Me preparei a vida inteira para o embate, necessário, político. Aprendi as regras. O passo à frente, depois de dois passos atrás. A finta de corpo, a matada no peito, a espera que a solidão do goleiro o impelisse a escolher um canto. Mas a bola ficou quadrada.
18 de mai. de 2016
Conceitos do Séc XIX.
Conceitos do Séc XIX.
A FIESP de Skaf, o sindicato Patronal por excelência, agrupa, além das pequenas as maiores empresas do Estado de São Paulo. Grandes empresas.com cotização na BOVESPA, desfrutam das maiores ajudas do Estado e da União, fabricantes de carro, elétricas, petroleiras etc. Skaf é um sujeito que não provoca debates. É ridículo, se consegue chamar atenção, é somente pela postura retrógrada, no mínimo, para o cargo que ocupa, se toda a entidade não fosse um Conselho de Coronéis, com seu pé e cabeça no século XIX. Outro dia um representante dessa Caterva, disse que uma hora de almoço é demais, bastariam 15 mim. No mínimo, deveriam estar a discutir a digitalização, coisa do XXI, nem que fosse por estar em voga. Porque também envolvem conceitos de trabalho fixo e seguro.
Mas não, para eles a modernidade é a precariedade, o desemprego de jovens bem formados, só por contemporaneisade à morte. E se ouvíssemos bem, há muitos conceitos do XIX que a FIESP persegue diuturnamente, como o direito de greve, a liberdade sindical, o direito da negociação coletiva, o direito dos jovens se organizarem contra os excessos que instituições como esta praticam.
Parecem aqueles empresários das manufaturas têxteis inglesas, ou gostariam de desfrutar daqueles privilégios do capitalismo selvagem, privilégios que perderam por isso mesmo, por selvagem.16 de mai. de 2016
Suicídio.
Suicídio.
Corria o ano de 1976,
mais precisamente não sei se 75. Trabalhava na Caprichosa
Modas da São Sebastião datilografando duplicatas. De
repente um alvoroço, um mundaréu de gente descia pela
Visconde rumo a General. Largamos, eu e o Melo, os afazeres, a ver o
quê. No edifício número 490, que tem um
estacionamento, la no topo, um homem caminhava se equilibrando,
ajudado pelos braços abertos. A massa, meu coração
palpitava, calada. Ele foi e voltou umas três vezes. Parava,
olhava para baixo. Fez sinais ao povaréu. Do espanto a
multidão passou ao escarnio e gritou uníssono: Pula.
Ele ameaçou. Mas não pulou. Entretanto escorregou.
Ainda assim, conseguiu se segurar na parede com as duas mãos,
e com os pés patinava pela parede e tentava voltar. Não
conseguia. Foi se cansando. Já não tentava mais.
Escapou. Berrou voando. E se esborrachou no teto de uma loja de
roupas. Quebrou as telhas. E foi colhido pela lage. Que afundou.
Trincou. Mas não o deixou passar. Por vários dias,
revia seu voo assustador. Nunca soube, ou não quis
saber dos propósitos daquele homem. No breve tempo que durou o
ato, os bochichos diziam se tratar de um louco, para mim, então,
todo suicídio era coisa de loucos. .
Faz quatro anos,
Dimitris Chistoulas, de setenta e sete anos, farmacêutico
aposentado, se disparou um tiro a cabeça no meio da praça
Syntagma de Atenas, diante do Parlamento, todo mundo entendeu suas
razões. Depois sua nota de suicídio era clara: “O
governo reduziu a nada, literalmente, a minha capacidade de
sobrevivência, que dependo da pensão, que durante mais
de trinta e cinco anos paguei sozinho, sem a ajuda do estado. E que
pela minha idade não tenho o poder de resistir ativamente
(...) não encontro outra solução que não
esta, para um final digno, antes que me encontre obrigado a procurar
comida no lixo” . Foi um suicídio público, usado como
protesto que não podemos menosprezar.
Um suicídio
sempre impressiona, porque a maioria das pessoas não concebem
que se possa considerar que a vida não seja uma prioridade.
Deve ser por isso que esta maioria, a fim de viver, está
disposta a viver de qualquer maneira. O suicídio em
privado,surpreende. Mas a sua condição faz que o
potencial crítico se dilua. No entanto, quando alguém se
suicida publicamente, à surpresa se soma o espanto, e mais que
se tirar a própria vida se acredita que queira dizer algo com
o gesto que é um grito.
Oceane, garota de 19 anos. "ao vivo"
Já é triste a morte, mais triste se se soma a banalização, e nos tornamos vouyers num mirante.
O Artista e o Político.
As Artes e a Política.
Quando artista e político merecem assim serem chamados, forjam a nossa alma. Por vezes podem colaborar num projeto comum. Temer como a maioria dos políticos brasileiros não forja nada. Uma olhada rápida botam a Bossa-nova e JK noutro plano, um assoprando seu alto-forno, outro burilando a vassourinha na timba, era nossa alma, e como alma brasileira, só foi derrubada de seu vôo nas alturas, pela Infâmia nacional dos plutocratas.
O artista genuíno não é decorativo, não se presta a se criar aos pés dos poderosos.
Políticos da estatura de Temer ( e tudo que é seu entorno) não admitem competidores, necessitam, antes, de tipos de pedagogos, tanto nas artes como na mídia, servis.
Políticos da estatura de Temer, só reconhecem a arte decorativa.
Faz sentido o que quer fazer com a Cultura do país.
Coisas lidas antes de escrever. um troço de Platão, Atenas ( democrática) persegue Fídias.
Faísca.
Faísca.
Não creio nessa concepção de espírito que vira e mexe a concebem, de modo cômodo, por demais cômodo, viver do que já está feito e existe, se ocupando das coisas elevadas ou imateriais.
Para mim o espírito é a relação com o mundo que vivo, e a compreensão desse viver com amplitude,
É uma interpretação que não vem da luz da intelectualidade, mas dá luz vital, no choque contra a pedra dura dos meus limites e os do mundo.
Tenho como ambição a liberdade profunda, melhor dizendo, no seu sentido profundo. E com isso me libertar da mera aparência que me amarram a âncoras e pedras, me debilitando, de esperanças vãs,
A liberdade deixa descoberto o aparente como aparente, e aceitando o perigo obtenho a minha segurança, uma vida com fundamentos e raízes próprias.
Porque ao lutar pela liberdade, luto comigo mesmo, com o que tenho de mais profundo dentro de mim e com o que consigo alcançar.
Essa é a faísca de minha vida.Brevidade.
Brevidade.
Preguiça, sinto preguiça, não porque seja sexta-feira, que o nome dos dias da semana já significam pouco – tirante o domingo, lento, ornitorrinco – mas por preguiça. Não direi nome local nem hora. Não elencarei circunstâncias nem detalhes. Não concretarei títulos ou créditos. Me poupo de valorar os orgasmos alheios. Me abstenho de recomendar dicionários. Se proveitoso, me desculparei por haver sido prolixo nas apresentações e breve nos resultados. Amanhã será outro dia.
Preguiça, sinto preguiça, não porque seja sexta-feira, que o nome dos dias da semana já significam pouco – tirante o domingo, lento, ornitorrinco – mas por preguiça. Não direi nome local nem hora. Não elencarei circunstâncias nem detalhes. Não concretarei títulos ou créditos. Me poupo de valorar os orgasmos alheios. Me abstenho de recomendar dicionários. Se proveitoso, me desculparei por haver sido prolixo nas apresentações e breve nos resultados. Amanhã será outro dia.
15 de mai. de 2016
Cheiro da Chuva que há Tempos Choveu.
Cheiro de Chuva que há tempos choveu.
É tarde. Caminho depressa. Um paralelepípedo mal colocado é uma arapuca para pessoas apressadas e distraídas. Invisível. Camuflada numa calçada duma rua inesquecíveis, pronta para ser ativada por qualquer pé. O meu. Tropeço. E começa a chover. A traição. Aquelas pequenas coisas que atrapalham o dia. A chuva na cidade é um incômodo. E me dói constatar. Como se traísse minhas origens. Sinto o cheiro da chuva e ainda não completo o entendimento, esta locução vale por escuto chover. Não faça caso. Há poucas coisas tão bonitas quanto o som in crescendo da chuva. Sinto o cheiro e escuto a chuva. Inda mais quando está canção começa subitamente, num som metálico. As gotas trombando com as folhas de zinco lá do coberto. Contra as persianas de alumínio. A excitação de saber que será um dia diferente. De se ficar em casa só em meias, e ter licença de assim subir ao sofá. De brincar nos corredores da escola, porque não dará para ir ao pátio. Aquele verde intenso do mato molhado, o cheiro de terra molhada. A chuva trazia essa alegria intensa, da festa inesperada, desprevenida. Além de ser um prólogo para acabar a luz. Resmungos generalizados, era o que sobrava. Ao mesmo tempo, adorava o anacronismo da rede elétrica. Procurar as velas, a vó nunca se lembrava aonde. Era outra alegria encontrá-las, ascendê-las. E o vô se punha a contar histórias, as aleluias sem poste de luz e as tanajuras… e íamos comendo a noite, lentamente, quando a luz voltava, alguma dor era visível nos rostos, porque não é fácil quebrar a magia. E nada já não era o mesmo. Se a narração fosse cortada ao meio pela volta da luz, vinha um final abrupto, em falso. Como se tivéssemos vergonha daquilo que fazíamos a luz de velas. No dia seguinte descobria o sentido de ufanoso, o mistério do de vez, do maduro. Escuto a chuva, e tento encontrar o rastro dessa alegria pueril. A determinação das Tanajuras com seus vôos estabanados, incertos, que mal descobrem o mundo da luz, e já cavam outra toca.
A nossa é uma sociedade doente, mas voltar a viver no passado é de dementes. Cômico.
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