Sim, com certeza me refiro a uma outra coisa, mas agora não vem ao caso. Faltava um mês e ele estava angustiado. Faltava quinze dias e a agonia crescente. Finalmente, chegou o dia. Aquele dia de nervos aflorados, com a estranha sensação de calma. Um resto de coisas por fazer, feitas a uma velocidade irrepetível, e os feitos desnecessários. Fazia calor e estava cansado. A serpente a cada dia uma nova maçã. Impertérrito. O mito da caverna. O céu de incansável azul. Caverna ou Taberna. Não aposto nem um tostão. Tolstoi sua derrota. Cigarro de palha, café de coador e pinga de alambique. Cavalo em pelo. O Padre seguido pelo sacristão, o infiel apontou a pistola, dizem que os tempos eram outros, uma questão de tentar a sorte, o Padre levantou a batina e de fato não vestia ceroulas. No risca faca, o último bar, embolsou o maço. Tirou o chapéu ao pálio e cavalgou pelo tapete de pó de café e serragem colorida...
14 de jul. de 2016
A Aposta.
Sim, com certeza me refiro a uma outra coisa, mas agora não vem ao caso. Faltava um mês e ele estava angustiado. Faltava quinze dias e a agonia crescente. Finalmente, chegou o dia. Aquele dia de nervos aflorados, com a estranha sensação de calma. Um resto de coisas por fazer, feitas a uma velocidade irrepetível, e os feitos desnecessários. Fazia calor e estava cansado. A serpente a cada dia uma nova maçã. Impertérrito. O mito da caverna. O céu de incansável azul. Caverna ou Taberna. Não aposto nem um tostão. Tolstoi sua derrota. Cigarro de palha, café de coador e pinga de alambique. Cavalo em pelo. O Padre seguido pelo sacristão, o infiel apontou a pistola, dizem que os tempos eram outros, uma questão de tentar a sorte, o Padre levantou a batina e de fato não vestia ceroulas. No risca faca, o último bar, embolsou o maço. Tirou o chapéu ao pálio e cavalgou pelo tapete de pó de café e serragem colorida...
13 de jul. de 2016
O Homem neutro.
O estratagema de Taklat
O Califa Abd-el-Melik
destituiu seu Grão-Vizir. Uma das filhas de uma de suas
mulheres preferida, muito influenciada por Taklat, a bordadeira de
tapetes, casada com o professor manco Mosab , que já fora um
falcoeiro, levou ao Califa Abd-el-Melik a indicação de
Taklat, seu marido Mosab . Mosab foi recebido no palácio
pelo Califa Abd-el-Melik.
Para formalizar a
escolha, o Califa Abd-el-Melik pediu sinceridade nas respostas de
duas singelas perguntas que lhe faria. Se tinha amigos, ao que Mosab
disse que, incontáveis, de Alepo a Damasco, e grande parte da
Pèrsia até Darahein. A outra, se tinha inimigos.
Nenhum. Pela mesma geografia, só fiz amigos. Iallah!
O Califa Abd-el-Melik,
cofiando seu cavanhaque, declarou com reprovadora frieza sua
sentença: Lamento muito, mas não poderá ser
nomeado grão-vizir. Seria, realmente, absurdo, que o chefe do
meu governo, o primeiro ministro do meu califado, fosse um homem
neutro na vida, sem o menor traço de caráter,
destituído de qualquer paixão politica, sem fibra, sem
partido, aviltado pela fraqueza, falhas sentimentos. Todo aquele que
possui uma parcela, diminuta que seja, de personalidade vê logo
aparecer, ao seu lado, a sombra de um inimigo.
Diante da tristeza do
ingênuo Mosab, olhos no chão, sucumbido diante do
desfecho, o Califa Abd-el-Melik ofereceu uma segunda chance: Volte
aqui amanhã antes da terceira prece, com ao menos sete
inimigos e te nomearei Grão-Vizir. E explicou: Ilustre Mosab,
sou o Califa, sucessor de Morwâ, o glorioso. Pois bem, tenho
inimigos cruéis, impiedosos dentro e fora de Damasco. Mesmo,
Allah, que é Único, Onipotente, Misericordioso, tem os
seus inimigos, os ateus e os hereges, e digo, irreconciliáveis.
Cabisbaixo saiu Mosab,
com seu manco caminhar, ia como se arrancasse do chão um perna
ali fincada, para logo dar outro passo. Logo ao entrar no seu harém,
contou a sua mulher Taklat, que logo estampou um largo sorriso. Com
tudo planejado em seu pensamento, Taklat preparou o narguilé
para Mosab, e pediu que lesse umas suratas, e o deixou, dizendo que
voltaria com tudo solucionado. Ao voltar, Taklat expôs seu
estratagema: Disse às minhas amigas que amanhã você
será nomeado Grão-Vizir.
No dia seguinte, na
hora marcada, Mosab se apresenta no palácio ao Califa
Abd-el-Melik de Damasco. “ouahyat-en-nebi “ exclamou o Califa,
Vejo que Você conseguiu cumprir a tarefa. Hoje pela manhã
muitos vizires e xeiques, durante a audiência, fizeram
péssimas referencias ao teu nome e revelaram tremendas
infâmias a teu respeito. Xeique Tufik Jaouad insinuou que Você
tem cúmplices no Egito, e que a eles revelou segredos de
Estado. Hassen Rahmi, o jurista, disse que o “taleb capenga, ex
falcoeiro” - expressão dele – preparou sortilégios
para matar pessoas da minha família. E a lista é muito
longa de inveja, malquerenças, inimizades e ódios.
O Califa avd-el-Metik,
severo e hirto entre almofadas disse: Amanhã, na presença
de todos eles, com todas as honras, tomará posse do cargo de
grão-vizir. E com olhar malicioso, sempre conte com sábia
e judiciosa colaboração de sua esposa Taklat.
12 de jul. de 2016
Hypokrisia x Hipocrisia
Escassez de verdadeiros hipócritas, aonde a hipocrisia é própria de fé robusta, que mesmo sob tortura não se abandona a que se tem. Hoje sob qualquer pretexto se abandona um princípio por outro, o que é uma imitação de hipocrisia, quase atores, não posso dizer atores hipócritas, por superposição, já que há uma hypokrisía como a arte do ator.
Mentiras e Educação.
Estamos mentindo, obvio e ululo, mas para que?
De um lado a ''elevação cultural'' se quiserem, ''melhorar o mundo'', por outro, manter os impulsos ou instintos decadentes, ditos " naturais ", em ambos intentos utilizamos o mesmo mecanismo, o da mentira santificada, a pia fraus. É na educação aonde mentiras são beatificadas ou mesmo santificadas, para se poder antão dizer de ''cultura elevada'', o que não passa de domesticação, no pior sentido que essa palavra possa ter, que é enfraquecimento . Claro que há a domesticação que fortalece, mas aonde ela está? Quem diz: Ei-la! Mente! Banalizando este pensamento que é profundo, a educação só tem servido para separar greges, rebanhos, que no fundo são iguais onde uns sabem ler, mas não leem e outros que não sabem ler, por obvio, também não leem. Aqui tome ''ler'' por uma suma capacidade de interpretar a vida, de se auto enganar e se saber engambelador de si, saber que tirante esta mentira a verdade deve ser buscada a todo custo, mas que devemos saber que a verdade não é cientifica, a verdade pertence, em chãs palavras, a quem vence a queda-de-braço, mas para mantê-la seu detentor deve continuar forte, sempre e mais forte... Porque nada quando se tira o véu se mantém santificado, resta quem sabe uma aparência, e o poder de manter esta aparência.
De um lado a ''elevação cultural'' se quiserem, ''melhorar o mundo'', por outro, manter os impulsos ou instintos decadentes, ditos " naturais ", em ambos intentos utilizamos o mesmo mecanismo, o da mentira santificada, a pia fraus. É na educação aonde mentiras são beatificadas ou mesmo santificadas, para se poder antão dizer de ''cultura elevada'', o que não passa de domesticação, no pior sentido que essa palavra possa ter, que é enfraquecimento . Claro que há a domesticação que fortalece, mas aonde ela está? Quem diz: Ei-la! Mente! Banalizando este pensamento que é profundo, a educação só tem servido para separar greges, rebanhos, que no fundo são iguais onde uns sabem ler, mas não leem e outros que não sabem ler, por obvio, também não leem. Aqui tome ''ler'' por uma suma capacidade de interpretar a vida, de se auto enganar e se saber engambelador de si, saber que tirante esta mentira a verdade deve ser buscada a todo custo, mas que devemos saber que a verdade não é cientifica, a verdade pertence, em chãs palavras, a quem vence a queda-de-braço, mas para mantê-la seu detentor deve continuar forte, sempre e mais forte... Porque nada quando se tira o véu se mantém santificado, resta quem sabe uma aparência, e o poder de manter esta aparência.
"Volta atrás"
.
Fazia parte dum partido político, aonde estava em trânsito, qual não tinha muitas afinidades, fora, a princípio, uma decisão precipitada pelo Romanée Conti.
Agora, me via escrevendo ao presidente da formação, que não pagaria minhas cotas, e dava alguma explicação sobre minha dissidência. A secretaria, pelo e-mail, me pergunta se não havia “volta atrás”. Pensei que podia ter dito: caminho de volta, ou marcha ré, mas isso de marcha ré não caia bem na boca de uma dirigente duma formação confessional.
Outro dia andava bolerando pelo YouTube, havia começado com o Bolero de Ravel, por uma reminiscência amorosa, alguém que "adorava" "transar" com esse fundo musical. De repente, me deparo com Lá media vuelta, um bolerão rancheiro mexicano, e eis que as coisas se parecem. O amante, um galinha, sem compromisso, diz a amada, que se não está contente com o romance que saia pelo mundo a conhecer gente, e que se, caso, encontre um outro, que a compreenda melhor, e que a ame, então, bom proveito ( tire pa lante), sem problemas, porque darei meia volta e irei, como o sol quando morra a tarde.
Fazia parte dum partido político, aonde estava em trânsito, qual não tinha muitas afinidades, fora, a princípio, uma decisão precipitada pelo Romanée Conti.
Agora, me via escrevendo ao presidente da formação, que não pagaria minhas cotas, e dava alguma explicação sobre minha dissidência. A secretaria, pelo e-mail, me pergunta se não havia “volta atrás”. Pensei que podia ter dito: caminho de volta, ou marcha ré, mas isso de marcha ré não caia bem na boca de uma dirigente duma formação confessional.
Outro dia andava bolerando pelo YouTube, havia começado com o Bolero de Ravel, por uma reminiscência amorosa, alguém que "adorava" "transar" com esse fundo musical. De repente, me deparo com Lá media vuelta, um bolerão rancheiro mexicano, e eis que as coisas se parecem. O amante, um galinha, sem compromisso, diz a amada, que se não está contente com o romance que saia pelo mundo a conhecer gente, e que se, caso, encontre um outro, que a compreenda melhor, e que a ame, então, bom proveito ( tire pa lante), sem problemas, porque darei meia volta e irei, como o sol quando morra a tarde.
11 de jul. de 2016
Krishnamurti.
Krishnamurti.
Krishnamurti, o mestre
admirável, estava sentado em sua admirável varanda,
forrada de alfaiais e tapetes admiráveis, quando achega-se um
rapaz com sua túnica andrajosa, e em tom tranquilo e
respeitoso assim falou: “Mestre, tenho uma dúvida a corroer
meu coração, como água de bateria.. antes que
terminasse, Krishnamurti quis saber qual era a dúvida, muito
provavelmente para evitar demasiados floreios que quem não é
florista. O rapaz se lançou de novo na lenga-lenga:”Senhor,
com voz andrajosa, desengasgou-se e prosseguiu: quem tem mais amor,
ou apego aos bens materiais os ricos ou os pobres? Os ricos às
belas posses ou o pobre agarrado aos seus trastes?
Krishnamurti manteve-se
em silêncio, baixou lentamente a cabeça e depois de uma
brevidade, alçou o queixo e disse que não saberia
responder, assim, a queima roupa, no entanto contaria uma lenda. Sim!
Sim! Acudiu pressuroso em júbilo e pueril espontaneidade.
O venerável
disse-lhe: Em Girkka, nas montanhas, havia um ermitão, um
guru, santo, que vivia numa gruta, e vivia a rezar e meditar. Este
homem era visitado semanalmente por fieis da região, com
presentes e comidas especiais, quais rejeitava. Preferia comer uns
grãos de arroz e umas ervilhas, e vestir-se com uma tanga,
qual tinha uma sobressalente, que levava sob o braço por donde
fosse.. O ermitão, por meio de seus fieis ficou sabendo de um
sábio que vivia em Dakka, o douto Sindagg Naggor, que conhecia
a verdade. O ermitão resolveu ir visitar-lhe, afim de
aprender, conhecer a verdade. Saiu pelo caminho com a tanga
sobressalente sob o sovaco. Ao chegar à mansão de
Sundagg, Timanak, era assim que se chamava o ermitão, ficou
deslumbrado com o luxo e a opulência, e se apequenou, engasgou,
gaguejou, mas conseguiu dizer ao sábio o motivo de sua visita.
O sábio, disse-lhe que não se deixasse influenciar pela
riqueza do lugar, e que ele poderia sim se hospedar ali, e que teria
imenso orgulho em ajudar com sua sabedoria, que não era tanta,
na sua busca Timanak! E assim foi.
Todos os fins de tarde
saiam a caminhar pelos jardins e campos da mansão. Num desses
dias, e muito provavelmente, foi o último, ouviram um
barulho. E quiseram saber do que se tratava, poderia ser um bando de
elefantes, mas ao se adiantarem pelo caminho, viram a mansão
de Sundagg em chamas. O fogo era tamanho que em poucos minutos
consumiu tudo que ali havia. No entanto, Sundagg, se mostrava
tranquilo. Coisa que espantou o ermitão, que a cada minuto se
mostrava mais indignado, chegando a bater com a cabeça contra
uma árvore varias vezes. . Sundagg pede que Timanak se acalme,
que tudo aquilo não tinha valor. Ao que Timanak responde, é
que esqueci na mansão a minha tanga sobressalente. O rapaz da
túnica andrajosa retirou-se sem dizer palavra.
O sol, tocando de leve
a linha do horizonte, espalhava as cores avermelhadas do crepúsculo
marchetando nuvens, se põe.
Kamasutra
Lia Kamasutra, porque
não é só de ilustração, tem texto
também, que uma mulher jamais te abandonará se dormir
(ela) uma noite com a cabeça envolta num turbante recheado
de cardamomo, cúrcuma e excremento de macaco. Estava pensando
aonde encontrar tais coisas, e me lembrei que vi um turbante num bazar chinês
na rua Duque de Caxias, o resto é fácil, exceto a coisa
do macaco. pensava no bosque, como entrar na jaula...
Alguém bateu com os nós dos dedos no portão. Em casa não tem campainha, nem interfone, acho que não gosto, entram dentro de
casa. Abro. Um homem de idade indefinida. Está bem vestido, o
punho da camisa tem até abotoaduras prateadas com madrepérola, cabelo cinza combinando
com a camisa cinza e a gravata um tom acima. Tudo contrasta demais
com suas feições toscas. No tempo dos neandertais seria
um modelo famoso, penso.
Ele me diz: "Sou quem ninguém
espera. A canção mais querida, e riscada, do vinil
mais querido. Sou quem põe o som de comemoração
de gols em estádios vazios. Quem aumenta o volume do som
durante a publicidade. Sou o cara que para diante da TV justo na cobrança de penalidades. Sou a última azeitona.
A última bolacha. Sou...." Interrompo. O senhor é
Testemunha de Jeová ou algo semelhante? Não, trabalho
no Fórum, na vara de família, sou oficial de justiça,
e o que faço é notificar. Mas tenho minha veia poética,
e tento botar um pouco de lirismo nas más noticias. O senhor está
intimado, sua ex reclama pensão, assine aqui e aqui, tem cinco
dias para recorrer, procure um advogado.
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