26 de jun. de 2012

Mateus 22.21 a César e a Deus! Igreja x Poder!


Frase fundamental ao que se julga Cristão: ao Caeser o que lhe é devido e a Deus o que é de Deus.
Hoje muitos são os que se indignam quando veem resplandecer além da cruz a simbiótica relação da Igreja ( seja ela qual for) com o Estado. Espirito x Matéria. Muitos são os que apontam para um passado ainda mais denso de corvos, bruxas e por conseguintes: Torquemadas, aonde o Estado era a Igreja, se quiser a Igreja o Estado. Dizem isso fazendo cara de quem viu o técnico da Alemanha comendo ranho de colheita própria. Me lembra o poema drummondiano: enquanto os adversários querem provar alguma coisa, o treinador tedesco tira ouro do nariz, mas o que não disse Drummond é que o comia.
Muitos teólogos dirão: o humano ao ser expulso do paraíso teve separada a carne do espirito, e com isso a humanidade deve peregrinar – uns mais que os outros – pela terra, afim de purificar-se do pecado 'original'. Segundo Kant tal purificação é mais impossível que improvável, dado que o processo de purificação deve se dar na eternidade, e se dividirmos a eternidade ao meio ela não é metade eterna, mas sim eternidade inteira. O que se deduz é que a eternidade não tem fim, nem o processo de purificação, nem juízo final, pois não há final possível. De tal forma que ficamos sem saída, da mesma forma que encontramos a prisão perpétua, perpétua de menos para quem matou um dos nossos. Daí que Deus, que tinha grande apreço pela tal maçã, nos envia à Terra, povoada de cobradores de pedágios de vida e de impostos: os Zaqueus. Mas como criador de problemas, também cria suas devidas soluções, nos apresenta seu filho. Ele nos dirá: deixem o homem descer do telhado, ele faz o seu trabalho, deem o que lhe é devido. Neste momento nasce, mas particularmente creio que já vigia, o Estado Igreja. Jesus poderia ter dito: Somos filhos de Deus – todos – Zaqueu inclusive, nem mais nem menos que um de nós – e quem fez a Terra e tudo que nela habita. Foi nosso Pai quem tudo fez, assim que não devemos nada a este tal de César! E continuaria: Você Zaqueu deveria passar para o nosso lado! Pois você estará em companhia dos filhos de Deus! E os filhos de Deus, que é nosso Pai, criou de tudo, mas não criou impostos. Ou será que criou?

21 de jun. de 2012

O Artista e o Poder.



A atividade artística é igual a todas as outras, com os mesmos raros momentos de verdadeira genialidade. Não se pode, entretanto, esquecer da possibilidade da obra – e junto dela seu autor saltarem ao plano superior da nossa mediocridade – trazer impresso o caráter político-econômico do seu tempo. É notória a impossibilidade de se apartar a produção – do que quer que seja – do sistema político-econômico subjacente. Isso diz do registro no tempo, do nosso modo de vida, do modo de produção da vida no nosso tempo.
Os romanos têm uma frase sensível: "são como culo e camicia". Onde 'camicia' é camisa mesmo, mas aquela camisa de corpo longo, metida dentro da calça, que no fundo servia como cueca. Chutando alto, a arte foi, antes, necessidade do poder para distração, deste, e logo da plebe. Permaneceram, intimamente, ligados até o famoso Fraternité, égalité et Liberté, gerador do romantismo. Ser romântico é agir romanceadamente, com mais esperança que possibilidades reais. O capitalismo incipiente não tardou em dar-se conta de sua autorreprodução nos pensamentos, atos e abstrações. Quando os filósofos do capitalismo, economistas, economistas políticos e entre eles, Karl Marx; cravaram a equação que equaliza de um lado valor em dinheiro e do outro qualquer objeto, ser ou sentimento real ou abstrato, um que outro se enojaram, mas logo se percebeu não se tratar de cinismo dos pensadores, sim da mais risonha realidade.
Fica assentado então a matriz da esquizofrenia, o duplo e o terceiro. Intento, Gesto e a resultante. A resultante, o terceiro independem da intenção. O gesto é a parte prática do que se quis por tais e quais intenções, como dito antes não fazem a menor diferença, senão que romanceada.
Vira e mexe aparece uma campanha de popularização de alguma atividade artística impopular ou não popular, como preferir. Teatro, por exemplo. É notório que o poder está no populacho, quantitativamente.
Há uma expectativa, ou falsa esperança, ou desconhecimento, quanto à geração de consciência. Jean Paul Sartre se cansou de escrever; e cansou a todo aquele que leu seus calhamaçudos livros; que a consciência está atirada, jogada, misturada ao mundo. O mundo é o mundo das atividades sensíveis dos humanos, da sociedade civil; tais atividades não passam da mais pura concorrência entre as partes; assim o fazer humano é vencer, e nada mais que derrotar o outro. Como ser solidário a outrem na derrota que lhe impõe?
A Arte é atividade humano sensível, como tal padece da mesma esquizofrenia; às vezes agravada e os agravantes vêm do caráter selvagem\competitivo particular do indivíduo ser mais ou menos acentuado; mas na normalidade tão dessintonizado como aquele que reclama paz produzindo escopetas. 

20 de jun. de 2012

O Tempo, a Memória e o Amor.



Seu velho cheiro renovado,
anda próximo e se mistura
a tantos outros, se não, fica
mais sentido que confessado.

Sol a entrar como riscas,
Olores de terra molhada.
A lenha estalando faíscas
das bondades eternizadas.

Velho manjar com cheiro
novo, manteiga a chiar na chapa,
lábio acariciado, beijinho
palavras esvaídas, gestos
ao vento, pensados e ditos,
a voltarem em remoinho.

18 de jun. de 2012

A Torquemadas e Simãobacamartistas.


Para ser conservador, e se desviar de Torquemada e Simão Bacamarte!
Entender, aprioristicamente, política como força moderadora entre interesses conflitantes. E ao se ler política se entender também: Poder porque se não houvesse conflitos, desnecessária tal mediação, tampouco leis, polícias, dez mandamentos, etc...
A Pauta da Corrupção é também interesse do PT, porque nela o PT é a Pauta. Real ou Vejismo. ( Senso comum: O PT tá na mídia, tá na Folha, na Veja, etc). A corrupção, diga-se de passagem insolúvel, porque a Dinamarca fede, tanto quanto o DEM, ou os olhos de ressaca PeSeDeBista ardem com a fumaça que se levanta e aqui entram Torquemada e Simão Bacamarte.
Enquanto batia-se em Maluf, anos 70 e 80, era a pauta da mass média (o corrupto em sua completude e transcendência, à época), e assim entronizou-se, fossilizou-se no poder,  até hoje tem poder (interesses a compartilhar) de barganha, como o tinha ACM em vida e tem na morte. A massa sempre absolve o ladrão, desde Barrabás. De alguma maneira Roubar é ter tino irrefreável de capitalista. (Vicente Golfeto) e mais disse: ao Capitalismo é melhor um ladrão que um revolucionário, aquele tem como se educar, xadrez, este não!
É Notório que a pauta deveria ser: Educação no sentido lato, Investimentos públicos em Saúde, Tecnologia, Infraestruturas ( Arenas? Ou Mobilidade ( portos, aeroportos, trens, metrôs e não desportos, mas também!). E reforma política. Transgênicos ou não! Ecologia, e não sacolinha! Soberania e não adulação!

P.S. Sou desfavorável à corrupção, mas Agamenon o foi e Odisseu seu Zé Dirceu, Mensalão o seu Cavalo, Brasilia sua Tróia e Sampa sua Helena a ser resgatada. 

14 de jun. de 2012

Conto de Amor


  Entre eles, o que havia, não passava de sexo pagado. Mas Rud repetia a escolha, por preguiça e hábito, se alguns momentos de ternura, se aviava por somar à confusão daquela equação, a insistir numa igualdade monetária. Entretanto no último dia dos namorados, quando os corpos se apartaram e assim olhavam as estrelas giratórias daquele céu rebaixado, Vivian suspirou profundamente, Rud quis saber com rabo d'olho e foi estremecendo enquanto ela dizia “ Sabe Rud! Hoje, você me fez sentir... sabe... até hoje não havia sentido, uma vontade que vem desde as profundezas de mim, me enche o peito, que não sei bem o que é, sei que é bom, queima o meu rosto e é agradável... me enche de esperanças... me faz sentir...!” Rud tombou a cabeça, coçando o ombro com a barba por fazer do queixo, esperava ver naquele rosto conhecido o laqueado cinismo, mas se deparou com a doçura inquietante e desesperada de lágrimas formando poça no canto do olho.    

9 de jun. de 2012

Trânsito.

 Vou e venho de ônibus e às próprias pernas, real e metaforicamente. Outro dia o sinal fechou e fiquei cravado em plena Fco. Junqueira, enquanto os carros e motos arrancaram a me 'tirar fina'. Na Vicente de Carvalho com Rui Barbosa o condutor me deu sinal para passar – na faixa - , enquanto a condutora, que estava atrás dele 'abriu' pela direita e ao ultrapassá-lo me atropelou. 'Atropelou' sei, é forte, mas tampouco foi menos. Caí, meu cotovelo bateu, amassou o capô preto lustroso, então 'fração de segundos' influenciado por dubles, rolei sobre o capô, enquanto ela avançava sem dar a minima pelota para o fato de eu rolar pelo asfalto. Aquele senhor quis saber, bati o pó e disse: foi mesmo um susto. Tarde quis, mas não pude anotar a placa e um transeunte juntava o que fora meu celular de R$ 599,00 reais em 6x, salvei chip, e bateria. Há um capô amassado em alguma garagem ou foi reparado. Tenho as restantes parcelas a pagar. Há uma pessoa 'habilitada' sem habilidades, mesmo cruel. Essa pessoa, pode ser, reclama da violência, da má educação, dos iletrados, dos letrados desavergonhados, dos corruptos. Essa pessoa é você e você sabe! Por hora basta. Não rezarei contra você, por ateu. Não te acionarei, por ignorar seu nome e paradeiro. Não me vingarei, por contra a justiça com as próprias mãos. Mas a gravidade e as estatísticas da imprudência – e você o é – são inegociáveis, portanto não trafegue pela Fco Junqueira, você pode cair no 'corgo' sem guardrail então a crônica será macabra!

7 de jun. de 2012

Escola e Educação


A educação é uma 'dependência' que carregamos como sociedade que abandonou o curso, e como tal não há mais recuperação a ser tentada, porque o que rui e continua a ruir é velha sociedade. Todavia, como toda dependência, é antes uma pendência. Devemos mirá-la com todo o carinho, sem contudo passarmos a mão em sua delicada cabeça (dela).
Antes de mais nada, toda exceção está contemplada no pensamento, assim, nossa sociedade está esgarçada, entre rotos e malvestidos, puídos todos. Não existe por pequena que seja, frustração facilmente assimilada ou simplesmente assimilada pelo tecido social. No babado, nas rendas algo sempre sempre reluz, mas isso está naquilo, contemplar exceções. Na USP SP, sem paralelos históricos, o estudantado foi horrivelmente reprimido. Primeiro policialescamente, seguido de linchamento público – redundância obrigatória – encabeçado pela grande média nacional, muito contraditório, e a palavra mais cara à Midia é justo esta, pois a vida é a busca pela liberdade, e nada mais ser senão pela cedência mínima.
Pequeno adendo: A vultuosidade da cessão é proporcional à corrupção contingente, mas não se pode confundir com perda de liberdade. O indivíduo sem liberdade é intrinsecamente corrupto, que mais não seja, o é com ele mesmo. No entanto é substancial ceder, para a vida em sociedade, isso implica na política e não na polícia, sendo esta, a mão armada defensora da propriedade alheia, e fazendo uso do Velho Testamento, ninguém, em pensamentos, atos e omissões, próprio de outrem.
Dito isso, a escola, como centro educacional, sempre primou no engendrar – palavra horrorosa – de peças de reposição dentro do sistema de produção de vida. Até pouco tempo os limites – graus de liberdade – eram muito bem definidos. O pai dizia: Calado. O professor dizia: Silêncio ( minha professora de Francês: Fait attention! Regarder!) e como em tempos de criação o silêncio se fazia. Por medo, crença ou vergonha. As ditaduras se foram, sejam paternais, demiúrgicas ou o porrete: e pagãos nos descobrimos defeituosos, fazendo uso novamente do sagrado, defeito original. De um lado à 'industria' já não faz falta sujeitos sujeitados; produto que a velha escola sabia “produzir” muito bem, por se tratarem de puros mecanicismos: horários, sinais, uniformes, etc. O aluno era 'criança' ( filologia barata – estado de criação – ) até a chegada daquele que a colocava noutro logos, o da formação, do silêncio, do fait attention, do respeito à autoridade. Duma escola de jesuítas ranzinzas, para dizer pouco, saiu James Joyce, Machado de Assis, Euclides da Cunha etc. De Tubingen e arredores Hegel, Einstein, Bohr, Schredingen, Maxxel. Como de Eaton ou da vizinha Southampton Ghandi, Virginia Wolf, Oscar Wild, Newton, Darwin pouco mais de MIT Noan Chonsky etc. Cito os bastante bons, mas não me esqueço dos muitos e Malvados, e muito menos daqueles que fazem o grande limbo humano, a massa mundial, que quando se diferencia o faz externamente, por exemplo, o perfume, a etiqueta – não a elegância –, mas sempre nas velhas castas docemente trazidas da Índia.
Assim a velha sociedade, com urgência, necessita de mentes abertas para poder se salvar no novo, mas não sabe como produzir, massivamente, a mente iluminada e criativa. Como o professor é obra da 'antiga' escola, continua a reproduzir-se mecanicamente, causando um descompasso, já que a 'novíssima' sociedade não quer mais 'robôs', quer indivíduos livres e imaginativos, mas tudo que produz com desleixo são corruptos robotizados.