, entretanto, esquecer da possibilidade da obra – e junto dela seu autor saltarem ao plano superior da nossa mediocridade – trazer impresso o caráter político-econômico do seu tempo. É notória a impossibilidade de se apartar a produção – do que quer que seja – do sistema político-econômico subjacente. Isso diz do registro no tempo, do nosso modo de vida, do modo de produção da vida no nosso tempo.
Os romanos têm uma frase sensível: "são como culo e camicia". Onde 'camicia' é camisa mesmo, mas aquela camisa de corpo longo, metida dentro da calça, que no fundo servia como cueca. Chutando alto, a arte foi, antes, necessidade do poder para distração, deste, e logo da plebe. Permaneceram, intimamente, ligados até o famoso Fraternité, égalité et Liberté, gerador do romantismo. Ser romântico é agir romanceadamente, com mais esperança que possibilidades reais. O capitalismo incipiente não tardou em dar-se conta de sua autorreprodução nos pensamentos, atos e abstrações. Quando os filósofos do capitalismo, economistas, economistas políticos e entre eles, Karl Marx; cravaram a equação que equaliza de um lado valor em dinheiro e do outro qualquer objeto, ser ou sentimento real ou abstrato, um que outro se enojaram, mas logo se percebeu não se tratar de cinismo dos pensadores, sim da mais risonha realidade.
Fica assentado então a matriz da esquizofrenia, o duplo e o terceiro. Intento, Gesto e a resultante. A resultante, o terceiro independem da intenção. O gesto é a parte prática do que se quis por tais e quais intenções, como dito antes não fazem a menor diferença, senão que romanceada.
Vira e mexe aparece uma campanha de popularização de alguma atividade artística impopular ou não popular, como preferir. Teatro, por exemplo. É notório que o poder está no populacho, quantitativamente.
Há uma expectativa, ou falsa esperança, ou desconhecimento, quanto à geração de consciência. Jean Paul Sartre se cansou de escrever; e cansou a todo aquele que leu seus calhamaçudos livros; que a consciência está atirada, jogada, misturada ao mundo. O mundo é o mundo das atividades sensíveis dos humanos, da sociedade civil; tais atividades não passam da mais pura concorrência entre as partes; assim o fazer humano é vencer, e nada mais que derrotar o outro. Como ser solidário a outrem na derrota que lhe impõe?
A Arte é atividade humano sensível, como tal padece da mesma esquizofrenia; às vezes agravada e os agravantes vêm do caráter selvagem\competitivo particular do indivíduo ser mais ou menos acentuado; mas na normalidade tão dessintonizado como aquele que reclama paz produzindo escopetas. 

20 de jun. de 2012

O Tempo, a Memória e o Amor.



Seu velho cheiro renovado,
anda próximo e se mistura
a tantos outros, se não, fica
mais sentido que confessado.

Sol a entrar como riscas,
Olores de terra molhada.
A lenha estalando faíscas
das bondades eternizadas.

Velho manjar com cheiro
novo, manteiga a chiar na chapa,
lábio acariciado, beijinho
palavras esvaídas, gestos
ao vento, pensados e ditos,
a voltarem em remoinho.

18 de jun. de 2012

A Torquemadas e Simãobacamartistas.


Para ser conservador, e se desviar de Torquemada e Simão Bacamarte!
Entender, aprioristicamente, política como força moderadora entre interesses conflitantes. E ao se ler política se entender também: Poder porque se não houvesse conflitos, desnecessária tal mediação, tampouco leis, polícias, dez mandamentos, etc...
A Pauta da Corrupção é também interesse do PT, porque nela o PT é a Pauta. Real ou Vejismo. ( Senso comum: O PT tá na mídia, tá na Folha, na Veja, etc). A corrupção, diga-se de passagem insolúvel, porque a Dinamarca fede, tanto quanto o DEM, ou os olhos de ressaca PeSeDeBista ardem com a fumaça que se levanta e aqui entram Torquemada e Simão Bacamarte.
Enquanto batia-se em Maluf, anos 70 e 80, era a pauta da mass média (o corrupto em sua completude e transcendência, à época), e assim entronizou-se, fossilizou-se no poder,  até hoje tem poder (interesses a compartilhar) de barganha, como o tinha ACM em vida e tem na morte. A massa sempre absolve o ladrão, desde Barrabás. De alguma maneira Roubar é ter tino irrefreável de capitalista. (Vicente Golfeto) e mais disse: ao Capitalismo é melhor um ladrão que um revolucionário, aquele tem como se educar, xadrez, este não!
É Notório que a pauta deveria ser: Educação no sentido lato, Investimentos públicos em Saúde, Tecnologia, Infraestruturas ( Arenas? Ou Mobilidade ( portos, aeroportos, trens, metrôs e não desportos, mas também!). E reforma política. Transgênicos ou não! Ecologia, e não sacolinha! Soberania e não adulação!

P.S. Sou desfavorável à corrupção, mas Agamenon o foi e Odisseu seu Zé Dirceu, Mensalão o seu Cavalo, Brasilia sua Tróia e Sampa sua Helena a ser resgatada. 

14 de jun. de 2012

Conto de Amor


  Entre eles, o que havia, não passava de sexo pagado. Mas Rud repetia a escolha, por preguiça e hábito, se alguns momentos de ternura, se aviava por somar à confusão daquela equação, a insistir numa igualdade monetária. Entretanto no último dia dos namorados, quando os corpos se apartaram e assim olhavam as estrelas giratórias daquele céu rebaixado, Vivian suspirou profundamente, Rud quis saber com rabo d'olho e foi estremecendo enquanto ela dizia “ Sabe Rud! Hoje, você me fez sentir... sabe... até hoje não havia sentido, uma vontade que vem desde as profundezas de mim, me enche o peito, que não sei bem o que é, sei que é bom, queima o meu rosto e é agradável... me enche de esperanças... me faz sentir...!” Rud tombou a cabeça, coçando o ombro com a barba por fazer do queixo, esperava ver naquele rosto conhecido o laqueado cinismo, mas se deparou com a doçura inquietante e desesperada de lágrimas formando poça no canto do olho.