10 de mai. de 2011

filme argentino.

Rapaz tímido. Designer competente. Apaixonado pela filha do patrão. Ela estuda desenho nos EUA, onde ficou noiva de megaempresário do ramo. Ela elabora um projeto, aplaudido pelo futuro marido. Ela conhece a competência do rapaz tímido. Propõe ao noivo criar uma equipe de trabalho para desenvolver o projeto. O noivo antenado na modernidade incentiva sua industria. O rapaz tímido tem que ir ao aeroporto buenairense de Ezeiza a recebê-la. O rapaz entra em pânico em função da paixão que sente por ela, somada a sua timidez. Não vai só, vai com um amigo do peito, que sabe da paixão e compreende seus cagaços. Em Ezeiza há uma multitudinária manifestação gay .
Câmaras de TV e repórteres por toda parte. Ele ensaia o que dirá à moça para impressioná-la. Aparece de repente um repórter que lhe questiona sobre o movimento. Ele pensa na moça, e diz: o tempo é agora, nem ontem ou amanhã, agora, e , é agora que ele quer viver seu amor ou desamor. O dito é visto e ouvido por todo o Ezeiza. A multidão boquiaberta, a moça boquiaberta, o noivo da moça, enfim. O rapaz tímido aparece em canal nacional fazendo sua declaração de princípios. A comunidade o transforma em líder. Já na festa aonde seria homenageado e empossado: presidente, sem que ele soubesse, que só aproveitava da estadia no bar para discutir com o patrão, sua filha, o noivo de sua filha, e mãe da moça, os planos dele dentro da nova empreitada. Não ouve como  pusilânime, um ataque do patrão ao comportamento homossexual. Seguido de perto por verdadeiros fãs, defende o gênero brilhantemente. Agradando a moça, o noivo, a mãe e toda a gente presente. Aplaudido de pé ao sair, passando por um  corredor polonês, alguns tocavam-no como se de uma divindade se tratasse. O rapaz tímido, agora é visto pela moça como um brilhante designer e um líder natural e competente e manifesto da causa. Aprova-o e incentiva-o. Ele se da conta que: atuando como gay, seus pensamentos saem límpidos e brilhantes, e contraproducentes como um macho tímido. A coisa lhe agrada enquanto interpretação,  teatralidade ademais da facilidade que lhe brota para criar e expor pensamentos incisivos e assertivas inabaláveis.  mas continua apaixonado pela moça. Ela tem casamento marcado. Ele tentará tudo e mais um pouco para mostrar-lhe primeiro o mal-entendido e depois que a ama.
É um filme argentino que não lembro o nome.  

9 de mai. de 2011

Arcanjos.

Obama chegou à Casa Branca montado em extraordinários discursos, e estes cavalgavam nos valores da tradição norte-americana. Interesse de Estado. Dizia que o legado dos “antigos” não era bolinha de sabão; e é, justamente, desta aparente fumaça que se fez concreto o sonho, a verdade e o progresso dos EUA. Interesse de Estado. Bush inventou o USA Patriot Act e Obama vai mais fundo e “chega onde os EUA querem que ele chegue”. Interesse de estado. Diante disso não podemos cair na bonomia e arcangelismo de criticar Obama, ou o outro. Se chegamos à tortura, é que os fins justificam os meios, e a tortura tem dado resultado, como qualquer outros meios e outros fins. Assim vamos: um erro atrás do outro , cochilo depois de cochilo. Despertamos só para ver a prevaricação em público, um peculato ao vivo, o casamento real. Vivemos numa sociedade que dormita enquanto assiste passiva a todos os descalabros que entretecem a nossa vida global, e se ladramos é por necessidade retórica.    

5 de mai. de 2011

Os homossexuais vencem aos porteiros da Lei.

Italo Calvino diz: “Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas
culturas que atravessaram”. Ou seja Dickens está em mim e sequer o tive às mãos. Lembro-me da enormidade que era ter a mão Vor dem Gesetz:

Vor dem Gesetz steht ein Türhüter. Zu diesem Türhüter kommt ein Mann vom Lande und bittet um Eintritt in das Gesetz. Aber der Türhüter sagt, daß er ihm jetzt den Eintritt nicht gewähren könne. Der Mann überlegt und fragt dann, ob er also später werde eintreten dürfen.
«Es ist möglich», sagt der Türhüter, «jetzt aber nicht.»
«Wenn es dich so lockt versuche es doch, trotz meines Verbotes hineinzugehn. Merke aber: Ich bin mächtig. Und ich bin nur der unterste Türhüter. Von Saal zu Saal stehn aber Türhüter, einer mächtiger als der andere. Schon den Anblick des dritten kam nicht einmal ich mehr ertragen.»
A palavra kafkiano ocupava em mim a prateleira das, aterradoras. Meu alemão de rua, de baustellen, de turco de quase nada servia, senão que a confirmar ignorâncias. Como foi difícil aceitar, acatar que antes da Lei está o porteiro. Que um homem da terra, do interior, pede que seja admitido às leis. O porteiro diz que agora não concede entradas. O Homem rumia e pergunta se poderia entrar mais tarde.
“ é possível” diz o porteiro, “ mas agora não”
Acaso insista, apesar de meu veto à sua entrada, ouça com atenção: Sou poderoso. E apenas o menos poderoso. À cada sala haverá um porteiro mais poderoso que o outro, tanto que do terceiro sequer suporto avistá-lo.
Eu também fiquei como o Homem da terra interior parado no primeiro porteiro. Posto que sabia sem ler Vom dem Gesetz, que havia de acatar que o mundo era kafkiano, principalmente para aquele que não ignora o porteiro e para este que está ali justamente para o que, antes de mais nada, o respeita, quando há de torná-lo invisível.
Mas há em Wenn es dich so lockt ( se você permanece tentando), versuche es doch( mas ainda experimente, procura, tenta), trotz meines (apesar de minha) Verbotes ( veto, proibição) hineinzugehen. (entrar, vir para dentro) é a linguagem mínima e essencial de um guarda-porta e o caipira.





3 de mai. de 2011

Osama. Obama. Oh! lama!

Não existo como Eu. Pois este teclado e esta tela e todas as outras estão sempre a exigir o meu olhar, o meu palpite, meu sim e meu não. Palpito sobre coisas, aparentemente, alheias a mim. Osama. Que coisa é Osama Bin Laden? Poderia ser um velho barbudo dando milho aos pombos na praça de San Marco ? E o pombo a trazer a morte e a mensagem dela a destempo! Que coisa é o aparelho de guerra norte-americano? Um menino que ganhou um guarda-chuva, mas nunca chove! Na verdade; não me comovem ou me interessam! Ainda que por suas criações de fatalidades venha a ser vitimado. São grandiloquências infinitas e e por isso não cabem, compreendidas, no meu saco de despistes. Não concebo, nem por que minha namorada me deixou, ela que odiava sushi, agora não come outra coisa.
Como narrativa, é uma morte que, por fora de hora, estropia o romance. Como se depois de baixar o pano há um desenlace, e em lugar de catarse gere o sarcasmo,  primo da descrença,  uma esperança masculina travestida em saia e meias três-quartos, escocesas,   a depilar-se os sovacos nalgum cabeleireiro de shopping center.    

Barça! Barça!

Dos que moram em Barcelona, nem todos são culés - culé vem de cola e cola é rabo e culo é cu. Assim culés: os últimos, não são todos os que vivem em Barcelona, mas paradoxalmente, todos vivem o Barça, contras e favoráveis. Os contras em geral são merengues, doce de clara de ovos que enfeita os bolos, em geral brancos, como o Madrid. Mas o catalão é por força; culé, do contrário alega questões políticas, quer dizer e não diz, mas dizem que o Barça está ligado ao separatismo, e quem não é separatista, não é culé. Ser catalão e não ser culé exige folego e retórica; um verdadeiro labirinto só para  dizer que não é culé  e é e que não é merengue e é, ou de esconder que é perico, e perico é periquito e é o que se diz do torcedor do Espanyol, em geral anti-separatistas, eram os proprietários do Sarriá, palco da derrota do Brasil de Tele Santana, Sócrates, Zico, Eder, Junior etc para a Itália de Rossi – Rossi que foi o bastante -, o Barça de hoje é um arremedo daquele Brasil 82, apesar de apresentar em alguns pontos mais qualidade. Basicamente a aplicação tática. E o fulminante ataque à primeira e segunda bola, quando o oponente mantem a posse de pola para a terceira, esta chegará sempre como um tijolo, oblonga e quicando irresponsavelmente já no meio de campo; exigindo assim muita técnica para o domínio e execução de passe, sem espaço e sem tempo; geralmente de um jogador com poucas habilidades – centro-avantes e similares; no caso de hoje Higuain, Aldebaior, outros intrusos etc, assim a defesa culé trabalha aparentemente aberta à base de antecipações e de bolas sobradas e vadias.
No mais o Messi – livre do tango - não cai, Dani Alves – longe da globo - já não faz tantas caras e bocas e todos de modo geral cospem o mínimo possível. É a eficácia do politicamente correto, da solidariedade e da fraternidade. Tirante Lionel Messi – que tem o centro-de-massa abaixo da pélvis, isso quer dizer que ele é mais pesado da cintura para baixo, por tanto aumenta a dificuldade em derrubá-lo; além do caráter, é claro! - , toda a espetacularidade possível é a do passe fácil; dadas a condições: muita movimentação, todos se oferecendo sabedores que outros se oferecerão, mesmo nos recantos mais espinhosos do campo de jogo. Enquanto o adversário, praticamente tem que se inventar a cada minuto, o Barça entra em campo com sessenta por cento da posse de bola e o que fazer com ela – mirem que não pensam grandes coisas, os outros trinta ou quarenta porcento o contrincante com a bola desgovernada nos pés, se dedica a esperar uma indicação divina, mas deus por vezes mostra que está de saco cheio dos merengues. Hoje é um bom dia para comer uma parrillada de frutos do mar em algum bar\restaurante de La Barceloneta e fechar a noite no Luz de Gas e sentir um pouco do catalanismo e sua verve polida.   

29 de abr. de 2011

O PAPEL DA OPOSIÇÃO. FHC se debate com o nigromante tautológico. Parte II.


Ser tautológico é encurtar a guia do cachorro, pois com mais corda o animal começa a criar problemas. Assim o tautológico corta tudo que cresce ao seu redor. Mas a tautologia é mais perigosa que isso; é ruptura entre a inteligencia (capacidade de discernir, entender, plasmar, discutir abrangentemente, etc) e seu objeto ( coisa, argumento, tese, etc), é a ameaça de impor um estado de coisas, onde não existe o pensamento. Ex. Lula é analfabeto.
O povão diz: oposição e governo – políticos - são farinhas do mesmo saco! E essa é a tautologia que o PSDB ajudou brilhantemente – diga-se de passagem – a construir. E não nego, que vem sendo construída ao longo de toda a nossa história recente e remota, com este breve intervalo de desconstrução que começou com a edificação do PT e prosseguiu nos governos Lula e permanecerá no atual e futuro governo Dilma.
Contra este costume tautológico, neste exato momento, FHC convoca suas hostes e como verificação de que seu intelecto anda falto, seus aliados desertam. Somos um povo tautológico. E se nos ocupamos com algo além das extremidades do nosso cachorro é para dizer: Europa é Europa. É! Mas ele é artista! É isso ou aquilo! Você pensa demais! Mais amor menos razão! Por isso, e muito por isso, que na criação, nucleação do PT, encontrávamos imensa dificuldade para rebater estas verdades tão absolutas, tão curtas e rasas, que nos exigiam verdadeiros exercícios retóricos ( não inteligíveis mor das vezes, como se andássemos a mostrar o real por um espelho concavo) , uma simples frase criada, ensaiada, alastrada e repetida por trezentos espartanos que assim bradavam: Um metalúrgico analfabeto com um dedo a menos!
Pensar desta maneira dispensa ter ideias e ter ideias é difícil, e por consequência essa a facilidade faz com que essa preguiça se agigante e se transforme em moralidade vestida a rigor.
Gritam: Petralhas, malandros! Não por assim pensarem, pois qualquer pensamento mínimo e por mínimo que possa ser, não caberá numa palavra. Mas isso não é invenção dessa gente tautologizada e bronzeada, isso é o supra sumo do pensamento de apóstolos, gurus e um que outro anacoreta peessedebista, pensado e ensaiado e expresso pela máquina publicitaria do PSDB, em letras garrafais, em suas cartilhas semanais e diárias, tudo dito com a coluna e o nariz empinado, como se fossem os inventores da lógica e não dos silogismos mas do próprio Aristóteles.
FHC consegue ver que Lula dissolveu esta instituição minimalista que impedia o povão de ver além do focinho do cachorro. E isso se transformou, não só num problema de conteúdo ideológico para a oposição, mais que isso, que não há conteúdo ideológico, há uma tatuagem que aponta para o outro, querendo dizer que estava nu, mas o outro esta despido e é diferente.
E agora é impossível apagar a tatuagem feita sem medir consequências. A pele e a figura tatuada são a mesma coisa e o filó ( programa de partido) não ocultam seu mundo onírico. E a mente brilhante que tudo e tanto fez para criar o tribunal, as leis, o juízo e a sentença; agora quer fazer crer, e dissolver “ontologicamente” tal sistema. Assim termino minha análise da primeira parte do tal manifesto (cinco parágrafos).

28 de abr. de 2011

Manifesto de FHC. O Papel da Oposição. Parte I

“O Papel da Oposição”; manifesto de FHC; começa por um vicio crasso já na premissa, na descrição desfocada da realidade no seu primeiro parágrafo. É notória a dupla jornada de trabalho que nos cabe enquanto trabalhadores; necessárias a desnudar a vicariedade dessa gente. Trabalhar pesado e ainda ler-lhes a realdade. Mas a tais hábitos inveterados não se necessita de instrumentos tão poderosos como a hermenêutica materialista dialética para pô-los à vista de qualquer interessado – desde que este não queira torcer ( por ingênuo ou intencionalmente, médias, analistas políticos de fachada que pensam tão ociosamente quanto os porteiros de edifícios e ai eu não sei quem ofendo, penso que aos porteiros, duas vezes; posto que tal trabalho em si é degradante, etc), enfim ficou longo o parêntesis, volto a torcer a ferragem da estrutura e derrubar o edifício. O que mobiliza o povão são: as condições objetivas que nada mais são que a relação trabalho e capital. Ora vamos, as conquistas democráticas – década de 80, culminando com a CF 1988 - foram as migalhas oferecidas pela ditadura, em substituição ao banquete almejado pelos sindicatos do ABC liderados por Lula – note-se que o festim só não ocorre por clara traição do MDB de FHC e Ulisses -. A prova disso é a risível, para não dizer triste candidatura de Ulisses Guimarães que caiu na lábia do sociólogo; cuja; o “povão” desqualificou com o cortante 3%. Candidatura esta fruto da leitura e análise política equivocada e desnecessária de FHC e cuja ociosidade vige no atual manifesto. O que mostra que FHC não aprendeu nem com ele mesmo, que há tempos disse: esqueçam o que escrevi. Tanto esqueceu que redunda. Não apreende da própria eleição, conquista vinda no bojo do fato econômico – que se pode, tanto atribuir a FHC quanto ao FMI, Capital Estrangeiro Desejoso de Novos Mercados com Regras Menos Voláteis, indistintamente, tudo é o mesmo, sinônimos, mas sempre um fato\ato\concreto\no-mundo-real – que foi a criação do Real. Já o rearranjo partidário citado por ele não nasce assim de suas pregações, mas sim do terremoto: greves metalúrgicas do ABC; e o consequente tsunami; a criação do PT. E a necessidade da união no mínimo vergonhosa das elites (FHC, Militares, Média, Banca etc) para impedir a que seria clara vitória de Luiz Inácio.