Dilemas com chifres. A cloaca, invenção inglesa, muito têm contribuído a que nos afastemos de nossa humanidade, a merda. Obrigatoriamente feita, por todos. A cloaca nos impede de vê-la. A merda diz muito de nós, a coprologia vige, O mundo é uma bosta que vai à merda pela cloaca inglesa.
22 de jun. de 2016
Dupla Confissão
Na inauguração do novo salão paroquial, erguido por toda a comunidade, o prefeito se atrasou. O pároco diante de uma audiência já impaciente pelos salgadinhos da sequência, tomou a palavra. “Como vocês sabem, faz vinte antos que cheguei a esta paróquia e estou entre vós, naqueles dias, tinha cá comigo, que era um castigo do Sr Bispo, no entanto a primeira confissão, recebi um jovem que me alentou... ele então se confessava um jovem problemático, que infernizava a vida de seus pais, que o carro que tinha era fruto de uma estafa, que traia seu melhor amigo – saindo com a mulher dele – …” neste momento chega o prefeito, esbaforido, apertando mãos, batendo em ombros, sorrindo a torto e a direito, prometendo ajuda... subiu ao palco improvisado e fez seu improviso, “Concidadãos e Concidadãs. Desculpai o meu atraso, as obrigações são muitas e o tempo nem tanto, e para tentar chegar à hora marcada, inclusive, cruzei um sinal vermelho, por sorte não havia um marronzinho, esperou por e alguns sorriram em cumplicidade, outros nem tanto, mas continuou “ tudo para estar no meio de vós, e poder me congratular com todos vós pelo antigo anseio realizado, o salão paroquial, que muito por ele batalhou o Sr Padre, que diga-se de passagem, fui o primeiro a se confessar com ele... O
21 de jun. de 2016
O Estresse Só Faz Bem, ou Politeia.
Para
mim, não é importante se estou de acordo ou não
com outro, ou com um pensador, seja ele conservador, liberal,
progressistas, marxista, etc. O importante, para mim, sublinho, é
que o outro, o pensador outro, é que me estimule a pensar e a
desenvolver argumentos, inclusive contra ele, e acimadamente contra
mim. Não me dou ao luxo de ignorar nada da história, da
minha história, da nossa história.
Enquanto
povo, a nação, me parece, vai melhor se esta
tensionada, diariamente um plebiscito contínuo, não
esse de criar leis constitucionais, mas de se esfolar como um seixo
no caudaloso estresse do embate. Um fluxo constante, intenso, de
temas estressantes, ajudam a sincronizarmos nossas consciências,
nos regenerando.
As
redes sociais muito tem colaborado com isso. É um avanço
tremendo sobre outros meios, como tv, jornais, aonde não
ocorre o embate. Seja qual for o direcionamento dos meios de
comunicação convencionais, eles emitem um sinal, e o
receptor deste sinal quando muito abana as orelhas, ou rumina a
mensagem, sem poder emitir uma resposta, não estressa a
relação. Esse era o nosso quadro, nosso fotograma até
outro dia, no entanto hoje, a tudo que se diz, haverá um
receptor que se transforma em enunciador e truca sobre o argumento.
Assim,
juntos formamos um corpo, um macro corpo nação,
psico-político-ético-estético, ou comunidade,
aonde as preocupações - mesmo que induzidas
mediaticamente, que é um ótimo papel para os meios de
comunicação - estressantes, vibrantes, criando uma
espécie de neurose coletiva, uma alma coletiva neurotizada. E
não se pode negar, pelo que temos visto nas redes sociais, que
criamos força de coesão, partindo da sensibilidade
coletiva ao agravo, à injuria, ao insulto, à
injustiça....
A
natureza, que deu aos indivíduos amor próprio, não
negou este mesmo amor aos povos, à comunidade; e também
a capacidade de celebrar, festejar a si mesmo.
Do
estresse que temos vivido, talvez, iremos à festança,
porque nos amamos como brasileiros, e temos muitos motivos para
celebrar; assim como temos muitos motivos para nos estressarmos. Não
é questão, acabar com a briga, é brigar até
chegarmos à nossa praia. Pode parecer chovinismo, mas é
mais interessante estar perto do chovinismo que perto do desinteresse
pelo outro, seja ele qual for.
Por
mais modernos que nos queiramos, por mais autônomos, por mais
ousados, como sujeitos que cremos que somos, estamos sempre
sujeitados à algo, cultura, hábitos, costumes,
estética, ética, que nos precede, e como diz o ditado:
bailamos conforme a música, ao mesmo tempo que criamos música.
Christopher Lee.
Ainda ontem morria Christopher Lee. Minha lembrança é de quando emprestava sua cara de pouca carne ao Drácula, e me fazia tremer no Cine São Roque. Dracula, o marcou e com fogo. Mas sua cara ossuda, queixo anguloso, cabelo para trás, têmpora funda, olhos a beira da ira, lábios finos, emprestou a outros malvados do cine b que gostava e ainda gosto, Fu Manchu ou Cinema com "C" como A vida privada de Sherlock Holmes, O cão dos Baskervilles, sempre no lado fosco da alma humana e a gravando em bold negrito, até o fundo do poço, que é de onde se vê melhor o mundo. No entanto Lee dava a está alma um olhar nobre e firme, ao tempo que angustiante e desesperada. Emprestou essa cara de alma profunda a westerns que ainda me matam.
Eu o recordarei fazendo Drácula e alguns filmes aonde sua personagem nem falava e os roteiros também não eram grande coisa, muito parecidos com a vida, por sinal. O Drácula que desaparecia na casa escura e surgiam aquelas mãos de dedos finos e infinitos como punhais, ensanguentados, sempre que a vítima de plantão abrisse um armário em um quarto gótico. Sempre surgirá uma cara dessas ao abrir armários, a me assustar.
Eu o recordarei fazendo Drácula e alguns filmes aonde sua personagem nem falava e os roteiros também não eram grande coisa, muito parecidos com a vida, por sinal. O Drácula que desaparecia na casa escura e surgiam aquelas mãos de dedos finos e infinitos como punhais, ensanguentados, sempre que a vítima de plantão abrisse um armário em um quarto gótico. Sempre surgirá uma cara dessas ao abrir armários, a me assustar.
20 de jun. de 2016
O Tempo, a Memória e o Amor.
Seu velho cheiro renovado,
anda próximo e se mistura
a tantos outros, se não, fica
mais sentido que confessado.
Sol a entrar como riscas,
Olores de terra molhada.
A lenha estalando faíscas
das bondades eternizadas.
Velho manjar com cheiro
novo, manteiga a chiar na chapa,
lábio acariciado, beijinho
palavras esvaídas, gestos
ao vento, pensados e ditos,
a voltarem em remoinho.
cidoGalvao
De volta ao passado
De Volta ao passado.
Este título me leva aos anos setenta. Ao cine São Roque, que já não existe. Não vi a trilogia De volta para o futuro, sei que é trilogia porque dei uma passada na Wikipédia. Enfim me levantei, quando as luzes acenderam, então fiquei vermelho, sei porque meu rosto ardia, rubor, vergonha pelo modernoso que me vestia, com um salto de 5 cm e uma calça boca de sino que fora ampliada num costureiro do primeiro andar do Diederichsen... foi suficiente. À memória, lhe agrada deixar um rastro de milho, caso se perca, por dúvida. As recordações se escondem em labirintos, aonde a volta ao passado é uma sequela da volta ao futuro. Uma má leitura da Wikipédia pode te dar razão. Mas o certo é que olhar para trás não é fazer um levantamento da ata notarial de uma vida. Fico com essa: “de pequeno, podia recordar qualquer coisa, sem me importar se houvesse acontecido ou não”, isso é tanto Mark Twain, quanto sou sósia do Ingo Hoffmann. Mas o retrovisor distorce. Mais que um espelho outro qualquer, e por isso é um caleidoscópio que joga com as sombras do que se foi. Escrevi o título pensando nos anos 70, não nos meus anos 70, mas nos 70 possíveis com este
retrovisor, porque senão o passado retornaria ao futuro como um bumerangue vingativo, ou então como se os quatro cavaleiros do apocalipse aparecessem de surpresa a fungar no meu cangote. Não é verdade, pensei no título depois que o facebook – me oferecendo novas amizades – perguntou se eu conhecia uma determinada mulher...
Este título me leva aos anos setenta. Ao cine São Roque, que já não existe. Não vi a trilogia De volta para o futuro, sei que é trilogia porque dei uma passada na Wikipédia. Enfim me levantei, quando as luzes acenderam, então fiquei vermelho, sei porque meu rosto ardia, rubor, vergonha pelo modernoso que me vestia, com um salto de 5 cm e uma calça boca de sino que fora ampliada num costureiro do primeiro andar do Diederichsen... foi suficiente. À memória, lhe agrada deixar um rastro de milho, caso se perca, por dúvida. As recordações se escondem em labirintos, aonde a volta ao passado é uma sequela da volta ao futuro. Uma má leitura da Wikipédia pode te dar razão. Mas o certo é que olhar para trás não é fazer um levantamento da ata notarial de uma vida. Fico com essa: “de pequeno, podia recordar qualquer coisa, sem me importar se houvesse acontecido ou não”, isso é tanto Mark Twain, quanto sou sósia do Ingo Hoffmann. Mas o retrovisor distorce. Mais que um espelho outro qualquer, e por isso é um caleidoscópio que joga com as sombras do que se foi. Escrevi o título pensando nos anos 70, não nos meus anos 70, mas nos 70 possíveis com este
retrovisor, porque senão o passado retornaria ao futuro como um bumerangue vingativo, ou então como se os quatro cavaleiros do apocalipse aparecessem de surpresa a fungar no meu cangote. Não é verdade, pensei no título depois que o facebook – me oferecendo novas amizades – perguntou se eu conhecia uma determinada mulher...
18 de jun. de 2016
Mosca no copo de cerveja.
Uma
mosca voava pelo bar do Guinô, guinorante. Não é
uma coisa difícil de acontecer, já que há um
galinheiro ali por perto. Nem sei se galinheiro atrai moscas,
suponho que sim, isso para não botar defeito no asseio do bar
dos outros. Enfim, havia uma mosca rondando. O Magnata, o mecânico
do meu fusca, é um sujeito vivido, “atrapaiado” e levado
da breca me disse: o que faria se a mosca caísse no seu copo
de cerveja? Fiquei pensando. De pensar morreu o burro disse ele e foi
logo dizendo:
Se
fosse no copo de um italiano, ele armaria logo um barraco, um
escândalo, um forfé. Concordei.
Se
se tratasse de um alemão, este pediria outro copo,
esterilizado, bitte! Concordei na hora.
Se
fosse de um francês, meteria o dedo no copo, tiraria a mosca e
beberia a cerveja. Bem sacado, disse.
Se
fosse um chinês, comeria a mosca e jogaria a cerveja fora.
Caguei
de rir.
Se
se tratasse de um cubano. O cubano beberia a cerveja com a mosca e
tudo, acreditando que estava recebendo uma mosca de favor de Fidel.
Pensei o mesmo de um monte de gente. Mas caiu bem.
Então
me perguntou, e se fosse um judeu? Te juro que supus, mas deixei para
ele mesmo responder, então ele disse: o judeu venderia a
cerveja ao francês, a mosca ao chinês, o copo ao italiano
e pediria um chopp com o dinheiro da venda e desenvolveria um sistema
para acabar com as moscas do bar do Guinô, para que isso não
acontecesse mais. Caguei de rir.
Então
perguntei: e se fosse um brasileiro? Ele riu e disse: um coxinha
acusaria o governo do PT de emporcalhar tudo, e faria tanto alarde
que sairia no jornal da eptv do meio dia, seria capa da veja com uma
mosca lula zumbindo pra lá e pra cá, enquanto os
petralhas tentariam explicar que a mosca já havia pousado em
outros copos, e um outro tipo, mais experto, já teria chamado
o garção e diria que não pagaria a conta por
conta daquela mosca horrenda que caiu na cerveja. E dê-se por
feliz por não entrar com uma ação de perdas e
danos....
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